Um piano no hall do Hospital da Criança de Brasília evidencia a importância da música no cotidiano do hospital e, frequentemente, pianistas voluntários oferecem concertos durante os atendimentos.
O piano e demais instrumentos de corda e percussão são os recursos que o ambulatório de musicoterapia oferece aos pacientes no HCB, de forma conjunta com terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos e fisioterapeutas e agregam, às condutas terapêuticas de doenças raras, graves e complexas, o som dos instrumentos como recurso nos tratamentos. Os profissionais dessa equipe estão em todas as linhas de cuidados do hospital, clínicas cirúrgicas, na linha de cuidado onco-hematológica incluindo o tratamento paliativo dos pacientes. A música, enquanto terapia, é aplicada nos atendimentos ambulatoriais e até nas UTIs.
As conquistas são inúmeras com a terapia que tem os instrumentos musicais como aliados | Foto: Divulgação/HCB
A musicoterapeuta e violoncelista Ângela Fajardo, integrante da Associação de Musicoterapia do Distrito Federal, nos seis anos em que atua no HCB, já perdeu as contas de quantos pacientes passaram pelo ambulatório de musicoterapia, mas as histórias contadas pelos familiares ressaltam os contornos das conquistas diante das demandas trazidas pelos pacientes. Semanalmente, passam cerca de 30 crianças pelo Ambulatório. “Crianças com transtornos do neurodesenvolvimento e do comportamento têm, na música, uma janela de comunicação com o mundo e em volta delas. Para algumas crianças, pode ser a única forma de comunicação pelas experiências sonoras que acumulam. Trabalhamos a demanda de cada um, especificamente”, diz Fajardo.
“Eu digo que a música salvou a vida do meu filho, trouxe alegria, colocou a música, a voz, a vida de uma criança que não suportava nenhum ruído. Trouxe vida para a vida, dele e a nossa”
Solange Sousa, mãe de Marco, de 4 anos, atendido no HCB
Rúbia Ferreira de Souza, mãe de Flavia Carolina, conta que a música foi apresentada para a filha aos 10 anos, em um momento de baixa autoestima e muitas dores. Ela buscou o tratamento no HCB por conta de uma doença degenerativa. “Flávia foi despertada para a música aqui no ambulatório. Ela quis aprender a tocar instrumentos, ler e escrever partituras musicais, melhorou a escrita e a leitura e se interessou em aprender idiomas. A musicoterapeuta, profissional, atenciosa e carinhosa, soube conduzir minha filha e ajudá-la”, diz a mãe, satisfeita com os resultados. Flávia, hoje com 20 anos, cursa licenciatura em espanhol no Instituto Federal de Brasília (IFB) e está tentando uma vaga na Escola de Música.
As conquistas são inúmeras com a terapia que tem os instrumentos musicais como aliados. Foi o caso de Marco Albano de Sousa Althaus, de 4 anos, que, ao nascer, ficou 17 dias na UTI. Ele apresentava múltiplas deficiências, comprometimento cognitivo e diagnóstico de autismo. A mãe, Solange Sousa, lembra que, ainda bebê, ele precisou ser socorrido com várias paradas cardíacas e convulsões; superou o período crítico e foi transferido ao HCB com dois meses.