Incentivar crianças a identificar, aceitar e expressar suas emoções e a entender como os sentimentos afetam o dia a dia delas e os vínculos. Esse foi o intuito de um e-book produzido por um grupo de 18 crianças, de 6 a 13 anos, atendidas pelo Centro de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (Cecon) Gama Sul. Batizado de Emocionário: diga o que você sente, o e-book é colorido, lúdico, com desenhos e pequenos depoimentos das crianças sobre medo, nojo, raiva, alegria e tristeza.
O e-book faz parte de um dos percursos desenvolvidos na unidade socioassistencial para prevenir o risco social e fortalecer vínculos dos meninos e meninas com a família e a comunidade | Foto: Divulgação/Sedes
“O objetivo do livro é incentivar a criança a refletir sobre as emoções que sentem cotidianamente e a entender que o outro também tem emoções que precisam ser, igualmente, acolhidas para uma convivência respeitosa”, explica a chefe do Cecon Gama Sul, Flávia Mendes. “A criança, entendendo o que sente, vai saber comunicar melhor, fica mais fácil de resolver aquela questão, de se comunicar de forma não violenta. Essa violência fragiliza qualquer vínculo, não só entre o público da assistência social”, complementa a educadora.
[Olho texto=”“Fiquei impressionada de ele conseguir demonstrar o sentimento e desenhar isso. Eu tenho seis filhos, os meninos já fizeram esses desenhos, e só hoje eu compreendo o sentimento deles na época, por meio dos desenhos”” assinatura=”Keila Costa Néris, mãe de Disraily, um dos autores do e-book” esquerda_direita_centro=”esquerda”]
“Agora, estou observando melhor. Estou mais atenta a seus sentimentos. Meu filho fala: ‘mãe, não grita, que eu fico triste’. Agora estou prestando mais atenção nisso”, conta a dona de casa Keila Costa Néris, de 34 anos, mãe do pequeno Disraily, de 8, um dos autores do e-book. “Foi bem interessante. Parece um trabalho simples, mas, para mim, não foi. Foi graças a esse trabalho que pude aprender a lidar com ele em relação aos sentimentos, me aproximar dele”, aponta a moradora do Gama.
Keila tem outros cinco filhos mais velhos. Todos frequentaram o Cecon. Disraily começou a ser atendido neste ano. “Uma vez, nosso cachorro fugiu e ele disse que, se perdesse o cachorro, ia ser como se alguém tivesse morrido. Não sabia que ele sentia isso. Fiquei emocionada com o livro, até levei para a escola dele para mostrar à professora”, relata. “Fiquei impressionada de ele conseguir demonstrar o sentimento e desenhar isso. Eu tenho seis filhos, os meninos já fizeram esses desenhos, e só hoje eu compreendo o sentimento deles na época, por meio dos desenhos.”