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Centro Interescolar de Línguas (CIL)

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Estudantes do CIL 02 participam de celebração do Dia dos Mortos na Embaixada do México

Celebrar a vida e aqueles que já faleceram. Esse é o propósito de uma das mais conhecidas tradições mexicanas. Na comemoração da data neste ano, a Embaixada do México convidou discentes do Centro Interescolar de Línguas (CIL) 02, da Asa Norte, para participar do evento de Día de los Muertos (Dia dos Mortos) realizado na terça-feira (4), no Espaço Cultural Alfonso Reyes. O convite dá continuidade ao intercâmbio cultural entre a delegação do país no Brasil e a Secretaria de Educação (SEEDF). Para abrir a noite de festa, o ministro de Assuntos Culturais do México, José Manuel Cuevas López, e o encarregado de Negócios da Embaixada, Alejandro Ramos Cardoso, discursaram a respeito do significado da data. Segundo Alejandro, o Dia dos Mortos não é uma celebração da ausência, mas uma ocasião para lembrar de um dia em que as cores, os sabores e os aromas se misturam para construir uma ponte entre o mundo dos vivos e o dos mortos. “Hoje, nos reunimos para comemorar uma das tradições mais emblemáticas do meu país, o Dia dos Mortos, a festa dos mortos, que nada mais é do que a festa da vida. E como é isso possível? Não faz sentido, né? Porém, meus amigos e minhas amigas, faz todo o sentido se concebermos a vida e a morte como parte de um mesmo ciclo”, explicou. O encarregado de Negócios da Embaixada do México, Alejandro Ramos Cardoso, e o ministro de Assuntos Culturais do México, José Manuel Cuevas López | Fotos: André Amendoeira/Ascom SEEDF Ele explicou que, para os povos originários mexicanos, a morte não significava o fim da vida: “É apenas uma etapa a mais de viagem. Hoje, é uma data em que nós homenageamos aqueles que já não estão fisicamente conosco, mas que estão com a sua presença nas nossas vidas, na nossa memória e nas nossas lembranças.” A festividade contou com a presença de autoridades, diplomatas, representantes culturais e convidados, e a programação incluiu apresentação de uma banda de mariachis, abertura do altar, premiação para os 30 convidados mais bem-caracterizados e também degustação de pratos e bebidas tipicamente mexicanos.  O ministro Cuevas afirmou que um dos propósitos das atividades culturais promovidas pela embaixada é estabelecer novas alianças, contatos e colaborações. “Este ano tivemos a experiência muito grata de contar com a participação dos estudantes de espanhol do CIL 02. Queremos ampliar esta colaboração porque, para nós, o ensino do espanhol nas escolas públicas de Brasília é uma tarefa fundamental, e nossas atividades culturais estão orientadas para isso”, disse. Sariní Lima, estudante do 4º semestre de espanhol do CIL 02, sentiu-se honrada com o convite para a experiência: “Acho que faz todo o sentido a troca cultural. Quando a gente fala de aprendizado de um novo idioma, vivenciar a cultura dessa nova língua. É uma alegria estar aqui, porque além da diversão, é um ambiente de muito aprendizado.” Mariachis fazem apresentação de músicas típicas do México em celebração ao Día de los Muertos Imersão cultural Os centros interescolares de línguas (CILs) destacam-se não apenas pelo ensino de idiomas, mas também por promover experiências que aproximam os estudantes de culturas de outros países. Nesse sentido, a chefe do Núcleo de Língua Estrangeira da SEEDF, Fernanda Cavalini, ressaltou que a parceria com as embaixadas tem sido um passo importante, abrindo portas para o diálogo intercultural e criando oportunidades reais de contato com a diversidade linguística e cultural do mundo. “Essas ações permitem que os alunos vivenciem na prática o que aprendem em sala de aula, ampliando horizontes, despertando o interesse por novas formas de comunicação e fortalecendo o papel da educação como ponte entre povos e culturas”, reforçou. Além das parcerias com embaixadas e outras instituições de ensino, como o Instituto Cervantes e a Aliança Francesa, as unidades do CIL também organizam atividades pedagógicas para conectar os alunos aos costumes de diferentes países. É o caso da Feira Internacional do CIL 01, a Semana Internacional do CIL Gama, festas de Halloween, entre outras. Altar decorado para o Día de Los Muertos com flores de calêndula, caveiras de açúcar e chocolate, pão dos mortos, água, velas e outros itens A coordenadora do curso de espanhol do CIL 02, Cibele Chaves, ressaltou a relevância do intercâmbio cultural para o processo de aprendizagem: “É o momento em que eles vivem aquilo que leem nos livros, e que, às vezes, é uma realidade distante. Muitos não têm oportunidade de sair do Brasil, conhecer outro país. Então, quando uma embaixada abre suas portas e traz os alunos para vivenciarem in loco essa cultura tão rica, para eles, é algo deslumbrante. Eles ficam encantados e motivados a continuar, a estudar mais, a buscar mais e eles se sentem valorizados.” Día de los Muertos O Día de los Muertos é uma tradição da cultura mexicana que foi declarada pela Unesco, em 2003, Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade. Tem origem nas raízes indígenas das culturas nativas da Mesoamérica, que, de acordo com os historiadores, fundiu-se com as crenças católicas e originou um feriado que sofreu outras influências ao longo dos anos.[LEIA_TAMBEM] A celebração começa no final de outubro e vai até 2 de novembro para lembrar familiares e entes queridos falecidos cujas almas regressam por uma noite para partilhar o mundo dos vivos. Por essa razão, os altares são decorados com flores de calêndula, onde são incluídas caveiras de açúcar e chocolate, pão dos mortos, água, velas, frutas, vinho e outros alimentos e bebidas favoritas dos ancestrais.   *Com informações da Secretaria de Educação

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Pontes para o Mundo: Estudantes da rede pública se despedem de Brasília rumo a intercâmbio no Reino Unido

O embarque que parecia distante, um sonho até então reservado à televisão, finalmente se tornou realidade nesta quinta-feira (4). No saguão do Aeroporto Internacional de Brasília, malas fechadas, olhares ansiosos e abraços empolgados marcaram o tom da despedida de parte dos 102 estudantes da rede pública que seguiram rumo ao Reino Unido — onde vão participar de um intercâmbio por meio do programa Pontes para o Mundo, financiado pelo Governo do Distrito Federal (GDF). A primeira-dama Mayara Noronha Rocha e a secretária de Educação, Hélvia Paranaguá, acompanharam a partida dos estudantes | Fotos: Renato Alves/Agência Brasília Acompanhados pela primeira-dama Mayara Noronha Rocha, 27 jovens embarcaram em um voo da companhia Air France/KLM às 14h20, com destino à capital da Inglaterra. Durante a preparação, os estudantes se reuniram na sala VIP do Banco de Brasília (BRB), onde receberam as orientações das equipes da Secretaria de Educação (SEEDF) e se despediram de familiares e amigos.  Idealizadora da iniciativa, a primeira-dama vê a viagem também como um instrumento de inclusão social. “Para esses jovens, quase 100% deles, é a primeira vez que vão fazer uma viagem internacional”, lembrou. “Eu entrei no aeroporto me imaginando vivendo tudo isso, porque eu tive esse sonho um dia", comentou Mayara. “Eu, que também vim de escola pública, também me formei no CIL [Centro Interescolar de Línguas]. Eu digo que não é só gratificante por ver a realização em cada aluno, mas por ver o retorno que vem para as famílias. É a oportunidade de os pais olharem para os seus filhos e conseguirem constatar, comprovar que eles estão crescendo e estão preparados para conquistar o mundo.” Com participação ativa em todos os estágios do programa, a secretária de Educação, Hélvia Paranaguá, também acompanhou o embarque. “Hoje está saindo o último grupo; ontem embarcaram 33 estudantes, e hoje estão indo 69, totalizando 102 contemplados”, contabilizou. “Além disso, estão indo dez profissionais da secretaria para acompanhá-los durante os primeiros dias para auxiliar nesse momento de ambientação, visitando as famílias, as casas, os locais onde eles vão ter aulas. Os alunos terão uma hora de estudo por dia na plataforma do PAS [Programa de Avaliação Seriada] para que não percam também o conteúdo da prova que farão quando retornarem”. Portas abertas para o mundo Nicole Gomes, aluna do CEM 2 de Ceilândia: “Eu espero voltar uma outra pessoa do intercâmbio, que eu possa me transformar e transformar a minha família, as pessoas ao meu redor, os colegas da minha escola, incentivar os estudos deles, principalmente”  Nicole Gomes, 16 anos, aluna do Centro de Ensino Médio (CEM) 2 de Ceilândia, comemorava: “É a primeira vez que estou aqui, e ainda fui recepcionada com essa sala maravilhosa. Estou sentindo incrível ver que todo o meu esforço e minhas notas valeram a pena. Eu espero voltar uma outra pessoa do intercâmbio, que eu possa me transformar e transformar a minha família, as pessoas ao meu redor, os colegas da minha escola, incentivar os estudos deles, principalmente”.  Cauã Diniz, do Centro Educacional Stella dos Cherubins Guimarães Trois: "Eu não esperava que ia acabar sendo desse jeito, não esperava nem mesmo que ia conseguir passar, e hoje estou aqui, por tudo que eu fiz em todos esses anos” Para Cauã Diniz, 16, do Centro Educacional Stella dos Cherubins Guimarães Trois, em Planaltina, a viagem é a realização de um sonho antigo. “Estou achando o máximo”, disse. “Eu não esperava que ia acabar sendo desse jeito, não esperava nem mesmo que ia conseguir passar, e hoje estou aqui, por tudo que eu fiz em todos esses anos. Eu sempre gostei de aprender coisas novas, de querer realmente ir para fora. Minha mãe fala que, quando eu era pequeno, eu já queria meio que explorar outros lugares. Então, estou muito empolgado”. Colaboração “Nos colleges onde vão estudar, eles vão ter conexão com meninos do mundo inteiro, então é uma troca de experiência que vai permitir que eles cresçam muito” Hélvia Paranaguá, secretária de Educação O Pontes para o Mundo é fruto de parceria entre o GDF, a Secretaria de Educação e instituições internacionais. A iniciativa seleciona estudantes da rede pública para viver experiências de imersão cultural e linguística, ampliando oportunidades acadêmicas e profissionais. Hélvia Paranaguá enfatiza que o programa visa a preparar jovens para os desafios. “Nos colleges onde vão estudar, eles vão ter conexão com meninos do mundo inteiro, então é uma troca de experiência que vai permitir que eles cresçam muito”, pontuou. “Vão enriquecer no conhecimento pessoal também porque saem de casa. Eles vão viver não só a cultura, mas a escola, a aula e o mundo de uma forma diferente”.  A expectativa é que o Pontes para o Mundo disponibilize 400 vagas no próximo ano, além da expansão para outros países, como Japão, Alemanha e Espanha. Agora, o GDF trabalha para enviar um projeto de lei para a Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) que transformará a iniciativa em um programa permanente. [LEIA_TAMBEM]“O PL [projeto de lei] está pronto, estamos apenas ajustando e logo será enviado para a CLDF. A ideia é que esse programa deixe de ser uma política de governo e passe a ser de Estado. Então, independentemente de quem venha no futuro para governador, ele manterá Pontes para o Mundo porque será lei.” Centro Interescolar de Línguas Mais do que memorizar palavras estrangeiras, aprender um novo idioma é acessar culturas, abrir portas para o mundo e ampliar horizontes pessoais e profissionais. Há 50 anos, o CIL cumpre esse papel no Distrito Federal. Com 17 unidades espalhadas por 14 regionais de ensino, a rede é uma política pública consolidada que já formou milhares de estudantes do ensino público em inglês, espanhol, francês, japonês e alemão — o último, oferecido exclusivamente no CIL 1 de Brasília. Entre 2019 e este ano, mais de 350 mil estudantes passaram pelas salas dos CILs, de acordo com o Censo Escolar. No mesmo período, o GDF investiu R$ 1,37 milhão em serviços de manutenção predial para garantir a qualidade dos espaços. Atualmente, 829 professores integram o corpo docente desses centros, cuja missão,  vai além do ensino gramatical: é promover uma formação integral voltada à comunicação, expressão e inclusão.  

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Estudantes estrangeiros aprendem português nos centros interescolares de línguas

A barreira da linguística não é mais obstáculo para centenas de estudantes migrantes que vivem no Distrito Federal. A Secretaria de Educação do DF (SEEDF) instituiu, em janeiro deste ano, a Política de Acolhimento a Migrantes Internacionais Falantes de Outras Línguas, intitulada Bem-vindos ao Distrito Federal e regulamentada pela Portaria nº 94/2025. A iniciativa assegura o acesso à educação a migrantes, refugiados, apátridas e emigrantes retornados, independentemente da situação imigratória ou documental, com prioridade para o ensino de Português como Língua de Acolhimento (PLAc). As primeiras turmas funcionam em seis centros interescolares de línguas (CILs) — Guará, Asa Norte, Ceilândia, Samambaia, Taguatinga e São Sebastião — e atendem estudantes a partir do 6º ano do ensino fundamental. Já as crianças menores seguem recebendo apoio nas próprias escolas, com incentivo à criação de ambientes multilíngues e inclusivos. Professor Pedro Reis e o aluno colombiano Carlos Athuro Gomez Gomez | Fotos: Matheus H. Souza/Agência Brasília A diretora do CIL do Guará, Taiana Santana, destaca o avanço que a transformação do projeto em política pública representa. “Nós já tivemos formaturas deles falando em português, eventos em que eles trouxeram comidas típicas, e os nossos alunos tiveram a oportunidade de conhecer culturas diferentes. É grandioso. Hoje temos 160 alunos, além dos mais de 300 que já passaram pelo curso”. A implementação da política também incluiu cursos de formação continuada para professores e a produção de materiais específicos, como o Caderno Pedagógico Migrantes e o videocast Migrantes Internacionais: a língua como acolhimento, disponíveis no YouTube da Escola de Formação Continuada dos Profissionais da Educação (Eape) e no site da secretaria. Outro destaque é o documentário CILG – Bem-vindos ao DF – Migrantes Internacionais, que apresenta a experiência no CIL do Guará.  “Nós já tivemos formaturas deles falando em português, eventos em que eles trouxeram comidas típicas, e os nossos alunos tiveram a oportunidade de conhecer culturas diferentes. É grandioso. Hoje temos 160 alunos, além dos mais de 300 que já passaram pelo curso” Taiana Santana, diretora do CIL do Guará Para viabilizar a implementação, foi realizada uma formação continuada no primeiro semestre de 2025, por meio de uma parceria entre a Subsecretaria de Educação Inclusiva e Integral (Subin) e a Eape. O curso foi destinado a professores de línguas, que já estão atuando nas turmas iniciais do PLAc. A Diretoria de Educação em Direitos Humanos e Diversidade (DDHD), vinculada à Subin, coordena as ações e garante a matrícula de estudantes migrantes mesmo sem documentação, além de oferecer orientações práticas às escolas por meio da Circular nº 27/2024. A vice-diretora do CIL do Guará, Priscila Mesquita, complementa que o curso é reconhecido pela Polícia Federal, o que auxilia no processo de legalização da permanência de migrantes no país. “Isso muda o destino deles aqui: integração, oportunidades de trabalho, socialização e felicidade. É uma troca muito rica”. Muito além do idioma O Português como Língua de Acolhimento é voltado para o ensino do idioma e da cultura brasileira. O curso funciona em formato híbrido, com aulas semanais. Aulas online permitem a participação de quem trabalha, mas também há encontros presenciais para atendimento individualizado, sobretudo para iniciantes ou falantes de línguas tipologicamente diferentes do português, como o árabe. A coordenadora do curso no CIL do Guará, Danielle Paz, destaca que o PLAc vai além do aprendizado da língua, proporcionando trocas culturais e um olhar humanizado para individualidade e tradição de cada estudante. “A gente atende migrantes internacionais, alguns em situação de refúgio de guerras, que dependem do aprendizado do idioma para viabilizar a vida aqui. Eles vêm com essa motivação de estabelecer uma vida nova, ter novas esperanças. Nós recebemos esses alunos cuidando do ensino e de encaminhamentos que eles precisam”, afirma. Danielle ressalta que ao início do curso é feita uma avaliação chamada needs analysis, para identificar e adaptar as necessidades de cada aluno. É o caso de alunas muçulmanas, que precisam estar em um ambiente separado dos homens, ou outros estudantes que têm um espaço separado para fazer as orações que a tradição exige durante o dia. “Fazemos questão de não anular a cultura deles, porque eles têm que se sentir valorizados como povo, ter espaço de fala e oportunidade de mostrar os costumes e a identidade deles”, diz Danielle. [LEIA_TAMBEM]O professor Pedro Reis, que atuou nas primeiras turmas, lembra dos desafios iniciais do curso, que enfrentou a necessidade de letramento digital para viabilizar as aulas online durante o período pandêmico. “Eu nunca tinha trabalhado com um público tão diverso. Era gente do Haiti, Congo, Vietnã, Holanda, tudo junto no nível iniciante. É muito interessante ter essa experiência, porque ao mesmo tempo que ensinamos elementos de cultura brasileira, aprendemos muito sobre a cultura deles”. Ele reforça a importância do Centro de Línguas do DF e o curso como uma política pública, apontando que a tendência do Brasil de receber cada vez mais migrantes: “Temos uma política de migração relativamente fácil em relação a outros países, isso é um atrativo para as pessoas. Mas muitas vezes elas chegam aqui e a primeira barreira é a linguística. Ter acesso a uma escola de idiomas muda o destino delas, a integração com a comunidade, as oportunidades de trabalho. Com a nova portaria, vamos aumentar o acesso, melhorar a qualidade e ficar mais próximo das comunidades, o que resulta em uma probabilidade muito maior de permanência no curso.” Vozes de quem aprende A bangladesa Humaira Ferdousi, 48, está no Brasil há dois anos. Ela veio com o marido, que é diplomata do país do sul da Ásia. Para Humara, que tem como língua original o bengali (também chamado de bangla), a comunicação era difícil até na hora de usar a moeda brasileira. Ela conta que tudo mudou quando conheceu o CIL: “Quando cheguei, não entendia nada de português. Era difícil até comprar as coisas básicas. Agora eu entendo melhor, posso perguntar, comprar. Fui muito bem-recebida nesse curso; os professores e colegas são muito amigáveis e respeitosos”, observa. A bangladesa Humaira ferdousi, 48, está no Brasil há dois anos e é uma das alunas do projeto O colombiano Carlos Athuro Gomez Gomez, de 71 anos, mora há dois anos no Brasil. O aposentado já morou na Espanha, residiu dez anos no Canadá e conheceu diversos países, mas o Brasil é dono de um lugar especial no coração - palco da história de amor que o trouxe até o país, com uma carioca que conheceu em suas viagens. Carlos diz que na verdade é apaixonado pela cultura brasileira e, com muita bagagem para compartilhar, se diz feliz por ter encontrado um lugar de tantas trocas. “Vim ao Brasil por uma mulher, nos casamos e já nos divorciamos, mas não vou partir”, conta. “Estou muito feliz em viver aqui e por ter encontrado um lugar como o CIL, que se preocupa com as pessoas e com o aprendizado maior que só o idioma. Isso é muito importante, porque precisamos aprender português para agir, trabalhar, se integrar na comunidade. As pessoas aqui são muito gentis, o brasileiro, de forma geral, é muito gentil.”

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Centro Interescolar de Línguas completa 50 anos com histórias de transformação e inclusão

Aprender um novo idioma é mais do que memorizar palavras estrangeiras. É acessar culturas, abrir portas para o mundo e ampliar horizontes pessoais e profissionais. Há 50 anos, o Centro Interescolar de Línguas (CIL) cumpre esse papel no Distrito Federal. Com 17 unidades espalhadas por 14 regionais de ensino, a rede é uma política pública consolidada que já formou milhares de estudantes do ensino público em inglês, espanhol, francês, japonês e alemão — o último oferecido exclusivamente no CIL 01 de Brasília. De 2019 a 2025, mais de 350 mil estudantes passaram pelas salas dos CILs, de acordo com o Censo Escolar | Foto: Renato Alves/Agência Brasília Somente de 2019 a 2025, mais de 350 mil estudantes passaram pelas salas dos CILs, de acordo com o Censo Escolar. No mesmo período, o Governo do Distrito Federal (GDF) investiu R$ 1,37 milhão em serviços de manutenção predial para garantir a qualidade dos espaços. Atualmente, 829 professores integram o corpo docente desses centros, cuja missão vai além do ensino gramatical: promove uma formação integral voltada a comunicação, expressão e inclusão. Jornadas além da fala Essa trajetória de cinco décadas é contada também por histórias pessoais de superação e conquista. Fernando da Veiga Feitoza, hoje com 52 anos, é um exemplo. Ex-aluno da rede pública, ele se formou em inglês no CIL da Asa Sul em 1989. Foi a base que o impulsionou a construir uma carreira sólida no setor privado. Com deficiência motora, Clara Marinho também encontrou no CIL um espaço de acolhimento | Foto: Lúcio Bernardo Jr./Agência Brasília “Minha mãe me incentivava a continuar, mesmo quando eu queria desistir. Hoje faço o mesmo com meus filhos, porque olho para trás e vejo como isso foi importante. Trabalhei por quase 30 anos em uma multinacional e agora estou em outra, representando três regiões do país. Tudo começou com o inglês do CIL, que foi crucial desde o meu primeiro emprego. Você usa muita conversação, mas a base gramatical do CIL é muito boa, exige bastante e ajuda a consolidar o idioma”, relata. Para Clara Marinho, de 26 anos, o CIL foi também um espaço de acolhimento. Com deficiência motora, ela encontrou nas aulas não apenas o aprendizado linguístico, mas um ambiente acessível e inclusivo. “Se não fosse pelo CIL, eu não teria como pagar um curso de idiomas. Ali, me senti em casa. Tive acompanhamento na Sala de Recursos, provas adaptadas e apoio constante dos professores”, conta. Clara concluiu o inglês, está finalizando o espanhol e cursou Letras – Português. "A inclusão que ela teve ali fez toda a diferença. Hoje, usamos o conhecimento dela em casa até para traduzir filmes", afirma Adriana Marinho, mãe de Clara Além de ter participado de eventos acadêmicos como monitora e atuar como palestrante na área de educação inclusiva, a influência também foi na área pessoal, sendo chamada para uma viagem à Argentina como tradutora pela família. “Fui responsável por traduzir a viagem toda. Conseguir me comunicar na Argentina sem muitos problemas, as pessoas até perguntavam se eu era local antes de eu dizer que era brasileira. O sistema de uma política pública é fundamental para quem não tem condições de pagar, dando a oportunidade de ter um estudo completo e de qualidade”, acrescenta. A mãe de Clara, Adriana Marinho, testemunha o impacto do CIL na vida da filha. “Ela cresceu muito, tanto pessoalmente quanto intelectualmente. A inclusão que ela teve ali fez toda a diferença. Hoje, usamos o conhecimento dela em casa até para traduzir filmes”, conta, orgulhosa da filha. Ela destaca que a outra filha também usufrui da política pública: “As duas sempre foram muito bem-tratadas lá e sempre tiveram esse suporte com os professores e demais profissionais do CIL no que precisassem”. Novos horizontes "Aprender uma nova língua foi uma das maiores trocas culturais que já tive, mudou minha vida", diz Emilly de Britto Dutra | Foto: Arquivo pessoal Outra estudante que viu no CIL a chance de ampliar seus caminhos foi Emilly de Britto Dutra, de 19 anos. Ela estudou espanhol e inglês no CIL 2 da Asa Norte entre 2018 e 2024 e, graças a uma bolsa da Secretaria de Educação, atualmente cursa francês na Aliança Francesa. “Falar esses idiomas me abriu muitas portas, não só acadêmicas, mas também em projetos sociais. Abre muitas oportunidades para laboratórios de pesquisa ou cursos profissionalizantes no exterior, desde pós-graduações até doutorados. Ajuda inclusive a ter uma carga de conhecimento maior na hora de consumir livros que não são traduzidos para o nossa língua nativa”, afirma. [LEIA_TAMBEM]Emily vê o estudo de idiomas como algo sempre útil, não só pelo profissional, mas para conhecer um pouco do mundo sem sair do Brasil. “Aprender uma nova língua foi uma das maiores trocas culturais que já tive, mudou minha vida. Estamos acostumados a viver em uma bolha pequena, mas quando você conhece uma nacionalidade diferente, te expande de uma forma tão grande que você não enxerga mais da mesma maneira, abre os horizontes de uma maneira incrível. Aprendemos como os falantes daquela língua se comportam, a língua é a identidade de um povo”. Para a gerente da Gerência de Educação Ambiental, Língua Estrangeira, Memórias e Arte-Educação (Geapla), Rosana Correia, o CIL é uma política pública consolidada de alta qualidade voltada para comunicação que se reinventa constantemente. “É uma oportunidade ímpar na formação global do estudante. Ao dominar um novo idioma, ele acessa outras culturas, tem mais chances de vencer os desafios acadêmicos e profissionais. O CIL transforma vidas”, reforça.

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