Distrito Federal registra aumento nas doações de órgãos e córneas
O Distrito Federal tem avançado no trabalho de conscientização sobre a doação de órgãos. Dados da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO) apontam que, entre janeiro e junho deste ano, foram realizados, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), 156 transplantes de órgãos e 173 de córneas. No mesmo período de 2024, foram registrados 135 de órgãos e 157 de córneas — crescimento de 15,5% e 10,2%, respectivamente. Apesar do resultado, especialistas da Secretaria de Saúde (SES-DF) apontam que o maior gargalo é ainda a doação. “Existe uma máxima que diz 'sem doação não há transplante'. E é verdade. Temos, hoje, mais pacientes aguardando do que doações de órgãos. Portanto, autorizar tal atitude é fundamental para reduzir o tempo de espera e melhorar a qualidade de vida de quem precisa”, explica a diretora da Central Estadual de Transplantes (CET-DF), Daniela Salomão. Na mesma linha, o chefe do Núcleo de Relacionamento Inter-Hospitalar (NRIH), Sandro Rogério Gabriel dos Santos, reforça o papel da mobilização coletiva: “O trabalho em rede é fundamental. Quando a população entende a importância da doação e os hospitais atuam de forma integrada, conseguimos salvar mais vidas”. Para o especialista, contudo, é preciso equilibrar a clareza sobre a importância da doação com a sensibilidade diante da dor da perda. "Cada autorização significa uma nova chance de vida para quem está na fila, mas também indica que alguém amado se foi", acrescenta. Para que um paciente seja inscrito na lista de espera, é necessário passar por uma avaliação médica com profissionais autorizados | Foto: Jhonantan Cantarelle/Agência Saúde-DF Além das doações locais, o DF também participa de captações em outros estados, o que reforça seu papel de destaque no cenário nacional. Processo de transplantes Para que um paciente seja inscrito na lista de espera, é necessário passar por uma avaliação médica com profissionais autorizados. Após a confirmação da necessidade de um novo órgão, a pessoa será inserida na lista única do Sistema Nacional de Transplantes (STN). A posição pode ser consultada pelo site do Ministério da Saúde. Na capital federal, o CET-DF coordena todo o processo de transplantes, desde o gerenciamento do cadastro de receptores até a logística e a distribuição dos órgãos. A lista é nacional e o gerenciamento passa pelo SUS, ainda que alguns possam ser realizados na rede complementar. Atualmente, o DF realiza transplantes de coração, rim, fígado, pele, córnea, medula óssea, válvula cardíaca e músculo esquelético. A rede privada também oferece várias dessas modalidades. Na rede pública, o Hospital Regional da Asa Norte (Hran) realiza transplantes de pele. Outros procedimentos passam pelas equipes do Hospital de Base (HB-DF), Hospital Universitário de Brasília (HUB) e Instituto de Cardiologia e Transplantes do DF (ICTDF). Já o Hospital da Criança de Brasília (HCB) é responsável pelo transplante de medula óssea autólogo pediátrico. *Com informações da Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF)
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Hospital de Base realiza três transplantes renais em menos de 24 horas
Entre a manhã de terça-feira (19) e a noite de quarta-feira (20), o Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF) realizou três procedimentos de transplante renal. Em um intervalo de 24 horas, três pacientes conseguiram receber doações de rins e foi possível realizar os procedimentos que vão garantir a elas uma sobrevida com mais qualidade. A responsável técnica do serviço de Transplante Renal do Hospital de Base, Viviane Brandão, explicou que a instituição tem se empenhado em aumentar o número de transplantes realizados por ano. “A colaboração entre diferentes setores do hospital, como radiologia, cardiologia, urologia e a equipe de nefrologia, tem sido crucial para agilizar o processo de exames e triagem dos pacientes, reduzindo o tempo para a inclusão na lista de espera”, disse. O sucesso dos três procedimentos no Hospital de Base reflete a intensa cooperação entre as equipes de nefrologia e urologia, responsáveis pela realização dos transplantes | Foto: Tony Oliveira/Agência Brasília O Hospital de Base realiza transplantes renais desde o início dos anos 1980. “Houve uma época em que apenas o HBDF realizava transplantes em Brasília. Por isso, houve um tempo em que chegamos a realizar até 80 transplantes renais no ano. Depois, a oferta foi diluída, pois outros hospitais regionais também passaram a realizar o procedimento”, explica Viviane. Nos últimos anos, a média vinha sendo entre 18 e 20 transplantes por ano. Viviane ressalta que o feito de três transplantes renais em 24 horas só foi possível graças a uma série de mudanças implementadas pelo hospital nos últimos meses, que permitiram otimizar o processo de triagem, exames e colocação de pacientes na lista de espera, além de uma maior agilidade nas ofertas de órgãos para transplante, com aceite de ofertas locais e nacionais. De acordo com a chefe do Serviço de Nefrologia e Transplante Renal, Flávia Gonçalves, “é um compromisso do Serviço de Nefrologia e Transplante Renal do HBDF trabalhar para viabilizar o aumento do número de transplantes renais realizados no hospital”. “A colaboração entre diferentes setores do hospital, como radiologia, cardiologia, urologia e a equipe de nefrologia, tem sido crucial para agilizar o processo de exames e triagem dos pacientes, reduzindo o tempo para a inclusão na lista de espera”, afirma a responsável técnica do serviço de Transplante Renal do Hospital de Base, Viviane Brandão | Fotos: Alberto Ruy/IgesDF Em termos de números, apenas em novembro, foram registrados cinco transplantes de rim até o dia 21. Em 2024, foram 32 transplantes renais realizados até o momento, enquanto em 2023, o total foi de 19. “É um salto significativo. Porém, precisamos conscientizar a população e criar uma cultura de doação de órgãos”, lembra a Dra. Viviane. Segundo a especialista, sem a oferta de órgão, nada teria sido possível. “Duas das nossas pacientes haviam sido priorizadas na lista, devido à gravidade de seus quadros clínicos. Essa priorização coloca esses pacientes no topo da lista de espera, permitindo que recebam órgãos com maior urgência”, conta. Uma doação que chegou do Pará foi decisiva para salvar a vida de uma das pacientes receptoras. “Quando o paciente é priorizado, recebemos mais ofertas de órgãos nacionais, como foi o caso. Essas doações são organizadas por um trabalho muito sério que é realizado pelo Sistema Nacional de Transplantes (SNT) do Ministério de Saúde”, explica. Trabalhando para salvar vidas Equipe de profissionais da nefrologia e transplante renal do HBDF | Foto: Divulgação/IgesDF O sucesso dos três procedimentos mostra também a intensa cooperação entre as equipes de nefrologia e urologia, responsáveis pela realização dos transplantes. A coordenação das equipes com plantões rotativos, realizada com a ajuda de Manuel Fernandes, chefe da Urologia, garantiu que os procedimentos fossem realizados com a máxima eficiência. “Para aqueles que aguardam ansiosamente na fila de transplantes, cada doador é uma esperança. Tomar essa decisão em um momento tão delicado exige coragem e generosidade” Flávia Gonçalves, chefe do Serviço de Nefrologia e Transplante Renal A cirurgia de transplante renal, que pode durar entre 4 e 6 horas, requer uma logística cuidadosa, especialmente no que diz respeito ao pós-operatório, quando os pacientes são monitorados na UTI cirúrgica antes de seguir para acompanhamento na enfermaria. Segundo a médica, o HBDF tem avançado na formação de novos profissionais, com a admissão de médicos residentes que foram formados dentro da própria instituição. “Isso tem contribuído para o aumento da capacidade do hospital de realizar transplantes”, disse. A falta de doadores continua sendo um dos maiores desafios para que os transplantes possam ser realizados com maior frequência. “O ideal seria que três transplantes renais no dia fossem rotina e não uma notícia”, conta. Viviane lembra que a doação de órgãos é um processo controlado e seguro, e que a conscientização sobre sua importância é fundamental para salvar vidas. “Em muitos casos, a negativa das famílias em autorizar a doação de órgãos é o principal obstáculo para a realização de transplantes. Com mais doadores, teremos números de transplantes cada vez melhores”, completou. “É natural que, em meio a essa dor, surjam dúvidas e receios diante da possibilidade de autorizar a doação de órgãos. Mas entendemos que é um ato de amor que permite que outras pessoas tenham uma nova chance de viver. Para aqueles que aguardam ansiosamente na fila de transplantes, cada doador é uma esperança. Tomar essa decisão em um momento tão delicado exige coragem e generosidade”, diz Flávia. Ela acrescenta que todo o processo é realizado com ética, respeito e cuidado, honrando a memória e a dignidade do doador. “Cada vida salva através desse gesto nobre é uma homenagem ao amor e à generosidade da família que decidiu dizer sim”, conclui. *Com informações do IgesDF
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Setembro Verde: Doação de órgãos salva vidas
A Campanha Setembro Verde, celebrada nesta sexta-feira (27), tem por objetivo chamar a atenção para a doação de órgãos. A data tem o objetivo de conscientizar sobre a importância desse ato e incentivar a conversa familiar aberta sobre esse gesto de esperança e solidariedade, já que a autorização é feita pela família. O mote da campanha do Ministério da Saúde (MS) deste ano é “Doação de órgãos: precisamos falar sim”, que alerta para o diálogo e desmistificação do assunto. Cerca de 66,2 mil pessoas aguardam na lista de espera por um órgão no Brasil. A lista para transplantes é única e vale tanto para pacientes do SUS quanto da rede privada. No Distrito Federal (DF), são 1,6 mil pessoas no aguardo: 801 por rins, 732 por córneas, 44 por coração e 23 por fígado. Até agosto deste ano, foram realizados 545 transplantes, sendo 207 de córnea, 177 de órgãos (incluindo rim, fígado e coração) e 161 de medulas ósseas. Campanha Setembro Verde tem o objetivo de conscientizar sobre a importância desse ato e incentivar a conversa familiar aberta sobre esse gesto de esperança e solidariedade | Foto: Ualisson Noronha/Agência Saúde-DF Desde 2007, foram realizados mais de 400 transplantes de coração no DF. O cirurgião e chefe do transplante cardíaco do Instituto de Cardiologia e Transplantes do DF (ICTDF), Fernando Atik, destaca que a campanha é necessária para esclarecer e sensibilizar sobre doação. “O transplante cardíaco é o tratamento padrão ouro para pacientes com insuficiência cardíaca avançada e aumenta a sobrevida neste grupo de pacientes com melhoria substancial da qualidade de vida e da capacidade física e funcional”, aponta. De acordo com o Registro Internacional de Transplante de Coração e Pulmão, a sobrevida após o transplante de coração é de 13 anos, em média. Alguns critérios podem fazer o receptor ter prioridade na lista, como pacientes com maior gravidade no quadro de saúde, por exemplo, uma vez que a condição clínica inspira maior cuidado. Também é levado em conta a impossibilidade de diálise, para pacientes renais; a insuficiência hepática aguda grave, entre doentes do fígado; a assistência circulatória, para cardiopatas; e a rejeição a órgãos recém-transplantados, além de tipagem sanguínea, compatibilidade genética, peso e altura do paciente. Caso dois pacientes atendam aos mesmos critérios, é respeitada a ordem de entrada na lista. Doadores Há dois tipos de doador: O doador vivo que pode doar um dos rins, parte do fígado, parte da medula óssea ou parte do pulmão. O segundo tipo é o doador falecido. São vítimas de lesões cerebrais irreversíveis, com morte encefálica comprovada pela realização de exames clínicos e de imagem. A técnica de enfermagem Rita de Kassia de Souza Santos autorizou a doação de rins, coração, fígado e córneas de seu filho Gabriel Henrique de Souza Veras: “O meu sim renovou e restaurou outras vidas” | Foto: Arquivo Pessoal A técnica de enfermagem do Hospital Regional de Santa Maria (HRSM), Rita de Kassia de Souza Santos, 40, praticou um ato de amor diante da perda de seu filho Gabriel Henrique de Souza Veras, que morreu em janeiro de 2023, aos 18 anos, após um choque elétrico durante uma partida de futebol. Ela doou os rins, o coração, o fígado e as córneas do jovem. “Em algumas conversas comigo, ele me contou que gostaria que seus órgãos fossem doados. Quando foi constatada a morte encefálica do meu filho, lembrei e fiz o desejo dele”, conta Rita diz ainda que acredita ter feito a escolha certa. “Pensar no próximo, ter amor e empatia foi a parte mais linda dessa história. Essa data tem um significado importantíssimo na minha vida porque, através do meu filho, salvamos outras seis famílias. O meu sim renovou e restaurou outras vidas. Falar em doação de órgãos, por mais que me doa, aquece meu coração”, completa. Serviço de transplante no DF A Central Estadual de Transplantes do Distrito Federal (CET-DF) é responsável pela coordenação das atividades de transplantes no âmbito do DF, abrangendo a rede pública e particular de saúde. A diretora Gabriella Ribeiro Christmann, ressalta a importância da conversa com a família na busca pela ampliação de possíveis doadores de órgãos. “Sem a autorização familiar, não há doação. Por isso é muito importante que as pessoas que desejam doar conversem sobre esse assunto com seus familiares e deixem claro a sua vontade. Quando a pessoa fala que quer doar, facilita para a família tomar a decisão e aceitar a doação”, explica. Na saúde pública, o ICTDF, contratado pela SES-DF, faz transplantes de coração, rim, fígado, córnea e medula óssea. O Hospital da Criança de Brasília José Alencar (HCB) realiza transplante de medula óssea autólogo pediátrico. No Hospital de Base (HB) e no Hospital Universitário de Brasília (HUB) são feitos procedimentos de rim e córnea. O HUB também realiza transplante de medula óssea. *Com informações da Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF)
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Culto ecumênico presta homenagem a famílias de doadores de órgãos
Seguindo as comemorações do Setembro Verde, mês de conscientização sobre doação de órgãos e tecidos, a Central Estadual de Transplantes do Distrito Federal (CETDF) e a Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT) realizaram um culto ecumênico na quinta-feira (19), no jardim interno do Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF), em homenagem às famílias de doadores. Após o culto, familiares de pessoas que doaram os órgãos receberam uma rosa branca entregue por pessoas transplantadas que hoje levam a vida com tranquilidade, graças ao ato de generosidade. A presidente da CIHDOTT do Hospital de Base, Adriana Cavalcante, ressalta a importância de as famílias conversarem sobre a doação de órgãos e expressarem suas vontades. “A conscientização de que a doação é um ato de amor e que pode salvar muitas vidas precisa ser disseminado dentro das famílias brasileiras. É preciso conversar com os familiares que, diante de uma situação de morte, existe a possibilidade de doar órgãos”, explicou. Após o culto, familiares de pessoas que doaram os órgãos receberam uma rosa branca entregue por pessoas transplantadas | Fotos: Marcus Vieira/ IgesDF Um ato de amor Gabriel Henrique tinha apenas 18 anos quando levou um choque fulminante. Com a morte encefálica determinada pela equipe médica, a mãe dele, Rita de Kássia de Souza Santos, foi contactada pela equipe responsável e questionada se tinha intenção de doar os órgãos dele. “Um dia, no meio de nossas conversas, ele falou que, se algum dia precisasse, que ele seria doador. Eu só respeitei a vontade dele”, conta Rita. Gabriel acabou sendo um doador de córneas, coração, rins e fígado. Antônio Pereira Neto faleceu aos 47 anos de forma repentina. A irmã dele, Francineia Pereira Borges, foi contactada pouco tempo depois de receber a notícia, pelo Núcleo de Organização de Procura de Órgãos (Nopo). “Meu irmão tinha uma vida muito voltada para fazer o bem aos outros. Ele se doava muito em ações sociais. Então ele já tinha expressado o desejo de ser doador”, lembra Francineia. Francineia Pereira Borges: “Sou cristã e vejo a doação de órgãos como uma continuidade da vida” De acordo com Francineia, todos deveriam estar abertos a essa entrega: “Sou cristã e vejo a doação de órgãos como uma continuidade da vida. No sentido de ajudar o próximo, de poder dar vida por meio da nossa própria vida. Doar é como trazer vida nova a pessoas que precisam, que necessitam. É um gesto de amor, de solidariedade”. Robério Melo é portador de hemocromatose, doença em que o organismo produz muito ferro e acaba não eliminando. Por conta disso, precisou de um transplante de fígado. “Eu tinha apenas mais três dias de vida. No último dia eu recebi o órgão. Na minha cabeça, foi como se Deus tivesse me dado uma segunda chance”, conta. Robério Melo: “Quando chega a doação, você tem uma vida nova, é uma vida renovada no mundo” “Quando você está na fila de transplante, em um hospital internado, você não sabe se você vai viver para esperar a cirurgia, você não sabe se vai continuar vivo. É essa angústia, um medo misturado com esperança. Todo dia você acorda e agradece por mais um dia até chegar o transplante. Quando chega a doação, você tem uma vida nova, é uma vida renovada no mundo”, explica. Robério conta que enxergou a vida após o transplante como uma nova missão de vida. “Eu percebi que eu precisava devolver isso de alguma forma e criei o Instituto Brasileiro de Transplantados (IBTX)”. Organização sem fins lucrativos, o instituto oferece apoio aos pacientes transplantados e aqueles que vão fazer um transplante. “Damos suportes com entrega de cestas básicas, ajudamos a família a pagar uma conta de água ou de luz. Quando o provedor da casa fica doente, a família toda fica doente e passa necessidade. Então, oferecemos esse suporte”, conta Robério. “É muito bom saber que, de alguma forma, alguém vive porque recebeu um pedacinho de quem a gente ama. E saber que agora outras famílias estão felizes é muito gratificante”, conclui Francineia Pereira Borges. *Com informações do IgesDF
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