28/03/2020 às 13:07, atualizado em 28/03/2020 às 16:25

Alex Vidigal e a louca vida do Conic

Para o cineasta, o Setor de Diversões Sul é a cabeça, tronco e cultura da cidade. Sua formação artística surgiu dos cinemas, lojas e festas do point preferido de várias tribos

Por Agência Brasília*

[Numeralha titulo_grande=”24″ texto=”dias para os 60 anos de Brasília” esquerda_direita_centro=”centro”]

Em homenagem à capital federal, formada por gente de todos os cantos, a Agência Brasília está publicando, diariamente, até 21 de abril, depoimentos de pessoas que declaram seu amor à cidade.

Foto: Arnon Gonçalves

Além de gostos culturais, o professor universitário encontrou no Conic amigos e amores de todo o Distrito Federal. Resultado: boas e incríveis lembranças. Foto: Arnon Gonçalves

“Minhas lembranças de lar em Brasília não são dos inúmeros apartamentos os quais morei. Seja nas 400, 300 ou 100 da Asa Sul. Nem em um condomínio nas 200 da Asa Norte. Inclusive, hoje em dia, não vejo mais o prédio quando passo de ônibus pelo local: construíram um novo edifício em frente. A memória de um lugar como casa sempre foi o Setor de Diversões Sul, o Conic.

Nascido em uma família que não era de funcionários públicos, o comum na minha infância, e parte da adolescência, era ficar no comércio do meu pai. Ou melhor, trabalhar ali boa parte do tempo.

[Olho texto=”O espaço que vos falo é um Conic das reminiscências. Ainda um lugar de todos os lugares do DF, mas que se transforma como tudo o que é verdadeiramente vivo nas cidades, em qualquer lugar.” assinatura=”” esquerda_direita_centro=”esquerda”]

Nas horas livres, eu frequentava as salas de cinema: Atlântida, Bristol, Miguel e Badya (anos depois o Ritz, por mim mesmo). Eu entrava de graça, pois meu pai conhecia todos dali. Essas tardes (e noites) de filmes me fizeram o professor e diretor de audiovisual que sou, por obras como Batman, de Tim Burton ou Inferno no Gama, de Afonso Brazza.

E como não resgatar as conversas escorado no balcão da Kingdom Comics sobre quadrinhos de Jack Kirby, Laerte e da Revista Samba. No final do expediente, tomar uma cerveja no Fliperama e, quem sabe?, jogar uma partida de Pinball ou mesmo Street Fighter esperando o começo das “diversões noturnas” que o setor oferece.

Também lembro de um Conic de descobertas musicais nas lojas. Seja na Discovery, onde ouvi pela primeira vez Racionais e Câmbio Negro. Na Berlin Discos, com Ratos de Porão e Raimundos. Na Megatribe, ao som de Kraftwerk e Isn’t & The Six. E na Fun House, terra de Stooges e Prot[o].

Devido a essas lojas, encontrei o que gostaria de ouvir e futuramente tocar nas festas do próprio local, como: Frenética, Birosca e Toranja, além de tantas outras. Foram e ainda são noites de muitas descobertas musicais e pessoais.

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Além de gostos culturais, encontrei no Conic amigos e amores de todo o Distrito Federal (poderia tentar parafrasear aqui o trecho da Letra Rios, Pontes e Overdrives para tentar falar desses lugares, mas não conseguiria).

Porém, o espaço que vos falo é um Conic das reminiscências. Ainda um lugar de todos os lugares do DF, mas que se transforma como tudo o que é verdadeiramente vivo nas cidades, em qualquer lugar.

E, no fim, ainda sei que posso ter o Mercadinho do Natinho pra encontrar uma camiseta de Brasília que pareça com a cidade que conheço. Não a dos cartões-postais da Rodoviária.

Alex Vidigal, 40 anos, professor universitário, discotecário e cineasta, mora na Asa Sul