A conexão entre alimentação e saúde mental tem recebido cada vez mais atenção, especialmente com a descoberta do conceito de “segundo cérebro”, atribuído ao intestino. Esse órgão abriga cerca de 100 trilhões de microrganismos que formam a microbiota intestinal, desempenhando um papel essencial na produção de neurotransmissores. A gestora da Gerência de Nutrição (Gesnut) da Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF), Carolina Gama, explica: “A alimentação tem um impacto fundamental na modulação da química cerebral, influenciando diretamente a produção de neurotransmissores e a regulação de processos inflamatórios”.
A alimentação saudável e equilibrada impacta positivamente na saúde mental, ajudando a prevenir ou tratar transtornos como ansiedade e depressão | Foto: Geovana Albuquerque/Agência Brasília
Gama destaca que o consumo excessivo de alimentos ultraprocessados está frequentemente associado à deficiência de micronutrientes essenciais, além de resultar em uma ingestão elevada de calorias, gorduras, carboidratos e sódio. “Muitos problemas de saúde mental têm causas químicas e podem estar relacionados à falta de micronutrientes, o que desregula a produção de neurotransmissores”, afirma a especialista.
Segundo Carolina, certos alimentos podem ser grandes aliados na promoção da saúde mental. É o caso dos ricos em triptofano, como banana e leite, que estimulam a produção de serotonina, um neurotransmissor relacionado à sensação de prazer e bem-estar. “Consumir alimentos que favorecem esse hormônio pode trazer benefícios significativos para a saúde emocional”, explica.
“A alimentação impacta nosso cérebro, cognição e estado emocional. Uma dieta saudável significa qualidade de vida”
Fernanda Falcomer, diretora de Serviços de Saúde Mental da SES-DF
O triptofano – um nutriente essencial para a síntese de proteínas no organismo – e seus cofatores, como magnésio, vitamina B9 e vitamina B6, são fundamentais na produção de serotonina e na formação da melatonina, responsável pela regulação do sono. Além disso, uma dieta rica em ômega-3 e antioxidantes é recomendada para pacientes com transtornos mentais.