GDF regulariza 780 imóveis rurais e leva segurança jurídica a famílias no campo
Não há cidade sem campo, nem alimento sem o trabalho do produtor rural e do motorista que o transporta. Com esse olhar sobre a importância da zona rural para a vida urbana, o Governo do Distrito Federal (GDF) avança no programa de regularização fundiária iniciado em 2023. De janeiro até julho de 2025, o programa somou 200 regularizações. Desde o início, já são 780 imóveis rurais formalizados por meio de diferentes instrumentos jurídicos, de acordo com a Empresa de Regularização de Terras Rurais (ETR). O Governo do Distrito Federal avança no programa de legalização fundiária; de janeiro até julho de 2025, foram 200 regularizações | Fotos: Joel Rodrigues/Agência Brasília Segundo o presidente da ETR, Cândido Teles de Araújo, os resultados alcançados desde a criação da entidade refletem uma mudança significativa na forma como o processo de regularização fundiária é conduzido no DF. “Com as novas tecnologias, conseguimos encurtar caminhos. Antes, para conseguir um contrato, era preciso passar por 28 etapas. Hoje, a principal exigência é que o cidadão esteja ocupando a área e desenvolvendo alguma atividade rural ou ambiental”, explica. Outro avanço, segundo ele, foi a mudança de postura da administração pública, que passou a ir até o produtor: “Agora, nós tomamos a iniciativa de chamar as pessoas para regularizar suas terras. Por meio dos editais de chamamento, os interessados se apresentam voluntariamente. Isso evita parcelamentos irregulares, grilagens e a venda de áreas por quem não é proprietário de fato. Essa medida já beneficiou mais de 500 famílias”. Cândido também confirmou a continuidade das ações. “Lançamos recentemente um edital de chamamento no Lago Oeste, uma área grande que recebemos da União, chamada Contagem de São João. Serão mais de 540 famílias beneficiadas. Já estamos atendendo os produtores e, nos próximos 90 dias, esse público será completamente contemplado”, conta. Editais de chamamento incentivam os produtores rurais a, de forma espontânea, regularizarem suas terras Sobre os modelos de concessão, a principal diferença está na exigência de matrícula individualizada: a Concessão de Direito de Uso (CDU) dispensa essa exigência, enquanto a Concessão de Direito Real de Uso (CDRU) requer o documento, o que encarece o processo devido ao pagamento de Imposto sobre Transmissão de Bens e Imóveis (ITBI). Na prática, ambos garantem os mesmos direitos, como posse da terra, renovação da concessão a cada 30 anos e possibilidade de compra futura. Por esses motivos, a CDU tem se mostrado mais vantajosa para os produtores. O Programa de Assentamento de Trabalhadores Rurais (Prat), por sua vez, é destinado a assentamentos de trabalhadores rurais. Sobre o Prat, o presidente da ETR lembra que o programa envolve terras destinadas à reforma agrária pela Terracap em 2013 e 2014. “Essas áreas foram repassadas aos movimentos sociais e parte delas está sendo devolvida à Terracap. Agora, a Secretaria de Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural (Seagri-DF) conduz esse processo e a ETR poderá entregar a CDU aos ocupantes, conforme os prazos definidos pela nova legislação”, esclarece. Em 2023, primeiro ano de execução do programa, foram formalizadas 206 áreas, sendo 190 por meio de CDU e CDRU, além de 16 transferências. Em 2024, foram 374 imóveis regularizados: 283 por CDU/CDRU, 64 por transferências e 27 pelo Prat. Até julho de 2025, o programa soma mais 200 regularizações, sendo 160 por CDU/CDRU, 30 por transferências e 10 pelo Prat. O presidente da ETR ressaltou o impacto positivo: “É uma política de paz no campo. Com o documento, o produtor rural tem acesso a crédito subsidiado, como o FCO [Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste]. Isso gera emprego, renda e desenvolvimento. O produtor rural tem os mesmos direitos que o homem da cidade. Precisa estar fixado no campo para produzir os alimentos que consumimos. A cidade processa o alimento, mas quem produz é o campo”. Por fim, Cândido destacou o compromisso do governo: “Depois de 65 anos, o produtor finalmente está recebendo o documento da sua terra. Isso só foi possível com o apoio do governador Ibaneis Rocha, da vice-governadora Celina Leão e da Terracap. A criação da ETR foi fundamental para dar agilidade a esse processo. Nosso trabalho é feito com carinho, respeito e reconhecimento ao produtor rural. Ele tem direito a ter uma boa casa. Se o morador da cidade tem direito ao documento do seu imóvel, o homem do campo também deve ter”. [LEIA_TAMBEM]Segurança O maior produtor rural de jabuticaba do Distrito Federal e presidente da Associação dos Produtores Pioneiros dos Caub I e II, Orlando de Azevedo, 71 anos, reforça que, com a documentação em mãos, os produtores ganham segurança jurídica. “Agora sim, é como ter um imóvel escriturado e registrado no nome. A gente pode construir, investir. Antes, a terra era do governo. Agora, é nossa. Com toda essa documentação, nós, produtores rurais, nos sentimos seguros. Tudo que foi construído aqui foi com o nosso suor e nossos recursos. Se atualizassem o valor de tudo que já investimos, a propriedade valeria como área urbana. Mas o que queremos mesmo é justiça: reconhecimento e o direito de continuar produzindo”, ressalta. Ele lembra que chegou à região em 2003: “Desde então, sofremos pressões pela retomada das áreas. Por isso, criei a associação. Convidei outros produtores, formamos parcerias com conselhos rurais, e fomos à luta com reuniões e articulações. Até que a ETR surgiu. A fazenda foi dividida em glebas, individualizamos as chácaras, as matrículas foram registradas em cartório, e assim foi possível lançar os editais de venda para os ocupantes”. Segundo ele, a empresa já regularizou grande parte das áreas rurais. “Ainda falta muito, mas já foi um avanço enorme. Editais de venda foram lançados e estamos comprando as terras, realizando o sonho do produtor rural de adquirir aquilo onde investimos a vida toda”, comemora. Orlando de Azevedo, produtor rural de jabuticaba: "Agora sim, é como ter um imóvel escriturado e registrado no nome. A gente pode construir, investir. Antes, a terra era do governo. Agora, é nossa" Gabriel de Jesus, 68, produtor rural que atua com gado leiteiro e produção de queijo, fala com entusiasmo sobre a importância da regularização fundiária para quem vive da terra. “A importância dessa regularização aqui na nossa região é fundamental. A gente luta há muitos anos por isso”, diz. Segundo ele, a falta de regularização trouxe muita incerteza ao longo do tempo: “Durante todo esse período, produzimos acreditando que um dia esse direito viria. E agora, sim, a gente está muito feliz. Agora vamos poder trabalhar com tranquilidade, sem medo de sermos retirados da terra, como já aconteceu com outros produtores. A gente vivia com ameaça de derrubada, era difícil produzir com esse tipo de pressão. Agora, temos garantia e respaldo”. O produtor agrícola com foco em banana, José Gonzaga, 80, também destaca que a regularização fundiária no DF representa segurança total. “Era muita insegurança, pois a gente não tinha apoio real por parte do governo. Foram anos difíceis. Hoje, graças a Deus, depois de tanto tempo, estamos vendo justiça ser feita. Receber a terra e ter um título é algo que nos dá tranquilidade, inclusive para conseguir financiamento e dar segurança para a família”, afirma. Para o produtor agrícola José Gonzaga a regularização fundiária representa segurança: "Receber a terra e ter um título é algo que nos dá tranquilidade, inclusive para conseguir financiamento e dar segurança para a família" ETR Acerta Em maio deste ano, a empresa também lançou o programa de renegociação de dívidas, o ETR Acerta. Os produtores puderam aderir às condições especiais de pagamento, por meio da emissão nominal dos contratos de CDRU e de CDU para áreas rurais do Distrito Federal. “Muitos produtores estavam inadimplentes porque os valores eram altos. Com o ETR Acerta, permitimos o parcelamento em até 12 vezes, com isenção de multas e encargos. Mais de 700 famílias estão sendo beneficiadas. Isso é bom tanto para o produtor, que regulariza sua situação, quanto para nós, que conseguimos receber”, explica o presidente da Empresa, Cândido Teles de Araújo.
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Lançado livro sobre a conservação do Cerrado no Caminho de Cora Coralina
No último dia 3, a auditora fiscal de atividades urbanas Celia Maria Machado Ambrozio lançou em Pirenópolis (GO) o livro Conservação do Cerrado: Entre Cultura e História no Caminho de Cora Coralina. A obra é um estudo aprofundado sobre a conservação ambiental e a interação com aspectos culturais e históricos na rota turística e ecológica liga a cidade de Cocalzinho de Goiás à histórica Cidade de Goiás, local onde viveu a renomada poetisa Cora Coralina. Livro promove conscientização ambiental sobre a importância do Cerrado | Foto: Divulgação/Brasília Ambiental A trilha passa por importantes regiões de preservação ambiental, incluindo a Área de Proteção Ambiental (APA) da Serra dos Pireneus, o Parque Estadual dos Pireneus e o Parque Estadual de Jaraguá. O livro é resultado da dissertação de mestrado de Celia, realizado entre 2021 e 2022 na Universidade de Brasília (UnB), no curso de meio ambiente e desenvolvimento rural. “Publicações como essa são fundamentais para ampliar o entendimento da sociedade sobre a importância da preservação do Cerrado” Celina Leão, vice-governadora do DF Durante sua investigação, Celia selecionou dez propriedades rurais para um estudo mais detalhado, entre elas algumas reservas particulares do patrimônio natural (RPPNs), bem como fazendas tradicionais que preservam a conscientização ambiental, a cultura e a gastronomia goiana. A auditora percorreu trilhas, fez entrevistas com proprietários e analisou mapas de uso do solo, utilizando dados do Cadastro Ambiental Rural (CAR) e do MAP-Biomas. O livro traz uma reflexão sobre o papel dos atores envolvidos na conservação do Cerrado, como o governo, as redes de organização social, diversos segmentos das sociedades, proprietários rurais, empreendedores de turismo e voluntários, além de enfatizar a importância da interação entre meio ambiente, cultura e história. Segundo Celia, a publicação busca disseminar conhecimento e incentivar a participação de diferentes setores na proteção do bioma. A vice-governadora do Distrito Federal, Celina Leão, ressaltou a relevância do trabalho da servidora para a conscientização ambiental e cultural da região: “A integração entre meio ambiente, cultura e história é fundamental para o desenvolvimento sustentável do nosso país”. O estudo de Celia Maria Machado Ambrozio, auditora do Brasília Ambiental, identificou desafios e oportunidades para a conservação do Cerrado “Publicações como essa são fundamentais para ampliar o entendimento da sociedade sobre a importância da preservação do Cerrado. O trabalho da Celia alia conhecimento técnico e sensibilidade cultural, e isso contribui de forma concreta para fortalecer a educação ambiental e a valorização das nossas riquezas naturais”, afirmou o presidente do Instituto Brasília Ambiental, Rôney Nemer. Segundo Celia Ambrozio, a escolha do Caminho de Cora Coralina para a pesquisa se deu pela sua relevância ambiental e cultural. “A região é reconhecida pela criação da primeira RPPN do Brasil, denominada Vagafogo. Rica em biodiversidade, cultura e história, a região apresenta grande potencial para a formação de corredores ecológicos e para a conscientização sobre a conservação do Cerrado”, comenta. O estudo identificou desafios e oportunidades para a conservação do bioma, destacando a importância da educação ambiental, da adesão ao CAR e da formação de corredores ecológicos. Outro ponto relevante foi a necessidade de maior participação do Estado e dos proprietários rurais na governança ambiental, além do fortalecimento de redes de conservação e gestão territorial. “A pesquisa demonstra a melhoria contínua nesse processo de governança ambiental para promover a participação mais efetiva da sociedade, integração, apoio mútuo nessa representação do setor rural e a sensibilização sobre a importância da conservação e da recuperação do bioma”, complementa Celia. *Com informações do Brasília Ambiental
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GDF inicia georreferenciamento de fazendas nas áreas rurais de São Sebastião
O Governo do Distrito Federal (GDF) iniciou os trabalhos de georreferenciamento de dez fazendas localizadas no Núcleo Rural Nova Betânia e Área Rural da Aguilhada, em São Sebastião. O procedimento é uma das etapas iniciais do processo de regularização fundiária da região, que existe há mais de 60 anos. Com a regularização da propriedade rural, produtores têm segurança jurídica e podem obter crédito agrícola | Foto: Geovana Albuquerque/Agência Brasília O georreferenciamento é um processo que determina a posição exata de um imóvel por meio de coordenadas geográficas, delimitando sua extensão e limites com equipamentos de alta precisão, imagens de satélite e softwares de geoprocessamento, sendo essencial para a regularização fundiária e segurança jurídica. “Não havia segurança jurídica para nós, produtores rurais. Então, essa regularização é extremamente importante” Osmar Oliveira, produtor rural Duas empresas foram selecionadas pelo GDF, por meio de licitação, para executar o serviço. Todo o processo e atuação das empresas será supervisionado, fiscalizado e acompanhado pela Empresa de Regularização de Terras Rurais do DF (ETR). “Este é um contrato feito pela ETR, e trabalharemos exercendo a supervisão desse contrato sobre decisões técnicas que devem ser tomadas ao longo de todo o processo”, detalha o diretor de produção da empresa, Thúlio Cunha Moraes. “São Sebastião é, hoje, um dos territórios mais ameaçados pela ocupação desordenada, por isso o enfoque neste momento será maior nessa região.” Hoje, 68% do território do Distrito Federal está dividido em áreas rurais. Em 2024, 13.602,10 hectares foram regularizados pelo governo. O número é 127% maior que o mesmo período do ano anterior | Foto: Matheus H. Souza/Agência Brasília Uma das propriedades rurais incluídas no georreferenciamento da região pertence a Osmar Oliveira, 6. Na fazenda desde que nasceu, o agricultor familiar produz polpas de frutas, além de mandioca e limão. Desde então, ele aguardava pela tão sonhada regularização. “Eu me sentia como uma criança sem Certidão de Nascimento. É como se minha fazenda e nós dessa região não existíssemos”, afirma. Sem a devida regularização da propriedade rural, produtores como Osmar enfrentavam dificuldades, incluindo a impossibilidade de obter crédito agrícola. “Isso gerava um êxodo rural. Não havia segurança jurídica para nós produtores rurais. Então, essa regularização é extremamente importante para nós. Estávamos desacreditados de que ela um dia chegaria”, relata. Regularização fundiária Hoje, 68% do território do Distrito Federal está dividido em áreas rurais. Em 2024, 13.602,10 hectares foram regularizados pelo governo. O número é 127% maior que o mesmo período do ano anterior, quando houve a regularização de quase 6.000 hectares. A ETR atua para destravar os processos de regularização rural, com ações centradas em analisar a legitimidade das ocupações e para promover a individualização das matrículas dos imóveis rurais. “A criação da ETR é um marco para a regularização fundiária rural do DF. Pela primeira vez se pensou numa empresa cuja missão institucional é única e exclusivamente promover a regularização fundiária. A empresa veio para resolver essa demanda histórica da capital do país”, enfatiza o diretor de produção. Desde a criação da empresa, o DF acumula 500 contratos de concessão oneroso de uso (CDUs) aprovados e de aproximadamente 20 mil hectares documentados. Somente em 2025, foram entregues mais 15 CDUs.
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GDF passa de 100 km de canais de irrigação com inaugurações em Planaltina
O Governo do Distrito Federal (GDF) inaugurou, nesta sexta-feira (22), mais dois canais de irrigação na área rural, chegando a 100,97 km de novas tubulações desde 2019, beneficiando 874 famílias responsáveis por produzir os alimentos que chegam às mesas de milhares de brasilienses. As mais recentes entregas são os projetos do Núcleo Rural Rio Preto, a Lagoinha, e do Núcleo Rural Monjolo, ambos em Planaltina, que correspondem a 5,5 km e 3,7 km em tubos, respectivamente. As obras integram o projeto do governo de renovar os canais de irrigação do campo. O governador Ibaneis Rocha destacou, nesta sexta-feira (22), em Planaltina, o empenho do governo para viabilizar projetos sobre irrigação e tubulação da água | Foto: Renato Alves/Agência Brasília “Temos um olhar muito focado nas áreas rurais do Distrito Federal. Quando assumimos o governo, vínhamos em um período de seca, em 2017, em que inúmeras propriedades rurais não tinham água, inviabilizando a produção“, enfatizou o governador Ibaneis Rocha. “Assumimos o governo em janeiro de 2019 e tiramos da gaveta todos os projetos que diziam respeito à questão da irrigação e da tubulação da água. E hoje temos um grande projeto em andamento, para dar segurança a todas as famílias que querem produzir na nossa cidade, levando também qualidade de vida aos produtores rurais, acesso às escolas para as nossas crianças e professores, saúde nas áreas rurais e acompanhamento da comunidade como um todo”, acrescentou. “Estamos tendo água para produção agropecuária, então é o produtor tendo renda, gerando emprego, fixando sua família no campo, evitando inclusive que a especulação imobiliária urbana invada mais as áreas rurais” Rafael Bueno, secretário de Agricultura As obras são fruto de parceria entre a Secretaria de Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural (Seagri-DF), a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-DF) e a comunidade rural. O secretário de Agricultura, Rafael Bueno, enfatizou que os canais de irrigação são sinônimos de prosperidade: “Estamos fixando o homem no campo, valorizando o meio ambiente, porque a água não está sendo mais perdida com infiltração ou evaporação e nem com o risco de animais mortos contaminarem essa água. Estamos tendo água para produção agropecuária, então é o produtor tendo renda, gerando emprego, fixando sua família no campo, evitando inclusive que a especulação imobiliária urbana invada mais as áreas rurais. É o governo Ibaneis Rocha fazendo uma revolução no campo e na cidade, trazendo qualidade de vida para a população do DF”. O presidente da Emater-DF, Cleyson Duval, ressaltou o compromisso desta gestão do GDF em amparar o produtor rural: “Isso tudo traz ânimo para os produtores rurais produzirem mais, porque sem água ninguém produz. No ano passado, nessa mesma região, entregamos o canal de irrigação do Márcia Cordeiro Leite, com 11 km de tubulação, que beneficia 32 famílias. É um governo que tem trabalhado muito em levar infraestrutura para a área rural para que cresça cada vez mais e produza cada vez mais”. Segurança para plantar Todos os produtores rurais do Núcleo Rural Monjolo agora recebem a mesma quantidade de água, diariamente | Foto: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília No Núcleo Rural Monjolo foram investidos mais de R$ 340 mil, originários de emenda parlamentar do deputado federal Rafael Prudente, para garantir água para plantio e criação de animais em 45 propriedades – antes, apenas 35 famílias tinham acesso ao recurso. Os trabalhos foram iniciados em maio deste ano. Assim como ocorria em outras regiões já atendidas por este GDF, o canal de irrigação do Monjolo era a céu aberto, logo, sofria com infiltração, assoreamento e interferência da natureza, como a queda de galhos e folhas. Dessa forma, a água não chegava a todas as propriedades, prejudicando tanto o plantio de subsistência quanto o destinado ao comércio. Agora, a realidade mudou: todos os produtores rurais do núcleo recebem a mesma quantidade de água, diariamente. “Agora tem água para todo mundo”, diz o presidente da Associação do Núcleo Rural Monjolo, Luiz Carlos Cardoso | Foto: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília “Como era apenas uma vala no chão, mais da metade da água era perdida por infiltração. A política da Emater, juntamente com a Seagri, é evitar essa perda e gerar maior eficiência ao recurso. Conseguimos economizar água e atender muitos produtores”, destaca o extensionista da Emater Leandro Moraes. “As primeiras propriedades eram atendidas, e as demais, às vezes, não recebiam água. Hoje todos recebem a mesma quantidade de água, que tubulada desde o início até o último produtor.” O presidente da Associação do Núcleo Rural Monjolo, Luiz Carlos Cardoso, revelou que alguns produtores tinham que usar bombas para captar água do rio ou utilizar do recurso potável para o serviço. “Agora tem água para todo mundo, tanto para o pequeno quanto para o grande produtor. Antigamente não tinha isso, cada um pegava o tanto que queria e quem está mais próximo do canal pegava mais água. Não chegava água para quem estava mais distante”, disse. A quantidade de água disponível a cada propriedade foi estabelecida pela Emater-DF. Localizado a cerca de 57 km do centro de Brasília, o núcleo é reconhecido pelo cultivo de hortaliças, frutas, peixes e pela criação de animais, como aves e bovinos. O produtor rural Leonardo Disegna Manzoli, 28 anos, usa o recurso hídrico para cultivar tomate, pimentão e couve em uma chácara com 28 hectares. “Às vezes faltava água, e a gente tinha que buscar no rio, com bomba. Dava mais trabalho e gastava muito mais energia. Com o canal é diferente: a gente ganha tempo, economiza e temos a certeza de que teremos água para plantar”, relatou. Décadas de espera O produtor rural Sebastião Batista celebra o novo canal de irrigação na área da Lagoinha: “O pessoal falava que isso era ilusão, que nunca iria sair” | Foto: Tony Oliveira/Agência Brasília A história de que um novo canal de irrigação seria construído na área da Lagoinha, no Núcleo Rural Rio Preto, passou de geração para geração. É o que conta o produtor rural Sebastião Batista Neto: “Isso aí vem de muito tempo. É da época do meu avô ainda, tanto que o pessoal falava que isso era ilusão, que nunca iria sair”. Hoje, mais de 30 anos depois, o homem vê a sua fazenda ser abastecida com a água que passa pela tubulação recém-instalada pelo GDF. “Antes aqui era muito trabalhoso, chegava pouca água e a gente tinha que sair do serviço para fazer manutenção porque dava muito problema”, comenta Sebastião. De acordo com o produtor, a água costumava chegar suja de barro, devido às enxurradas, e com elementos químicos. Agora, ela sai direto do córrego de forma abundante e limpa para irrigar a horta de seis hectares composta por tomate, pimentão, mandioca e mexerica, entre outros. A produção da lavoura é o sustento de toda a família, um total de 12 pessoas. A qualidade da água é fundamental para o volume da produção rural, enfatiza o engenheiro agrônomo da Emater-DF Rodrigo Marques Batista | Foto: Tony Oliveira/Agência Brasília Foram investidos R$ 400 mil de recursos provenientes de emenda parlamentar do deputado distrital Roosevelt Vilela para construir a estrutura de irrigação. São 5,5 km de extensão para atender mais de 60 pessoas em 21 propriedades. A tubulação passa por baixo da terra dos produtores, garantindo segurança hídrica e mais espaço para o cultivo de plantas e a criação de animais. “A qualidade da água é imprescindível para eles, porque é ela que vai dizer o quanto eles vão produzir e a qualidade do produto deles. O novo canal não tem interferência no processo de obtenção de água”, explica o engenheiro agrônomo e extensionista rural da Emater-DF Rodrigo Marques Batista. “Imagine 12 meses e você só produzir nesse período que tem chuva? Então eu fiquei muito feliz com a questão do canal”, diz a produtora rural Leonice Mendes | Foto: Tony Oliveira/Agência Brasília Em seis meses de obra, o canal foi todo escavado na saída oposta do anterior, que era aberto e atendia apenas 15 propriedades. A água sai da lagoa e atravessa a tubulação por declive de 1% a 2% chegando às caixas feitas de manilha instaladas em cada uma das fazendas. Trata-se de uma tubulação corrugada em polipropileno com diâmetro de 150 a 300 milímetros. “Cada caixa tem um difusor de que sai uma tubulação de 50 milímetros com 2 litros por segundo. Temos uma vazão de 42 litros por segundo sendo fornecida”, completa Batista. A propriedade de Leonice Mendes foi uma das beneficiadas com o novo projeto. O anterior não atendia a fazenda dela, o que interferia diretamente na produção agrícola da família, determinando, inclusive, o insumo a ser cultivado pelos produtores. “O nosso carro-chefe é a batata doce, e por que nós a escolhemos? Justamente porque, no período em que nós viemos morar aqui, era a única cultura que dava para plantar com o déficit de água que nós tínhamos. Era o que atendia”, lembra. “Imagine 12 meses e você só produzir nesse período que tem chuva? Então eu fiquei muito feliz com a questão do canal”. Com a chegada da água, a produção se expandiu para o repolho e o pepino e, em breve, seguirá para outras culturas. “Nós vamos implementar a abóbora-itália e baianinha. Estamos escalonando. Tiramos uma cultura e já vem a próxima. Já montamos a nossa questão da irrigação, tanto por aspersão [técnica de borrifar] como gotejo”, revela. Outro desejo da produtora é iniciar a piscicultura, atividade que demanda água em abundância.
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