Consumo de chás sem orientação pode ser prejudicial à saúde
O consumo de chás é uma prática milenar, iniciada na China e disseminada por diversos países, inclusive o Brasil. Por aqui, os “chazinhos” são tradicionalmente indicados para tratar diversas condições de saúde e aliviar o estresse. Porém, o uso excessivo ou sem orientação de um profissional de saúde pode ter efeitos adversos, incluindo toxicidade para o organismo. “O consumo indiscriminado de chás pode trazer sérios riscos à saúde” Alana Siqueira, nutricionista A nutricionista Alana Siqueira, da Gerência de Apoio à Saúde da Família (Gasf) da Secretaria de Saúde (SES-DF), faz o alerta: “O consumo indiscriminado de chás pode trazer sérios riscos à saúde, como agravamento de ansiedade, toxicidade, estresse, alterações na pressão arterial, impacto na fertilidade, gastrite, entre outros problemas.” De acordo com o farmacêutico da Unidade Básica de Saúde (UBS) 1 de Santa Maria, Felipe Melo, embora sejam naturais, os chás apresentam contraindicações e podem interferir na eficácia de certos medicamentos. “Algumas plantas medicinais bastante conhecidas como o boldo e a erva de São João, por exemplo, podem prejudicar o efeito de anti-hipertensivos, antimicrobianos e sedativos. Isso porque o boldo pode aumentar o risco de hipotensão – pressão baixa ー se consumido com o anti-hipertensivo. Já o chá de erva de São João, pode influenciar no metabolismo de antibióticos e de sedativos, podendo causar intoxicação”, ressalta. O ideal é buscar informações sobre o uso dos chás combinado com remédios em farmácias e UBSs | Foto: Sandro Araújo/Agência Saúde-DF Para ele, o melhor é ter cautela e sempre perguntar ao profissional de saúde se o consumo de chás é seguro associado ao remédio receitado. Intoxicação O fígado é o principal órgão afetado pelo uso indiscriminado de infusões com plantas medicinais. A médica gastro-hepatologista Daniela Carvalho, do Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF), explica que o consumo inadequado de chás pode desencadear reações hepáticas graves. “Os efeitos variam de inflamação e colestase (redução do fluxo biliar) a necrose hepática. Em casos mais severos, pode ser necessário um transplante de fígado”, diz. Entre os sintomas indicativos de hepatotoxicidade estão dor abdominal, urina escura e icterícia ー amarelamento da pele e dos olhos. “Esses sinais não devem ser ignorados e precisam de atenção médica imediata”, orienta a especialista. Arte: Secretaria de Saúde Apesar dos inúmeros benefícios associados ao chá verde, a médica ressalta que o consumo exagerado da bebida pode levar ao desenvolvimento de hepatite. “O chá verde, especialmente em altas doses ou em forma de cápsulas, tem sido relacionado a casos de hepatotoxicidade, como inflamação hepática do tipo hepatocelular”, explica. Segundo Daniela, a ingestão de ervas medicinais sem a devida orientação é uma das principais causas de lesão hepática induzida por substâncias. Orientações Na Farmácia Viva do Centro de Referência em Práticas Integrativas em Saúde (Cerpis) de Planaltina, os farmacêuticos orientam pacientes com prescrição para o uso de plantas medicinais. “Durante o atendimento, verificamos se o paciente conhece o fármaco e o motivo da prescrição. Após entender a necessidade, fornecemos a planta medicinal”, explica a farmacêutica e fitoterapeuta Isabele Aguiar, que atua na chefia da Farmácia Viva. Nas farmácias vivas, a comunidade tem orientação em saúde sobre os métodos de preparo de chás e as quantidades seguras de consumo | Foto: Arquivo/SES-DF Algumas plantas medicinais como capim-santo, erva-cidreira e manjericão são disponibilizadas sob demanda espontânea, necessitando que o usuário as solicite na Farmácia Viva. Por lá, a comunidade tem orientação em saúde sobre os métodos de preparo de chás e as quantidades seguras de consumo. “Aqui, também fazemos medicamentos fitoterápicos e temos o atendimento direto para a comunidade, com orientação e disponibilização das plantas in natura para as preparações caseiras de infusão, decocção ou a maceração ー diferentes formas de utilizar as plantas”, conclui. *Com informações da Secretaria de Saúde
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Reeducandos trabalham no cultivo de plantas fitoterápicas
Reeducandos que trabalham na fazenda localizada no Complexo Penitenciário da Papuda realizam a manutenção e o cultivo de plantas medicinais e aromáticas. O local é administrado pela Fundação de Amparo ao Trabalhador Preso do Distrito Federal (Funap), vinculada à Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejus). A proposta tem o objetivo de integrar esforços para a educação e capacitação de pessoas privadas de liberdade. A iniciativa firmada por meio de uma parceria entre a Funap e a Secretaria de Saúde (SES) visa obter insumos farmacêuticos ativos para a produção de formulações fitoterápicas padronizadas e manipuladas nas farmácias vivas. As manipulações são distribuídas para o Sistema Único de Saúde (SUS), da SES, para atendimento à população. O trabalho realizado por reeducandos no Horto de Plantas Medicinais, localizado em uma parte da fazenda, surgiu para atender à crescente demanda da SES. O trabalho Plantas como a Varronia curassavica (erva-baleeira) são cultivadas por reeducandos | Foto: Sejus/ Divulgação Os reeducandos desempenham atividades relacionadas a produção de mudas, plantio e cuidados com as espécies vegetais medicinais. Eles também são responsáveis por manter uma coleção de aproximadamente 50 espécies vegetais medicinais nativas e exóticas adaptadas, utilizadas para fins educacionais e para reconhecimento e promoção do uso racional. Além disso, participam das etapas de colheita, seleção, triagem, trituração e secagem das plantas medicinais utilizadas na produção dos fitoterápicos. Os reeducandos recebem remuneração por meio da Bolsa Ressocialização, fornecida pela Funap, e ainda remição de pena. A diretora da Funap, Deuselita Martins, explica que o trabalho exercido pelos reeducandos é baseado na proposta de ressocialização. “Ao mesmo tempo em que promove o desenvolvimento e a reintegração das pessoas privadas de liberdade, o projeto proporciona à população acesso ao tratamento com plantas medicinais e fitoterápicos. É uma união de forças para o bem de muitos”. Farmácia Viva A produção é distribuída no Núcleo de Farmácia Viva (Riacho Fundo) e Núcleo de Farmácia Cerpis (Planaltina) No Horto são cultivadas, atualmente, três espécies vegetais medicinais que integram a lista de sete de que a Farmácia Viva precisa para a produção de nove fitoterápicos oficinais listados na Relação de Medicamentos Padronizados para Atenção Básica (Reme/DF). Para atender à solicitação da Secretaria de Saúde, os reeducandos cultivam a Varronia curassavica (erva-baleeira), Lippia sidoides (Alecrim pimenta) e Mikania laevigata (Guaco), que dão origem a preparações farmacêuticas tais como os géis, xaropes e tinturas produzidas e ofertadas pelas duas Farmácias Vivas da SES: Núcleo de Farmácia Viva (Riacho Fundo) e Núcleo de Farmácia Cerpis (Planaltina), que abastecem as unidades básicas de saúde (UBSs). [Relacionadas esquerda_direita_centro=”direita”] O farmacêutico do Núcleo de Farmácia Viva, da Diretoria de Assistência Farmacêutica, Cícero Abiorana, ressalta que a assinatura da parceria promoverá a ampliação da assistência farmacêutica. “Esse acordo estabelece mais um cenário de atuação e de grande potencial de reeducação e de formação de cultivadores, que é a Farmácia Viva, onde reeducandos trabalham na produção de mudas e no cultivo de plantas medicinais, que são matérias-primas para a produção de fitoterápicos fornecidos na rede pública de Saúde”, afirma. Abiorana complementa celebrando a conquista: “Essa parceria de benefício mútuo é um movimento de grande relevância social e impacta positivamente na qualidade de vida da população do DF.” *Com informações da Sejus
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Hortos unem saúde e meio ambiente em prol da população
Lavanda, sálvia, alecrim e eucalipto são algumas das 100 espécies de plantas medicinais cultivadas de forma ecológica no quintal da Unidade Básica de Saúde 1 (UBS 1) do Lago Norte. O horto segue um modelo de agrofloresta para a plantação e o manejo. Horto da UBS 1 do Lago Norte, atualmente, dispõe de espaço para produção de fitoterápicos | Foto: Tony Winston/Agência Saúde [Olho texto=” “Chamamos a comunidade para cooperar com a criação de vínculos, transformar lugares inóspitos em aprazíveis, para a gente criar espaços seguros e que contribuam para a manutenção de relações mais saudáveis” ” assinatura=” – Cristian Silva, gerente de Práticas Integrativas em Saúde da Secretaria de Saúde” esquerda_direita_centro=”direita”] O espaço verde de antes, sem uso e com o acúmulo de entulho, foi substituído por ervas e culturas para produção de fitoterápicos, em uma área de 500 m2. A transformação está em acordo com a campanha Nosso Planeta, Nossa Saúde, da Organização Mundial da Saúde (OMS) e promovida pela Organização Pan-Americana de Saúde (Opas). Este ano, o foco é o bem-estar da população e do meio ambiente por meio de ações sustentáveis. O gerente de Práticas Integrativas em Saúde da Secretaria de Saúde, Cristian Silva, lembra a contribuição para um ecossistema mais salubre quando se incentiva esse tipo de técnica: “A área da saúde produz muito lixo – são seringas, máscaras, luvas. E mais: um lixo contaminado. Então, quando se faz um espaço como um horto voltado para fitoterápicos, inverte-se essa lógica”. Criador do projeto de agroflorestal medicinal, o médico de família e comunidade Marcos Trajano, Referência Técnica Distrital (RTD) em fitoterapia, pontua: “Este projeto faz com que a nossa unidade promova saúde em um outro âmbito. É um produtor que cuida do solo, do ar e do meio ambiente”. O projeto, informa ele, permite uma agricultura sem adubos sintéticos nem agrotóxicos. “Estas plantas vão ser utilizadas para a produção de medicamentos e precisam estar isentas de qualquer tipo de contaminante”, diz. “A agrofloresta por si só não dialoga em nada com o SUS; mas, quando se coloca no contexto das práticas integrativas e da vigilância em saúde e da promoção da saúde, estamos fazendo um link com as políticas públicas do campo”. Parceria da comunidade Para que seja desenvolvido o horto, a população é convidada a participar de mutirões. “Chamamos a comunidade para cooperar com a criação de vínculos, transformar lugares inóspitos em aprazíveis, para a gente criar espaços seguros e que contribuam para a manutenção de relações mais saudáveis”, explica o médico. Moradora do Lago Norte, a aposentada Maria Aparecida de Araújo Guerra, 73 anos, é voluntária desde o começo e conta que se incomodava com o ambiente antes da intervenção agroecológica. “As pessoas passavam, e ali parecia um terreno baldio”, lembra. “É uma alegria ver concretizada uma iniciativa cidadã, que pega um espaço e o transforma”. Outro voluntário é o advogado Mário Luiz Machado, 67, também morador do Lago Norte. Desde 2019, ele participa das ações de cuidado e manejo do horto. “É gratificante trabalhar pela comunidade. O trabalho em grupo é muito bom e saudável, além do ambiente bem próximo à natureza”. [Relacionadas esquerda_direita_centro=”esquerda”] Fitoterápicos Além do Lago Norte, outras três regiões administrativas desenvolvem hortos com o objetivo fitoterápico: Planaltina, com o Centro de Referência em Práticas Integrativas em Saúde (Cerpis); Riacho Fundo, com o Núcleo de Farmácia Viva, e São Sebastião, com a Casa de Parto. A meta é construir 12 novas unidades neste ano, contemplando grande parte do Distrito Federal. A produção dos fitoterápicos consiste em não extrair os princípios ativos de raízes, sementes e folhas das plantas. As plantas são enviadas a duas farmácias vivas para produção de xaropes, pomadas, géis, chás, compressas e tinturas. Os medicamentos precisam ser receitados por um médico da família. Os farmacêuticos das unidades liberam a dispensação para as pessoas. Saiba onde encontrar os medicamentos neste link. O projeto O horto é desenvolvido com base na agroecologia, agricultura biodinâmica e agrofloresta sintrópica sucessional. De acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a agricultura biodinâmica é um sistema de produção de base ecológica. Entre os elementos de destaque para a esse tipo de cultivo está o uso de preparados biodinâmicos, com os princípios da homeopatia no cultivo. O estudo da agrofloresta sintrópica sucessional, ainda segundo informações da Embrapa, forma o sistema produtivo voltado para a recuperação ambiental. As árvores nativas podem ser plantadas juntamente a culturas agrícolas – sistema de consorciamento de cultura –, o que aumenta a diversidade de espécies e as interações entre elas. *Com informações da Secretaria de Saúde do DF
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Da horta ao tai chi chuan: Caps de Samambaia amplia espaços terapêuticos
Instalada na área lateral da unidade, a horta conta com plantação de pimenta, tomate, couve, alface, pimentão e coentro. O próximo passo, em um outro espaço, será cultivar abóbora, berinjela, melancia e maxixe | Fotos: Breno Esaki/Agência Saúde-DF Responsável pelo acompanhamento de 5,6 mil pacientes, o Centro de Atenção Psicossocial III de Samambaia (Caps) ampliou os espaços terapêuticos, com adaptações por conta da pandemia de covid-19. Agora, além do atendimento tradicional nos consultórios, os pacientes podem voltar a participar de oficinas como de tai chi chuan, tecelagem, automassagem, artesanato, serigrafia, yoga, horta e fitoterapia. As atividades são realizadas sob o olhar atento dos profissionais de saúde mental, que utilizam as atividades como momentos de terapia. “Eu gosto. Ocupa a mente, e ocupar a mente é algo muito importante para nós”, conta Ana Vládia, de 36 anos. Acostumada ao plantio desde a infância, ela agora vai ao Caps III de Samambaia para auxiliar no cultivo de pimenta, tomate, couve, alface, pimentão e coentro. Com a área lateral da unidade de saúde já destinada à horta, ela agora planeja utilizar um espaço no fundo do terreno para iniciar as culturas de abóbora, berinjela, melancia e maxixe. Toda a produção fica com os pacientes. [Numeralha titulo_grande=”52″ texto=”servidores, entre médicos, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais, terapeutas ocupacionais e técnicos de enfermagem, além dos voluntários, compõem a equipe das 18 oficinas do Caps III de Samambaia” esquerda_direita_centro=”esquerda”] “Os resultados são muito bons”, explica a gerente do Caps III, Valeska de Paula. Segundo ela, as 18 oficinas oferecidas são relevantes para auxiliar no diálogo com os pacientes e possibilitar melhorias no atendimento. “Em todas as oficinas e em todos os grupos nós temos um profissional de referência”, garante. Hoje, a equipe é composta por 52 servidores, entre médicos, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais, terapeutas ocupacionais e técnicos de enfermagem, além dos voluntários. Um deles é o Matheus Batista, estudante do último semestre de psicologia do Centro Universitário do Distrito Federal (UDF). Ele está à frente das atividades com fitoterapia, um trabalho que começa na elaboração de mandalas até a preparação dos fitoterápicos, passando pelo cuidado com as plantas. “O intuito é convidar a ter contato com a própria essência, para reflorescer a própria origem”, diz o estudante, que explica também ser cientificamente comprovada a relação entre atividades físicas e a saúde mental. “É também um momento de voltar o olhar para os aspectos lúdicos.” Na prática, é o que parece acontecer com Vânia Porto. Há quatro anos em acompanhamento semanal pelo Caps III de Samambaia, ela exibe com orgulho as obras feitas na oficina de tecelagem. O cuidado para entrelaçar os fios e escolher as cores reflete na saúde mental. “Eu fico mais tranquila, menos estressada. Saio daqui feliz”, relata. Mas não se trata apenas de criar as peças. Enquanto os fios tomam a forma de uma toalha de mesa, a conversa com a terapeuta flui. Na realidade, Vânia diz que já nem sabe mais se prefere a tecelagem ou a conversa. “Eu até já errei na peça. Mas a conversa é boa. A gente se sente bem melhor.” Rede de Saúde Mental [Relacionadas esquerda_direita_centro=”direita”] O Caps III de Samambaia integra uma rede de 18 unidades de Centros de Atenção Psicossocial no DF, além do Hospital São Vicente de Paulo, que atua em casos mais severos. Nas quatro unidades de Caps no DF há leitos para acolhimento por períodos de sete a dez dias, porém o foco é proporcionar aos pacientes acompanhados a oportunidade de realizarem seus tratamentos enquanto continuam no convívio familiar ou mesmo profissional. Por esse fator, nem todos fazem parte das oficinas. “O paciente muitas vezes não quer se envolver com a rotina. Também ocorre de ele poder voltar a sua rotina normal de trabalho, por exemplo”, explica a gerente Valeska de Paula. A unidade atende prioritariamente pacientes de Samambaia, Recanto das Emas e de parte da Ceilândia, recebendo pacientes que chegam diretamente para avaliação ou são encaminhados pelas Unidades Básicas de Saúde (UBS). O acolhimento é realizado, preferencialmente, de segunda-feira à sexta-feira, pela manhã às 7h e no período da tarde, às 13h. O foco são os pacientes adultos com transtornos mentais graves e persistentes. *Com informações da Secretaria de Saúde do DF
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Farmácia Viva completa 30 anos
Há exatos 30 anos, a Secretaria de Saúde do Distrito Federal iniciava seu Projeto de Fitoterapia. A iniciativa antecedeu o que hoje se conhece como Farmácia Viva. O objetivo era integrar a fitoterapia como opção terapêutica aos programas existentes nas unidades de saúde. Desde então, mais de 300 mil pessoas já fizeram uso dos produtos, desenvolvidos com plantas cultivadas na própria unidade. A Farmácia Viva funciona no meio do mato, no mesmo terreno do Instituto de Saúde Mental, no Riacho Fundo. Quem ali trabalha tem a grata missão de conviver com o canto dos pássaros e o cheirinho de diversas plantas – como a citronela e o capim cidreira, algumas das dezenas de espécies cultivadas na área. Ao todo, 13 profissionais atuam no local, sendo três farmacêuticos e dez técnicos de diversas áreas. Foto: Toninho Tavares/Agência Brasília Atualmente, oito fitoterápicos são produzidos na unidade. A farmácia faz todo o processo: cultiva a planta medicinal, faz a colheita, a triagem, a secagem e, por fim, vai para o processo de extração no laboratório, onde são obtidos as tinturas e os extratos, podendo ser usados como produto acabado ou como matéria-prima para produção de outros produtos. Pelo menos 21 unidades de saúde retiram os fitoterápicos na Farmácia Viva e distribuem para a população, em suas farmácias, mediante receita prescrita por médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e nutricionistas. [Numeralha titulo_grande=”25 mil” texto=”fitoterápicos foram distribuídos à população somente no ano passado” esquerda_direita_centro=”direita”] A Unidade Básica de Saúde 1, no Núcleo Bandeirante, foi a primeira a aderir ao projeto e, hoje, é uma das que mais distribuem os fitoterápicos. Por mês, são 300 deles entregues a cerca de 200 pacientes. “O que tem a maior demanda é a tintura de funcho, bom para problemas estomacais”, destaca o gerente da unidade, João Luís Saviano Gomes. Segundo Juliana Piccin Mônaco, uma das farmacêuticas da Farmácia Viva, a produção dos fitoterápicos é de pequena escala, por demanda. “É flutuável. Mas produzimos uma média de 400 frascos de xarope, semanalmente, por exemplo, e uns 250 potinhos de gel”, frisa. Tipos de gel Atualmente, a Farmácia Viva produz quatro tipos de gel: o de alecrim pimenta, usado como antisséptico e fungicida; o de babosa, para cicatrização; o de confrei, usado em hematomas e machucados em geral; e o de erva baleeira, que tem se mostrado muito eficaz como anti-inflamatório. Foto: Breno Esaki/Secretaria de Saúde-DF O boldo, o funcho e o guaco saem em forma de tintura. Os dois primeiros têm indicação para problemas estomacais. O último, carro-chefe da Farmácia Viva, é muito utilizado no combate a resfriados e sua produção também pode ser em forma de xarope, ideal para crianças por ter sabor adocicado. “Estamos em fase adiantada para lançar um novo fitoterápico. Trata-se da droga vegetal rasurada (folha seca rasurada), obtida a partir da colônia (Alpinia zerumbet), destinada ao preparo de infuso, indicado como auxiliar no tratamento da ansiedade leve”, adianta o chefe do Núcleo da Farmácia Viva, Nilton Netto. A planta já é cultivada e a embalagem está em fase de desenvolvimento. “Precisamos que a Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária] publique a segunda edição do Formulário de Fitoterápicos da Farmacopeia Brasileira, onde consolidamos as informações técnicas referentes ao fitoterápico no âmbito da Farmácia Viva. Com isso, podemos fazer o lançamento oficial”, explica Netto. As plantas pioneiras A Farmácia Viva começou com um Projeto de Fitoterapia, como parte do programa de desenvolvimento de terapias não convencionais no sistema de saúde, em 1989. Para padronizar o primeiro elenco, foram escolhidas dez espécies vegetais: mentrasto, alho, babosa, capim santo, alecrim pimenta, camomila, espinheira santa, hortelã, guaco e boldo nacional. Profissionais de saúde também foram capacitados em um curso de especialização e receberam a publicação Plantas & Saúde: Guia Introdutório à Fitoterapia. À época, também foi criada a Oficina de Processamento Vegetal, cujo objetivo era transformar algumas espécies em drogas vegetais, prescritas pelos profissionais capacitados, para o preparo de infusos. Para esta atividade, foram escolhidas cinco das dez espécies padronizadas: guaco, espinheira santa, camomila, capim santo e boldo nacional. Foto: Toninho Tavares/Agência Brasília Quase dez anos depois do início do Projeto de Fitoterapia, foi inaugurado o Laboratório de Manipulação de Medicamentos Fitoterápicos e, no ano 2000, começou a manipulação de fitoterápicos. [Olho texto=”É um trabalho abençoado. Saber que a planta tirada da terra vira algo que traz saúde para as pessoas” assinatura=”Wagna Vieira, funcionária há 28 anos do projeto” esquerda_direita_centro=”esquerda”] E é ali que trabalha, há 28 anos, Wagna Vieira da Silva. “Trabalho aqui desde que minha caçula tinha quatro meses de vida. Ela foi a que mais usou, principalmente, o guaco”, lembra ela, que usa os fitoterápicos para tratar os filhos, netos e bisnetos. No começo da produção do laboratório, foram definidos os seguintes fitoterápicos: xarope de guaco, tinturas de camomila, de boldo nacional, de espinheira santa e de alecrim pimenta, gel de babosa e pomadas de mentrasto e de confrei. Em 2005, porém, encerrou-se a produção de drogas vegetais para o preparo de infusos. Mas, durante o período das atividades, foram produzidas e dispensadas cerca de 85 mil unidades de 30 gramas contendo droga vegetal. Somente em 2010, o laboratório de medicamentos fitoterápicos virou a Farmácia Viva. E, três anos depois, foi criado, oficialmente, o Núcleo de Farmácia Viva, subordinado à Diretoria de Assistência Farmacêutica da Secretaria de Saúde do Distrito Federal. * Com informações da Secretaria de Saúde.
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