DF Alfabetizado amplia inclusão social e oferta ensino de qualidade para população
O sonho de concluir o ensino médio e iniciar uma formação profissional parecia inalcançável para a chef de cozinha Eline Maria da Silva, 39 anos. Casada ainda na adolescência, a moradora da Colônia Agrícola Samambaia, em Vicente Pires, era impedida de estar em sala de aula pelo próprio marido, com quem ficou até 2022. Logo após a separação, munida de força de vontade e amor próprio, ela resgatou o antigo objetivo. A formatura no Ensino para Jovens e Adultos (EJA) ocorreu em 2023 e, agora, mais um sonho está em andamento: Eline está cursando técnico em enfermagem. “Precisamos reconhecer a nossa força e abraçar cada oportunidade”, diz Eline Maria da Silva, que diz ter a vida transformada pelo EJA e hoje estuda para ser técnica de enfermagem | Fotos: Arquivo pessoal “Casei com 16 anos e abandonei os estudos. Quando quis voltar, ele não deixou. Só consegui quando nos separamos, 20 anos depois”, desabafa Eline. “O EJA mudou a minha vida. Achava que não teria capacidade, duvidava de mim, mas consegui. Durante o curso conheci pessoas que desistiram dos estudos por vários motivos, mas que ganharam uma nova oportunidade graças ao GDF, que tem nos proporcionado o ensino sem importar a idade.” “O DF Alfabetizado representa a nossa crença de que a educação é a chave para a emancipação, e é um orgulho ver tantas histórias de transformação e superação ao longo de suas edições” Hélvia Paranaguá, secretária de Educação Histórias de superação e resiliência como a de Eline são cada vez mais comuns devido ao Programa DF Alfabetizado, promovido pela Secretaria de Educação do Distrito Federal (SEEDF). Criada em 2012, a iniciativa foi suspensa em 2018 e retomada no ano passado, com o atendimento de cerca de 800 pessoas em 50 turmas, reafirmando o compromisso deste GDF em fortalecer o EJA, combater o analfabetismo adulto e promover a inclusão social por meio da educação. “Com a continuidade deste programa, esperamos alcançar ainda mais cidadãos, proporcionando a eles não apenas o conhecimento básico da leitura e escrita, mas também uma nova perspectiva de futuro”, enfatiza a titular de Educação, Hélvia Paranaguá. “O DF Alfabetizado representa a nossa crença de que a educação é a chave para a emancipação, e é um orgulho ver tantas histórias de transformação e superação ao longo de suas edições.” Segundo o Censo divulgado pelo IBGE em 2024, o Distrito Federal tem o segundo melhor índice de pessoas alfabetizadas de todo o país. Mais de 97% da população brasiliense sabe ler e escrever Para o primeiro semestre deste ano, está prevista a formação de 50 turmas, com um total de 1.250 vagas, em áreas urbanas e rurais, com início em março e finalização em agosto. Os grupos de alunos são formados nas comunidades por meio da busca ativa por jovens a partir de 15 anos, adultos e idosos em situação de analfabetismo, com apoio de voluntários alfabetizadores. Pessoas interessadas em fazer parte dessas turmas podem ligar no telefone 3318-2913, da Diretoria de Educação de Jovens e Adultos, para que sejam encaminhadas às turmas mais próximas das suas residências. Novo edital No último dia 20, a SEEDF divulgou o edital do processo seletivo simplificado para a contratação de alfabetizadores e tradutores-intérpretes de Libras voluntários para atuar no programa. As inscrições estarão abertas entre 1º e 15 de fevereiro e devem ser realizadas exclusivamente pelo formulário online, nesse período. A Secretaria de Educação lançou edital do processo seletivo simplificado para a contratação de alfabetizadores e tradutores-intérpretes de Libras voluntários para atuar no DF Alfabetizado; inscrições começam no dia 1º de fevereiro | Foto: Geovana Albuquerque/Agência Brasília O programa oferece 25 vagas imediatas para alfabetizadores e outras 25 para formação de cadastro reserva. Já o número de vagas para tradutores-intérpretes de Libras será definido de acordo com a demanda apresentada pelas coordenações regionais de ensino. A carga horária mínima para os dois modelos de voluntariado é de 15 horas semanais e a bolsa-auxílio mensal deste ano será de R$ 1.200. “Estamos comprometidos com a transformação educacional do Distrito Federal, e o Programa DF Alfabetizado é uma das ações mais significativas nesse processo. Nossa missão é garantir que mais pessoas tenham a oportunidade de superar a barreira do analfabetismo e, assim, conquistar uma vida mais digna”, salienta Paranaguá. Resiliência Segundo o Censo divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2024, o Distrito Federal tem o segundo melhor índice de pessoas alfabetizadas de todo o país. Mais de 97% da população brasiliense sabe ler e escrever. O desempenho coloca a capital federal atrás apenas de Santa Catarina, com 97,3% de alfabetizados. “Meu sonho é que o Distrito Federal se torne um território livre do analfabetismo, e a nossa meta é clara: trabalhar incansavelmente para que isso se torne realidade. Este é o compromisso que temos com nossa população e com o futuro de nossa região”, frisa a secretária. O esforço em ampliar o acesso à educação resulta em benefícios reais na vida de cada estudante. Eline, por exemplo, antes mesmo de concluir o EJA, já notava os resultados do aprendizado no dia a dia. Ela, que nunca tinha trabalhado fora de casa, conquistou uma vaga como auxiliar de cozinha, e, em seis meses, passou para cozinheira. “Voltei à ativa e as coisas foram acontecendo. Quero continuar estudando”, comenta. Os próximos planos são concluir o curso na área de saúde e iniciar uma formação em gastronomia. A chef de cozinha também conta que sentiu medo e insegurança ao voltar a estudar, mas conseguiu superar cada obstáculo. “Na idade em que estava, sentia vergonha, achava que não teria capacidade de evoluir como as pessoas mais jovens”, diz. “Mas isso foi mudando aos poucos com o amor que recebi dos professores e diretores. Fui me adaptando, fazendo amizades, e hoje sei que somos capazes de realizar os nossos sonhos. Precisamos reconhecer a nossa força e abraçar cada oportunidade.”
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Escola no Parque da Cidade resgata dignidade de pessoas em situação de vulnerabilidade social
Antes de conhecer a Escola Meninos e Meninas do Parque, o estudante Thiago Dias, 38 anos, não imaginava que um dia iria prestar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Natural de Minas Gerais, ele cursou só até a 8ª série do ensino regular e está em situação de rua desde que chegou à capital federal, em 2020. Anos mais tarde, a realidade é diferente: além de ter prestado o exame pela primeira vez, Thiago concluiu os estudos por meio da Educação de Jovens e Adultos (EJA) e descobriu o sonho de ser professor de geografia. Localizada no Parque da Cidade, a Escola Meninos e Meninas do Parque atende, atualmente, cerca de 250 crianças, jovens e adultos em situação de vulnerabilidade social | Fotos: Matheus H. Souza/Agência Brasília “O que mais quero é contribuir com a escola porque sei que, sem a educação, não chegamos em lugar algum”, conta Thiago, que, junto a outros 50 estudantes, foi agraciado com o certificado de conclusão do semestre escolar. “Antes eu só ficava nas ruas vendendo balas, não fazia mais nada. Hoje passo a tarde aqui, estudando e pensando no meu futuro. Isso é muito importante para nós que não tivemos oportunidade lá atrás. E aqui na escola só temos vantagem, podemos tomar banho, tem almoço e janta, momentos para conversar, é bom demais.” Vinculada à Secretaria de Educação (SEEDF), a Escola Meninos e Meninas do Parque atende, atualmente, cerca de 250 crianças, jovens e adultos em situação de vulnerabilidade social, sendo a maioria do sexo masculino. A unidade fica localizada no Parque da Cidade, próximo ao Estacionamento 6, e completou 29 anos de história em abril deste ano. As matrículas podem ser feitas a qualquer momento do ano pelo telefone 3901-7780. Cidadania O estudante Thiago Dias, 38 anos, concluiu os estudos por meio da Educação de Jovens e Adultos (EJA) e sonha em ser professor de geografia O trabalho ultrapassa os limites do conhecimento formal, fortalecendo a cidadania da população em situação de rua. Os alunos têm acesso a serviços essenciais, como encaminhamentos médicos e odontológicos, auxílio na solicitação de documentação e programas sociais, entre outros. Além disso, há oferta de espaço para banho, itens de higiene pessoal, troca de roupas e duas refeições, como almoço e lanche. “Ao chegar à escola, eles não vão diretamente para a sala de aula, passam primeiro pelo banho”, explica a supervisora pedagógica Cristina Tibúrcio. “Recebem xampu, condicionador, sabonete líquido, hidratante corporal, uma toalha própria da escola e o uniforme, que são lavados todos os dias aqui mesmo. Depois, tem o almoço e só então começam as aulas. No final do dia tem a janta, para que saiam daqui alimentados, já que muitos voltam para a rua.” A professora Ana Célia Costa Braga aposta na literatura de cordel para ensinar língua portuguesa aos alunos A unidade também recebe doações de roupas, itens de higiene pessoal e outros artigos, novos ou usados (em bom estado), com o objetivo de distribuir entre os estudantes. As doações são disponibilizadas em um bazar, em que a moeda de troca é o tempo de permanência na escola. “É uma forma de incentivar a permanência em sala de aula e atender as necessidades específicas dos alunos”, frisa Tibúrcio. Além disso, o planejamento político-pedagógico considera a história de vida de cada estudante, observando as limitações e potencialidades para o processo de aprendizagem. Na aula de língua portuguesa, por exemplo, a professora Ana Célia Costa Braga aposta na literatura de cordel para abordar o conteúdo. “Trabalhamos as classes gramaticais e a questão poética, por exemplo. Construímos cordéis sobre vivências na rua, sobre o ambiente em que vivemos, como o Parque da Cidade, a diversidade, as mazelas que já viveram, e com isso desenvolvemos também a oralidade do estudante”, explica. Novos horizontes “No dia em que não venho para a aula, me sinto mal. Penso que, no lugar de estar trabalhando em troca de dose de cachaça, poderia estar estudando, aprendendo, refletindo, ocupando a mente”, diz o estudante Erivando Mário Mota, 45 anos O estudante Erivando Mário Mota, 45, também receberá o certificado de conclusão do semestre nesta sexta (13). Natural de Fortaleza (CE), ele chegou ao DF em 2022 e, devido à falta de vínculo empregatício, passou a morar nas ruas. Pouco depois, conheceu a Escola Meninos e Meninas e retomou os estudos a partir da etapa do EJA equivalente à 6ª série. Neste ano, ele e outros alunos foram campeões na fase distrital do Circuito de Ciências de Escolas Públicas do DF. “Para mim foi uma cena de sucesso, em que um morador de rua que não tem nada e aos poucos vai subindo, vai evoluindo. Quero servir de espelho para meus amigos”, celebra ele, que conta que os estudos resgataram sonhos profissionais e influenciaram a decisão de reduzir o consumo de álcool e drogas. “No dia em que não venho para a aula, me sinto mal. Penso que, no lugar de estar trabalhando em troca de dose de cachaça, poderia estar estudando, aprendendo, refletindo, ocupando a mente. Quero terminar os estudos e montar meu próprio negócio.” Erivando compartilha ainda como é a rotina no equipamento educacional: “Chego 12h15 e tenho o almoço, o banho, com toalha e sabonete, e depois a aula. Ainda tem o lanche da tarde e levar marmita, a janta também. Não tenho o que reclamar, adoro assistir aula e aqui sou muito bem tratado, graças a Deus”, comenta. “O que mais acho interessante da escola é a maneira como abraçam nós, moradores de rua. Esse certificado mostra o meu esforço.” Já a estudante Daniela Roberta Silva, 44, acredita que, mais do que um espaço de estudo, a escola é lugar de acolhimento. Ela conta que conheceu a escola em 2013, mas, devido a problemas com o ex-marido, não pôde estudar. Neste ano, teve a chance de concluir o primeiro semestre letivo e recebeu suporte dos professores e colegas de classe em momentos delicados de saúde. “Quando comecei a adoecer, já nem caminhava mais, a escola me deu suporte, me ajudou”, contou. “O apoio dos professores nos dá força para caminhar e seguir em frente, mesmo diante das dificuldades que conhecemos.” Mais informações sobre a Escola Meninos e Meninas do Parque podem ser obtidas pelo telefone (61) 3901-7780.
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Programa leva conceito de cidadania ao Centro de Ensino Médio n° 03 de Ceilândia
A Secretaria DF Legal realizou, no Centro de Ensino Médio (CEM) 03 de Ceilândia, mais uma edição do programa DF Legal nas Escolas. Participaram do evento 194 alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA) divididos em dois turnos — matutino e vespertino. Na apresentação realizada nesta terça (5), os alunos puderam entender melhor o papel da secretaria DF Legal e como podem colaborar para que tenhamos uma cidade limpa e organizada | Foto: Ivonildo Lira/DF Legal O projeto tem por objetivo levar conhecimentos a respeito da fiscalização e conceitos de cidadania aos alunos das escolas públicas do Distrito Federal. São apresentadas imagens, vídeos e situações do cotidiano da própria região onde os estudantes moram, com foco nas construções irregulares e no descarte inadequado dos resíduos sólidos. Participaram do evento, no Centro de Ensino Médio (CEM) 03 de Ceilândia, 194 alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA) divididos em dois turnos, matutino e vespertino “O programa DF Legal nas Escolas foi totalmente remodelado. Mantivemos a discussão que trata da legislação e nos aprofundamos mais nos problemas urbanísticos da cidade onde está sendo ministrada a palestra. Isso faz com que cada evento seja único e exclusivo para cada região. Temos tido bons resultados com a participação e engajamento dos alunos”, afirma Luciano Silvestre da Silva, diretor de Planejamento, Modernização e Valorização do Servidor (Dimov) da pasta. Na apresentação realizada nessa terça (5), os alunos puderam entender melhor o papel da secretaria e como podem colaborar para que tenhamos uma cidade limpa e organizada. “Ao levantar questões relevantes como essas, a gente faz com que os alunos se sintam parte e protagonistas da história da própria comunidade. Preservando e ajudando a preservar os espaços públicos para que todos possam ter mais qualidade de vida”, enfatiza José Carlos Santos Bezerra, palestrante e ouvidor da DF Legal. Edna Duarte, supervisora do colégio, reforça a importância desse trabalho nas salas de aula. “Muitas pessoas já ouviram falar da DF Legal mas não têm ideia de como ela funciona na prática. Trazer estas informações para dentro das escolas é muito importante, principalmente para os alunos do EJA”. O programa não se limita, no entanto, a falar apenas da DF Legal. Serviços importantes para a população que comumente são confundidos como atribuições da pasta também são alvo de esclarecimentos. “A palestra foi, simplesmente, fantástica! Aprendi que qualquer morador pode agendar com a Caesb o dia e horário para coleta, na própria residência, dos resíduos da caixa de gordura. E, em caso de reclamações, quais os canais de comunicação estão à disposição da população para oficializar os registros”, comenta a estudante Simone de Aguiar Siqueira, de 52 anos. *Com informações da DF Legal
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Com quase 50 mil alunos, educação infantil da rede pública alia pré-alfabetização a ensino de valores
Em vez dos tradicionais A, B, C, D e E, amor, bondade, confiança, doação e empatia. Os nomes dados às cinco turmas de cada turno já dão pistas do tipo de trabalho desenvolvido no Centro de Educação Infantil (CEI) 10 de Taguatinga. “Os valores no mundo estão muito perdidos. Você escuta cada história, vê cada história. Então, uma educação desde o início faz falta, porque a gente sabe que vai levar para a vida. E aqui a escola ensina os valores. A gente achou a coisa mais linda a sala ser por nome, tudo bonitinho”, conta a empresária Áurea Rodrigues, mãe de Miguel, 4 anos. A busca por um ensino cuidadoso, em uma idade em que as crianças estão formando seu caráter, não é exclusiva do CEI 10. Essa é a tônica de toda a educação infantil no Distrito Federal, expressada, principalmente, por meio de projetos como a Plenarinha, que propõe aos pequenos o exercício da cidadania, por meio da escuta sensível. O projeto Plenarinha propõe aos pequenos o exercício da cidadania, por meio da escuta sensível | Fotos: Matheus H. Souza/Agência Brasília “A Plenarinha é um dos grandes destaques dessa perspectiva que o DF tem. Ela surgiu com o objetivo de fomentar a participação das crianças na construção do currículo publicado em 2014 e, desde então, tornou-se referência no DF, sendo reconhecida e tendo a participação da população”, explica a secretária de Educação, Hélvia Paranaguá. “No ano passado, o tema foi ‘Identidade e diversidade na educação infantil: Sou assim, e você, como é?’. Então, a criança passa a refletir: ‘eu uso óculos, uso aparelho, sou cadeirante, sou preta, branca, indígena’… É a diversidade trabalhada desde a educação infantil para que a criança se veja inserida no ambiente de diversidade. Essa temática procura colocar em evidência o respeito às diferenças.” Neste ano, o projeto focou as pessoas idosas. No CEI 10, foi realizada uma gincana com o objetivo de arrecadar doações para uma casa de repouso. “A gincana não foi nem só a questão da competição, mas o que ela passava”, lembra o pai de Miguel, o também empresário Hugo Oliveira. “O avô dele é acamado, então ele já tem essa vivência de cuidado do idoso”. A disputa solidária ainda contribuiu para outro ponto fundamental da educação infantil no DF: trazer os familiares para dentro da unidade de ensino. “Se escola e família não caminharem juntas, não funciona”, crava o vice-diretor do colégio, Gleisson da Costa. Outros projetos Ainda no CEI 10, os alunos têm a oportunidade de participar de diversos outros projetos ao longo do ano. Todos levam o nome do mascote da escola, o coração Tum Tum. “Ele é o nosso coração, que está de braços abertos acolhendo todas as crianças, todas as famílias, as diversidades que nós temos”, pontua Gleisson. Entre as iniciativas, estão a Tum Tum Horteiro e a Tum Tum Cozinha. Nelas, as crianças ajudam no cultivo de uma horta e, depois de colhidos os alimentos, aprendem noções básicas de como prepará-los. No CEI 10, os alunos têm a oportunidade de participar de diversos projetos ao longo do ano “Nossos três pilares são a questão do acolhimento, da participação e do trabalho em equipe. A gente sempre trabalha a brincadeira com a aprendizagem, valorizando a autonomia, essa questão da criança realmente colocar a mão na massa e aprender brincando”, aponta o vice-diretor, que ainda reforça: “Nessa faixa, elas absorvem muito. Então, a educação infantil não visa exatamente a alfabetização. Ela visa os primeiros conceitos”. Mãe de Benjamin, 5, a empreendedora Valcicleide Costa relata que todas essas iniciativas fazem uma “grande diferença na parte pedagógica”. O pequeno ainda repete em casa o que aprende no colégio. “O lado criativo dele aflorou”, conta. “Na idade em que ele está, ele vem para a escola não só para aprender a parte do ABC, de alfabetização. O que surpreende muito aqui na escola é essa parte de valores, que está sendo só fortalecida, que está sendo bem-feita”. Rede Somadas as creches (crianças de até 3 anos) e as pré-escolas (4 e 5 anos), são 47.814 estudantes atendidos atualmente — apenas em colégios da rede pública, sem considerar as instituições parceiras —, número que cresceu 40% desde 2011, quando era de 34.146. A quantidade de escolas também teve um salto, passando de 265 em 2011 para as atuais 281. Em relação às instituições parceiras, eram 88 em 2011. Hoje, são 137. Visita dos alunos do CEI 10 de Taguatinga ao Lar dos Velhinhos Maria Madalena “No início do governo Ibaneis Rocha, tínhamos uma fila de 24 mil [crianças à espera de uma vaga]. Caímos para cerca de 6 mil. Vamos entregar 17 creches até o fim do ano, uma política que faz parte e é prioritária no GDF e na nossa gestão. A gente tem avançado muito na oferta”, destaca Hélvia Paranaguá. A secretária ainda ressalta que o DF tem uma particularidade em relação às outras unidades da Federação: “Nos estados, a educação infantil fica a cargo dos municípios. Por isso que o DF é diferente, tem toda uma rede sob a nossa responsabilidade, desde os 4 meses até a EJA [Educação de Jovens e Adultos], onde nós temos uma aluna de 86 anos. A gente vai em todas as etapas. Nós temos a vantagem de poder programar a rede como um todo. Tenho que investir em creche, mas preciso investir também no sequencial. Tem que pensar no sequencial, vai para a creche e depois não volta para casa. Tem que ter todo um planejamento, de todas as etapas, a vida escolar da criança”. A biomédica Helica Santos conhece bem as diferentes etapas dessa rede. Ela tem dois filhos: Lavínia, 7, que passou pela educação infantil e segue na rede pública, e Pedro Miguel, 5, aluno do CEI 1 de Ceilândia. A mais velha foi diagnosticada com transtorno do espectro autista (TEA), o que não a impediu de ser completamente integrada à escola. “Ter descoberto o diagnóstico com três anos assusta um pouco, porque a gente não sabe como vai ser o futuro. Por isso, quando ela teve o primeiro contato [com a escola], para a gente, foi assustador, mas, para ela, foi a descoberta do mundo. Hoje ela é alfabetizada, e, para nós, foi muito importante o desenvolvimento dela. Ela desenvolveu coisas que a gente nem achava que ela desenvolveria, como a questão da socialização”, celebra a mãe. Questionada sobre qual a importância desse cuidado na educação infantil, Helica diz não saber especificar. “É tudo. Foi espetacular [com a Lavínia], tem sido com o Pedro. O ambiente é acolhedor, os professores capacitados, que trabalham toda a parte de valores e isso é muito importante, não fica se apegando só à alfabetização e a gente percebeu a diferença”.
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