15/10/2025 às 12h02 - Atualizado em 15/10/2025 às 12h02

Hospital Regional de Santa Maria realiza 1º Simpósio de Cuidados Paliativos

Evento marca um novo olhar sobre o acolhimento, destacando a dignidade, a empatia e o valor humano na assistência aos pacientes

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Agencia Brasília* | Edição: Ígor Silveira

Com o olhar voltado à humanização da assistência, o Hospital Regional de Santa Maria (HRSM) deu um passo significativo em sua trajetória ao realizar o 1º Simpósio de Cuidados Paliativos, sob o tema Agregando valor em saúde como linha de cuidado.

No auditório da unidade, profissionais de diversas áreas da saúde, estudantes, familiares e convidados se reuniram em um encontro marcado por aprendizado, sensibilidade e reflexão sobre a importância de cuidar não apenas da doença, mas da pessoa em sua integralidade.

A abertura foi conduzida pela enfermeira paliativista e idealizadora do simpósio, Léia Lima, que acolheu o público com palavras de afeto e propósito.

“Os cuidados paliativos ainda carregam, muitas vezes, um estigma de fim. Mas nós sabemos que eles representam um recomeço. É uma nova forma de olhar para o paciente, a família e a vida em sua totalidade”, afirma.

Reflexão e propósito no cuidado integral

Convidado para ser o palestrante do dia, o médico paliativista e chefe do Núcleo de Cuidados Paliativos do IgesDF, Arthur Amaral, trouxe uma reflexão sobre os diagnósticos e o papel da equipe multiprofissional no cuidado integral.

Segundo ele, apenas 14% dos pacientes que necessitam de cuidados paliativos no Brasil recebem esse atendimento.

A abertura foi conduzida pela enfermeira paliativista e idealizadora do simpósio, Léia Lima, que acolheu o público com palavras de afeto e propósito | Fotos: Alberto Ruy/Agência Brasília

“O sofrimento humano não começa apenas no final da vida. Ele surge no momento da descoberta de uma doença grave. É nesse instante que o paciente precisa de suporte, escuta e cuidado especializado”, destaca.

Arthur explicou que a terminalidade não está ligada ao tempo, mas à gravidade da doença, e reforçou que os cuidados paliativos devem se estender muito além dos casos oncológicos.

“Doenças como insuficiência cardíaca, esclerose lateral amiotrófica e demências também ameaçam a vida. Cuidar é oferecer suporte durante o processo, e não apenas diante da morte”, pontua.

O gerente-geral do HRSM, Anderson Rodrigues, enfatizou a importância do evento e o amadurecimento da instituição ao discutir o tema.

“Falar sobre cuidados paliativos é sinal de maturidade institucional. Isso mostra o quanto estamos comprometidos em tratar a saúde de forma integral, com dignidade e empatia”, declara. “É muito honroso participar de um simpósio que engrandece nossa prática e reforça o valor da vida”, completa.

IgesDF amplia o cuidado na rede pública

Nos últimos meses, o IgesDF vem ampliando a oferta de cuidados paliativos na rede pública. As UPAs do Núcleo Bandeirante, Vicente Pires e Ceilândia I já contam com atendimento especializado, e o Hospital Cidade do Sol (HSol) passou a oferecer o serviço com uma equipe multiprofissional dedicada, garantindo assistência integral, acolhedora e voltada ao bem-estar dos pacientes.

O auditório permaneceu lotado ao longo de todo o evento

No HRSM, uma equipe exclusiva também se dedica a esse tipo de atendimento. O time é composto por uma enfermeira paliativista e médicos disponíveis 24 horas, responsáveis por avaliar e responder aos pareceres solicitados pelas equipes assistenciais.

Homenagens reforçam a humanização do cuidado

O momento mais emocionante do simpósio foi marcado por reconhecimentos aos profissionais que têm se destacado na humanização do cuidado. A médica paliativista Brunna Rezende prestou homenagem à superintendente do HRSM, Eliane Abreu, ao neurologista Nestor Miranda e à enfermeira Léia Lima, reconhecendo o empenho e a sensibilidade de cada um.

Em um discurso, Brunna comparou o crescimento da equipe a uma planta que floresce com apoio mútuo. “Nossa equipe é como uma semente que brota em solo fértil. E quando quase murchamos, vieram pessoas que nos regaram com fé, coragem e esperança. Vocês são essas pessoas”, disse.

Em seguida, ela entregou flores à colega Léia. “Quis te dar uma flor ainda plantada porque você não desperdiça a vida, você cultiva. O que é cuidado com amor não apenas floresce, mas ensina outros a florescerem”, afirma.

Emocionado, o médico Nestor Miranda agradeceu a homenagem e falou sobre a importância do trabalho conjunto. “Vocês não estão sozinhos, e os pacientes também não. Já vivemos aqui histórias marcantes, como o casamento feito para realizar o sonho de um paciente. Isso é o verdadeiro sentido do cuidar”, destaca.

A superintendente Eliane Abreu também se comoveu ao lembrar da trajetória de profissionais que contribuíram para o crescimento do hospital e que hoje não fazem mais parte da equipe. “Quem me ensinou, lá atrás, antes mesmo de vocês chegarem com todo esse brilho no olhar, a falar sobre cuidados paliativos, já não está mais entre nós. Mas não havia uma família que ele atendesse que não saísse tocada por perceber a dignidade e o acolhimento no cuidado coletivo”, relembra.

Um encontro que inspira

O auditório permaneceu lotado ao longo de todo o evento. Entre os participantes estava Itsalorane Mendes, moradora de Valparaíso (GO), que compareceu especialmente para acompanhar o simpósio.

“Aprendi muito neste primeiro dia. É gratificante ver médicos e equipes humanizadas, que cuidam não só dos pacientes, mas também dos profissionais”, destacou a enfermeira paliativista.

Também estiveram presentes a gerente-geral do HSol, Júlia Gurgel, e a gerente substituta de Práticas Assistenciais, Karine Ataíde, que acompanharam o primeiro dia da programação.

O simpósio segue nesta quarta-feira (15), com novas palestras, debates e trocas de experiências.

*Com informações do IgesDF