Serviço de cirurgia plástica do Hran soma quase mil atendimentos mensais
Funcionando há quase 40 anos, o serviço de cirurgia plástica no Hospital Regional da Asa Norte (Hran) acumula histórias de superação. São pacientes que tiveram a vida reconstruída após procedimentos reparadores. Atualmente, a equipe presta quase mil atendimentos por mês, abrangendo casos de diferentes complexidades. Maria das Graças Gomes fez reconstrução mamária no Hran: . “A equipe trouxe minha autoestima de volta” | Foto: Jhonatan Cantarelle/Agência Saúde-DF “Quando fazemos uma plástica, estamos trabalhando na qualidade de vida das pessoas, devolvendo a autoestima e até a vontade de viver. É muito mais que estética” Antônio José Pacheco, cirurgião plástico do Hran Maria do Socorro, 59 anos, é uma dessas pacientes. Ela foi atendida há nove anos, após um acidente de carro que causou múltiplos traumas pelo corpo. Desde então, segue acompanhada pelo setor de cirurgia plástica do Hran. “Sinto muita gratidão a toda a equipe responsável pelo tratamento; todos ajudam com amor e carinho”, comenta. O cirurgião plástico Antônio José Pacheco, do Hran, lembra que o impacto dos procedimentos vai além da saúde física: “Quando fazemos uma plástica, estamos trabalhando na qualidade de vida das pessoas, devolvendo a autoestima e até a vontade de viver. É muito mais que estética. As pessoas sofrem com a aparência e com a rejeição da sociedade”. É o caso da Maria das Graças Gomes, 76, que passou por uma reconstrução mamária depois de enfrentar um câncer agressivo. “A equipe trouxe minha autoestima de volta”, relatou. “Fiquei mutilada por dois anos. Eu não me olhava no espelho, não me arrumava. Hoje, coloco biquíni, vou à praia e curto”. Como ser atendido [LEIA_TAMBEM]As cirurgias plásticas realizadas no Hran incluem os procedimentos em membros, como pernas e braços, contemplando também pacientes queimados, fissurados, sequelas de acidentes, além de casos de câncer de pele. Com frequência, a equipe ainda recebe casos de mordidas de animais, principalmente de cachorros. Por se tratar de um serviço especializado, o encaminhamento para a cirurgia plástica é feito por meio do Complexo Regulador. O acesso começa nas unidades básicas de saúde (UBSs), que direcionam o paciente à consulta com a equipe de cirurgia plástica. Após a avaliação da equipe especializada, dependendo da necessidade, é feita a inserção na lista de espera. *Com informações da Secretaria de Saúde
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Outubro Rosa: Força-tarefa de reconstrução mamária leva autoestima para mais de 60 mulheres
“Mudou muito a minha autoestima. Posso ficar despreocupada em usar uma roupa sem sutiã, sem medo de como meus seios vão ficar”. O relato é da costureira Marli Alves Pereira, 48 anos, uma das mulheres atendidas na 9ª força-tarefa de reconstrução mamária do Hospital Regional de Taguatinga (HRT). Organizado anualmente, o movimento é fruto de uma parceria do Governo do Distrito Federal (GDF), por meio da Secretaria de Saúde (SES-DF), com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP). A 9ª força-tarefa de reconstrução mamária do Hospital Regional de Taguatinga contemplou 50 mulheres com reconstrução mamária e outras 17 com micropigmentação de aréolas | Fotos: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília Neste ano, 50 mulheres foram atendidas com reconstrução mamária – das quais 40 passaram pelo procedimento no HRT, entre os dias 14 e 19 deste mês, e outras dez fizeram a cirurgia no Hospital Regional de Ceilândia (HRC), do dia 21 ao 25. Além disso, 17 mulheres tiveram acesso gratuito à micropigmentação de aréolas no HRT. As intervenções mobilizaram mais de 70 médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem, além de tatuadores, que participaram da ação de forma voluntária. “A reconstrução mamária é parte importante do tratamento das mulheres que precisaram ser mastectomizadas“, enfatiza a vice-governadora, Celina Leão. “Vai além da saúde física, impacta positivamente na autoestima e na autoconfiança dessas mulheres, sendo parte integral do tratamento contra o câncer de mama. Quem enfrenta a doença e seus tratamentos deve contar com empatia e acolhimento em todos os aspectos, especialmente, do poder público, que deve dar todas as condições para a cura e para que as mulheres retomem plenamente suas vidas.” As mulheres atendidas foram selecionadas com base na lista de prioridade da rede pública de saúde e, antes da realização do procedimento de reconstrução, passaram por uma série de exames. “A gente considera que a força-tarefa foi um sucesso, todas as pacientes operadas estão bem e realmente alcançamos o objetivo de resgatar a autoestima delas”, ressalta a supervisora do Centro Cirúrgico do HRT, Mônica Dias, que participa da força-tarefa desde a criação. “O Outubro Rosa é um momento de conscientização sobre a importância da prevenção contra o câncer de mama. E é muito bonito ver o tanto de pessoas que querem ajudar. Reunimos mais de 70 profissionais que vieram felizes, vestindo a camisa mesmo para abraçar essas mulheres e entregar o que realmente elas merecem”, completa a médica. Em comemoração ao mês, o HRT ganhou decorações temáticas, com cartazes que lembram a beleza de cada mulher e frases que incitam a esperança e a solidariedade. “A gente considera que a força-tarefa foi um sucesso, todas as pacientes operadas estão bem e realmente alcançamos o objetivo de resgatar a autoestima delas”, comemora a supervisora do Centro Cirúrgico do HRT, Mônica Dias O autoexame salva Marli descobriu o câncer de mama por meio do autoexame em março de 2020, mas, devido à pandemia de covid-19, só procurou assistência médica três meses depois. “A minha irmã já tinha tido câncer de mama e eu sabia que um nódulo duro era algo suspeito, mas à época não quis ir em frente, até que caiu a ficha: ou eu pegava covid-19 ou poderia morrer por causa da doença”, revela. A primeira cirurgia de Marli foi no HRT, em 2021, com a retirada da mama esquerda e a colocação de uma prótese. Inicialmente, ela não fazia questão de modificar a mama direita, mas depois percebeu a melhora que surtiria na própria autoestima. “Naquela época nem imaginei que poderia ficar assimétrica, só queria me livrar da doença. Mas, ainda assim, os médicos colocaram meu nome na lista e me disseram para pensar se queria arrumar ou não. No dia 18 deste mês, fiz o procedimento e fui muito bem atendida”, comenta. Das 50 mulheres atendidas com reconstrução mamária, 40 passaram pelo procedimento no HRT, entre os dias 14 e 19 deste mês; as outras dez fizeram a cirurgia no Hospital Regional de Ceilândia (HRC) “Agora, posso ficar despreocupada porque sei que as duas mamas estarão na mesma altura e, depois que o inchaço passar, acho que estarão do mesmo tamanho. Parece bobo, mas me sinto muito feliz”, conta Marli, que alerta sobre a importância de estar atenta ao próprio corpo. “O autoexame é muito importante. Se massageie, veja se tem algo estranho e, se tiver, procure um médico, peça o exame e se cuide. Quanto mais cedo descobrir, melhor”. A aposentada Mariene Senhorinha da Silva, 56 anos, também foi atendida pela força-tarefa do HRT. Ela descobriu o câncer de mama em 2017 e, devido à gravidade, logo foi encaminhada para mastectomia e esvaziamento dos linfonodos da axila. No último dia 18, a moradora de Samambaia fez o procedimento de reconstrução para a assimetria das mamas. “Não tive sintomas nenhum. Um dia estava arrumando a casa, escorreguei e bati o seio no botijão de gás. Comecei a sentir muita dor e fui ao médico, que viu o tumor e me pediu os exames”, lembra. Agora, Mariene afirma que está com a autoestima renovada, assim como as outras pacientes atendidas. “Conversei com muitas mulheres durante o pré-operatório e todas estavam felizes com a reconstrução. A cirurgia foi muito tranquila, me trataram muito bem e a doutora que me atendeu foi muito simpática”, conta ela, que seguirá em acompanhamento oncológico no Hospital de Base para remissão da doença. A aposentada Mariene Senhorinha da Silva foi uma das atendidas pela força-tarefa: “A cirurgia foi muito tranquila, me trataram muito bem e a doutora que me atendeu foi muito simpática” Quem também passou pela força-tarefa foi a comerciante Cristiane Ferreira, 48 anos. Ela fez os procedimentos de reconstrução mamária e pigmentação, e classifica a vida dela como antes e depois do Outubro Rosa. “Depois do meu tratamento, 100% gratuito no SUS, participar do mutirão de reconstrução de mamas deste Governo do Distrito Federal é um divisor de águas. Todas as colegas que precisaram fazer mastectomia, reconstrução imediata ou tardia, conseguiram fazer no Outubro Rosa. O sentimento é de renovação. Eu não reconstruí as mamas, eu reconstruí a minha vida”, celebra. Diagnóstico precoce Dados do Instituto Nacional de Câncer revelam que mais de 73 mil casos novos de câncer de mama serão registrados no Brasil neste ano, sendo considerada a neoplasia que mais acomete mulheres no país. Os principais indícios da doença, conforme o Ministério da Saúde, são “retrações de pele e do mamilo que deixam a mama com aspecto de casca de laranja; saída de secreção aquosa ou sanguinolenta pelo mamilo, chegando até a sujar o sutiã; vermelhidão da pele da mama; pequenos nódulos palpáveis nas axilas e/ou pescoço; inversão do mamilo; inchaço da mama e dor local”. As unidades básicas de saúde (UBSs) são a porta de entrada para acompanhamento e tratamento da doença. A paciente passa por avaliação e, havendo a indicação, é encaminhada para a realização de mamografia na rede, por meio do sistema de regulação. Depois, com o resultado do exame em mãos, ela deve retornar à UBS para ser atendida pela equipe de saúde. Caso haja alguma alteração, a paciente é direcionada para atendimento com mastologista, que pode solicitar outros exames, como a ultrassonografia mamária ou a biópsia. Em 2023, o governador Ibaneis Rocha sancionou a Lei nº 7.237/2023, que estabelece uma lista de prioridades para a realização de mamografias na rede pública. A legislação determina que mulheres a partir de 40 anos que possuem histórico familiar de câncer de mama ou nódulos devem ser atendidas com prioridade. A celeridade vale também para quem necessita de avaliações periódicas, faz tratamento contra o câncer ou precisa de urgência conforme determinação médica.
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Força-tarefa de reconstrução mamária resgata autoestima de mulheres mastectomizadas
Resgatar a autoestima de mulheres mastectomizadas devido ao câncer de mama é a missão da força-tarefa de reconstrução mamária do Hospital Regional de Taguatinga (HRT). Realizado anualmente, o movimento é fruto de uma parceria do Governo do Distrito Federal (GDF), por meio da Secretaria de Saúde (SES-DF), com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP). Neste ano, serão atendidas 50 mulheres com reconstrução mamária e 15 passarão por outros procedimentos, como a micropigmentação para a restituição de aréolas dos seios. Durante a abertura oficial da 9ª edição da força-tarefa, nesta terça-feira (15), a secretária de Saúde, Lucilene Florêncio, ressaltou a importância de oferecer mais dignidade às cidadãs | Fotos: Tony Oliveira/Agência Brasília As cirurgias no HRT iniciaram nesta segunda-feira (14) e seguem até sábado (19). No final deste mês (21 a 25), mais dez mulheres também irão passar pela reconstrução mamária no Hospital Regional de Ceilândia (HRC). As intervenções, realizadas diuturnamente, mobilizam mais de 70 médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem, além de quatro tatuadores, que se comprometeram em participar da ação de forma voluntária. “Esse mutirão é muito importante para as mulheres que precisaram passar por procedimentos mais invasivos, como a mastectomia. A promoção do bem-estar integral também é parte crucial do tratamento contra a doença e a superação do câncer de mama não é apenas uma questão física, mas envolve também a reconstrução da autoestima e da autoconfiança. A gente observa que esse cuidado, também promovido pelo Outubro Rosa – de empatia e acolhimento – é essencial para quebrar o isolamento que muitas pacientes sentem ao longo da jornada”, afirma a vice-governadora Celina Leão. A técnica de enfermagem Olivia Inacio Bernardo se dedica à campanha há mais de dez anos Durante a abertura oficial da 9ª edição da força-tarefa, nesta terça-feira (15), a secretária de Saúde, Lucilene Florêncio, ressaltou a importância de oferecer mais dignidade às cidadãs que tiveram a mama removida total ou parcialmente. Destacou ainda o empenho desta gestão do GDF em promover a prevenção, o diagnóstico precoce, com a realização de 2 mil mamografias mensalmente, e o tratamento da doença. “Hoje é um dia de alegria e comemoração por essas 50 mulheres contempladas com a cirurgia neste ano e também por aquelas que foram contempladas desde a primeira edição do Outubro Rosa, aqui no Hospital de Taguatinga”, pontuou Florêncio.“Nós temos uma rede de cuidados fortalecida, em que é possível um diagnóstico precoce, um tratamento adequado e uma vida longa e de celebração.” O diretor do HRT, José Henrique Barbosa de Alencar, destacou a importância do trabalho conjunto de diversos especialistas O diretor do HRT, José Henrique Barbosa de Alencar, salientou que o movimento, realizado desde 2016, tornou-se uma tradição e é possibilitado graças à união de diversos especialistas. “Vários colegas da cirurgia plástica, enfermeiros, da cirurgia geral, estão ajudando, doando um pouco do seu tempo para trazer dignidade a essas pacientes. Por conta do câncer, essas mulheres foram submetidas a cirurgia de mastectomia. Agora estamos devolvendo autoestima para elas, reconstruindo as mamas”, comentou. A supervisora do Centro Cirúrgico do HRT, Mônica Dias, explica que as mulheres atendidas pela força-tarefa são selecionadas com base na lista de prioridade da rede pública de saúde e, antes da realização do procedimento de reconstrução, passam por uma série de exames. “Neste ano o nosso objetivo é operar 50 mulheres para que elas saiam bem e felizes. E a equipe também fica feliz por ter conseguido fazer mais um mutirão”, conta. “Às vezes as pessoas não entendem que a mama é uma coisa muito importante para a mulher. Ela chega no pré-operatório cabisbaixa, triste, e sai com outro olhar, com alegria.” Outubro Rosa Os corredores do HRT ganharam uma decoração especial em celebração ao Outubro Rosa, com cartazes que lembram a beleza de cada mulher e frases que incitam a esperança e a solidariedade. Os artigos são pensados com carinho por servidores da unidade, com destaque para as técnicas de enfermagem Maria Ivaneide da Silva, Carla Nascimento e Olivia Inacio Bernardo, que se dedicam à campanha há mais de dez anos. “Sempre arrumamos uma estratégia de decoração para que as pacientes se sintam acolhidas no centro cirúrgico. Neste ano colocamos as asas da esperança, para que tenham fé em uma vida melhor depois da luta”, afirma Carla. Além da decoração das paredes, o trio produziu toucas de cetim e cerca de 200 canetas para entregar aos voluntários, pacientes e acompanhantes. Maria revela que a produção é feita nos intervalos do expediente, mas, principalmente, quando estão em casa. “É uma forma de você se doar para o outro que está precisando. A minha irmã também teve câncer e a cada ano que passa eu abraço mais a causa. Estou perto de me aposentar, mas quero continuar fazendo todo esse processo”, comenta. Presente no movimento desde 2016, Olivia foi diagnosticada com câncer de mama bilateral há quatro anos e precisou ser submetida à mastectomia. Pouco depois, passou pela reconstrução. “Como tudo aconteceu logo antes da Covid, tive que fazer a cirurgia às pressas. Graças a Deus consegui fazer tudo e estou aqui curada e com mais força para continuar esse trabalho. Ano que vem eu também me aposento, mas nós já estamos planejando o Outubro Rosa de 2025”, diz. “O câncer não é uma sentença de morte, é uma sentença de vida.” Diagnóstico precoce As unidades básicas de saúde (UBSs) são a porta de entrada para acompanhamento e tratamento. A paciente passa por avaliação e, havendo a indicação, é encaminhada para a realização da mamografia na rede, por meio do sistema de regulação Dados do Instituto Nacional de Câncer revelam que mais de 73 mil casos novos de câncer de mama serão registrados no Brasil neste ano, sendo considerada a neoplasia que mais acomete mulheres no país. Os principais indícios da doença, conforme o Ministério da Saúde, são “retrações de pele e do mamilo que deixam a mama com aspecto de casca de laranja; saída de secreção aquosa ou sanguinolenta pelo mamilo, chegando até a sujar o sutiã; vermelhidão da pele da mama; pequenos nódulos palpáveis nas axilas e/ou pescoço; inversão do mamilo; inchaço da mama e dor local”. As unidades básicas de saúde (UBSs) são a porta de entrada para acompanhamento e tratamento. A paciente passa por avaliação e, havendo a indicação, é encaminhada para a realização da mamografia na rede, por meio do sistema de regulação. Depois, com o resultado do exame em mãos, ela deve retornar à UBS para ser atendida pela equipe de saúde. Caso haja alguma alteração, a paciente é direcionada para atendimento com mastologista, que pode solicitar outros exames, como a ultrassonografia mamária ou a biópsia. Em 2023, o governador Ibaneis Rocha sancionou a lei nº 7.237/2023, que estabelece uma lista de prioridades para a realização de mamografias na rede pública. A legislação determina que mulheres a partir de 40 anos que possuem histórico familiar de câncer de mama ou nódulos devem ser atendidas com prioridade. A celeridade vale também para quem necessita de avaliações periódicas, faz tratamento contra o câncer ou precisa de urgência conforme determinação médica.
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Mutirão de reconstrução mamária recupera autoestima de mulheres com câncer
“Só de poder colocar um sutiã e saber que tem um volume aqui do lado direito, isso é a realização de um sonho”, diz, entre lágrimas, a professora Ana Maria Silva, 47 anos, deitada no leito enquanto aguarda ser chamada para a tão esperada cirurgia plástica. Ela e outras 49 mulheres são as grandes protagonistas neste Outubro Rosa. Vencedoras da luta contra o câncer de mama, elas agora vão receber a reconstrução mamária com o apoio de uma equipe multidisciplinar que compõe o quadro do Governo do Distrito Federal (GDF) em parceria com voluntários de diversos estados do país. Envolvida nas decorações e nos mutirões sobre o Outubro Rosa, a técnica de enfermagem Olívia Bernardo venceu a batalha contra o câncer de mama | Fotos: Joel Rodrigues/Agência Brasília O oitavo mutirão de reconstrução de mamas começou na última segunda-feira (16) e vai até o próximo sábado (21), no Hospital Regional de Taguatinga (HRT). Serão beneficiadas 50 mulheres mastectomizadas — que precisaram retirar total ou parcialmente as mamas para tratar o câncer —, que terão de volta a esperança e a autoestima graças à parceria do GDF com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, que concedeu as próteses mamárias para o implante. São em média 70 profissionais dedicados à causa e envolvidos na maior campanha em alusão ao câncer de mama do Distrito Federal. A equipe multidisciplinar conta com especialistas para além da medicina, como psicólogos, enfermeiros, técnicos em enfermagem, fisioterapeutas e até tatuadores especializados em reconstrução da aréola mamária. “São voluntários de todos os tipos da área médica e não médica. Há voluntários de limpeza e padioleiro, por exemplo. Teremos gente de todo o país no HRT nesta semana. É uma união em prol da recuperação de todas essas pacientes”, afirma o diretor do HRT, Felipe Motinha. “O tatuador atua tanto na questão do mamilo, com uma tatuagem em 3D, quanto na tatuagem em eventuais cicatrizes, para deixar mais suave”, explica. Voltar a viver “Quando me ligaram para falar que minha vez chegou, eu sonhava com esse momento, porque não tenho condições de pagar. É muito caro no hospital particular”, afirma Ana Maria Silva, que recebeu o diagnóstico em 2021 Se antes as pacientes davam entrada no hospital de forma retraída e cabisbaixa, o semblante é totalmente diferente depois de receberem alta da cirurgia de reconstrução mamária. É a partir daí que a ficha cai, e essas mulheres, vencedoras da luta contra o câncer, podem, finalmente, voltar a ter uma vida com mais autoconfiança e autoestima. “Quando recebi o diagnóstico, em 2021, foi um choque. Assustador. Quando a gente finalmente termina todo o tratamento, vem aquele questionamento: ‘e agora? Falta uma parte de mim’, e surgem também as dúvidas e inseguranças”, compartilhou a autônoma e recém-operada Rayane Tayara, 35. “A expectativa agora é poder usar um biquíni de novo, de simplesmente voltar a viver, procurar um emprego e me estabilizar.” [Olho texto=”“Se a gente pega pacientes no pré-operatório, nós vemos que elas são recolhidas, às vezes tristes, com casos de abandono do marido ou namorado. Essa mulher que chegou acuada sai linda, poderosa e sorridente. Toda mulher merece ter a sua autoestima”” assinatura=”Monica Reis, supervisora do centro cirúrgico do HRT” esquerda_direita_centro=”esquerda”] A professora Ana Maria Silva recebeu o diagnóstico em 2021, fazendo o autotoque nas mamas. Além das químio e radioterapias, ela precisou retirar por completo o seio direito, em junho do ano passado. “Não é legal. A gente não vê um pedaço da gente que tínhamos o costume de ver todos os dias. É muito triste saber que as pessoas ao seu redor estão notando essa deformidade”, reflete. “Quando me ligaram para falar que minha vez chegou, eu sonhava com esse momento, porque não tenho condições de pagar. É muito caro no hospital particular. Isso é algo que eu queria muito. Quero poder colocar o meu sutiã e sentir o volume no lado direito. Eu não tinha coragem nem de ir ao clube”, conta Ana Maria, emocionada. A supervisora do centro cirúrgico do HRT, Monica Reis, ressalta a importância dos procedimentos para o lado emocional, inclusive de quem participa das ações: “É muito bonito ver toda essa atuação. Se a gente pega pacientes no pré-operatório, nós vemos que elas são recolhidas, às vezes tristes, com casos de abandono do marido ou namorado. Essa mulher que chegou acuada sai linda, poderosa e sorridente. Só de ver essa mudança de comportamento já vale a pena todo o cansaço. Toda mulher merece ter a sua autoestima”. Decoração acolhedora Graças à atuação de voluntárias do HRT, os corredores e o centro cirúrgico ganharam uma cor especial no mês de outubro: o rosa. A decoração com flores, mensagens de motivação e ilustrações em alusão ao câncer de mama tomaram conta da decoração do hospital. E não para por aí. As roupas cirúrgicas das pacientes e o enxoval dos leitos também foram trocados por outros da cor rosa. As cirurgias de reconstrução mamária ocorrem o ano inteiro para atender as mulheres assistidas pela rede pública de saúde “O mutirão começou em 2016 bem simplório; colocamos florzinhas nas portas e tivemos 22 cirurgias. Ficamos megafelizes com esse resultado. O segundo melhorou bastante, e o terceiro foi o estouro. Corremos atrás de parcerias, e, desde o terceiro mutirão pra cá, [o trabalho] só vem crescendo cada vez mais”, lembra a técnica de enfermagem Olívia Bernardo. [Relacionadas esquerda_direita_centro=”direita”] Olívia, inclusive, é uma das mulheres que venceram a batalha contra o câncer de mama. Envolvida nas decorações e nos mutirões desde o início, a servidora precisou interromper a atuação na causa para tratar da própria saúde, em 2020, quando foi diagnosticada com a doença. “Eu descobri que tinha câncer no aniversário da médica responsável por esse mutirão, e foi quando começamos o tratamento. Eu precisei fazer a retirada das duas mamas e, no mesmo procedimento, consegui já a prótese também. Jamais imaginei que eu pudesse estar do outro lado, sendo paciente. Esse ano fiz meus exames de rotina e posso dizer que estou curada dessa doença e aqui estou em mais um Outubro Rosa para comemorar a minha saúde e a dessas mulheres que estão aqui para recuperarem a sua autoestima”, compartilha ela. As cirurgias de reconstrução mamária ocorrem o ano inteiro para atender as mulheres assistidas pela rede pública de saúde. “Temos cirurgias durante o ano todo. O objetivo do Outubro Rosa é diminuir a fila e atender número maior de mulheres. Normalmente, por mês, são em torno de dez pacientes. No mês de outubro, com o mutirão, nós fazemos 50 cirurgias em uma semana só”, detalhou Monica Reis.
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