Dores na mão, dormência e formigamentos. Estes são sintomas da síndrome do túnel do carpo, diagnóstico que a ex-operadora de caixa Lucineia da Silva, de 36 anos, recebeu em 2020, decorrente das atividades desempenhadas no trabalho. O atendimento iniciou na Unidade Básica de Saúde (UBS) 3 da Nova Colina, quando a encaminharam ao Ambulatório do Trabalhador, localizado no Hospital Regional da Asa Norte (Hran). “Fazendo o acompanhamento, senti muita melhora e não estou mais com tantas dores”, declara.
No DF, entre 2018 e 2022, foram computadas 9.004 notificações relacionadas a acidentes graves de trabalho, com aumento da incidência dos registros a cada ano | Foto: Alexandre Álvares/Agência Saúde-DF
Além da síndrome, Lucineia está sob investigação de outros problemas de saúde, como reumatismo. Para indicar processos que evitem situações como essas, no entanto, é preciso considerar inúmeros fatores: frequência, gênero, idade, função e outros. “O que mais temos visto é que a utilização dos equipamentos corretos é uma forma efetiva de prevenção”, avalia o médico Paulo Lisbão, da Secretaria de Saúde (SES-DF). “Em caso de perda auditiva decorrente de ruído, por exemplo, é preciso o uso de protetores auriculares, que já se tornam uma forma de cuidado”, acrescenta.
[Olho texto=”No DF, uma pessoa que sofre agravos ou doenças relacionadas ao trabalho deve passar pela rede regular de saúde, cuja porta de entrada é a UBS mais próxima da residência” assinatura=”” esquerda_direita_centro=”direita”]
Além de aderir às normas regulamentadoras e às medidas sanitárias, recomenda-se que o trabalhador observe riscos inerentes às suas funções e em como preveni-los. “É importante identificar possíveis situações perigosas no processo de trabalho, assim como manter todas as vacinas em dia. A prática de atividades físicas também traz muitos benefícios”, aconselha a diretora da Saúde do Trabalhador (Disat), Elaine Morelo.
Saúde em números
Neste ano, a Diretoria de Saúde do Trabalhador da SES-DF elaborou o Informe Epidemiológico em Saúde do Trabalho. O documento reúne dados dos últimos cinco anos sobre agravos, doenças e acidentes no ambiente laboral como: dermatoses ocupacionais, perda auditiva induzida por ruído, câncer relacionado ao trabalho, intoxicações exógenas, pneumoconioses, lesões por esforço repetitivo (LER), dor relacionada ao trabalho (Dort), acidentes de trabalho graves e com material biológico (ATMB), e transtornos mentais.
A análise indica que o DF apresentou uma série histórica de crescimento em casos de ATMB, totalizando 9.255 notificados no período de 2007 a 2022, com estabilização a partir de 2018. O dado mais recente é de que houve 888 casos registrados em 2022.