21/02/2023 às 18:42, atualizado em 03/03/2023 às 15:55

Um Carnaval especial

Bloco Portadores d’Alegria celebra a inclusão em festa dedicada às pessoas com deficiência

Por Carolina Caraballo, da Agência Brasília | Edição: Isaac Marra

Ele chegou ao bloquinho vestido de policial, com a cadeira de rodas empurrada pela mãe. Circulou pela festa, gastou um tubo inteiro de espuma de Carnaval, tirou fotos com integrantes da Polícia Militar (PM). Quando o sol começou a castigar, foi levado pelos pais a uma área coberta e acessível, de onde pode assistir à banda com todo o conforto. Aos 16 anos, João Paulo Batista é folião cativo do Portadores d’Alegria.

O bloco dedicado às pessoas com deficiência (PcD) animou o estacionamento 12 do Parque da Cidade na tarde desta terça-feira (21). Sob o comando dos grupos Trem das Cores e Chiquita Bacana, além das bandas da Baratinha e da Baratona, famílias inteiras se divertiram ao som de marchinhas carnavalescas e hits do axé. A organização do evento estima que 50 mil pessoas tenham passado pelo local durante as seis horas de festa.

Fotos: Tony Oliveira/Agência Brasília

Vestido de policial, João Paulo, com os pais Elidoneide e João, frequenta o bloco há anos e mal pôde esperar o Carnaval chegar para poder participar da folia | Fotos: Tony Oliveira/Agência Brasília

“A gente frequenta o bloco há anos. Chega o Carnaval e meu filho já começa a perguntar qual dia sai o Portadores d’Alegria”, contou a dona-de-casa Elidoneide Batista, 50 anos. “Desta vez, o João Paulo quis se vestir de policial. E ficou radiante ao tirar fotos com os PMs. Ele se diverte bastante aqui. E eu fico feliz porque posso proporcionar essa alegria a ele, com toda a segurança e tranquilidade.”

O Portadores d’Alegria nasceu, em 2015, do desejo de inclusão. É o que explica o produtor do bloquinho, Paulo Henrique de Oliveira. “As PcD estão acostumadas a terem um espaço separado para elas nos eventos. E pensamos que ao invés de criar uma área para esse público, legal mesmo seria criar uma festa inteira”, comentou. “É um bloco familiar, onde as pessoas com deficiência se sentem seguras para se divertir de forma saudável e gratuita”.

Além da acessibilidade, o Portadores d’Alegria ofereceu intérprete de Libras, cartilhas em braille contando a história do bloco e apresentação com audiodescrição. Estreante no bloco, a dona-de-casa Elisa Pessoa, 53 anos, gostou do que viu. “Eu me senti muito mais segura para trazer a Beatriz”, garantiu a moradora do Guará, ao lado da filha de 16 anos. “Ela amou ver tudo, não tirou o sorriso do rosto um só minuto”.

Fotos: Tony Oliveira/Agência Brasília

“É um bloco familiar, onde as pessoas com deficiência se sentem seguras para se divertir de forma saudável e gratuita”, define Paulo Henrique de Oliveira, produtor do bloquinho

O que mais agradou Graziele de Araújo, 45 anos, no Portadores d’Alegria foi o clima familiar e a organização do bloco. A empresária saiu do Recanto das Emas com a família para aproveitar a festa. “É o primeiro Carnaval da Valentina e está sendo uma experiência muito boa”, observou. “A banda é ótima, tem muita criança, o policiamento está caprichado… Minha filha está curtindo bastante. E a gente também”.

A segurança do bloquinho foi garantida por um efetivo de 128 policiais militares. De acordo com o capitão Tiago Gomes, a característica familiar da festa ajuda a reduzir o número de ocorrências. “A maior parte das pessoas está acompanhada de crianças, isso faz com que todos moderem bastante o consumo de bebidas alcoólicas”, disse. “O ambiente está tranquilo, acredito que vamos terminar o dia sem qualquer ocorrência”.

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