A dor da perda de um filho é irreparável. Para Maria Pinheiro de Oliveira, 59 anos, a partida precoce de sua única filha, Tainara, a deixou sem rumo. Enfrentar o luto foi um desafio que parecia insuperável, mas, em meio à tristeza, ela encontrou um refúgio inesperado: a educação. Foi por meio da Educação de Jovens e Adultos (EJA) que a estudante redescobriu a vontade de viver e, hoje, traça novos objetivos para seu futuro.
“Fiquei mais de 20 anos sem estudar. Minha filha estudou no CEF 09 de Taguatinga e tinha uma amiga, filha da diretora, que me convidava para retomar os estudos, mas eu sempre respondia a mesma coisa: ‘Agora não, quero acompanhar minha filha, Tainara, na faculdade’”, conta.

De 2019 a 2023, a Educação de Jovens e Adultos (EJA) formou 31.249 estudantes no Distrito Federal | Fotos: Matheus H. Souza/Agência Brasília
Os planos, porém, mudaram após o falecimento da jovem. “Deus recolheu minha filha. Perdi a minha única filha para a depressão. E foi no Centrão que encontrei uma forma de amenizar essa dor. Eu senti que precisava ocupar minha cabeça e enfrentar o luto”, prossegue a estudante.
Desde então, o Centro Educacional (CED) 2 de Taguatinga, conhecido como Centrão, tem sido o porto seguro da mulher. No local, Maria recebeu o acolhimento dos professores e colegas para conseguir seguir em frente. “O Centrão é a porta do futuro. É minha segunda casa”, afirma ela, que hoje sonha em continuar os passos da filha e também cursar uma faculdade. “Não importa a idade, pretendo chegar à Faculdade de Direito”, completa.
Educação descentralizada
Maria não está sozinha nessa jornada. Histórias como a dela se multiplicam entre os estudantes da EJA. Bruno Ribeiro, 35, também decidiu voltar a estudar depois de anos dedicados ao trabalho como pedreiro e bombeiro hidráulico. “Nunca gostei de estudar, mas um dia bateu a curiosidade. Comecei e não parei mais. Descobri que tenho afinidade com algumas matérias e que posso ir além. Estudar é uma evolução pessoal”, diz ele.
De 2019 a 2023, foram 31.249 estudantes formados na modalidade, vidas transformadas com novas possibilidades. Esses alunos estão dispostos em 103 escolas públicas, distribuídas por 14 coordenações regionais de ensino, abrangendo todas as 35 regiões administrativas da capital do país.
A perda precoce da fila motivou a volta de Maria Pinheiro de Oliveira aos estudos: “Deus recolheu minha filha. E foi no Centrão que encontrei uma forma de amenizar essa dor”
