Um dos grandes desafios do sistema prisional é vencer o preconceito e proporcionar a inclusão social de detentos e egressos, ao mesmo tempo em que reduz as desigualdades sociais e a criminalidade no país. Para transformar essa realidade, o Governo do Distrito Federal (GDF), por meio do Projeto Capacita Funap, da Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejus), vem investindo em projetos de resgate da cidadania de pessoas presas oferecendo uma importante ferramenta transformadora: o trabalho.
Há três meses, João Fernandes, de 53 anos, tenta mudar de vida. Diariamente, ele dedica 15 horas do seu dia cumprindo a rotina de deixar o Centro de Progressão Penitenciária (CPP) no Setor de Indústria e Abastecimento, até o local em que trabalha como ajudante geral. A percepção de João é que essas horas valem como ouro para ser reintegrado à sociedade e conquistar uma vida melhor.
Atualmente, cerca de 60 detentos do regime semiaberto fazem parte do programa e estão empregados em 10 empresas parceiras de vários setores | Foto: Tony Oliveira/ Agência Brasília
“Essa oportunidade é um renascimento para mim. Quando perdemos a liberdade, olham para a gente como lixo. Quero crescer dentro da empresa, ajudar a minha família é uma chance que quero abraçar, me sentir cidadão de novo e para isso contamos com a ajuda de pessoas que acreditam no nosso potencial”, diz. “Além disso, não queremos melhorar somente por nós, é mostrar para a sociedade que temos recuperação, sim”, enfatiza Fernandes.
João faz parte do Capacita Funap, que visa proporcionar mão de obra de reeducandos para empresas que desejam contribuir na reintegração social de pessoas que cumprem pena. O projeto foi lançado no fim de 2023 pela Fundação de Amparo ao Trabalhador Preso, órgão vinculado à Sejus. Por meio do projeto, a Funap disponibiliza às empresas a mão de obra dos reeducandos por um período de até três meses. Durante esse tempo, todos os custos financeiros relacionados ao funcionário são assumidos pela Fundação. Isso permite que empresas locais recebam assistência enquanto investem no futuro dos reeducandos.
João Fernandes: ““Essa oportunidade é um renascimento para mim. Quando perdemos a liberdade, olham para a gente como lixo”
Atualmente, cerca de 60 detentos do regime semiaberto fazem parte do programa e estão empregados em 10 empresas parceiras de vários setores. Os participantes recebem a bolsa ressocialização equivalente ao Nível I (no valore de R$ 990), auxílio-transporte, auxílio-alimentação e seguro de acidente pessoal. O GDF investe mensalmente R$ 150 mil no projeto.
“O programa é uma oportunidade dada pelo governo para que as pessoas que estão em conflito com a lei possam reconstruir suas vidas com uma nova história. Dessa forma, os reeducandos vão para o mercado de trabalho e também suprem as necessidades das empresas levando mão de obra qualificada para empresários e consequentemente para a sociedade”, afirma a secretária de Justiça e Cidadania, Marcela Passamani.
Parceiros
A construtora ORX Engenharia é uma das empresas que têm contrato com a Funap e oferecem capacitação e trabalho aos presidiários por meio do Capacita Funap. Há três meses, ela emprega 10 presos nas obras públicas e privadas que atuam e qualificam os funcionários durante o período de estágio probatório.
“O programa é uma oportunidade dada pelo governo para que as pessoas que estão em conflito com a lei possam reconstruir suas vidas com uma nova história”
Marcela Passamani, secretária de Justiça e Cidadania