Dedicação, disciplina e empenho são palavras-chave na trajetória do mestre André Mariano dos Santos, professor de judô da Secretaria de Educação do Distrito Federal (SEE). Ele pratica o esporte há quase 50 anos e transmite a experiência nos tatames para crianças e adolescentes no Centro de Iniciação Desportiva (CID) do Centro Educacional 2 de Taguatinga (Centrão). Em breve, as aulas serão interrompidas por um motivo digno de honraria: André Mariano será árbitro de judô nos Jogos Olímpicos de Paris 2024.
O professor de judô André Mariano dos Santos, de Taguatinga, é o único brasileiro convocado pela FIJ para compor a equipe para a competição mundial, que será realizada em Paris | Fotos: Matheus H. Souza/Agência Brasília
Ele foi o único brasileiro convocado pela Federação Internacional de Judô (FIJ) para compor a equipe de 16 árbitros principais da competição mundial. Esta será a terceira participação do mestre em jogos olímpicos: esteve nas Olimpíadas de Tóquio, em 2021, atuando como árbitro principal, e nas Olimpíadas do Rio, em 2016, como integrante da equipe de arbitragem. Também já participou de outros jogos mundiais, como Grand Prix, Grand Slam, Continentais e Mundiais das categorias de base.
Hoje com 53 anos, André Mariano nasceu em Taguatinga – onde reside atualmente – e pratica judô desde a infância. Aos 15 anos, começou a arbitrar em competições locais, inspirado pela experiência. “Os resultados de alguns combates não estavam ligados ao que a regra dizia, e aquilo me deixava um pouco irritado, até que um professor me convidou para ajudar na arbitragem e me incentivou a estudar o esporte, concomitantemente com o trabalho como atleta”, relembra. Aos 37 anos, ele alcançou a classificação mais alta na arbitragem internacional e estreou o título nos tatames do Campeonato Mundial Sênior, no Azerbaijão.
À época, ele já era professor efetivo da rede pública. “Comecei em 2003, com aulas de futebol e natação, e depois migrei para o judô”, relembra. As aulas da luta marcial reúnem cerca de 120 alunos de 8 a 17 anos semanalmente, nos turnos matutino e vespertino. Como atleta, André Mariano participou de campeonatos escolares, universitários e brasileiros, tendo sido consagrado campeão em diversas oportunidades e tornando-se tricampeão brasileiro de judô na classe veterano.
O judoca acredita que o esporte tem fundamental importância na formação dos alunos, contribuindo com resultados escolares: “Sou apaixonado pela educação e, de maneira especial, pela educação pública. O papel do professor é muito importante. Temos ferramentas mais que eficientes para mostrar para os alunos e as famílias que eles podem, sim, atingir outros níveis de desempenho e chegar onde sonham. Isso aconteceu comigo, então pode acontecer com qualquer aluno”.
“Estou muito orgulhosa do mestre. Ele ensina a gente a estudar e ter disciplina e também fala para termos respeito com os outros”, diz a aluna Maria Cecília Braz Marcelino
Para ele, a participação nas Olimpíadas de Paris é resultado de horas diárias de dedicação ao esporte. “Por meio dos meus estudos e meus esforços, pude atingir o nível internacional. Foi um processo a longo prazo. Hoje estou colhendo os frutos de uma vida dedicada ao judô; de uma vida dedicada à arbitragem, em uma cidade que não tem um polo tão forte de judô, mas é um celeiro de judocas”, observa.
