Um tabuleiro que abre portas para a criatividade e para novas formas de aprendizado. No Centro de Ensino Médio (CEM) 01 do Guará, o projeto Distrito dos Dragões: Oficina de RPG e Ciências Humanas e Sociais Aplicadas está reinventando o ensino de história, geografia e filosofia. Criado em 2023, o projeto utiliza o universo dos jogos de RPG (Role-Playing Game) para tornar o estudo das disciplinas mais prático e envolvente.
Os estudantes criam personagens inspirados em diferentes vivências e grupos sociais, explorando espaços do Distrito Federal e do Entorno. Chamados de Cenários de Aprendizagem, esses ambientes permitem a imersão no contexto histórico, social e geográfico da região, enquanto enfrentam desafios e dilemas propostos pelos professores.
“O meu personagem é um anão. Ele é robusto, baixinho, com uma barba longa, e pertence à classe dos magos. É um estudioso, dedicado à magia e ao conhecimento da alquimia do Distrito”, explica Gabriel Sousa, de 18 anos. O estudante destaca, ainda, como o jogo tem transformado sua relação com os estudos e com o aprendizado, especialmente na filosofia.
Além de ensinar história e geografia, o Distrito dos Dragões desenvolve habilidades como empatia, criatividade e pensamento crítico | Fotos: Mary Leal/SEEDF
“O projeto torna tudo mais real e próximo. Às vezes, a gente vê a filosofia como algo distante, mas com o RPG o professor traz os conceitos para dentro da sala de aula e para locais que conhecemos, como o Lago Paranoá ou a Torre de TV”, revela.
Durante as missões, os alunos enfrentam dilemas éticos e exploram questões filosóficas. “Uma vez, encontramos uma carroça tombada com dois idosos em risco de vida. Tivemos que decidir: ajudá-los ou seguir a missão? Escolhemos ajudar, mas eles eram inimigos disfarçados. Isso gerou uma discussão sobre ética que nos fez refletir sobre o que é certo ou errado”, conta Gabriel.
Impacto social
A iniciativa tem impacto além da sala de aula, promovendo a socialização dos estudantes e o desenvolvimento de habilidades interpessoais. “O projeto ajudou com a minha timidez. Sempre tive dificuldade para me comunicar, mas jogando, isso melhorou bastante, principalmente porque comecei a interagir com pessoas com quem criei maior amizade”, relata Maria Heloísa, 18 anos, recém-formada no ensino médio.