Por trás das torneiras: Como o tratamento de esgoto no DF é referência nacional e garante segurança ambiental
Na etapa final da série especial da Agência Brasília sobre saneamento básico, o foco se volta para um trabalho invisível, mas essencial: o esgotamento sanitário no Distrito Federal. Por trás das torneiras que abastecem quase 100% da população com água potável, existe um sistema robusto que coleta e trata cerca de 376 milhões de litros de esgoto todos os dias. Com 7 mil quilômetros de redes coletoras e 15 estações de tratamento de esgoto (ETEs), o DF se destaca no cenário nacional pela eficiência e qualidade do serviço — 94% da população é atendida pela rede, e 100% do esgoto coletado recebe tratamento antes de ser devolvido à natureza. Referência no país na oferta de água e no tratamento de esgoto, o Distrito Federal é um exemplo de encerramento do ciclo do saneamento: a água é captada nos reservatórios, tratada em unidades específicas e distribuída à população | Foto: Lúcio Bernardo Jr./Agência Brasília Segundo o Instituto Trata Brasil, o DF tem a maior taxa de esgoto tratado entre todas as unidades da Federação, sendo o único com índice acima de 80%, à frente de estados como Roraima, Paraná, São Paulo e Goiás. Entre as cidades, Brasília ocupa a 20ª posição no ranking nacional, com 91,77% da população atendida por rede de esgoto e 86,65% do esgoto coletado passando por tratamento. No abastecimento de água, a cobertura chega a 99% da população, o que coloca a capital entre as nove cidades mais bem avaliadas do país nesse quesito. “Isso significa que Brasília já universalizou o acesso à água e ao esgoto, enquanto outros estados ainda precisam investir muito para alcançar essa meta. Todo o esgoto coletado é tratado, e o nível de tratamento é de ponta — nível três, mais sofisticado do que o praticado em outras regiões”, explica o presidente da Caesb, Luis Antonio Reis. Para ele, essa iniciativa é necessária porque os córregos da região são pequenos, então o efluente precisa ser muito bem tratado. Por isso, as estações de tratamento são de ponta, monitoradas e visitadas por comitivas da China, Europa e de outros estados brasileiros. A etapa inicial do tratamento de esgoto é responsável pela remoção dos sólidos mais grosseiros, como lixo e areia. Em seguida, o esgoto passa por decantadores primários, onde os sólidos mais pesados são separados O presidente mencionou a Fitabes, uma das maiores feiras de tecnologia em saneamento ambiental da América Latina, que reúne as principais empresas do setor para apresentar inovações em tecnologias, produtos, serviços e equipamentos a um público especializado. Neste ano, a décima terceira edição será realizada na capital federal em maio. "Achamos muito importante este encontro ser em Brasília por ser uma cidade referência em saneamento", complementou Reis. Até 2029, a Caesb prevê investir cerca de R$ 3,2 bilhões na ampliação e aprimoramento dos sistemas de abastecimento de água e esgotamento sanitário do Distrito Federal. Esses investimentos contribuem diretamente para a qualidade de vida da população, pois garante o fornecimento de água sem a necessidade de racionamento, além de assegurar o tratamento adequado do esgoto, com benefícios para o meio ambiente e a saúde pública. Etapas do tratamento A etapa inicial do tratamento de esgoto é responsável pela remoção dos sólidos mais grosseiros, como lixo e areia. Esse tipo de resíduo é resultado do uso indevido do sistema de esgotamento sanitário, já que a população ainda descarta lixo na rede coletora. Em seguida, o esgoto passa por decantadores primários, onde os sólidos mais pesados são separados. Depois, entra na etapa biológica, em que microrganismos removem os contaminantes por meio de processos metabólicos. Na fase seguinte, chamada de tratamento químico ou polimento final, um coagulante é adicionado para agrupar as partículas restantes, que são removidas nas câmaras de flotação. O efluente, agora tratado dentro dos padrões ambientais, é então lançado de volta para a natureza. Nas estações de tratamento de esgoto, todo o processo é monitorado com rigor. São realizadas coletas em diferentes etapas do tratamento, e essas amostras são analisadas nos laboratórios da Caesb Segundo a gerente de Operação da Bacia Paranoá, Camila Gonçalves, cada etapa do tratamento tem um tempo de detenção, ou seja, um período em que o esgoto permanece em determinada fase do processo. “Aqui na Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Norte, esse tempo varia conforme a vazão, mas, em média, cada reator opera com um tempo de detenção de cerca de 6 horas. Isso significa que o esgoto que entra agora na estação passará por todas as etapas principais do tratamento e, em poucas horas, já será encaminhado para o tratamento final. Em um mesmo dia, conseguimos observar que o esgoto que entrou já saiu tratado”, explica. A vazão média da ETE Norte é de aproximadamente 600 litros por segundo. Entre as unidades da Companhia Ambiental de Saneamento do Distrito Federal (Caesb), a maior em termos de capacidade é a ETE Melchior, com vazão média de 1.500 litros por segundo, seguida pela ETE Sul, com 1.200 litros por segundo. “É comum a população enxergar as estações de tratamento de esgoto como poluidoras dos corpos d’água, mas, na verdade, elas exercem um papel mitigador da poluição. O esgoto bruto, carregado de contaminantes, resíduos e lixo, é tratado nas estações e devolvido à natureza com excelente qualidade”, diz Camila Gonçalves “Aqui na ETE Norte, como o lançamento do efluente é feito diretamente no Lago Paranoá, há uma exigência muito rígida em relação aos parâmetros de qualidade. Um dos mais críticos é o controle de nutrientes, que, se lançados em excesso, podem causar a eutrofização, um desequilíbrio que afeta as condições ecológicas do lago. Por isso, na década de 1990, a estação passou por uma reforma e ampliação, e hoje opera com um sistema de tratamento terciário avançado, que inclui tratamento químico”, destaca a gerente. Camila explica que esse processo promove a remoção eficiente dos nutrientes e atende aos padrões exigidos pelos órgãos ambientais e pela legislação vigente. Atualmente, essa é uma das tecnologias mais modernas e completas disponíveis. Camila ressalta que a tecnologia utilizada nas estações também é considerada referência. A maioria das unidades opera com tratamento secundário e terciário avançado, o que garante elevada qualidade ao efluente que é devolvido à natureza. Ela explica que o Distrito Federal é um exemplo de encerramento do ciclo do saneamento: a água é captada nos reservatórios, tratada em unidades específicas e distribuída à população. “É comum a população enxergar as estações de tratamento de esgoto como poluidoras dos corpos d’água, mas, na verdade, elas exercem um papel mitigador da poluição. O esgoto bruto, carregado de contaminantes, resíduos e lixo, é tratado nas estações e devolvido à natureza com excelente qualidade”, reforça a gerente de Operação da Bacia Paranoá. [LEIA_TAMBEM]Nas estações de tratamento de esgoto, todo o processo é monitorado com rigor. São realizadas coletas em diferentes etapas do tratamento, e essas amostras são analisadas nos laboratórios da Caesb. Esse monitoramento contínuo permite acompanhar a operação do sistema e garante a qualidade do efluente que será lançado no corpo receptor. Além disso, a Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento do Distrito Federal (Adasa) também monitora o impacto dos efluentes tratados lançados nos corpos hídricos. “Mesmo após tratamento, esses efluentes ainda podem carregar matéria orgânica e nutrientes que afetam a qualidade da água dos rios e reservatórios. Monitoramos esses impactos por meio de parâmetros como a Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) e níveis de fósforo e nitrogênio”, afirma o superintendente de Recursos Hídricos da Adasa, Gustavo Carneiro. “Com esse sistema de controle e regulação, podemos afirmar que a água distribuída no Distrito Federal é uma referência em qualidade. Mas esse trabalho precisa do compromisso de todos para o uso consciente desse recurso tão precioso”, finaliza Gustavo. Resíduos sólidos retidos Quanto aos resíduos sólidos que ficam retidos durante o processo, eles são recolhidos diariamente. Esses detritos são colocados em baias para secagem e, posteriormente, todo o material é encaminhado para o Aterro Sanitário de Brasília, onde é feita a disposição final adequada. Além disso, há a produção de lodo, que é um resíduo resultante de várias etapas do tratamento. Esse lodo é formado basicamente pela remoção de sólidos e pela massa de bactérias, junto com os nutrientes que precisam ser eliminados do esgoto. Esse material passa por um processo específico de tratamento, incluindo a desidratação, e depois é enviado para a unidade de gerenciamento de lodo da Caesb. Nessa unidade, o lodo desidratado é preparado para ser utilizado futuramente como adubo, em um processo complementar que dá uma destinação sustentável ao resíduo gerado durante o tratamento do esgoto.
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Setor Hoteleiro de Taguatinga recebe obras de saneamento
A Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb) começa, nesta terça-feira (18), as obras de substituição de parte de um emissário de esgotos em Taguatinga. O equipamento tem a função de receber as cargas de esgoto doméstico dos imóveis e enviá-las às Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs). O investimento na melhoria da estrutura é de cerca de R$ 400 mil. Os trabalhos serão feitos na Avenida C 8, no Setor Hoteleiro da região administrativa, das 8h às 18h e, ocasionalmente, à noite. [Olho texto=”“A capacidade de bombeamento de esgoto será elevada de 1.500 m³ por hora para 3.500 m³ por hora, o que irá melhorar todo o sistema de esgoto de Vicente Pires e Águas Claras”” assinatura=”Mauro Laerte Dantas, superintendente de Operação e Manutenção de Redes Oeste-Sul” esquerda_direita_centro=”direita”] Um trecho de 320 metros do emissário atual de concreto, que apresenta um desgaste, será substituído por tubos de PEAD (tubos para saneamento). Esse material possui alta resistência química, maior vida útil, sendo imune à corrosão. O superintendente de Operação e Manutenção de Redes Oeste-Sul, Mauro Laerte Dantas, explica que a obra trará um ganho ambiental, uma vez que haverá a redução da possibilidade de extravasamento de esgoto e até mesmo a diminuição da emissão de gases. “A capacidade de bombeamento de esgoto será elevada de 1.500 m³ por hora para 3.500 m³ por hora, o que irá melhorar todo o sistema de esgoto de Vicente Pires e Águas Claras”, esclarece o superintendente. A obra no Setor Hoteleiro em Taguatinga tem um custo aproximado de R$ 400 mil | Foto: Cristiano Carvalho/Caesb Durante a execução dos serviços serão utilizados equipamentos pesados, com escavações mecânicas, sendo necessário o controle do tráfego viário durante os trabalhos. A interdição da avenida será parcial, uma vez que o serviço será feito por trechos. *Com informações da Caesb
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Visitas a estações de tratamento ensinam sobre ciclo do saneamento
Com o objetivo de disseminar o conhecimento sobre o ciclo do saneamento, a Companhia de Saneamento Ambiental do DF (Caesb) abre suas portas para a visitação às estações de tratamento de água (ETAs) e às de tratamento de esgoto (ETEs) e ainda leva o Expresso Ambiental às escolas de todo o Distrito Federal. Durante as visitas, técnicos da companhia explicam o processo que vai desde a captação de água nos mananciais até a devolução do efluente tratado nos corpos hídricos. Em 2022, o Expresso Ambiental esteve em 28 escolas e instituições, tendo como público-alvo alunos do 1º ao 5º ano do ensino fundamental | Foto: Divulgação/Caesb Em 2022, foram realizadas 40 visitas às ETAs e 30 visitas às ETEs, envolvendo um público estimado em 2.100 pessoas. O Expresso Ambiental esteve em 28 escolas e instituições, levando educação ambiental para cerca de oito mil pessoas. [Olho texto=”“Com esse trabalho, a Caesb enriquece o atendimento à comunidade, oportunizando o debate sobre o consumo consciente de água e a importância da participação da sociedade no bom funcionamento dos sistemas de abastecimento e esgotamento sanitário”” assinatura=”Carlo Renan Brites, gerente de Gestão Ambiental Corporativa da Caesb” esquerda_direita_centro=”direita”] Para as visitas às ETEs e ETAs, a Caesb recebe instituições de ensino fundamental – a partir do 6° ano –, médio, superior e técnico, empresas, técnicos, professores, pesquisadores, veículos de imprensa e forças militares. As ETAs Brasília, Brazlândia, Pipiripau, Rio Descoberto e Vale do Amanhecer são abertas à visitação. Já os interessados em conhecer mais sobre o esgoto podem visitar as ETEs Gama, Brasília Norte, Brasília Sul, São Sebastião e Sobradinho. Na visita do Expresso Ambiental, ônibus de Educação Ambiental da Caesb, o público-alvo são alunos do 1º ao 5º ano do ensino fundamental de escolas públicas e privadas do Distrito Federal. [Relacionadas esquerda_direita_centro=”esquerda”] No expresso há uma maquete que contempla diversos aspectos, como a proteção de mananciais, o saneamento rural e urbano, as estações de tratamento de água e esgoto, drenagem pluvial, resíduos sólidos, uso consciente da água (instalações hidráulicas e prediais) e, até mesmo, o manejo do lodo de esgoto – material que, atualmente, é utilizado pela companhia na recuperação de áreas degradadas. Para agendar uma visita às ETAs ou ETEs, basta clicar neste link e seguir as orientações. Para as escolas solicitarem a visita do Expresso Ambiental, o agendamento é feito nesta página. Segundo o gerente de Gestão Ambiental Corporativa da Caesb, Carlo Renan Brites, a meta para 2023 é ampliar o atendimento com o Expresso Ambiental para 12 mil pessoas. “Com esse trabalho, a Caesb enriquece o atendimento à comunidade, oportunizando o debate sobre o consumo consciente de água e a importância da participação da sociedade no bom funcionamento dos sistemas de abastecimento e esgotamento sanitário”, explica. *Com informações da Caesb
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Caesb moderniza Estação de Tratamento de Esgoto do Gama
Com a mesma estrutura desde 2004, a Estação de Tratamento do Gama ganhou melhorias que beneficiam toda a população | Foto: Divulgação/Caesb [Numeralha titulo_grande=”R$ 1,335 milhão ” texto=”Recursos do BID investidos nas obras da Caesb” esquerda_direita_centro=”direita”] Já se encontra ativo o novo sistema operacional da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) do Gama, que atende a uma população de aproximadamente 135 mil habitantes. A estrutura, que se mantinha a mesma desde que a estação foi inaugurada, em 2004, ganhou modernos equipamentos, instalados pela Companhia de Saneamento Ambiental do DF (Caesb), e agora passa a operar com mais agilidade e economia de energia. Os investimentos foram de R$ 1,335 milhão, com recursos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). O sistema implantado inclui tubulações de distribuição de ar, ramais, grades e suportes, tudo produzido em aço inoxidável, mais durável que o sistema anterior, que era de PVC. A Caesb também reformou os reatores e os sistemas de raspagem usados no tratamento do esgoto, instalando ainda novos equipamentos de medição. “Isso vai garantir maior eficiência na transferência de oxigênio para os microrganismos presentes nos reatores, aumentando a eficácia de tratamento e a qualidade dos esgotos tratados”, explica a superintendente operação e tratamento de esgoto da Caesb, Ana Maria Mota. Maior vida útil Segundo o superintendente de manutenção industrial da companhia, André Ricardo Brasileiro, a modernização da ETE Gama vai permitir uma vida útil maior dos reatores. “Vamos otimizar o consumo de energia elétrica”, reforça. “Foram instalados novos misturadores de superfície para melhorar o sistema dentro do reator. Isso vai facilitar o contato da biomassa com os esgotos em tratamento”. As melhorias nas ETEs do DF fazem parte de uma série de investimentos da Caesb para garantir mais qualidade de vida à população. A modernização do sistema de aeração também contempla serviços que estão sendo empreendidos nas ETEs Melchior, Brasília Sul e Brasília Norte. São obras que, conforme destaca o diretor de operação e manutenção da Companhia, Carlos Eduardo Borges Pereira, trazem benefícios a todos. “Sem dúvida alguma, elas são um divisor de águas no tratamento de esgotos no Distrito Federal”, avalia. “Essas melhorias estão alinhadas com a missão da companhia de desenvolver e implementar soluções e gestão em saneamento ambiental, contribuindo para a saúde pública, a preservação do meio ambiente e o desenvolvimento socioeconômico”. * Com informações da Caesb
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