18/10/2023 às 20:11, atualizado em 23/10/2023 às 09:34

Cooperação entre GDF e UnB vai fortalecer programas de criação de peixes

Parceria com a universidade visa incentivar e dar melhores ferramentas para a produção de pequenos aquicultores do DF

Por Jak Spies, da Agência Brasília | Edição: Vinicius Nader

Publicado no Diário Oficial do DF, o extrato do acordo de cooperação técnica entre a Universidade de Brasília (UnB) e a Secretaria de Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural (Seagri-DF) vai ajudar nas ações do programa Alevinar, com intercâmbio de experiências educacionais e profissionais em agronegócios na área de aquicultura, e promover estudos para repovoamento de bacias
hidrográficas do DF.

A UnB vai apoiar projetos de repovoamento de espécies nativas de peixes nas bacias hidrográficas do cerrado, além de fazer parte do comitê do Alevinar, um programa que profissionaliza a piscicultura e fortalece a alimentação como uma fonte de renda para pequenos e médios produtores. Por meio do acordo, as instituições farão o levantamento da fauna de peixes nativos em diversos cursos d’água das bacias do Distrito Federal e empreenderão pesquisas científicas na estação de piscicultura da Granja Modelo do Ipê.

O acordo também possibilitou a entrada da UnB no comitê técnico do programa Alevinar, política pública para profissionalização da atividade de produção de peixes e camarões no Distrito Federal e apoio aos pequenos e médios produtores na comercialização do pescado.

A Sesgri já atua na produção de alevinos, tendo beneficiado 543 produtores do DF com 1.003.250 alevinos nos últimos cinco anos. Agora, por meio do acordo com a UnB, a pasta poderá elaborar estudos para a produção de diversas espécies de peixes e outros organismos aquáticos, direcionando as ações com base em dados científicos.

De acordo com o gerente de Produção Animal da Seagri, Ângelo Costa, um dos objetivos do programa Alevinar é que a Granja do Ipê não seja apenas fornecedora de alevinos, mas atue também para fornecer matrizes melhoradas geneticamente e formar produtores para a
alevinagem e venda desses peixes.

A ideia de cooperação entre as instituições é que esse trabalho de melhoramento genético e seleção dos peixes contribua para que exista um peixe adaptado às condições locais, beneficiando cada vez mais os piscicultores do Distrito Federal. “É uma política pública que incentiva a verticalização da produção, além de proporcionar capacitação dos produtores e formação de estações de alevinagem na área rural do DF”, explica Ângelo.

Mudanças práticas

Na cooperação será feito o levantamento da ictiofauna nas bacias hidrográficas, que é o conjunto das espécies de peixes que vivem em uma determinada região biogeográfica. Após a licença para captura das matrizes reprodutoras, será feita a reprodução estratégica dos peixes nativos na Granja Modelo do Ipê para repovoar os rios do DF.

Essas ações de repovoamento ocorrerão com apoio da Codevasf, que também assinou um acordo de cooperação técnica com a Seagri neste ano, e o processo será feito mediante autorização dos órgãos ambientais – incluindo o o Instituto Brasília Ambiental, que também faz parte do comitê técnico do projeto Alevinar.

O acordo abrange programas de estágio dos discentes da UnB, residência e pós-graduação na área de aquicultura, além de eventos em conjunto, tanto na UnB quanto na Secretaria de Agricultura.

A cooperação visa ações a longo prazo e tem previsão de funcionar até dezembro de 2026. Atualmente está na fase de levantamento das estruturas na UnB e na Seagri para execução de projetos científicos de agronegócio e sobre a cadeia produtiva da aquicultura.

Cruzamento genético

A intenção do acordo é colocar a UnB como instituição de pesquisa, visto que a captura de peixes é limitada ao formato de pesquisa | Fotos: Lúcio Bernardo Jr/ Agência Brasília

A produção de alevinos de espécies nativas de peixes para repovoamento das bacias hidrográficas, assim como a produção de material genético, peixes reprodutores e matrizes para distribuição pelo programa, são realizadas no Centro de Tecnologia em Aquicultura da Granja Modelo do Ipê da Seagri.

Existe, por exemplo, uma linhagem de tilápias chamada Gift, que tem a vantagem de melhor conversão alimentar e maior rendimento de carcaça, além de se tratar de um peixe com uma resistência maior ao frio. A Seagri adquiriu diversas famílias dessa linhagem da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri-SC) para formar um plantel com uma genética para melhorar a competitividade aos piscicultores do DF.

Thiago Dias Trombeta é engenheiro de pesca e professor da Universidade de Brasília, na Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária (FAV). Doutor em Aquicultura, ele comenta que é a primeira vez que a UnB atua em parceria com a Seagri, em projetos de piscicultura, acreditando dar bons frutos.

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“O DF é uma região que tem um grande consumo de pescado, vem de todo o Brasil pra cá. Temos muito potencial para produzir aqui na região e fortalecer a produtividade local”, ressalta o acadêmico.

Segundo Thiago, a Universidade de Brasília é formadora de uma mão de obra altamente qualificada e capacitada para atuar no acordo, utilizando o tripé da educação, que envolve ensino, pesquisa e extensão.

“Podemos envolver os alunos no projeto Alevinar e acrescentar na formação deles, com pesquisas focadas no que o setor precisa, com o que os produtores têm. É uma parceria pública para maximizar esforços e ter esse intercâmbio para melhorar a piscicultura no DF”, pontua.