Desde a implementação da lei nº 15.100/2025, que restringe o uso de celulares nas escolas da educação básica, instituições de ensino do Distrito Federal têm adotado estratégias para estimular a interação entre os alunos. Um dos exemplos é o Centro Educacional Incra 8, que atende em horário integral cerca de mil estudantes do ensino fundamental e médio em Brazlândia, onde foram instalados pontos de leitura e jogos de tabuleiro nos espaços em que os estudantes costumavam utilizar os aparelhos eletrônicos.
A diretora da unidade, Solange Pereira, explica que a iniciativa Leitura On surgiu da necessidade de melhorar a proficiência em leitura dos alunos, identificada por meio de indicadores como o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). “Os estudantes já estavam acostumados a se reunir em locais com melhor sinal de wi-fi, só que depois da proibição dos celulares eles não tinham o que fazer ali. Então transformamos em um ambiente que incentiva a leitura para mostrar que existem outras formas de estar em outro mundo, que não necessariamente o celular”, afirma.
O Centro Educacional Incra 8 atende em horário integral cerca de mil estudantes do ensino fundamental e médio em Brazlândia; foram instalados pontos de leitura e jogos de tabuleiro nos espaços em que os estudantes costumavam utilizar os aparelhos eletrônicos | Fotos: Lúcio Bernardo Jr./Agência Brasília
No novo cenário, é feito um monitoramento para inibir o uso dos aparelhos móveis, onde os alunos recebem orientações. Caso o estudante seja flagrado, os pais são comunicados sobre o ato; e, se o aluno insistir no uso, recebe uma advertência. “Foi difícil no começo, mas depois de eles perceberem que não era possível negociar, o foco nas aulas melhorou bastante, e a gente já consegue perceber a diferença. Deixamos claro que a retirada não é uma punição, mas uma maneira de cuidar da saúde mental e física dos alunos com a redução do tempo de tela, que já tem benefícios comprovados”, afirma a diretora.
Atenção e interação
“Agora, conseguimos reter melhor a atenção, eles participam mais e tiram dúvidas”, afirma o professor Welbet Menezes
A nova lei, sancionada em janeiro deste ano, veda o uso de aparelhos eletrônicos portáteis pessoais durante as aulas, recreios e intervalos, salvo em casos de necessidade ou uso pedagógico previamente planejado. O DF já possui legislação própria sobre o uso de tecnologias desde 200,8 com a lei nº 4.131, que proíbe o uso de aparelhos celulares e eletrônicos pelos alunos das escolas públicas e privadas de educação básica da capital do país. Com o intuito de reforçar as diretrizes, a Secretaria de Educação divulgou uma circular em 7 de fevereiro, alinhada à nova regulamentação nacional.
Para os professores, a proibição aprimorou significativamente o aprendizado. Welbet Menezes, docente de inglês no CED Incra 8, observa um maior aproveitamento das aulas. “Os alunos estavam sempre distraídos com jogos, músicas e redes sociais. Agora, conseguimos reter melhor a atenção, eles participam mais e tiram dúvidas, coisa que eles não faziam tanto antes”, relata.
Ana Catarina Ribeiro Caldas, de 17 anos, aluna do CED Incra 8, conta que a interação com os colegas aumentou e até novas amizades foram formadas nos últimos dias
