A política de assistência social no Distrito Federal é conduzida em sua maioria por mulheres. São 1.157 servidoras, entre os 1.857 profissionais, que atuam na Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes), responsável pela gestão dos benefícios, programas e unidades socioassistenciais de execução direta.
São elas que fazem atendimento na ponta, recebem e orientam a população vulnerável nas unidades e colaboram na gestão de serviços de assistência social e programas, como o Cartão Prato Cheio, que fazem do DF, hoje, uma referência nacional.
A rede de proteção social do GDF atende majoritariamente a população feminina. São 323.186 mulheres inscritas no Cadastro Único no Distrito Federal, de um total de 546.929 pessoas | Fotos: Renato Raphael/Sedes
“Muitas chegam à unidade, especialmente o Creas [Centro de Referência Especializado de Assistência Social] , já com muitas fragilidades. É gratificante poder fazer essa mulher enxergar e entender esse ciclo da violência, contribuir para que ela possa construir a autonomia dela, esse empoderamento, porque muitas não sabem onde nem como pedir ajuda”, enfatiza a psicóloga especialista em assistência social Daniella Pimenta da Silva, servidora da Sedes desde 2008.
[Olho texto=”“Neste Dia Internacional da Mulher, quero fazer uma homenagem às nossas servidoras. São elas que nos ajudam a executar essa política, a pensar as ações que têm auxiliado tanto as famílias em vulnerabilidade social do DF, especialmente neste momento de pandemia”” assinatura=” – Mayara Noronha Rocha, secretária de Desenvolvimento Social” esquerda_direita_centro=”esquerda”]
“O sentimento que eu tenho é de gratidão mesmo, ainda mais por eu ser mulher, poder ouvir e auxiliar outras mulheres”, acrescenta Daniella, que trabalhou três anos no Centro de Referência de Assistência Social (Cras) Samambaia Expansão e nove anos em duas unidades da atenção especial, nas unidades do Creas de Ceilândia e Taguatinga. Nesse período, fez parte da equipe multidisciplinar de atendimento e exerceu a função de gerente nas duas unidades.
“Uma situação que me marcou muito foi o depoimento de uma usuária em um grupo de mulheres no Creas Ceilândia. Ela estava lá para fechar o ciclo no grupo e contou como foi difícil para ela sair daquela situação de violência doméstica, não só pela dependência emocional, mas também financeira. Ela começou a falar como aquele trabalho no Creas foi importante para ela. A usuária não só saiu da violência, como voltou a estudar e passou em um concurso público”, relata.
“Isso me mostrou como o nosso trabalho é importante, porque pode parecer que não está dando resultado, mas é um trabalho de formiguinha. O trabalho da ponta é isso: você vai lá, planta e, em algum momento, colhe”, destaca Daniella, que hoje atua na gestão da Sedes como assessora da Diretoria de Serviços Especializados a Família e Indivíduos.
Dentro da Política de Assistência Social do DF, mulheres em vulnerabilidade social contam com atendimento em unidades socioassistenciais para prevenção de violação de direitos e acompanhamento especializado
[Olho texto=”“Nós ficamos mais sensíveis com essa pandemia, houve aumento dos casos de violência doméstica, de violência de gênero, muitas pessoas perderam a renda e as mulheres foram muito atingidas”, afirma a psicóloga Lucélia Aguiar Nogueira” assinatura=”” esquerda_direita_centro=”direita”]
Servidora há 11 anos, a psicóloga Lucélia Aguiar Nogueira avalia que o fato de ser mulher traz um olhar diferenciado na hora de fazer a escuta qualificada. “Nós ficamos mais sensíveis com essa pandemia, houve aumento dos casos de violência doméstica, de violência de gênero, muitas pessoas perderam a renda e as mulheres foram muito atingidas. Ser uma profissional mulher traz um olhar mais sensível para essa questão do gênero durante o atendimento”, afirma a servidora.
Lucélia trabalha há sete no Cras Guará e conta que, durante a pandemia, foi perceptível o desespero das famílias com a crise. “Para mim, é uma honra ser mulher e poder contribuir com essa rede de proteção social voltada para a mulher, para as chefes de família. Aqui no Cras, assim como em outras unidades, a maioria dos atendimentos é para mulheres. Nessa pandemia, nós percebemos uma fala mais desesperada dos usuários que chegam á unidade, mas também uma fala de agradecimento, como se eles não tivessem a quem recorrer. É muito gratificante poder prestar esse auxílio”, ressalta.
No DF Social, das mais de 50 mil famílias beneficiárias, 31.379 são chefiadas por mulheres. No Cartão Gás, dentre as 70 mil famílias beneficiárias, 52.917 têm uma mulher como chefe de família
A rede de proteção social do GDF atende majoritariamente a população feminina. São 323.186 mulheres inscritas no Cadastro Único no Distrito Federal, de um total de 546.929 pessoas, segundo dados de fevereiro de 2022. Dessas, 170.362 são mulheres inscritas como responsável familiar, número bem superior ao de homens chefes de família, que hoje são 38.080. O Cadastro Único – que, no DF, é gerido pela Sedes – é a porta de entrada para as famílias terem acesso a benefícios sociais federais e distritais, como o Auxílio Brasil e o DF Social.
