Ginastas de Sobradinho vão competir na Bulgária com apoio do GDF
Do Distrito Federal para a Europa, ou, mais especificamente, para a Bulgária. O país será o destino de seis ginastas brasilienses que vão participar de um torneio internacional de ginástica acrobática entre os dias 27 deste mês e 2 de junho, com apoio do Governo do Distrito Federal (GDF). As meninas são alunas do Centro de Iniciação Desportiva (CID) de Sobradinho, projeto da Secretaria de Educação (SEEDF) que oferece a modalidade para mais de 200 crianças e adolescentes, e vão viajar com apoio do programa Compete Brasília, iniciativa da Secretaria de Esporte e Lazer (SEL-DF) que viabiliza passagens aéreas e terrestres para atletas do Quadradinho. O grupo é composto pelas estudantes Amanda Ferreira, 9, Maitê Guimarães, 12, Maria Luíza Landim, 12, Maria Eduarda Lima, 13, Milena Sales, 15, e Bianca Fernandes, 15. As atletas vão disputar em trios e em duas categorias distintas, o pódio do Burgas International Acro Cup. As meninas estarão acompanhadas por duas treinadoras - também beneficiadas pelo Compete Brasília. “É um campeonato superimportante em um país que tem muita relevância na ginástica acrobática. Para nós vai ser uma grande experiência, estaremos ao lado dos melhores do mundo, porque ali também é uma etapa para a Copa do Mundo de ginástica”, explica a treinadora Márcia Janete Colognese. As seis atletas apoiadas pelo Compete Brasília vão disputar medalhas em trios e em duas categorias | Fotos: Geovana Albuquerque/Agência Brasília Colognese destaca a importância do apoio financeiro para a realização da viagem: “Se não fosse a ajuda do Compete Brasília, nós não teríamos condição de levá-las, porque são crianças que precisam realmente de aporte financeiro. Elas tiram um tempo grande da vida delas para estarem aqui, treinando. Sabemos que são diferenciadas porque ainda precisam equilibrar com os estudos, e nem todas moram aqui perto. Às vezes, vêm de ônibus, demoram, pegam o trânsito. Acredito que o esforço que elas fazem para estar aqui demonstra o amor que têm pela modalidade”. Voltado ao desenvolvimento esportivo local, o Compete Brasília atendeu 5.450 atletas em 2024, com cerca de R$ 7,3 milhões investidos. Foram 787 viagens nacionais, 403 internacionais e 144 terrestres. “O Compete Brasília tem justamente o propósito de garantir que nossos atletas possam representar o Distrito Federal em competições nacionais e internacionais com o suporte necessário”, pontua o secretário de Esporte e Lazer, Renato Junqueira. Ele acrescenta que a ida das jovens para a Bulgária evidencia que este GDF não mede esforços quando o assunto é fomentar o esporte: “Ver essas jovens da ginástica acrobática alcançando a oportunidade de competir na Bulgária é motivo de orgulho e demonstra que investir no esporte é acreditar no futuro. O Governo do Distrito Federal segue comprometido em apoiar o desenvolvimento de talentos em todas as regiões do DF”. Esforço Para alcançar a excelência em movimentos que exigem força e precisão, as atletas seguem uma rotina de treinos intensa. Os encontros têm quatro horas de duração e ocorrem às segundas, quartas e sextas, no Ginásio de Esportes de Sobradinho, e às terças, quintas e sábados no Centro de Treinamento de Brasília, no Pavilhão do Parque da Cidade. O trabalho contempla a parte física, coreografia, flexibilidade e prevenção, com acompanhamento psicológico. Ansiosa para a chegada do grande momento, Maria Luiza Landim garante que fará o melhor: "Estamos treinando muito para trazer medalhas para o Brasil" Esta será a segunda vez da ginasta Maria Luiza Landim em um torneio internacional - a estreia ocorreu na Colômbia, no final do ano passado - e a primeira vez na Europa. “Minha expectativa é trazer uma medalha para o Brasil e conhecer lá”, conta. “Estamos um pouco ansiosas, principalmente eu, porque tenho muito medo de avião. Mas nós vamos dar o nosso melhor. Estamos treinando muito para trazer medalhas para o Brasil”. Amanda Ferreira e Maitê Guimarães também estão animadas com a experiência. “Trabalhamos há muito tempo para isso. Vamos dar o nosso melhor e eu confio muito no meu trio, o que para mim impacta muito”, afirma Maitê. Já Amanda acredita que a oportunidade a ajudará a conquistar objetivos futuros: “Quero chegar às Olimpíadas, ser uma grande atleta, viajar para outros países”. Mãe de Milena, Luciana Tolentina enaltece o Compete Brasília: "Se não tivesse o apoio do governo, não teria como elas irem, porque as passagens são de valores exorbitantes, que não cabem no bolso" O coração dos pais e responsáveis também fica cheio de orgulho, como revela a dona de casa Luciana Tolentina, 47. Mãe de Milena, ela agradece o apoio do GDF. “É um orgulho, demais. Qualquer coisa que façam, não tem como não chorar. Quando elas apresentam [a coreografia] para a professora, o coração fica arrepiado, dispara”, afirma. “Se não tivesse o apoio do governo, não teria como elas irem, porque as passagens são de valores exorbitantes, que não cabem no bolso”. Esporte e educação Criado em 2022, o CID de ginástica acrobática atende mais de 200 estudantes de 6 a 16 anos semanalmente. As inscrições são abertas em fevereiro e em julho, no retorno das aulas, conforme o calendário da rede pública. Para participar, pais e responsáveis devem procurar as professoras no ginásio e efetuar a inscrição. Os alunos passam por uma avaliação sobre habilidades como flexibilidade, força, coordenação e equilíbrio. Os critérios são usados para a divisão de turmas, uma vez que nenhuma criança ou adolescente é eliminado. As turmas ocorrem no matutino e vespertino. Os centros de iniciação desportiva (CIDs) e o Centro de Iniciação Desportiva Paralímpico (CIDP) do DF democratizam o acesso ao esporte no ambiente escolar Os Centros de Iniciação Desportiva (CID) e o Centro de Iniciação Desportiva Paralímpico (CIDP) do DF visam a democratizar o acesso ao esporte no ambiente escolar. Os equipamentos estão presentes em todas as 14 regionais de ensino com diversas modalidades, como atletismo, futebol, handebol, saltos ornamentais, badminton, futsal, judô, taekwondo, basquetebol e xadrez, entre outras. [LEIA_TAMBEM]Os encontros envolvem tanto a técnica de cada esporte quanto o fortalecimento da resiliência e disciplina dos esportistas, que são incentivados a participar de torneios e jogos escolares. “É por meio dele que muitas crianças têm o primeiro contato com esportes olímpicos, como a ginástica artística. Elas passam a se sentir parte do universo esportivo, descobrindo novas possibilidades e construindo sonhos por meio do esporte”, afirma a gerente de Desportos da Secretaria de Educação, Iara Neves. Mais de 6,5 mil alunos participam de alguma das oficinas, segundo dados da Secretaria de Educação. As turmas são estruturadas conforme a idade e o nível de técnica dos estudantes, sendo conduzidas por professores de educação física lotados na pasta. A entrada no programa é condicionada à matrícula na rede pública de ensino, mas, em casos específicos, há abertura para a comunidade. As vagas são limitadas. Para encontrar o centro de iniciação desportiva mais próximo, entre em contato com as regionais de ensino. Os telefones estão disponíveis aqui.
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Lições na quadra e na vida: professor da rede pública inspira alunos com aulas de basquete
Para jogar basquete é preciso alguma habilidade, força e agilidade. Mais do que isso, é preciso ter concentração, organização e disciplina, valores que podem ir além da quadra. É o que o professor Márcio Júnior tenta passar aos estudantes. Há 16 anos, ele vem sendo uma inspiração para os alunos do Centro de Iniciação Desportiva (CID) de Taguatinga. A relação com o basquete é anterior à chegada aos quadros da Secretaria de Educação do Distrito Federal (SEEDF). Coincidentemente, foi no próprio CID que ele começou no esporte — pelo qual se apaixonou ao acompanhar as lendas norte-americanas pela televisão. A partir daí, Márcio chegou a participar de ligas universitárias, mas acabou optando pela docência. Em suas aulas de basquete, o professor Márcio Júnior une esporte e educação | Fotos: Tony Oliveira/ Agência Brasília “A gente fica naquela dúvida: ‘Vou virar atleta profissional?’. Aí eu comecei a estudar, fiz Educação Física, porque estava nesse meio, e passei em um concurso da secretaria, porque meu pai, que foi professor, insistiu muito. E, por obra de Deus, acabei indo para o projeto onde comecei, no CID”, lembra. Hoje, ele coordena o CID de Taguatinga, onde ministra aulas três vezes por semana para seis turmas, com um total de 180 alunos. O método para conciliar o ensino de valores e de fundamentos do basquete é seu destaque. “Dentro da Educação Física, a gente tem basicamente duas formas de ensinar: o ensino aberto e o ensino fechado. Ensino fechado é aquele tradicional, onde você mostra o fundamento, passo a passo — quicar a bola, passar, arremessar — e o aluno vai repetindo diversas vezes até que ele aprenda o movimento. No ensino aberto, você dá vivências e o aluno vai experimentando o movimento dentro da vivência. Então por exemplo, põe o jogo que ele tem que passar a bola, dou um jogo que ele tem que quicar a bola… Eu trouxe essas duas vivências ー tanto da experiência como atleta quanto da minha vida de professor. Então, eu faço uma associação e o aluno tem que aprender a tomar decisões ao mesmo tempo que ele está fazendo o movimento.” “A gente usa hoje muita neurociência, aprendizagem, tomada de decisão e reação rápida, que é importante no esporte” Márcio Júnior, professor no CID Parece complicado, mas é simples. Em vez de os alunos formarem uma fila e, um de cada vez, tentar quicar a bola, Márcio inicia um jogo com o desafio de quicar a bola um determinado número de vezes antes de poder fazer o arremesso. Uma “gamificação”, como o próprio professor define, já que, em jogos de videogame, é comum ter que realizar pequenas missões em meio a uma maior. “A gente usa hoje muita neurociência, aprendizagem, tomada de decisão e reação rápida, que é importante no esporte”, descreve. Tudo isso aliado a noções de organização e de disciplina. São os próprios alunos, por exemplo, que higienizam a quadra após o uso. Também é imprescindível manter boas notas na escola. “Ele é muito rigoroso. Tira nota baixa, está cortada do jogo. Não tem desculpinha, a gente está aqui para estudar. Como ele sempre fala para a gente, nós somos estudantes atletas, não atletas estudantes. Então, a gente tem sempre que colocar em primeiro lugar os estudos”, conta Gabriela Lima, 17 anos, estudante da 3ª série no Centro de Ensino Médio Escola Industrial de Taguatinga (Cemeit). “Aqui a gente trabalha em equipe realmente. Como a gente já está nesse ambiente, a gente vê: ‘A quadra está suja? Vamos limpar’. A gente preserva muito a quadra, é nosso local de aprendizado e a gente desperta um lado de muito amor e muito carinho”, acrescenta a jovem, que decidiu cursar fisioterapia exatamente por conta da paixão que desenvolveu pelo basquete. Gabriela Lima sabe que não pode vacilar com os estudos: ” Como ele sempre fala para a gente, nós somos estudantes atletas, não atletas estudantes. Então, a gente tem sempre que colocar em primeiro lugar os estudos” Por falar em faculdade, Pedro Peliceri, 18, foi aprovado em Engenharia Química na Universidade de Brasília (UnB). Ainda assim, continua frequentando as aulas do professor Márcio — ajudando os mais jovens e jogando à noite com outros maiores de 18 que, como ele, não conseguem deixar o CID. “Adoro ver a evolução dos meninos pequenos, venho auxiliar tanto na arbitragem quanto no decorrer dos treinos mesmo. Tenho esse apego, esse amor, porque eu sei que um dia fui eu e tinha pessoas ajudando. Então, eu quero passar para a frente todo esse amor pelo esporte”, afirma. “Eu acho que o grande objetivo do professor não é só formar atletas e, sim, formar pessoas. Querendo ou não, ele sabe que o esporte é uma carreira que pode não ser para todos, mas ele sempre quis nos tornar uma família.” Nessa família, Márcio é uma figura paterna. Quem atesta isso é a massoterapeuta Anna Romero, mãe não de um, mas de quatro estudantes que tiveram e ainda têm aulas com o professor. “O Márcio é único. Ele sempre está preocupado, cobra muito dos meninos, a escola, o boletim… Se o menino está ruim na escola, ele não deixa jogar. E os meninos respeitam muito isso nele”, aponta ela, que ainda relata que o filho mais velho, Arthur, chegou a receber alta da terapia após a entrada no CID. “[É] cuidado, motivação, companheirismo, porque ele é muito companheiro dos alunos… O que ele faz com os meninos não tem explicação. Ele é um professor excelente. Não é só um professor, é um pai.” Mãe de quatro alunos e ex-alunos de Márcio, Anna Romero destaca a importância do profissional para os meninos: “Não é só um professor, é um pai” Ao longo desses 16 anos, Márcio estima ter ensinado 1,5 mil “filhos”. A maior parte deles, o professor diverte-se, não virou atleta. Mas todos levam para as respectivas áreas os conhecimentos adquiridos no CID, o que enche o docente de orgulho: “A ação do professor a gente nunca sabe quando começa e quando termina. A gente não sabe até onde vai a educação. E quando eu encontro um cara hoje de 30, 35 anos e ele me diz que ainda tem memória das histórias, das vivências que ele tinha na quadra, que ele usa na empresa dele, não tem recompensa maior.” CIDs Os centros de Iniciação Desportiva (CID) e de Iniciação Desportiva Paralímpico (CIDP) são equipamentos presentes em todas as regionais de ensino do DF, onde mais de 9 mil estudantes da rede pública, de 7 anos a 17 anos, podem praticar modalidades esportivas no contraturno escolar. Entre os esportes ofertados estão atletismo, futebol, judô e tênis de mesa nos CIDs e atletismo adaptado, bocha e vôlei sentado nos CIDPs (a lista completa está disponível aqui). “Todo aluno hoje da escola pública precisa fazer uma atividade física e o CID proporciona isso no turno contrário. A gente acabou de inaugurar em Taguatinga, neste semestre, o Complexo dos CIDs, no Centrão [CED 02]. E, para o ano que vem, a gente já está com a ideia de levar o basquete também para lá e outras modalidades, como o handebol. Já temos quatro [modalidades] lá. Isso faz com que o aluno tenha, no turno contrário, alguns atrativos. E o esporte é o melhor atrativo hoje, junto com a educação”, destaca o coordenador regional de ensino de Taguatinga, Murilo Marconi Rodrigues, outro a elogiar o trabalho de Márcio Júnior: “Ele transmite não só o basquete, mas os valores agregados ao basquete. A disciplina, a empatia, o respeito ao próximo… O Márcio é esse camarada aí, do coração grandão”.
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Durante homenagem a Caio Bonfim, GDF anuncia reforma de estádios e ampliação de modalidades no Bolsa Atleta
O medalhista olímpico Caio Bonfim esteve na manhã desta segunda-feira (12) no Palácio do Buriti, onde foi recebido pelo governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha. Na ocasião, ele foi homenageado com uma placa em reconhecimento à dedicação, aos esforços e ao resultado obtido nas Olimpíadas de Paris, quando conquistou a medalha de prata na prova da marcha atlética. Durante a solenidade, o governador anunciou mais investimentos no esporte, com a reforma de três estádios e a ampliação das modalidades do Bolsa Atleta. Ao lado do atleta, o governador Ibaneis Rocha destacou: “Nós vamos continuar investindo no esporte, porque esse é o caminho para a libertação de várias crianças e adolescentes, e nós temos certeza que esse é o caminho correto” | Fotos: Renato Alves/Agência Brasília “Nós temos trabalhado com as nossas secretarias, em especial Esporte e Lazer e Educação, para incentivar cada vez mais os esportes no DF”, declarou o governador. “Desde 2019, a gente vem fazendo um grande investimento, reformando todos os campos sintéticos, fazendo entrega de material esportivo para a criançada; e ter a oportunidade de ter um medalhista do nível do Caio aqui da nossa cidade nos deixa muito felizes.” Durante a visita, o líder do Executivo parabenizou o atleta pela conquista inédita para o Brasil na modalidade: “Nós vamos continuar investindo no esporte, porque esse é o caminho para a libertação de várias crianças e adolescentes, e nós temos certeza que esse é o caminho correto”. Reformas Caio comemora: “Hoje posso dizer que sou medalhista olímpico morando, vivendo e treinando em Brasília. Até os adversários sabem que esse programa funciona, que é bom, que é importante” Em cumprimento ao cronograma de reforma dos equipamentos esportivos do DF, os estádios Augustinho Lima – onde Caio Bonfim treina –, Joaquim Domingos Roriz (Rorizão) e Maria de Lourdes Abadia (Abadião) vão passar por intervenções. “Desde o início do ano, [essa reforma] já estava no nosso planejamento”, explicou o secretário de Esporte e Lazer, Renato Junqueira. “Nós vamos atuar diretamente já em setembro para deixar todos os nossos espaços esportivos aptos, principalmente no Augustinho Lima, porque hoje é um estádio que não está apto para jogo”. Em seu discurso, Caio Bonfim lembrou que o apoio recebido foi determinante para que ele não precisasse se mudar de Brasília para seguir no esporte: “Hoje posso dizer que sou medalhista olímpico morando, vivendo e treinando em Brasília. Um dos meus adversários, eu encontrei lá [em Paris] e falei: ‘você vai para a competição X?’. Aí ele disse: ‘não, eu não tenho o Compete [Compete Brasília, programa da Secretaria de Esporte e Lazer do DF]. Até os adversários sabem que esse programa funciona, que é bom, que é importante”. “Nós vamos atuar diretamente já em setembro para deixar todos os nossos espaços esportivos aptos, principalmente no Augustinho Lima, porque hoje é um estádio que não está apto para jogo” Renato Junqueira, secretário de Esporte e Lazer O atleta não poupou elogios ao programa do GDF: “A nossa Bolsa Atleta é quase o dobro da do governo federal. Você vê o tanto que ela é relevante. Então, quando você tem essa segurança, você tem oportunidade. E foi o que aconteceu. Muito obrigado por todo esse apoio, incentivo, e que a gente possa usar essa medalha como ponte para conseguir ainda mais medalhas para o Brasil”. Trajetória olímpica Essa é a quarta participação do atleta nos Jogos Olímpicos. A estreia foi em Londres 2012, quando ele ficou na 39ª posição. Em 2016, no Rio de Janeiro, Caio havia conquistado o melhor resultado até então, a quarta colocação. Em 2021, esteve em Tóquio e terminou a competição em 13º lugar. Em Paris, este ano, atingiu a melhor marca do Brasil em uma prova de marcha atlética ao ficar na segunda colocação. “Tenho que descansar, porque esse ano foi muito forte, então tenho que ter calma nesse processo, mas já estamos trabalhando, porque as responsabilidades estão chegando e essa medalha está cada dia mais pesada – e o atleta resolve treinando” Caio Bonfim, atleta medalhista Desde o início da carreira, Caio Bonfim é apoiado pelo GDF. Ele é beneficiado pelos programas Bolsa Atleta, que garante recursos para a manutenção de atletas em atividade esportiva, e Compete Brasília, que concede transporte aéreo e terrestre para atletas em alto rendimento participarem de competições nacionais e internacionais. Duas viagens patrocinadas pelo Compete Brasília foram essenciais para a trajetória olímpica de Caio: a Varsóvia, na Polônia, prova que garantiu o índice que classificou o atleta para as Olimpíadas; e a Taicang, na China, quando bateu o recorde brasileiro em uma prova internacional. Agora, o foco do atleta é na competição mundial de atletismo em 2025. “Tenho que descansar, porque esse ano foi muito forte, então tenho que ter calma nesse processo, mas já estamos trabalhando, porque as responsabilidades estão chegando e essa medalha está cada dia mais pesada – e o atleta resolve treinando”, completou o brasiliense. O início de Caio Bonfim no atletismo também passou por incentivo público. Ele começou a praticar a marcha no Centro de Iniciação Desportiva (CID), vinculado à Secretaria de Educação do Distrito Federal (SEE) com incentivo do pai, João Sena. O programa democratiza o acesso ao esporte aos estudantes da rede pública de ensino. Incentivo ampliado A secretária de Educação, Hélvia Paranaguá, fala mais sobre o programa: “A rede pública tem professores de educação física que descobrem aquelas crianças que têm um potencial para seguir no esporte de alto rendimento, e elas vão para o CID ou para o Centro Integrado de Educação Física [Cief]. De lá já saíram vários talentos, inclusive o Joaquim Cruz [corredor de meia distância e campeão olímpico] treinava no Cief”. Além de Caio Bonfim, o DF teve outros três medalhistas olímpicos cuja atuação resultou em um desempenho histórico. São eles, Ketleyn Quadros e Guilherme Schimidt, que ganharam bronze no judô por equipes, e Gabi Portilho, que ficou com a prata no futebol feminino junto à seleção brasileira. Para incentivar ainda mais esportistas, o governo vai ampliar o Bolsa Atleta. O objetivo é estender a cobertura para mais modalidades, contemplando esportes que se tornaram olímpicos ao longo dos anos. “Queremos fazer uma modernização da legislação do Bolsa Atleta, que é uma lei de 1999”, anunciou o secretário de Esporte e Lazer. “Já estamos fazendo todo um levantamento e vendo o impacto orçamentário [da inclusão de novas modalidades]. Isso possibilita que os nossos atletas tenham capacidade financeira para que, no próximo ciclo olímpico, cheguem com oportunidade”. Recepção calorosa Na sexta-feira (9), Caio Bonfim voltou a Brasília após sete semanas longe de casa, entre a preparação e o período dos jogos. A recepção foi bastante calorosa, com o atleta sendo recebido por familiares, amigos e admiradores no Aeroporto Internacional de Brasília Juscelino Kubitschek, pelas ruas de Sobradinho e na sede do Centro Olímpico e Paralímpico (COP) da cidade.
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Meninada de ouro: Centro de iniciação em ginástica artística revela talentos no DF
Um dos esportes queridinhos do brasileiro no momento, a ginástica artística faz parte da rotina de 300 estudantes da rede pública de ensino do Distrito Federal. No contraturno escolar, os cadernos dão lugar ao uniforme do esporte, e os pequenos atletas podem se dedicar a saltos, giros, ondas corporais, entre outros movimentos acrobáticos, tudo inspirado por recentes conquistas de uma geração, coroadas pelo ouro olímpico de Rebeca Andrade, maior medalhista do Brasil em todos os tempos (dois ouros, duas pratas e três bronzes). Os jovens talentos são atendidos pela Secretaria de Educação do DF (SEE) por meio do Centro de Iniciação Desportiva (CID) de ginástica artística do Centro de Ensino Médio (CEM) Setor Leste, na 611/612 Sul. Berço do esporte no Quadradinho, o ginásio atende a população desde a década de 1980. O foco é a iniciação desportiva, mas também há incentivo à participação em competições locais e nacionais. As meninas se inspiram nas conquistas das atletas brasileiras para realizar os próprios sonhos | Fotos: Tony Oliveira/ Agência Brasília No começo deste ano, Maria Luiza Fernandes Resende, 9 anos, entrou para a equipe. Com energia de sobra, ela aproveita cada segundo das aulas, sem medo dos equipamentos, muito menos das piruetas. “Eu já fazia estrelinha sem as mãos e minha avó viu e me colocou aqui. Aprendi a fazer mortal, estrelinha na trave, um monte de coisa”, conta ela, que já traçou grandes metas. “Meu sonho é ser igual à Rebeca Andrade e ter várias medalhas olímpicas”. Quem também começou há pouco tempo no esporte foi a ginasta Juju, como é apelidada carinhosamente pelas professoras e colegas de aula. A estudante Juliana Harumi, 11, entrou para a turma há três anos, inspirada no irmão, que também é ginasta. Ela, que também sonha em ser parecida com Rebeca Andrade, convida outras meninas a praticar a modalidade: “Não precisa ter medo. É que nem minha mãe me fala quando eu participo dos campeonatos: é só enfrentar o aparelho, sem prestar atenção no público”. Entre as mais antigas do CID Setor Leste, está a ginasta Ana Luisa Garcia, 15. “Comecei com 4 anos. Aqui é basicamente minha segunda casa. Acho que é um dos esportes mais divertidos, em que podemos fazer vários aparelhos, tentando evoluir cada vez mais, porque não tem limites na ginástica”, compartilhou. A estudante já participou de dezenas de competições e sonha em conquistar o pódio do campeonato nacional: “Já participei muitas vezes, desde meus 9 anos, mas até hoje nunca ganhei. Mas este ano vai dar certo, pretendo ganhar o campeonato”. Atleta há três anos, Juliana Harumi ensina: “É só enfrentar o aparelho, sem prestar atenção no público” O amor de Ana Luísa pelo esporte foi herança da mãe, a professora Tatiana Santos Biagini, que atua no CID Setor Leste há mais de 20 anos. Antes de assumir como docente, ela esteve nos tablados como aluna, tendo participado de competições de níveis local e nacional. “A minha vida inteira foi aqui, dentro do ginásio. O meu objetivo aqui dentro é manter essas meninas em contato com o esporte o maior tempo que elas puderem, porque aqui elas aprendem a conviver em equipe, a ter disciplina, a entregar o que é pedido, a se superar, coisas que fazem parte de todos os aspectos da vida”, conta ela. Tatiana destaca, ainda, que muitas das alunas não teriam a oportunidade de praticar ginástica artística se não fosse pela iniciativa da rede pública: “Muitas dessas crianças não estariam aqui se tivessem que pagar mensalidade. Sabemos que, hoje em dia, o valor cobrado nas academias é um valor que muita gente não pode pagar, então, aqui damos uma grande oportunidade a elas com bons equipamentos e profissionais especializados”. Tatiana Santos Biagini reforça que as meninas, além de exercício físico, precisam aprender a conviver em equipe e a ter disciplina Amor ao esporte O ginásio do CEM Setor Leste comporta, em 800 metros quadrados, os equipamentos adequados para a modalidade, como traves, argolas, trampolins, barras fixas, cavalos com alças e traves. Atualmente, há três professoras, cada uma responsável por, em média, 100 meninas. Não há aulas para meninos no momento, devido à ausência de um professor para a prática da modalidade. Ainda assim, a equipe masculina de alto rendimento do CID Setor Leste pode usar o ginásio para treinar. Os meninos já representaram o DF em diversos torneios e estarão presentes no Campeonato Brasiliense de Ginástica Artística, marcado para o dia 31 deste mês e competiram também na Copa do Mundo de Ginástica e no Pan-Americano. O ginásio do CEM Setor Leste comporta, em 800 metros quadrados, os equipamentos adequados para a modalidade, como traves, argolas, trampolins, barras fixas, cavalos com alças e traves Para participar do CID Setor Leste, é necessário ter entre 6 e 12 anos e estar atento ao calendário letivo. As vagas são disponibilizadas apenas no início do ano, com prioridade para os estudantes da rede pública. Alunos de escolas particulares podem se inscrever em vagas remanescentes. As inscrições devem ser feitas diretamente com as três professoras responsáveis pelo ginásio. “Não temos matrícula no meio do ano, pois o nosso grau de desistência é mínimo. Quem entra agarra a vaga com unhas e dentes” Tatiana Freire, treinadora no CID Setor Leste “Não temos matrícula no meio do ano, pois o nosso grau de desistência é mínimo. Quem entra agarra a vaga com unhas e dentes, porque percebe que está dentro de um centro de excelência”, salienta uma das treinadoras, Tatiana Freire. “Você que tem o sonho de fazer ginástica artística ou a mãe que tem uma criança espoleta em casa, fiquem ligados no calendário da Secretaria de Educação.” As crianças entram na turma intitulada como “gym baby” e, à medida que aprendem as técnicas e movimentos, passam para as turmas iniciante, intermediária e avançada. “Aqui elas se revelam. Brinco muito que temos uma fábrica de sonhos, ainda mais hoje, com a Olimpíada em alta. As meninas estão encantadas com o que a ginástica artística vem fazendo a nível mundial”, revela Freire. Todas as 14 regionais de ensino do Distrito Federal dispõem de centros de iniciação desportiva. São mais de 143 espaços que ensinam modalidades como atletismo, futebol, handebol, saltos ornamentais, badminton, futsal, judô, taekwondo, basquetebol, ginástica acrobática, karatê, tênis de mesa, capoeira, luta olímpica, voleibol, ciclismo, ginástica rítmica, natação e xadrez. No último ano, 7.381 estudantes foram atendidos com as aulas, que são gratuitas e ministradas no contraturno escolar.
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