Pode começar com algo simples: uma ferida que não cicatriza, uma mancha discreta ou uma dor que parece inofensiva. Mas por trás desses sinais sutis pode estar uma das doenças mais comuns e perigosas da cavidade oral: o câncer bucal. Na semana nacional de prevenção desse tipo de neoplasia, a Secretaria de Saúde (SES-DF) chama a atenção para o diagnóstico precoce.
O alerta da pasta não vem à toa: a doença é o oitavo câncer mais frequente no país e o quinto mais comum entre os homens, podendo atingir mais de 15 mil brasileiros até o fim deste ano, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca). No Distrito Federal, a estimativa é de cerca de 50 novos casos no mesmo período.
Porém, se detectado cedo, o câncer bucal tem altas chances de cura, chegando a 90%. O atraso no diagnóstico, contudo, torna o tratamento mais invasivo. O índice de óbito ainda é considerado alto — de 43% a 45%.
Sinais de alerta
“No início, o câncer costuma ser indolor e muitas vezes é confundido com uma afta. A diferença é que a afta dói e desaparece, enquanto a lesão cancerígena é assintomática no início”
Eliziário Leitão, cirurgião-dentista
A identificação do câncer é feita por exame clínico e biópsia da área suspeita. O autoexame também é importante. “Observe a boca no espelho e procure alterações na língua, gengiva, bochechas e lábios; se algo parecer diferente, é fundamental procurar um dentista”, orienta o cirurgião-dentista Eliziário Leitão.
Feridas que não cicatrizam em até 21 dias, manchas brancas ou avermelhadas e alterações persistentes na mucosa bucal exigem atenção. “No início, o câncer costuma ser indolor e muitas vezes é confundido com uma afta”, detalha o especialista. “A diferença é que a afta dói e desaparece, enquanto a lesão cancerígena é assintomática no início”.
Fatores de risco
O tabagismo e o consumo abusivo de álcool continuam sendo os maiores vilões. Segundo Leitão, o perfil mais comum é o de fumantes crônicos. “Aproximadamente 93% dos pacientes diagnosticados são fumantes, e o risco aumenta em até 30 vezes quando o cigarro é combinado com bebidas destiladas, como a cachaça”, adverte.