A campanha Fevereiro Roxo é dedicada para dar visibilidade à fibromialgia, condição que se caracteriza por dor muscular generalizada, crônica (dura mais que três meses), mas que não apresenta evidência de inflamação nos locais de dor. Segundo dados da Sociedade Brasileira de Reumatologia, a doença se manifesta em pelo menos 2,5% da população adulta no Brasil. Ela pode ser acompanhada de outras patologias que também causam sintomas semelhantes, potencializando a carga da doença e diminuindo a qualidade de vida. Além disso, a fibromialgia pode ter um componente familiar genético envolvido.
A reumatologista do Hospital Regional de Santa Maria (HRSM), Tainá Carneiro, explica que a fibromialgia é uma síndrome complexa cujo principal sintoma é a dor difusa, em qualquer área do corpo, de maneira contínua ou intermitente, piorada com a movimentação. Ela é acompanhada de sintomas como fadiga, alterações do sono, alterações do humor, alterações da cognição e memória e sensações como dormências, formigamentos, choques.
O tratamento para a fibromialgia é multidisciplinar para que o paciente mantenha bem e funcional | Fotos: Alberto Ruy/IgesDF
Segundo a médica, nem todos os sintomas podem estar presentes em todas as pessoas, e não precisam estar presentes concomitantemente. Por isso, a fibromialgia é uma doença que se manifesta diferente em cada indivíduo, tornando o diagnóstico por vezes desafiador e o tratamento e acompanhamento personalizados. “Não existe receita de bolo no tratamento da dor crônica. Cada paciente possui particularidades que precisam ser abordadas individualmente. A dor envolve aspectos físicos, emocionais e sociais que precisam fazer parte da abordagem”.
O tratamento é multidisciplinar para que o paciente mantenha bem e funcional. Os quatro pilares principais do tratamento envolvem medicamentos, psicoterapia, terapias como biofeedback (ajuda a controlar funções corporais involuntárias, como a frequência cardíaca e a respiração) e atividade física. “Apesar dos pacientes com dor crônica experimentarem uma aversão ao movimento (cinesiofobia), o exercício físico é fundamental para a melhora do sono, da fadiga e dos sintomas dolorosos. Estudos mostram que a atividade física também é importante para diminuir os sintomas depressivos e ansiosos que podem acompanhar o diagnóstico de fibromialgia.
Possíveis causas
Gatilhos estressores como outras dores crônicas, traumas físicos e emocionais, sobrecarga articular e sedentarismo podem ser o gatilho para desenvolvimento da fibromialgia. De acordo com Tainá, as mulheres são mais acometidas do que os homens, principalmente na faixa etária dos 30 aos 50 anos. Porém, idosos, adolescentes e crianças também podem ser acometidos pela enfermidade. “Hábitos de vida saudáveis, atividade física regular e terapias de relaxamento são fundamentais para o tratamento e prevenção das crises de piora da doença”, ressalta a médica.