Do Paranoá à Noruega, graças aos treinamentos no Centro Olímpico e Paralímpico (COP) de São Sebastião. Essa é a trajetória de Mychael Machado, 21 anos, atleta de futebol social, que, no próximo dia 11, embarca para o país nórdico, a fim de representar o Brasil na Homeless World Cup, copa do mundo da modalidade.
"É surreal. A ficha só vai cair totalmente quando eu estiver no aeroporto", diz o rapaz, que nunca viajou para o exterior. A relação com o futebol, ele lembra, veio de berço: "Minha família veio toda do esporte. Meu pai foi goleiro, minha mãe joga futsal e meu avô tem uma escolinha de futebol amador. E eu vim seguindo os exemplos deles. Se estou aqui hoje, onde cheguei, tudo o que vivenciei e estou vivenciando, é por conta deles e de outras pessoas também".
Aos 18 anos, chegou ao COP de São Sebastião, onde mergulhou de vez no mundo do futebol social. A modalidade, que tem algumas regras diferentes do futebol tradicional — em especial, no número de jogadores —, nasceu com o propósito de dar oportunidade a jovens em situação de vulnerabilidade ou de comunidades que não costumam ganhar o devido espaço. "Como vários atletas, eu também moro em uma área periférica. A gente já vem sofrendo desde pequeno. Então, a nossa saída é o esporte ou os estudos. E o esporte vem me ajudando bastante. Por meio dele eu consegui essas portas abertas", pontua Mychael.