Perseverança e coragem são palavras que regem a rotina de milhares de mulheres do Brasil e do mundo. Para conquistar os próprios sonhos e lutar contra estigmas e preconceitos, elas enfrentam diariamente a exigência de muita força e resiliência. Oficializado pela Organização das Nações Unidas na década de 1970, o Dia Internacional da Mulher é celebrado nesta sexta-feira (8) e representa a caminhada histórica pela equiparação dos direitos entre homens e mulheres.
A ocupação feminina no mercado de trabalho no DF aumentou 2,1% entre 2022 e 2023
Mesmo que a passos muitas vezes lentos, elas vão conquistando espaços na sociedade. A ocupação feminina no mercado de trabalho no DF aumentou 2,1% entre 2022 e 2023. O setor que mais contratou foi o de serviços, com destaque para os ramos de administração pública, seguido por alojamento e alimentação, informação e comunicação, atividades profissionais científicas e técnicas, e serviços domésticos. Os dados são do boletim Mulheres e Trabalho Remunerado no Distrito Federal, produzido pelo Instituto de Pesquisa e Estatística (IPEDF) e pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
Duas dessas histórias de conquistas são da professora Jaqueline Godoy e da massagista Hélia Santos, mulheres que, em cenários completamente distintos, superaram desafios e obstáculos para alcançar o que sempre quiseram.
A professora do Departamento de Matemática da Universidade de Brasília (UnB) Jaqueline Godoy Mesquita, 38 anos, está à frente da presidência da Sociedade Brasileira de Matemática (SBM) desde agosto de 2023. Ela é a pessoa mais nova a ocupar o posto e a terceira mulher – o mandato da última foi encerrado há 18 anos.
“São muitos os desafios de estar à frente da Sociedade”, revela Jaqueline. “Sinto bastante machismo nessa posição. Percebi em vários ambientes que, para algumas pessoas, é mais difícil aceitar uma autoridade vinda de uma mulher. Por outro lado, é muito importante ter uma mulher em cargos como esse por questões de representatividade. Depois que assumi, muitas mulheres disseram que estavam felizes com isso e perceberam que podem chegar no mesmo espaço que eu.”
Jaqueline Godoy Mesquita driblou o machismo para chegar à presidência da Sociedade Brasileira de Matemática (SBM) | Foto: Arquivo pessoal
A falta de representatividade na área é percebida pela docente desde os tempos de estudante, quando ela era uma das sete alunas em uma turma de 35 estudantes. À medida que foi avançando na academia, a presença feminina – enquanto alunas ou professoras – foi caindo. Esse é um dos motivos que fazem com que Jaqueline seja engajada na representatividade feminina: “Ser mulher é ser resistência. Hoje em dia temos uma comunidade muito machista, então, temos que resistir todos os dias para dizer que estou aqui e vocês vão ter que conviver comigo”.
Nascida em Roraima, Jaqueline se considera brasiliense de coração, já que mora na capital federal desde a infância. Em 2023, foi ganhadora pelas Américas do Sul e Central e Região do Caribe do prêmio Science, She Says! Award, concedido pelo Ministério das Relações Exteriores e Cooperação Internacional da Itália. Para ela, a premiação significa o reconhecimento do setor científico do impacto da pesquisa brasileira e, sobretudo, daquela feita por mulheres.