Para além do espaço físico que interliga e conecta quadras de Taguatinga, onde milhares de pessoas circulam de ônibus e metrô, a Praça do Relógio é um ponto de encontro especial da região administrativa. Patrimônio cultural e artístico do Distrito Federal, ela foi, por muitos anos, palco de diversas manifestações culturais, artísticas e de lazer.
Ponto icônico de Taguatinga, praça mantém o relógio presenteado ao GDF pelo então presidente da Citizen Watch, Eichi Yamada | Foto: Geovana Albuquerque/Agência Brasília
A história do espaço é contada pela Agência Brasília, em mais uma matéria da série especial #TBTdoDF, que aproveita a sigla em inglês de throwback thursday (em tradução livre, “quinta-feira de retrocesso”) para reviver o passado brasiliense.
Quem passa pelo Centro de Taguatinga já está acostumado com o monumento de aproximadamente 15 metros de altura que dá nome à praça. O relógio que está posicionado no coração da cidade é uma doação da fabricante Citizen Watch.
Ponto de interação
“Há espaços na Praça do Relógio que não estavam totalmente previstos no projeto inicial da cidade; isso mostra uma apropriação pela população local”
Maria Fernanda Derntl, professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UnB
Tudo aconteceu depois de uma visita a Brasília do então presidente da empresa, Eiichi Yamada, em 1970. A boa experiência na capital federal o inspirou a presentear o DF com uma criação especial, exclusiva. Após meses de preparação, o relógio com quatro lados, dentro de uma estrutura de concreto quadrada e sustentado por uma torre de mais de 10 metros de altura, estava pronto para ser doado à cidade.
A única região administrativa que estava apta a receber o monumento era Taguatinga. A Praça Central de Taguatinga, criada em meados de 1960, foi o local ideal para instalar o relógio da Citizen Watch. Em dezembro de 1970, batizado com novo nome de Praça do Relógio, o ponto se tornou um dos principais marcos de referência da cidade devido à localização central e à configuração arquitetônica.
De acordo com a professora Maria Fernanda Derntl, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília (UnB), o local foi palco de importantes manifestações sociais por parte dos moradores de Taguatinga. “Há espaços na Praça do Relógio que não estavam totalmente previstos no projeto inicial da cidade; isso mostra uma apropriação pela população local”, afirma.
Espaço público
O relógio monumental, com mostradores dos quatro lados da grande coluna, se destaca no visual central da cidade | Foto: Arquivo Público do DF
“A praça tem um papel importante tanto na sua função local, de uso cotidiano no espaço, com metrô, administração regional e pontos de ônibus, quanto por ser um espaço que articula Taguatinga com todo o Distrito Federal”, defende a professora.
Apesar do incontestável valor para a comunidade local, a praça teve que resistir ao tempo e às diversas propostas de demolição ao longo da história. Na contramão dos que queriam o fim do espaço, moradores da cidade se reuniram e, com um abaixo-assinado, em 1985, solicitaram o tombamento do relógio. O pedido foi atendido pelo Governo do Distrito Federal, e tanto o relógio quanto a praça seguem como patrimônios culturais e artísticos do DF.
