Produção agrícola do DF movimentou mais de R$ 5,8 bilhões em 2024 com alta dos setores de frutas, flores e pecuária
O Distrito Federal movimentou mais de R$ 5,8 bilhões de valor bruto da produção agrícola (VBP) no ano passado, em uma área produtiva de 204 mil hectares. Os dados estão presentes no relatório anual da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-DF). O resultado foi puxado pela alta de três setores: fruticultura, floricultura e pecuária - que, sozinha, arrecadou R$ 2,19 bilhões. Incentivo à diversificação de culturas é um dos fatores que resultam nos números positivos obtidos pelo DF | Fotos: Matheus H. Souza/Agência Brasília Os números representam a soma de seis cadeias produtivas do agro brasiliense: olericultura, grandes culturas, fruticultura, floricultura, silvicultura e pecuária. Segundo o presidente da Emater-DF, Cleison Duval, os indicadores apontam que o DF se mantém como referência nacional em agropecuária, graças ao incentivo à diversificação das culturas e implantação de tecnologias, além do suporte técnico oferecido a todos os produtores rurais do Quadradinho. “O DF continua sendo um expoente da agropecuária nacional, e estamos avançando também na agroindustrialização da produção”, enfatiza Duval. “Esse trabalho tem sido apoiado pelo governador Ibaneis Rocha, com a criação de grupos institucionais em prol de cadeias produtivas. Fizemos isso com a Rota da Uva e do Vinho; agora estamos trabalhando com a Rota do Queijo, valorizando a cadeia do queijo artesanal do DF, e vamos continuar avançando.” Em alta De todos os setores, a floricultura teve a maior alta registrada, com aumento de 29,39% no valor bruto de produção. Em 2024, o comércio de flores, plantas ornamentais e arranjos arrecadou mais de R$ 265 milhões - com destaque para as forrações, palmeiras e plantas de vaso em geral -, enquanto, em 2023, o resultado foi de R$ 205 milhões. [LEIA_TAMBEM]O segundo maior aumento ocorreu em fruticultura. De 2023 para 2024, o valor arrecadado passou de R$ 233 milhões para R$ 274 milhões, com alteração positiva de 18,43%. O maior resultado foi obtido pelo abacate convencional, com R$ 65,3 milhões e produção de 6,6 mil toneladas. “Na fruticultura, houve um aumento gradativo da área plantada com frutas no DF, com o abacate, goiaba, banana, açaí, mirtilo, pitaia, entre outros”, enumera Duval. “São frutas que antes não eram muito difundidas entre os produtores rurais, mas que a Emater, no seu trabalho de avaliação de mercado, indicou aos agricultores para que pudessem plantar para obter uma renda melhor para ele e sua família.” O plantio de frutas tem se expandido no DF com apoio do projeto Rota da Fruticultura, à frente do qual estão Emater-DF, Secretaria de Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural (Seagri-DF) e Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf). O objetivo é a expansão da produção dos alimentos no DF, para gerar emprego e renda na região rural por meio da diversificação e implantação de novas culturas. Por fim, a pecuária teve crescimento de 4,54% na arrecadação no ano passado, com R$ 2,19 bilhões - equivalente a um terço do total bruto obtido pelo campo brasiliense. “Os principais produtos dessa cadeia são os ovos férteis, a suinocultura e a bovinocultura. Os dois primeiros são os maiores e, juntos, chegam a quase R$ 1,6 bilhão do total da cadeia”, explica Duval. Variedade Goiaba: somente em 2024, produção da fruta alcançou mais de 7 mil toneladas em uma área total de 396 hectares A goiaba foi a fruta mais cultivada em 2024, com produção de 7.060 toneladas em 396 hectares. Segundo o relatório anual, a fruta tem o cultivo desenvolvido por 187 agricultores e alcançou a arrecadação bruta de mais de R$ 30,3 milhões no ano passado - menos que a metade do obtido pelo plantio de abacate. O agricultor Assis Rosário, de 50 anos, começou o plantio da goiaba em 2020 com 1,2 mil pés da variedade Cortibel RG, conhecida pela alta produtividade, boa qualidade e resistência pós-colheita. Hoje, Assis conta com 1,7 mil pés e uma área de plantio de 3 hectares, com produção média de 300 caixas de 20 kg por mês dedicada, principalmente, às vendas governamentais. “É uma planta perene”, aponta ele, que, antes de aderir ao cultivo da goiaba, trabalhava com hortaliças. “Você planta só uma vez e, com o manejo adequado, consegue colher todo mês, o ano todo, com um valor agregado no mercado. Tem uma saída muito boa e, com mais pés, conseguimos ter mais receita.” Cultivo orientado O agricultor Assis Rosário (E) produz, mensalmente, uma média de 300 caixas de 20 kg de goiaba: “Você planta só uma vez e, com o manejo adequado, consegue colher todo mês, o ano todo, com um valor agregado no mercado” Cada etapa do plantio e manejo das goiabeiras contou com apoio técnico da Emater-DF, que auxiliou Assis na aquisição de crédito com o programa Prospera, da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Renda (Sedet-DF). O agricultor teve dois anos de carência para iniciar o pagamento do empréstimo, ganhando fôlego para trabalhar e construir um negócio sustentável. “As árvores começaram a produzir com um ano e oito meses; então, quando paguei a primeira parcela, já estava há dois meses colhendo”, relata o agricultor. “Foi muito bacana, e hoje é a goiaba que mantém a gente aqui na roça. O apoio da Emater-DF foi essencial no no plantio, com a correção de solo, a marcação de área para plantio, a adubação. Estão presentes de todas as formas.” O engenheiro agrônomo Fernando Landim, extensionista da Emater-DF, destaca que as compras governamentais e as linhas de crédito são de suma importância para alavancar as produções. Atualmente, os agricultores do DF participam dos programas de Aquisição de Alimentos (PAA), Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) e de Aquisição da Produção da Agricultura do DF (Papa), por meio de associações, e de modo individual do termo de adesão do PAA pelo Ministério do Desenvolvimento Social. “Trazemos para eles as diversas linhas de crédito que estão disponíveis, para que possam ter auxílio no desenvolvimento das plantações, além dos programas de compra, que são fundamentais para a comercialização da produção, porque pagam um preço justo aos agricultores”, explica Landim. “Ajudamos desde a inscrição dos produtores nos programas ao tratamento dos produtos, com a forma de seleção e entrega mais adequada, e a documentação para o processo.”
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Protagonismo feminino no campo: 9,4 mil mulheres cultivam alimentos e fortalecem a agricultura familiar no DF
No coração do Lago Oeste, a produtora rural Maria do Carmo Souza Pereira, 70, colhe diretamente do solo alimentos saudáveis e de qualidade que abastecem a mesa dos brasilienses. Conhecida como Irmã Carmen, ela cultiva e destina às famílias em situação de vulnerabilidade social produtos colhidos sem o uso de agrotóxicos ou fertilizantes. Maria do Carmo distribui parte de sua produção a famílias em situação de vulnerabilidade: “Mesmo com os desafios, as agricultoras seguem em frente, garantindo alimentos saudáveis para a população” | Fotos: Lúcio Bernardo Jr./Agência Brasília “As mulheres são guerreiras. Só a gente sabe lidar com o alimento, embalar, conversar com o freguês. Temos um papel fundamental nessa produção” Maria do Carmo Souza Pereira, produtora rural Assim como ela, 9,4 mil mulheres são cadastradas na Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-DF), consolidando a presença feminina nas atividades rurais. Esse número representa 41,6% do total de 18 mil propriedades rurais atendidas pela empresa. A mão de obra feminina, de acordo com Maria do Carmo, tem o seu diferencial: “As mulheres são guerreiras. Só a gente sabe lidar com o alimento, embalar, conversar com o freguês. Temos um papel fundamental nessa produção”. Apoio do governo Sem o uso de produtos químicos, ela produz mais de 20 variedades em sua propriedade de dez hectares no Assentamento Chapadinha. Colhe abacate, banana, limão, mandioca e pimentão. Parte da produção é adquirida por meio de iniciativas governamentais, como os programas Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), de Aquisição de Alimentos (PAA) e de Aquisição da Produção da Agricultura (Papa), garantindo acesso a alimentos saudáveis para a população e fortalecendo a economia rural. Horta de Maria do Carmo tem produção diversificada Para a extensionista rural Clarissa Campos Ferreira, a participação feminina no campo vai além do plantio. “São mulheres que gerenciam suas produções, acessam créditos rurais e fazem parte de programas públicos”, pontua. “Elas enfrentam jornadas duplas e às vezes até triplas, mas mantêm a produção de alimentos saudáveis e sustentáveis”. 5,7 mil Número de caixas com produtos orgânicos produzidas por Maria do Carmo Pereira em 2024 O trabalho de Maria do Carmo reflete essa realidade. Cearense, ela chegou ao assentamento há quase 20 anos e enfrentou dificuldades, mas encontrou na agricultura um caminho para prosperar. “Eu fui acolhida pela comunidade, não tinha onde morar quando cheguei”, lembra. “O que me restou foi trabalhar na roça, que era o que eu sabia fazer”. No ano passado, Maria do Carmo produziu aproximadamente 5,7 mil caixas de hortifrúti. Segundo Clarissa, um dos maiores desafios da produção orgânica é a mão de obra, já que o cultivo exige mais dedicação. “O Assentamento Chapadinha é uma região propícia para essa produção porque tem um terreno plano, acesso à água e está próximo ao centro do DF, facilitando o escoamento”, aponta. “Mesmo com os desafios, as agricultoras seguem em frente, garantindo alimentos saudáveis para a população”. Impacto social Além de gerar renda para os pequenos produtores, os programas governamentais garantem alimentos saudáveis para crianças e famílias em situação de vulnerabilidade. Para Maria do Carmo, participar dessas iniciativas é motivo de orgulho. “É uma honra muito grande saber que aquelas crianças da cidade comem o que eu planto”, afirma. “Meus filhos já comeram muito na escola, e hoje eu posso contribuir com a alimentação de outras crianças, levando um alimento saudável, sem veneno.” O empenho de produtoras como Maria do Carmo fortalece o setor agrícola do DF, que movimentou aproximadamente R$ 6 bilhões em valor bruto em 2023, consolidando esse segmento como uma prática rentável e essencial para a economia e a segurança alimentar da população.
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Agricultores familiares do DF receberão 250 kits de sementes para fortalecer produção sustentável
Mais de 200 famílias de agricultores familiares assentados no Distrito Federal receberão kits de sementes distribuídos pela Secretaria de Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural (Seagri-DF). A entrega é parte da primeira chamada pública do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA – Sementes), divulgada na segunda-feira (6). Os kits, compostos por milho crioulo, feijão-carioca e amendoim, totalizam 11 toneladas de insumos e foram selecionados conforme as demandas das comunidades, com o objetivo de fortalecer a produção agrícola sustentável e contribuir para a segurança alimentar. O evento será realizado no dia 10 de janeiro, a partir das 8h, na Casa do Cerrado, localizada no Parque Estação Biológica, no final da Asa Norte. A ação é destinada a famílias assentadas em diferentes regiões administrativas do DF, com prioridade para aquelas chefiadas por mulheres. Para participar, é necessário apresentar a Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAF) e estar inscrito no Cadastro Nacional da Agricultura Familiar (CAF). Sementes, como as de milho e de feijão, desempenham papel fundamental na alimentação das famílias e na comercialização dos excedentes | Foto: Divulgação/Seagri A entrega ocorre em um momento estratégico para a produção rural no Distrito Federal: o início da segunda safra. Esse período ocorre após a colheita da primeira safra e permite que os agricultores utilizem o mesmo terreno para plantar novamente no mesmo ano agrícola. De acordo com o secretário de Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural, Rafael Bueno, sementes como as de milho e feijão desempenham um papel fundamental tanto na alimentação das famílias quanto na comercialização dos excedentes. “Essa ação apoia as famílias com sementes essenciais para a alimentação, a comercialização e a geração de renda. O governador Ibaneis Rocha e a vice-governadora Celina Leão têm se empenhado para garantir qualidade de vida no campo, especialmente para as famílias de menor poder aquisitivo”, afirmou. Programa de Aquisição de Alimentos no DF O Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) apresentou resultados expressivos em 2024. Ao todo, 263 instituições foram atendidas, beneficiando diretamente mais de 68 mil pessoas. Além disso, 224 agricultores familiares participaram, fornecendo 161.478 toneladas de alimentos. Esses números refletem o impacto significativo do programa no fortalecimento da agricultura familiar e na promoção da segurança alimentar no DF. Os produtores rurais interessados em receber os kits deverão acessar o edital completo, disponível no site da Seagri, em que estão detalhados os critérios para participação. A distribuição respeitará as condições estabelecidas no documento, considerando que o número de kits é limitado. No dia do evento, é indispensável apresentar a documentação exigida. Para mais informações, a secretaria disponibiliza os telefones (61) 3051-6418 e (61) 3051-6401. *Com informações da Seagri-DF
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Compras do Programa de Aquisição de Alimentos beneficiam 968 agricultores
A Emater-DF reabriu na última semana o sistema de planejamento de entregas no Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). O objetivo é organizar os 968 agricultores familiares já inscritos para reiniciarem a comercialização da sua produção agrícola, a partir desta segunda-feira (26), por meio do PAA Termo de Adesão, na modalidade compra com doação simultânea. Equipe da Gerência de Comercialização da Emater-DF recebe alimentos produzidos por agricultores familiares | Foto: Divulgação/Emater-DF O saldo para a execução do PAA até maio é de aproximadamente R$ 1 milhão, e as entregas recomeçam nesta próxima segunda-feira (26) com previsão de vigorar por dez semanas. O recurso é originário do Ministério do Desenvolvimento Social, que o repassa à Secretaria de Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural (Seagri) por meio de um termo de adesão. A Emater-DF é uma parceira na execução do programa desde 2009. “As compras que vão iniciar neste final de fevereiro contribuirão para a segurança alimentar de milhares de pessoas em estado de vulnerabilidade no DF e também para o desenvolvimento socioeconômico da agricultura familiar no Estado”, afirma o diretor de Compras Institucionais da Seagri, Lúcio Flávio da Silva. “Esperamos seguir com essa política, contando com novo aporte de recurso do governo federal”. Pelo PAA, o governo federal compra alimentos dos agricultores familiares que são doados por meio dos equipamentos públicos, como Banco de Alimentos e Mesa Brasil, a entidades socioassistenciais que atendem pessoas em situação de vulnerabilidade social e insegurança alimentar. [Relacionadas esquerda_direita_centro=”esquerda”] Essa participação junto aos produtores rurais abrange assistência técnica na produção dos alimentos, inscrição no Cadastro Nacional da Agricultura Familiar (CAF), que identifica o agricultor familiar, inscrição no PAA e toda a documentação necessária, além de orientações quanto à qualidade do produto e orientações para emissão da nota fiscal. “A Emater-DF presta apoio aos agricultores na interlocução com a entidade que vai receber os alimentos; orientamos sobre o cronograma de plantio e colheita para a entrega, além da emissão de notas fiscais e o que mais for necessário”, explica a extensionista rural da Emater-DF Bruna Heckler. A Gerência de Comercialização da Emater-DF levanta a demanda de produtos e envia a relação aos escritórios locais, que selecionam os produtores com o perfil para atendimento. Além disso, a empresa acompanha a entrega do produto para auxiliar o produtor no preenchimento da nota fiscal. Os agricultores familiares inscritos devem procurar os escritórios locais da Emater-DF da sua região para mais informações. Merenda escolar Para garantir uma alimentação fresquinha aos alunos da rede pública de ensino, o Governo do Distrito Federal (GDF) também vai adquirir 33 produtos de hortifrútis oriundos da agricultura familiar. Os itens produzidos no Distrito Federal serão vendidos à Secretaria de Educação, o que vai gerar uma movimentação de R$ 2.977.009,84 para comprar 550 toneladas de alimentos somente nas primeiras sete semanas do ano letivo. Entre os dias 19 de fevereiro e 5 de abril, os alunos terão na alimentação itens como abóbora japonesa, cebolinha, chuchu, hortelã, manjericão, maracujá, entre outros. De acordo com a diretora de Alimentação Escolar (DIAE) da Secretaria de Educação, Juliene Moura Santos, a montagem dos cardápios das escolas varia conforme a sazonalidade dos alimentos. “Nós fazemos o cardápio em volta do que está disponível no mercado”, explica. “Os produtores fazem a colheita no fim de semana e eles entregam nas escolas logo na segunda-feira. Então, os produtos são sempre consumidos frescos”, pontua Juliene. No ano passado, o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) atendeu mais de 400 mil estudantes, o que demandou um investimento anual de R$ 100,7 milhões para adquirir os itens alimentícios, transportar e armazenar. Em 2023, o governo destinou R$ 38,2 milhões a produtores rurais, com a compra de 6.267 toneladas de alimentos oriundos da agricultura familiar. *Com informações da Emater-DF
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