09/06/2015 às 22:24

Saúde tem plano para enfrentar resistência bacteriana

Medidas anunciadas incluem maior rigor no cumprimento dos protocolos de atendimento e intensificação do treinamento de pessoal

Por Paula Oliveira, da Agência Brasília


O subsecretário de Atenção à Saúde, José Tadeu dos Santos Palmieri, o secretário de Saúde, João Batista de Sousa, e o infectologista do Hospital Regional de Santa Maria Paulo Cortez
O subsecretário de Atenção à Saúde, José Tadeu dos Santos Palmieri, o secretário de Saúde, João Batista de Sousa, e o infectologista do Hospital Regional de Santa Maria Paulo Cortez. Foto: Renato Araújo/Agência Brasília

A Secretaria de Saúde vai enfrentar a resistência bacteriana nos hospitais de Brasília com a padronização dos protocolos de atendimento e o reforço nos métodos de higiene dos profissionais de saúde e dos ambientes e no uso racional dos antibióticos. Além disso, o plano de enfrentamento da resistência bacteriana apresentado nesta terça-feira (9) pelo chefe da pasta, João Batista de Sousa, visa garantir o abastecimento de equipamentos de proteção individual dos profissionais (capotes, luvas e máscaras) e de materiais de limpeza. “Temos estoque garantido para os próximos seis meses; quando acabar, já teremos para os seis seguintes”, disse Sousa a jornalistas, durante entrevista coletiva na tarde de hoje.

O plano começou a ser elaborado em abril, após o alerta da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) de que havia registro de aumento da resistência bacteriana em todo o País. Sousa explicou que o documento contém ações estabelecidas pela Organização Mundial de Saúde e adotadas na rede pública de Brasília, mas que precisam ser reforçadas com as equipes que lidam diretamente com o paciente. “Precisamos ter mais rigor no cumprimento dos protocolos, como a higienização das mãos dos profissionais antes e depois do contato com o paciente e o uso correto de catéteres e de outros procedimentos invasivos”, reconheceu o secretário.

O infectologista do Hospital Regional de Santa Maria Paulo Cortez explica que os treinamentos são contínuos e que o plano reforça a importância de se cumprir rigorosamente todas as etapas e os prazos. “As medidas de segurança precisam ser repassadas, revisadas e aprimoradas constantemente”, disse. Isso envolve os profissionais de saúde e os responsáveis pela limpeza das unidades.

Outro item previsto no plano é a realocação de farmacêuticos clínicos da rede para atuar nas unidades de terapia intensiva, áreas mais suscetíveis à proliferação das bactérias multirresistentes. “Vamos trabalhar no uso racional de antibióticos; a presença desses profissionais nas áreas de risco vai garantir a administração da dose e do tempo corretos do medicamento”, informou Cortez. O uso contínuo do remédio é uma das causas para o crescimento da resistência bacteriana no Brasil e no mundo, segundo o especialista.

Rotina
Segundo informações da Secretaria de Saúde, existem hoje na rede pública sete pessoas internadas infectadas por bactérias multirresistentes — três no Hospital Regional de Taguatinga, uma no Hospital Regional de Santa Maria, duas no Hospital Regional do Guará e uma no Hospital Regional de Sobradinho. Todas elas estão em leitos isolados. Não é possível definir, no entanto, o número de colonizados (aqueles que têm a bactéria, mas não estão doentes).

Ainda de acordo com o plano, todos os pacientes em estado crítico vão passar por exames para detectar a presença ou não de bactérias multirresistentes. “Cada unidade de saúde tem um procedimento padrão de fazer o teste de rotina nos pacientes internados; agora, com o plano, vamos padronizar isso e garantir que todas façam da mesma maneira”, afirmou o secretário. O isolamento de pacientes infectados não causou prejuízo no atendimento hospitalar.

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