Quem vê a educadora social Ana (nome fictício) não consegue imaginar as adversidades vivenciadas pela estudante de pedagogia. Há seis anos, a filha dela, à época com 4 anos, sofreu violência sexual pelo pai biológico, fato que deu início à busca de Ana por justiça e acolhimento. Hoje, ambas são atendidas semanalmente pelo programa Direito Delas, da Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejus).
Iniciativa do GDF ajuda a preservar direitos fundamentais das mulheres | Foto: Divulgação/Sejus
“Voltei a buscar ajuda porque ainda há sequelas”, conta. “Não é fácil. O corpo sente. A cabeça sente. Minha filha estava com dificuldade para interagir na escola e ficava muito isolada”. Com o atendimento psicológico, Ana percebeu mudanças no comportamento da criança: “Agora ela não se isola mais, e temos com quem dividir a dor e compartilhar as emoções”.
“Os núcleos de atendimento oportunizam um espaço de escuta ativa, que materializa os direitos das mulheres”
Marcela Passamani, secretária de Justiça e Cidadania
O programa foi criado para atender mulheres em situação de violência e seus familiares, contemplando também crianças e adolescentes de 7 a 14 anos vítimas de estupro e vítimas de crimes contra a pessoa idosa. A iniciativa oferece atendimento social, psicológico e jurídico nos núcleos de Ceilândia, Estrutural, Guará, Itapoã, Paranoá, Planaltina, Plano Piloto, Recanto das Emas e Samambaia.
A educadora social também se beneficia do atendimento jurídico e social. “A equipe trabalha com muito amor”, afirma. “Eles nos ajudam emocionalmente, nos orientam. O trabalho é de fundamental importância para mim e para a comunidade, porque não teríamos como pagar atendimento particular, e crianças vítimas de violência precisam do atendimento de um profissional qualificado. Com esse suporte, compreendi que, mesmo com a dor, não é o fim. Ainda existe saída”.