A vigilante Eveline Sousa Silva, de 43 anos, nunca imaginou que veria uma filha vestida de bailarina, dançando com alegria e leveza. Mãe de seis filhos – cinco meninas –, ela sempre carregou o sonho de matricular as filhas em um curso de balé. “Mas nunca foi possível. Eu não tinha condições financeiras”, conta, emocionada. Hoje, Eveline celebra a realização desse desejo por meio da pequena Maria Alice Silva, de 7 anos, uma das 120 crianças atendidas pelo curso de balé promovido na Praça dos Direitos do Itapoã, equipamento público gerido pela Secretaria de Justiça e Cidadania do DF (Sejus-DF).
Mais do que uma roupa bonita e passos sincronizados, Maria Alice leva no peito a alegria de viver o próprio sonho e o das mulheres de sua família. Diagnosticada com TDAH, a menina encontrou na dança um caminho de expressão e desenvolvimento. “Ela melhorou demais”, relata a mãe. “É outra criança. Se sente valorizada, feliz. O balé trouxe luz para a nossa casa.”
O curso é fruto de uma parceria entre a Sejus e o Instituto Florescer, e tem mudado a rotina e o futuro de meninas do Itapoã e do Paranoá. As aulas ocorrem em uma sala especialmente reformada pela Sejus, com piso novo, espelho de ponta a ponta da parede e um ambiente acolhedor e seguro. Uma estrutura de qualidade, pensada para oferecer não apenas conforto, mas dignidade e pertencimento às crianças.
Amostra Artística encanta comunidade
O impacto do projeto pôde ser visto no último fim de semana, durante a Amostra Artística realizada na própria Praça dos Direitos do Itapoã. As 120 alunas subiram ao palco para apresentar tudo o que aprenderam no primeiro semestre do ano — e encantaram o público.
Uma das estrelas da tarde foi a pequena Ana Júlia Carvalho, de 5 anos. Sorridente, ela não escondia a empolgação. “Eu amo fazer balé. Adoro!”, disse, entusiasmada. Sua mãe, Rafaela Palmas de Carvalho, de 34 anos, moradora do Paranoá, se emocionou ao ver o brilho nos olhos da filha. “Ela está realizando um sonho que também foi meu. Mas, mais do que isso, agora ela tem uma ocupação, algo que a motiva, que dá sentido. Antes ficava só vendo filme. Agora vive para o balé.”
O evento também contou com a participação das crianças da Associação Sociocultural São Luis Orione Itapoã (ASLOI), instituição parceira da Sejus-DF na região, que emocionaram o público com apresentações de balé e um concerto de violino. A ação conjunta evidenciou a força das parcerias comunitárias e do investimento público em arte e cultura como caminhos para inclusão e transformação social.