13/12/2023 às 08:32

Documentário narra últimos quatro anos de vida do icônico Hugo Rodas

‘Rodas de Gigante’ marca estreia de Catarina Accioly como roteirista e diretora em longas-metragens; selecionado para a Mostra Brasília no FIC Brasília 2023, o filme será exibido nesta quinta (14), às 18h, no Cine Brasília

Por Agência Brasília* | Edição: Carolina Lobo

Selecionado para a Mostra Competitiva do 56º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, que segue até sábado (16), o documentário Rodas de Gigante marca a estreia de Catarina Accioly como roteirista e diretora em longas-metragens em um filme traduzido pelo “improviso poético” e que faz reverência à trajetória do multifacetado diretor de teatro latino-americano Hugo Rodas.

Pupila do artista, que morreu aos 82 anos em abril de 2022, no Distrito Federal, Catarina Accioly registrou no Brasil — onde Rodas viveu por mais de 40 anos — e no Uruguai — terra natal do diretor — os quatro últimos anos de vida de Hugo, que narra em primeira pessoa a despedida como icônico diretor teatral.

Catarina Accioly acompanhou in loco momentos e situações vividas em intimidade e publicamente por Rodas, entre 2018 a 2022, recortando fragmentos da rotina teatral e afetiva, conexões com inúmeras redes afetivas e profissionais, dos 79 aos 82 anos, entrelaçados com a pandemia da covid-19 e a luta que o artista travou contra um câncer no intestino.

“O filme traz a contradição do confronto do protagonista diante de sua morte [que ocorreu três meses após a finalização das filmagens] anunciada ao mesmo tempo em que mostra, em cadência inspiracional, as delícias da persistência e exaltação da vida. As festas de aniversário dos 79 aos 82 anos são pilares estruturais desta história”, relata Accioly.

Documentário de Catarina Accioly narra em primeira pessoa a despedida do diretor de teatro Hugo Rodas | Foto: Divulgação

Catarina Accioly conheceu Rodas aos 19 anos, quando cursava artes cênicas na Universidade de Brasília (UnB),. Há 16 anos atuando como diretora de audiovisual, ela se considera “cria do teatro” pela convivência e aprendizado, em especial com o amigo e mestre. “Realizar esse filme partiu de um desejo ardente de conviver, observar e registrar os últimos anos de vida de Hugo. E estar em conflito pelo sentimento de conviver e presenciar uma intensa despedida de Hugo em frente à lente”, diz.

Multiartista

[Olho texto=”“Estrear como roteirista e diretora em longas-metragens com este documentário é um enorme desafio. Dirigi um filme que narra em primeira pessoa a despedida de alguém que é muito importante para o teatro, para muita gente e, especialmente, para mim. Hugo foi meu maestro e professor, cúmplice e carrasco, amigo contraditório de toda uma vida”” assinatura=”Catarina Accioly, roteirista e diretora do documentário Rodas de Gigante” esquerda_direita_centro=”direita”]

Radicado no Brasil desde meados dos anos 1970, Hugo Rodas atuou como ator, diretor, bailarino, coreógrafo, cenógrafo, figurinista e professor de teatro. Estabeleceu-se no DF em 1975 e consolidou-se como um dos diretores mais expressivos e inquietos do país.

Alguns dos maiores sucessos de público e crítica da história do teatro e da dança de Brasília têm a assinatura de Hugo Rodas: Senhora dos afogados (1987), A casa de Bernarda Alba (1988/1991), A menina dos olhos (1990/1991), Romeu e Julieta (1993/99), O olho da fechadura (1994/1995), The Globe Circus (1997), Shakespeare in concert (1997), Arlequim: servidor de dois patrões (2001/2002), Rosanegra – uma saga sertaneja (2002/2005) e O rinoceronte (2005/2006), além do memorável Adubo ou a sutil arte de escoar pelo ralo (2005-2015). No Planalto Central, Rodas fundou o Grupo Pitú (1976-1981), com o qual apresentou vários trabalhos, entre os quais o clássico Os Saltimbancos, contemplado com o Prêmio do Serviço Nacional do Teatro como melhor espetáculo infantil de 1977.

No início dos anos 1980, trabalhou no Teatro Oficina, com o diretor José Celso Martinez Corrêa, e no Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), com o diretor Antônio Abujamra (1932-2015), com quem fez diversas parcerias em direção teatral ao longo da vida, entre elas, Senhora Macbeth (2006), com Marília Gabriela, Os demônios (2006), do escritor russo Fiodor Dostoiévski, e Cantadas (2007), monólogo com a atriz Denise Stoklos. “Certamente eu não teria trilhado passos de autoralidade que me conduziram a roteirista e diretora de cinema se tivesse outra trajetória se não fosse formada por um homem tão genuíno, encantador e talentoso como Hugo Rodas”, afirma a diretora.

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Accioly diz que começou a documentar Rodas no aniversário dele de 79 anos, e que a estruturação do documentário se deu por meio do relacionamento com o personagem central, na reverberação de “conflitos muito profundos de morte e vida, de permanência e relação por meio da arte, do mundo normal ao pandêmico”. E conclui:

“Estrear como roteirista e diretora em longas-metragens com este documentário é um enorme desafio. Dirigi um filme que narra em primeira pessoa a despedida de alguém que é muito importante para o teatro, para muita gente e, especialmente, para mim. Hugo foi meu maestro e professor, cúmplice e carrasco, amigo contraditório de toda uma vida”.

Serviço
? Documentário Rodas de Gigante, de Catarina Accioly (98 minutos)
? Data: quinta-feira (14)
? Horário: 18h
? Local: Cine Brasília
Confira a programação completa do  56º Festival de Brasília do Cinema aqui.

*Com informações da Secec-DF