Pesquisa revela benefícios do veneno das vespas em novos medicamentos para doenças neurodegenerativas
As doenças neurodegenerativas — como a Doença de Alzheimer (DA), a Doença de Parkinson (DP) e a Epilepsia do Lobo Temporal (ELT) — estão entre os maiores desafios da saúde pública contemporânea. São condições progressivas e de alto impacto social, para as quais ainda não existem terapias capazes de impedir a evolução da doença. É nesse contexto que surge o projeto “Novos tratamentos bioinspirados e associados à nanotecnologia, educação e prevenção contra as Doenças Neurodegenerativas”, com apoio da Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAPDF) em parceria com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), por meio do edital Programa de Apoio a Núcleos Emergentes (Pronem) de 2020. Pesquisa apoiada pela FAPDF estuda como compostos neuroativos encontrados em peçonhas de insetos podem orientar o desenvolvimento de novos medicamentos | Foto: Pixabay/Divulgação/ND A iniciativa é coordenada pela professora Márcia Renata Mortari, do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade de Brasília (UnB), que conquistou o 1º lugar do Prêmio FAPDF na categoria Pesquisador Inovador – Setor Empresarial. A investigação parte de uma premissa bioinspirada: moléculas presentes na natureza podem orientar o desenvolvimento de novos medicamentos — especialmente compostos neuroativos encontrados em peçonhas de insetos. Segundo a pesquisadora, a observação do comportamento das vespas sociais levou à hipótese de que sua peçonha poderia conter moléculas com ação sobre o sistema nervoso. Essas vespas, como a espécie Polybia occidentalis, utilizam o veneno para paralisar presas, indicando a presença de compostos que afetam diretamente a atividade neuronal. A partir disso, o grupo formulou a hipótese de que tais moléculas poderiam ser purificadas e testadas contra doenças neurológicas e neurodegenerativas, dando origem à plataforma de peptídeos estudados no projeto. [LEIA_TAMBEM]O termo peptídeo refere-se a pequenas cadeias de aminoácidos — moléculas menores que proteínas — capazes de interagir de forma muito específica com estruturas celulares, o que as torna candidatas interessantes para o desenvolvimento de fármacos mais seletivos e seguros. Peptídeos inovadores Os três peptídeos bioinspirados desenvolvidos pela rede têm apresentado resultados expressivos: • Neurovespina — Investigada por seu potencial antiepiléptico e neuroprotetor; • Fraternina — Com atividade neuroprotetora em modelos de Doença de Parkinson; • Octovespina — Capaz de interferir na agregação de beta-amiloide, proteína que se acumula no cérebro em casos de Alzheimer. No caso da epilepsia refratária — quando as crises não respondem adequadamente aos tratamentos convencionais —, a Neurovespina já avançou para ensaios clínicos em cães, conduzidos em parceria com o Hospital Veterinário (HVet). Os estudos experimentais também investigaram o impacto da Neurovespina em regiões como o hipocampo e a substância negra, áreas essenciais para memória, regulação elétrica do cérebro e controle motor. A substância negra, por exemplo, é uma das regiões mais afetadas na Doença de Parkinson, por abrigar neurônios dopaminérgicos essenciais ao movimento. Exemplo de um peptídeo bioinspirado da peçonha de vespas | Imagem: Acervo pessoal/Márcia Mortari O papel da nanotecnologia Para que um fármaco atinja o sistema nervoso central, ele precisa atravessar a barreira hematoencefálica — uma barreira natural que protege o cérebro e impede a entrada de substâncias potencialmente tóxicas. A nanotecnologia é uma estratégia importante para superar esse desafio. Os pesquisadores desenvolveram nanossistemas de liberação, pequenas partículas em escala nanométrica que: • Protegem os peptídeos contra degradação; • Aumentam a estabilidade e a solubilidade; • Favorecem a chegada ao cérebro; • Permitem administração intranasal, rota que oferece acesso mais direto ao sistema nervoso central. Os estudos indicam que a Neurovespina nanoencapsulada mantém a mesma eficácia do composto livre. Além disso, quando administrada uma vez ao dia por via intranasal, sustenta a redução das crises ao longo do período crônico, sugerindo maior tempo de ação e melhor conforto terapêutico. Professora Márcia Renata Mortari, coordenadora do projeto | Foto: Marck Castro A segurança farmacológica vem sendo avaliada por três linhas metodológicas complementares: ensaios in vitro, com culturas de células neuronais; ensaios in vivo, em modelos animais; e bioinformática, para prever interações moleculares, estabilidade e possíveis efeitos adversos. Essa abordagem integrada permite identificar não apenas a eficácia, mas também potenciais riscos cardíacos, neurológicos e metabólicos — aspectos essenciais no desenvolvimento de um futuro medicamento. A cooperação multidisciplinar tem sido um diferencial do projeto: neurocientistas, farmacologistas, químicos, especialistas em nanotecnologia e equipes internacionais analisam conjuntamente os dados e refinam os métodos, garantindo maior robustez científica. Impactos científico e social Os resultados da pesquisa têm potencial para transformar o manejo de doenças neurológicas refratárias, tanto na medicina humana quanto na veterinária. Novas terapias podem reduzir a frequência e a intensidade das crises, melhorar a autonomia e a qualidade de vida, diminuir hospitalizações e reduzir custos associados a tratamentos crônicos pouco eficazes. O estudo também posiciona o Distrito Federal no cenário da biotecnologia baseada em peptídeos, área emergente de alta complexidade tecnológica, com potencial para gerar inovação, propriedade intelectual e formação de recursos humanos especializados. O apoio da FAPDF, segundo a coordenação, foi essencial para consolidar o núcleo de pesquisa e viabilizar etapas de alto custo — desde a purificação dos peptídeos até a execução de ensaios pré-clínicos e clínicos, além da aquisição de equipamentos especializados. “Apoiar projetos como a Rede Neurobioprospecta é investir em soluções que nascem no Distrito Federal e têm potencial para transformar vidas no Brasil e no mundo. É ciência de excelência gerando impacto real na saúde humana e animal”, afirma Leonardo Reisman, diretor-presidente da FAPDF. *Com informações da Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAPDF)
Ler mais...
Dia Mundial da Doença de Alzheimer: rede pública do DF foca em diagnóstico precoce
Mais do que lapsos de memória comuns do envelhecimento, o Alzheimer é uma condição que compromete progressivamente a autonomia da pessoa, transformando a rotina de pacientes e famílias. A doença é a principal causa de demência no mundo. Lembrado em 21 de setembro, o Dia Mundial da Doença de Alzheimer tem como objetivo ampliar a conscientização e reforçar a campanha global Setembro Roxo — em 2025, o tema “Pergunte sobre Demência e Alzheimer” busca estimular o diálogo, combater o estigma e incentivar a população a buscar informações confiáveis e o diagnóstico precoce. De acordo com estudo do Ministério da Saúde, cerca de 8,5% da população com 60 anos ou mais convive com a doença, o que representa aproximadamente 1,8 milhão de casos. Até 2050, a projeção é que 5,7 milhões de pessoas sejam diagnosticadas no país com Alzheimer. Diagnosticado com Alzheimer, Antônio Batista faz tratamento no Hospital de Base: "O atendimento é excelente, sempre fomos muito bem recebidos e acolhidos", relata a filha, Fabiana Silva | Foto: Alberto Ruy/IgesDF Atendimento especializado Antônio Batista, 86 anos, tem Alzheimer e faz tratamento no Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF), administrado pelo Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (IgesDF). Segundo a filha, Fabiana Silva, o acompanhamento é tranquilo. “A gente vem aqui com frequência para ficar de olho na evolução da doença. O atendimento é excelente, sempre fomos muito bem recebidos e acolhidos”, relata. No Hospital de Base (HBDF), o atendimento é realizado no ambulatório de Neurologia Cognitiva, que funciona às segundas e terças-feiras à tarde e às quartas-feiras pela manhã. [LEIA_TAMBEM]O neurologista Carlos Uribe destaca que reconhecer os primeiros sinais do Alzheimer é essencial. “Muitas vezes os familiares acham que alguns sintomas fazem parte da idade, mas pode ser o início de uma doença que precisa de acompanhamento médico”, alerta. “No início, a pessoa começa a apresentar esquecimentos que atrapalham a rotina diária, como perder objetos com frequência, repetir perguntas, esquecer compromissos e até se perder em lugares conhecidos”. O Alzheimer não afeta apenas a memória. Com a evolução da doença, surgem mudanças de comportamento, dificuldades para realizar atividades simples e alterações emocionais. Entre os sintomas mais comuns estão: esquecimentos que interferem na vida diária; dificuldade em planejar ou resolver problemas; troca de palavras e perda de vocabulário; alterações de humor e personalidade; desorientação em tempo e espaço; e dificuldade para reconhecer familiares em fases mais avançadas. “É uma doença que, ao longo do tempo, tira a autonomia do paciente. Ele vai perdendo a capacidade de se vestir sozinho, se alimentar, cuidar da higiene e até reconhecer pessoas próximas. Isso exige dedicação integral da família ou de cuidadores”, observa o neurologista. Carlos Uribe, neurologista do HBDF: “Muitas vezes os familiares acham que alguns sintomas fazem parte da idade, mas pode ser o início de uma doença que precisa de acompanhamento médico” Diagnóstico, tratamento e prevenção O diagnóstico do Alzheimer envolve entrevistas clínicas, testes cognitivos e exames de imagem, que ajudam a diferenciar a doença de outras condições. Embora ainda não exista cura, o tratamento pode retardar a progressão e melhorar a qualidade de vida. Ele combina medicamentos, terapias de reabilitação e acompanhamento multiprofissional com neurologistas, psiquiatras, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais e nutricionistas. Segundo o neurologista, manter hábitos saudáveis ao longo da vida, praticar exercícios físicos regularmente e adotar uma dieta equilibrada e rica em nutrientes são formas de prevenir ou retardar o aparecimento da doença. Além disso, exercitar a memória com leitura e atividades que estimulem o cérebro também é um aliado contra o Alzheimer. Para Uribe, a conscientização é fundamental para reduzir o estigma e fortalecer o cuidado coletivo. “À medida que a população envelhece, aumentam os casos de Alzheimer. É fundamental preparar a rede de saúde, mas também acolher o paciente e a família com empatia”, destaca. *Com informações do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (IgesDF)
Ler mais...
Pesquisa brasiliense transforma substância de vespa em possível aliada contra o Alzheimer
A doença de Alzheimer é a forma mais comum de demência no mundo e afeta cerca de 55 milhões de pessoas, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, estima-se que mais de 1,2 milhão de pessoas convivam com a enfermidade, número que tende a crescer com o envelhecimento da população. O impacto é profundo: além de comprometer a memória e a autonomia dos pacientes, gera altos custos para famílias e para o sistema de saúde. Buscando novas alternativas para conter a progressão da doença, um grupo interdisciplinar da Universidade de Brasília (UnB) está desenvolvendo peptídeos — pequenas cadeias de aminoácidos que formam proteínas e podem ter ação terapêutica — com potencial para impedir a formação de placas de beta-amiloide, proteína associada ao Alzheimer. O projeto, apoiado pelo programa FAPDF Learning 2023, é coordenado pela professora Luana Cristina Camargo, do Instituto de Psicologia da UnB. A iniciativa reúne pesquisadores do Instituto de Física, da Faculdade de Farmácia e do Laboratório de Neurofarmacologia, aliando física, bioinformática, nanotecnologia e farmacologia em um esforço conjunto. Equipe reúne pesquisadores de várias áreas da Universidade de Brasília (UnB) | Foto: Divulgação/FAPDF O ponto de partida foi um peptídeo chamado octovespina, extraído da peçonha da vespa social Polybia occidentalis, espécie presente na biodiversidade brasileira. Esse composto já havia demonstrado a capacidade de reduzir a agregação da beta-amiloide em estudos anteriores. “Nosso objetivo foi aprimorar a octovespina e aumentar sua eficácia por vias menos invasivas, explorando todo o potencial da bioinformática para projetar moléculas mais eficientes”, explica Luana. Próximos passos Avaliação da capacidade de peptídeos bioinspirados de veneno de vespa (fraternina-10 e octovespina) na desagregação e antiagregação de fibrilas de β-amiloide A equipe desenvolveu um análogo da octovespina, alterando um aminoácido para melhorar a absorção no organismo. A aplicação por via intranasal mostrou-se promissora e já resultou no depósito de patente. Outra criação foi a alzpeptidina, uma “quimera” molecular que combina elementos da octovespina e de outro peptídeo estudado no laboratório, a fraternina. Simulações computacionais indicam que a alzpeptidina pode atravessar a barreira hematoencefálica — filtro natural que protege o cérebro, mas também dificulta a chegada de medicamentos — e desestabilizar as placas de beta-amiloide. Os próximos passos incluem testes de eficácia in vitro e em modelos animais, avaliando se as moléculas realmente impedem a toxicidade da beta-amiloide em células e melhoram funções cognitivas. Para potencializar os resultados, o grupo também aplica nanotecnologia, manipulando materiais em escala nanométrica para otimizar a entrega e ação dos compostos no cérebro. [LEIA_TAMBEM]Apesar dos avanços, o projeto enfrenta desafios logísticos e de infraestrutura. A importação de reagentes e insumos pode levar de seis meses a um ano, e interrupções no fornecimento de energia já atrasaram experimentos sensíveis. “A FAPDF cumpriu integralmente o aporte previsto e mantém um canal de comunicação eficiente, facilitando a gestão do projeto e oferecendo orientações que nem sempre fazem parte da rotina de um docente”, destaca Luana. Além do potencial terapêutico, a pesquisadora ressalta a importância de valorizar a ciência nacional e a biodiversidade: “Assim como outras substâncias brasileiras já deram origem a medicamentos, nosso trabalho mostra que a riqueza natural do país pode inspirar soluções inovadoras para problemas de saúde pública”. Se bem-sucedido, o estudo poderá avançar para etapas clínicas, representando uma nova esperança no tratamento do Alzheimer Se bem-sucedido, o estudo poderá avançar para etapas clínicas, representando uma nova esperança no tratamento do Alzheimer e reforçando o protagonismo brasileiro na busca por terapias de ponta. A FAPDF tem atuado para viabilizar iniciativas que unem ciência de ponta e potencial de impacto social. Para o diretor-presidente da fundação, Leonardo Reisman, a pesquisa liderada pela UnB é um exemplo de como a produção científica do Distrito Federal pode alcançar relevância global. “Trata-se de um trabalho que alia conhecimento científico de altíssimo nível e a riqueza da biodiversidade brasileira para enfrentar um dos maiores desafios de saúde pública da atualidade. Nosso papel é garantir que ideias como essa tenham as condições necessárias para avançar e beneficiar a sociedade”, ressalta. *Com informações da FAPDF
Ler mais...
Alzheimer: quando o ato de cuidar representa um risco à saúde mental
“De repente há essa desorientação com o lugar onde está ou ela passa a repetir as mesmas coisas várias vezes, a fazer as mesmas perguntas, a confundir se é dia ou noite, a não saber se já almoçou.” Os sintomas podem ser desconcertantes para quem convive com uma pessoa diagnosticada com Alzheimer. Para a psicóloga Danielle Sousa, então, a provação é dobrada: tanto o pai, Daniel, de 89 anos, quanto a mãe, Maria, 73, sofrem com a doença. “A cada momento em que a doença avança, ambos exigem reorganizações”, declara. Cada um se encontra atualmente em um estágio diferente do Alzheimer. O pai já não tem mais autonomia para se locomover ou se alimentar, e a interação com o seu redor é mínima. A mãe enfrenta os sintomas iniciais, com alterações na memória recente, na personalidade e em nas habilidades visuais e espaciais. “Há um grande desafio para aqueles que vão exercer essa relação de cuidado com os pais ou com algum membro da família, porque existem pesquisas científicas que indicam que os cuidadores primários também tendem ao adoecimento psíquico”, afirma Danielle. Secretaria de Saúde desenvolve atividades para retardar o avanço do Alzheimer nos pacientes que buscam tratamento na rede pública | Foto: Divulgação/Agência Saúde-DF Da mudança brusca de personalidade de quem conhecíamos tão bem ao esquecimento progressivo – chegando até mesmo à inversão de papéis, quando o paciente passa a acreditar que os filhos são os seus pais –, nada na doença indica ser fácil de assimilar. A própria psicóloga viu a necessidade de fazer terapia para conseguir lidar com a situação. “É preciso estabelecer situações de cuidado com o próprio cuidador, que muitas vezes tem que abrir mão de vivências pessoais. Enquanto meus pais estão adoecidos, não posso deixar de trabalhar, de educar a minha filha, de fazer um monte de coisas”, elenca. A doença O Alzheimer é um transtorno neurodegenerativo progressivo e fatal. Manifesta-se pela deterioração da memória e da cognição, pelo comprometimento gradual da habilidade em exercer atividades da vida diária e por uma variedade de sintomas neuropsiquiátricos que incluem alterações comportamentais. A causa ainda é desconhecida, mas acredita-se que possa ser geneticamente determinada. [Olho texto=”O Ministério da Saúde aponta que, no mundo, cerca de 35,6 milhões de pessoas são diagnosticadas com Alzheimer” assinatura=”” esquerda_direita_centro=”esquerda”] A doença se instala quando o processamento de certas proteínas do sistema nervoso central começa a falhar. Surgem, então, fragmentos de proteínas mal cortadas, tóxicas, dentro e ao redor dos neurônios. Como consequência dessa toxicidade, ocorre a perda progressiva das células em certas regiões do cérebro, como no hipocampo – que controla a memória – e no córtex cerebral, essencial para a linguagem, o raciocínio, a memória, o reconhecimento de estímulos sensoriais e o pensamento abstrato. O Ministério da Saúde aponta que, no mundo, cerca de 35,6 milhões de pessoas são diagnosticadas com Alzheimer. No Brasil, 1,7 milhão de indivíduos com 60 anos ou mais têm algum tipo de demência, e só a doença de Alzheimer corresponde a 55% desses casos (966.594), segundo dados da Associação Brasileira de Alzheimer (Abraz). O estudo realizado pela organização indica que há ainda outros 2,3 milhões de brasileiros na mesma faixa etária com algum tipo de declínio cognitivo com sintomas relacionados à memória e à cognição, mas ainda não apresentando sinais de demência. A estimativa é que até 2030 sejam 2,78 milhões e, até 2050, mais de 5,5 milhões de brasileiros com 60 anos ou mais convivendo com demência. Lidando com o Alzheimer Presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia na seccional DF (SBGG-DF), Marcela Pandolfi joga luz sobre a maneira como cuidadores e familiares devem interagir com quem sofre com demência em geral, sendo indispensável entender que o comportamento da pessoa não é proposital. “Se um paciente apresenta episódios de delírio, com ideações de que a esposa o está traindo, por exemplo, ou que alguém o está roubando, é importante que o cuidador não o confronte: isso pode agravar o comportamento e deixar o idoso ainda mais agitado, porque, na cabeça dele, aquilo é real”, exemplifica. Maria enfrenta os sintomas iniciais do Alzheimer e já iniciou tratamento para retardar as consequências da doença | Foto: Alexandre Álvares/Agência Saúde-DF Além disso, estabelecer rotinas se configura como parte primordial do tratamento. A médica salienta a relevância de fixar horários para ações simples como acordar, tomar café, almoçar, realizar atividades físicas ou tomar banho. “Quanto mais rotina esse paciente tiver, melhor”, defende Pandolfi. Sintomas Queixas de esquecimento a curto prazo, sintoma mais conhecido da doença de Alzheimer, raramente vêm do próprio paciente, pois a degeneração cognitiva muitas vezes os impede de ter essa percepção. “Os sinais de alerta passam a ficar mais preocupantes conforme se tornam recorrentes naquele paciente que vem apresentando alterações de humor, perda da iniciativa, dificuldade em executar tarefas que antes conseguia fazer de maneira independente. Quando a situação começa a afetar a independência e a autonomia do indivíduo, tem-se um sinal de que pode haver algo acontecendo”, alerta Pandolfi. [Olho texto=”“A demência de Alzheimer é uma doença degenerativa, progressiva e sem perspectiva presente de cura”” assinatura=”Larissa Freitas, referência técnica distrital (RTD) de geriatria” esquerda_direita_centro=”direita”] Embora não haja cura para o Alzheimer, existe tratamento disponível para retardar a evolução da doença, assim como para combater os sintomas colaterais causados pelo declínio cognitivo – como alterações do sono ou depressão. “É importante ter em mente que esse tratamento não é um tratamento curativo: com medicação ou sem medicação, a doença vai progredir. O que se pretende com os remédios é manter o paciente funcional o maior tempo possível”, afirma a médica. Tabu “A demência de Alzheimer é uma doença degenerativa, progressiva e sem perspectiva presente de cura. E, por ser uma notícia de difícil comunicação, acaba sendo rodeada de preconceitos e mitos”, afirma a referência técnica distrital (RTD) em geriatria e Alzheimer pela Secretaria de Saúde (SES-DF), Larissa Freitas. Ela destaca que as principais ferramentas de apoio aos familiares consistem na informação, na atenção e no acompanhamento continuados pelas equipes de saúde. “Para que isso aconteça, é necessário conhecer o contexto social e familiar do paciente e comunicar de forma clara e compassiva quais sintomas e situações são esperados no decorrer da doença”, diz a especialista. A RTD ressalta o papel das equipes interdisciplinares na formulação de estratégias gerais e específicas para cada desafio que o paciente e os cuidadores enfrentam no dia a dia: “Eles fornecem suporte social – como a orientação quanto a benefícios previdenciários –, clínico – nas intercorrências naturais da doença – e emocional.” [Relacionadas esquerda_direita_centro=”esquerda”] O ambulatório de geriatria e gerontologia do Hospital Regional de Taguatinga (HRT) oferta semestralmente curso de capacitação e cuidado integral com a pessoa idosa. Freitas enfatiza que o suporte dado ao binômio paciente/família é realizado por meio do acompanhamento clínico de médicos generalistas e especialistas da atenção primária e secundária à saúde, além do Núcleo Regional de Atenção Domiciliar (Nrad). O curso é ofertado duas vezes ao ano, na Policlínica Taguatinga 3 (Setor Central, QSD 12, Área Especial nº 1 – Taguatinga Centro). Uma nova turma será oferecida em março. As inscrições são realizadas presencialmente na unidade e são gratuitas. Atualmente há lista de espera para os interessados. Mais informações pelo telefone: (61) 3449-6531. Cuidando de quem cuida O tratamento, segundo a RTD em cuidados paliativos da SES-DF, Melissa Gebrim, deve abarcar também o cuidador. “Em geral, nas doenças neurodegenerativas, é comum que se tenha um familiar que abandonou todas as atividades laborais e de lazer para cuidar daquela pessoa. Nesse sentido, quando o paciente falece, a pessoa pode vivenciar um luto complicado, pois, por muito tempo, se viu como cuidadora. Ela precisará encontrar um novo sentido para a vida, novos objetivos”, detalha. O Hospital de Apoio de Brasília (HAB) conta com ambulatório e ala específica para cuidados paliativos geriátricos, de modo a oferecer o auxílio necessário também aos familiares. *Com informações da Secretaria de Saúde
Ler mais...
Fevereiro Roxo: cuidados para tratar e retardar o Alzheimer
Mês a mês, a Saúde elege temas que merecem uma atenção especial da população. Com a chegada do Fevereiro Roxo, os olhares estão lançados para as doenças crônicas, aquelas sem cura, entre elas o Alzheimer. Essa doença neurodegenerativa que provoca declínio das funções cognitivas não tem cura, mas o tratamento é ofertado pela rede pública de saúde. O paciente com suspeita da enfermidade deve procurar a unidade básica de saúde (UBS) mais próxima de casa para receber um diagnóstico da equipe de Saúde da Família. O objetivo da campanha Fevereiro Roxo é de conscientização, combate a falsas informações e apoio a pessoas com Alzheimer e suas famílias | Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil Se o médico avaliar que o paciente tem um quadro de demência, ele é inserido na regulação da geriatria e passa a ser acompanhado e tratado. Esse cuidado envolve a prescrição de medicamentos para retardar a evolução da doença e também o apoio de uma equipe multidisciplinar que vai desde fonoaudiólogos até fisioterapeutas e psicólogos. Todo apoio familiar e clínico é importante, sendo que esses profissionais e os cuidadores também devem receber atenção de terapeutas para lidar da melhor forma possível com a doença. [Olho texto=”O envelhecimento é o principal fator de risco, e também a genética da pessoa. Por outro lado, há 12 fatores que, sob atuação e tratamento, permitem prevenir em até 50% as chances de um quadro demencial” assinatura=”” esquerda_direita_centro=”esquerda”] “Tem-se uma impressão que a gente foca somente a memória, mas essa é só uma das coisas afetadas. Pode afetar o comportamento, a linguagem, a pessoa pode ter dificuldade em falar determinadas palavras, nomear objetos, pode ter dificuldade na compreensão de frases até chegar ao ponto de reduzir a capacidade de trabalho, as relações sociais. O comportamento fica modificado, a personalidade muda e ela fica cada vez mais dependente”, explica a geriatra Marcela Pandolfi da Secretaria de Saúde (SES-DF), presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBBG-DF). Além de o Alzheimer não ter cura, a população deve estar ciente de que há fatores de risco modificáveis e não modificáveis na doença. O que não se pode mudar é a idade da pessoa, uma vez que o envelhecimento é o principal fator de risco, e também a genética da pessoa. Por outro lado, há 12 fatores que, sob atuação e tratamento, permitem prevenir em até 50% as chances de um quadro demencial. São eles: hipertensão, escolaridade (tentar sempre aprender algo novo), deficiência auditiva, tabagismo, bebida alcoólica, obesidade, depressão, diabetes, baixo convívio social, poluição do ar e traumas cerebrais. Sinais A população deve ficar atenta aos sinais de alerta da doença. A médica especialista em geriatria reforça que alguns esquecimentos podem ser normais, quando não geram grau de dependência, mas é preciso observar. “Um deles é a perda de memória, quando o paciente tem esquecimentos recorrentes, frequentes, de datas importantes, pergunta a mesma coisa várias vezes. Quando é eventual, não gera alerta, mas se é recorrente, temos que ficar atentos”, detalha Marcela Pandolfi. [Relacionadas esquerda_direita_centro=”direita”] Outros sinais também devem ser observados, como a dificuldade de planejamento, de resolução de problemas, de fazer tarefas de casa, trocar ingredientes, esquecer que já comeu e querer comer de novo, perder noção de tempo e espaço e apresentar problemas de linguagem. “A importância da campanha é de conscientização, tanto do combate de falsas informações quanto do apoio a essas pessoas e famílias. É importante observar e dar o diagnóstico da maneira mais precoce possível; e, após o diagnóstico, que essa família tenha acolhimento, o que ela precisar da equipe multidisciplinar, para que o paciente tenha uma doença controlada e que a equipe possa proporcionar conforto aos pacientes e às famílias”, acrescenta a médica. Outra orientação importante é que nem toda demência significa Alzheimer. Essa é a mais conhecida forma das demências, mas não a única. É importante que um paciente com a memória comprometida ou mudança de comportamento seja atendido por um médico. É o corpo clínico que será capaz de fazer os exames para diferenciar o tipo de demência, e somente após o diagnóstico se poderá determinar o tratamento correto.
Ler mais...
Parentes de pessoas com Alzheimer são orientados para cuidados integrais
Conviver com a angústia e o medo de esquecer ou ser esquecido por pessoas próximas e significativas. Esta é a dor de quem tem a doença do Alzheimer ou convive com um familiar com a condição, um dos mais comuns tipos de demência neurodegenerativa, que é progressiva, irreversível, de causa desconhecida e com maior frequência entre os idosos. Para conscientizar a população sobre os cuidados necessários, 21 de setembro é, por lei federal, o Dia Nacional de Conscientização da Doença de Alzheimer. “Meu maior medo é minha mãe acordar e não me reconhecer mais, isso me assola. O Alzheimer é uma das piores doenças que existem, porque a cada dia vejo minha mãe perdendo a própria identidade. Logo ela, que era uma pessoa tão ativa”, compartilha Ana Sousa Pereira, de 59 anos, cuidadora da mãe, uma idosa de 91 anos diagnosticada há cerca de três anos com a enfermidade. Participante do curso para cuidado integral de idosos, Ana Sousa Pereira é responsável pela mãe de 91 anos, com diagnóstico de Alzheimer | Foto: Sandro Araújo/Agência Saúde-DF Para auxiliar no cuidado cotidiano, Ana participa do Curso de Capacitação e Cuidado Integral com a Pessoa Idosa promovido pela equipe do ambulatório de geriatria e gerontologia de Taguatinga. A formação tem duração de, aproximadamente, três meses. “O curso me ajuda muito a lidar com a minha mãe dentro de casa. Aqui, eu recebo conhecimento e encontro forças para agir. Vejo que não estou sozinha”, relata. Muito abalada pela condição atual da mãe – que já não se lembra de todos os filhos e, às vezes, inverte os papéis –, Ana também é acompanhada por psicólogo por indicação da equipe. Cuidado para doentes e familiares Equipe do Ambulatório de Geriatria e Gerontologia de Taguatinga é multidisciplinar e oferece mais comodidade aos pacientes, concentrando atendimentos no mesmo dia Todo semestre o ambulatório de geriatria e gerontologia de Taguatinga oferta o curso para cuidadores de pacientes atendidos na unidade. No local, são atendidos idosos com Alzheimer, depressão, Parkinson, disfagia (dificuldade de engolir), desnutrição e sarcopenia (perda progressiva de massa muscular). A formação visa à melhoria da qualidade de vida da pessoa adoecida e também do familiar que é o cuidador. “Muitas vezes o cuidador precisa de cuidado e encaminhamos para o psicólogo ou para grupos para troca de experiências. Não é simples cuidar do idoso, principalmente quando ele tem algum tipo de demência”, pondera a enfermeira Neuza Matos, que atua no ambulatório. Também participante do curso, a dona de casa Maria de Lourdes das Neves, de 49 anos, cuida da mãe, de 88 anos, que está começando a apresentar os sintomas do Alzheimer. Neste estágio inicial da doença, Maria tenta manter a mãe o mais independente possível, realizando atividades da rotina diária. A enfermeira Neuza Matos reforça que não são apenas os idosos que precisam de cuidados, há uma preocupação também com os cuidadores “Ela está tranquila, toma os remédios na hora certa, come direitinho. Mas começou a esquecer os meus irmãos mais distantes. Hoje, já me acostumei com a situação, mas, no início, eu chorava demais”, lamenta. Com equipe multidisciplinar completa, composta por terapeuta ocupacional, psicólogo, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, enfermeiro, nutricionista e médico geriatra, o ambulatório oferece mais comodidade aos usuários do serviço. “Tentamos fazer com que o paciente venha até o ambulatório só uma vez e seja atendido por mais de um profissional, pois economiza tempo. Alguns idosos são acamados e outros não gostam de sair de casa”, explica a nutricionista Vera Cerceau. Atenção aos sinais [Olho texto=”Um dos tipos mais comuns de demência, o Alzheimer não tem cura. A doença ocorre quando o processamento de certas proteínas do sistema nervoso central começa a dar erro, causando a morte de células cerebrais” assinatura=”” esquerda_direita_centro=”direita”] Um dos tipos mais comuns de demência, o Alzheimer não tem cura. A doença ocorre quando o processamento de certas proteínas do sistema nervoso central começa a dar erro, causando a morte de células cerebrais. O diagnóstico é clínico e os exames complementares servem para excluir outras causas para a queixa de alteração cognitiva. A referência técnica distrital (RTD) de geriatria, Larissa de Freitas, aponta que os sinais de alerta são alterações cognitivas, comportamentais e queda de funcionalidade. “Todo paciente com queixa de alteração cognitiva deve procurar a atenção primária para atendimento. Caso seja indicado pelo médico de família, o paciente pode ser regulado para as especialidades de geriatria, neurologia ou psiquiatria para uma avaliação especializada.” [Olho texto=”“Todo paciente com queixa de alteração cognitiva deve procurar a atenção primária para atendimento. Caso seja indicado pelo médico de família, o paciente pode ser regulado para as especialidades” assinatura=”Larissa Freitas, referência técnica distrital (RTD) de geriatria” esquerda_direita_centro=”esquerda”] A identificação precoce dos sinais, em estágios iniciais, é muito importante para tentar controlar os sintomas e postergar os comprometimentos da capacidade funcional. Os primeiros sintomas são os pequenos esquecimentos, que, usualmente, são confundidos pelos familiares com o processo normal de envelhecimento. Mas vale destacar que nem todo esquecimento é sinal de Alzheimer. O alerta surge quando a frequência é maior e repercute no funcionamento das atividades cotidianas do idoso. Ainda entre os principais sintomas da doença de Alzheimer estão: perda de memória, dificuldade em resolver problemas, desorientação no tempo e espaço, dificuldade em realizar tarefas do cotidiano, problema de linguagem, troca de objetos do lugar e alteração de comportamento. Prevenção e tratamento [Relacionadas esquerda_direita_centro=”direita”] De acordo com a RTD, a idade é um fator de risco para o Alzheimer, que pode ter o início precoce, antes dos 60 anos, ou tardio. A prevenção é manter alimentação saudável, praticar atividade física regularmente e fazer atividades de estimulação cognitiva e de lazer. Ou seja, manter hábitos saudáveis e atividades que estimulem o cérebro, para mantê-lo ativo. O tratamento baseia-se no processo de retardar o avanço do Alzheimer e prolongar a independência, a autonomia e a qualidade de vida do paciente e de familiares. Neste sentido, o acompanhamento com equipe interdisciplinar é essencial para auxiliar o paciente, cuidador e familiares. Hoje, a rede pública de saúde do DF possui dez ambulatórios de geriatria, sendo todos nas policlínicas das sete Regiões de Saúde: Gama, Planaltina, Sobradinho, Paranoá, Ceilândia, Taguatinga, Samambaia, Guará, Núcleo Bandeirante e Asa Norte. O paciente com Alzheimer tem acompanhamento longitudinal com a equipe de Estratégia Saúde da Família (ESF), bem como nos ambulatórios de geriatria. *Com informações da Secretaria de Saúde
Ler mais...
Alzheimer é tema da campanha Fevereiro Roxo
A campanha Fevereiro Roxo conscientiza sobre o Alzheimer, doença neurodegenerativa que ainda não tem cura. Dados de 2019, da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, apontam que as demências acometem cerca de 2 milhões de pessoas no Brasil, das quais 40% a 60% possuem Alzheimer. A idade é o principal fator de risco e, por isso, os idosos são a maioria. Cartaz da campanha Fevereiro Roxo A doença provoca a perda progressiva de neurônios em certas regiões do cérebro, o que causa, entre outros sintomas, dificuldade para a pessoa afetada acompanhar conversações e dirigir automóvel, ou faz com que o paciente repita a mesma pergunta várias vezes. [Olho texto=”“A qualidade do cuidado depende não só das informações técnicas, mas principalmente da própria situação de vida de quem cuida”, comenta Débora Brasil, assistente social no Ambulatório de Geriatria da Policlínica de Taguatinga” assinatura=”” esquerda_direita_centro=”direita”] A figura do cuidador, que muitas vezes é um familiar, é essencial para que o doente consiga realizar as atividades da vida cotidiana. O Alzheimer leva a uma situação de dependência. Considerando essa importância, além de todo suporte oferecido ao paciente, como acolhimento, avaliação social e tratamento, os profissionais de saúde também costumam fazer um trabalho paralelo com os cuidadores. “Temos um olhar humanizado para pensar em como está a saúde desse cuidador, porque uma das demandas que chegam é a situação de sobrecarga. Muitas vezes o foco das reuniões familiares que promovemos é repensar a divisão desse cuidado e ampliar a rede de suporte”, comenta Débora Brasil, assistente social no Ambulatório de Geriatria da Policlínica de Taguatinga. “Capacitamos esse cuidador a cuidar de si mesmo com a prática regular de atividade física, por meio de estratégias para prevenção de agravos como dor lombar ou, até mesmo, dores em articulações que podem impedir o cuidado direto com a pessoa com Alzheimer”, explica Hudson Pinheiro, fisioterapeuta que atua no mesmo ambulatório. [Olho texto=”A Secretaria de Saúde tem 10 Ambulatórios de Geriatria, espalhados em todas as regiões de saúde, com equipes que incluem geriatras, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos e psicólogos” assinatura=”” esquerda_direita_centro=”esquerda”] O foco é o fortalecimento físico e mental dessas pessoas, de modo que elas sejam capazes de dar uma melhor assistência ao familiar doente. Se o cuidador está bem e saudável, isso também reflete na saúde do idoso com Alzheimer, é o que enfatiza Débora Brasil. “A qualidade do cuidado depende não só das informações técnicas, mas principalmente da própria situação de vida de quem cuida”, finaliza a servidora. Rede de atendimento No total, a Secretaria de Saúde do DF oferece 10 Ambulatórios de Geriatria, espalhados em todas as regiões de saúde. Neles, os pacientes são atendidos por uma equipe interdisciplinar que inclui, entre outros profissionais, geriatras, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos e psicólogos. Para ter acesso aos ambulatórios, o paciente com Alzheimer deve ser encaminhado pela equipe de Estratégia Saúde da Família (ESF), ainda na Atenção Primária, por meio da Central de Regulação. *Com informações da Secretaria de Saúde do DF
Ler mais...
A importância de identificar o Alzheimer logo no início
O Fevereiro Roxo é uma campanha destinada à conscientização do Alzheimer, forma mais comum de demência neurodegenerativa que é progressiva, irreversível, de causa desconhecida e com maior frequência entre os idosos. A doença instala-se quando o processamento de certas proteínas do sistema nervoso central começa a dar errado. “O mês alusivo tem sua importância, visto que é uma doença progressiva, e a identificação dos sinais precocemente, em estágios iniciais, é de suma importância no sentido de se tentar controlar os sintomas e postergar os comprometimentos da capacidade funcional, ou seja, autonomia e independência”, explica Angela Maria Sacramento, Referência Técnica Distrital (RTD) de Terapia Ocupacional da Gerência de Saúde Funcional. Sintomas Os primeiros sintomas da doença de Alzheimer são sutis, o que pode passar despercebido. São os pequenos esquecimentos, normalmente os familiares acham que faz parte do processo normal de envelhecimento. Vale destacar que nem todo esquecimento é sinal de Doença de Alzheimer. No entanto, o alerta surge quando esses esquecimentos começam a ter uma frequência maior e repercutem no funcionamento das atividades cotidianas do idoso. [Olho texto=”“À medida que a doença evolui, as pessoas ficam cada vez mais dependentes de terceiros. A partir daí iniciam as dificuldades de locomoção, a comunicação se inviabiliza e o paciente passa a necessitar de cuidados e supervisão permanente, até mesmo para as atividades da vida diária”” assinatura=”Angela Maria Sacramento, Referência Técnica Distrital de Terapia Ocupacional da Gerência de Saúde Funcional” esquerda_direita_centro=”esquerda”] “À medida que a doença evolui, as pessoas ficam cada vez mais dependentes de terceiros. A partir daí iniciam as dificuldades de locomoção, a comunicação se inviabiliza e o paciente passa a necessitar de cuidados e supervisão permanente, até mesmo para as atividades da vida diária”, destaca Angela. Entre os principais sintomas da doença de Alzheimer estão: perda de memória; dificuldade em resolver problemas; desorientação no tempo e espaço; dificuldade em realizar tarefas do cotidiano; problema de linguagem; trocar o lugar das coisas e alteração de comportamento. Tratamento O tratamento baseia-se em retardar o avanço do Alzheimer e prolongar a independência, a autonomia e a qualidade de vida para o paciente, o cuidador e seus familiares. Neste sentido, o acompanhamento de uma equipe interdisciplinar é essencial. “Pacientes com Alzheimer são atendidos em quase todas as especialidades médicas. A geriatria realmente atende muitos pacientes com demência, mas a neurologia e a psiquiatria também. O que quero dizer é que não é uma doença exclusiva de uma especialidade”, explica a Referência Técnica Distrital (RTD) de Geriatria/Alzheimer, Larissa de Freitas Oliveira. Rede de atendimento Na Secretaria de Saúde do Distrito Federal, o paciente com Alzheimer tem seu acompanhamento longitudinal com a equipe de Estratégia Saúde da Família (ESF), bem como nos ambulatórios de geriatria, onde o paciente é acompanhado pelo geriatra e pela equipe interdisciplinar (terapeuta ocupacional, fonoaudiólogo, fisioterapeuta, enfermeiro, psicólogo, assistente social, etc). Atualmente são 11 ambulatórios de geriatria: Samambaia, Taguatinga, Asa Norte, Planaltina, Sobradinho, Paranoá, São Sebastião, Ceilândia, Núcleo Bandeirante, Guará e Gama. Na região Sudoeste, especificamente em Taguatinga, há uma equipe interdisciplinar com serviço de saúde funcional, com fisioterapia, fonoaudiologia e terapia ocupacional. *Com informações da Secretaria de Saúde
Ler mais...