Em abril de 1971, um menino engraxate viu, junto a um arbusto no centro de Brazlândia, uma grande escada subindo em direção aos céus. Perplexa, a criança contou a visão para a mãe e, posteriormente, para o padre da cidade, que o tranquilizou. Segundo revelou o vigário, ali seria construído um grande santuário dedicado ao Menino Jesus. E assim se fez.
?Localizado na EQ 2/4 do Setor Norte da região administrativa, o Santuário Arquidiocesano Menino Jesus é o segundo maior templo católico do Brasil – o primeiro é a Basílica de Nossa Senhora Aparecida, no interior de São Paulo. A Agência Brasília resgata a história de uma das igrejas mais importantes do Distrito Federal na série #TBTDoDF. O especial aproveita a sigla de throwback thursday para revelar lugares, episódios e eventos que marcam o nosso Quadradinho.
O início
A construção do templo definitivo foi iniciada no ano 2000, exatamente no mesmo local em que ocorreu a visão do menino engraxate | Foto: Divulgação/ Arquivo Público
Um ano após a visão do menino engraxate, em 1972, a Imagem Peregrina do Menino Jesus chegou ao Brasil. A obra centenária foi esculpida por um artista romano e era venerada no Convento das Irmãs do Menino Jesus, nas proximidades da Basílica de Santa Maria Maior. Por esse motivo, a vinda ao país quase foi impedida pelo governo italiano, que alegava que a imagem fazia parte do patrimônio nacional. Superado o impasse, a obra de arte foi trazida ao Brasil pelo padre José Pellegrini e as irmãs Oblatas do Menino Jesus. Em seguida, foi entregue à comunidade de Brazlândia por sacerdotes locais.
A imagem ficou guardada em uma pequena igreja de madeira até 1975, quando foi iniciada a construção de uma igreja maior. Passados os anos, surgiu a necessidade de expandir o espaço de oração. “Por necessidade pastoral, por virem cada vez mais pessoas, a igreja precisou crescer”, revela o padre Matias Soares, conhecido apenas como Padre Matias, que há dois anos atua no santuário.
A construção do templo definitivo foi iniciada no ano 2000, exatamente no mesmo local em que ocorreu a visão do menino engraxate. A obra foi realizada com apoio de empresários da cidade, com contribuições internacionais e, principalmente, com a participação dos fiéis. O aposentado Cícero Pereira, 55 anos, conta que acompanhou o crescimento da igreja e viu, de perto, a luta dos sacerdotes para concluir a empreitada. “Eu morava ao lado do santuário. É uma obra lisonjeada, motivo de orgulho para a cidade, uma grande referência que começou do nada”, conta.
Entre os atrativos do templo está o quadro da Santa Ceia, o maior em alto relevo do mundo, com 20 metros de largura e sete metros de altura, incluindo os acabamentos | Fotos: Tony Oliveira/Agência Brasília
Nascido e criado em Brazlândia, Cícero coleciona lembranças com o templo católico. “Aqui fiz a primeira comunhão, me casei, fiz a crisma. E hoje em dia venho com meus netos para orar, é um lugar gostoso, me sinto muito bem”, lembra ele, que sofreu um infarto há cinco anos. “Tive que colocar safena e, quando saí do hospital, a primeira coisa que fiz foi vir ao santuário para ter com Deus e agradecer”, acrescenta.
O servidor público Júnior Dutra, 46, também conhece o templo desde a infância e há pelo menos três décadas é um frequentador assíduo. Ele faz parte do grupo de orações da igreja, realizado às segundas, às 19h, e às terças, quartas e domingos, às 19h30. “Nasci em Brazlândia. Venho aqui desde pequeno e, nos últimos anos, passei a participar mais. O santuário é um lugar muito movimentado e conhecido pelos fiéis, recebe caravanas de Planaltina, Anápolis”, afirma.
Júnior Dutra: “O santuário é um lugar muito movimentado e conhecido pelos fiéis”
Arquitetura divina
Grandioso, o templo tem capacidade para seis mil pessoas sentadas e 15 mil em circulação nas galerias internas. A arquitetura impressiona: são seis pavimentos, uma torre frontal com 55 metros de altura, duas torres laterais com 45 metros cada e uma cúpula com 33 metros. Atrás do altar, está o quadro da Santa Ceia, o maior em alto relevo do mundo, com 20 metros de largura e sete metros de altura, incluindo os acabamentos. A obra de arte foi doada por um casal de luteranos da Suíça e realizada pelos escultores e artistas Ponciano I, II e III, em 2005. Além disso, o templo abriga o papamóvel que transportou João Paulo II no Rio de Janeiro, em 1997.
