Com resultados concretos, combate ao racismo nas escolas do DF é referência nacional
A Secretaria de Educação do Distrito Federal (SEEDF) vem consolidando uma política contínua de enfrentamento ao racismo e promoção da equidade racial que começa a chamar atenção nacionalmente. Recentemente, o Ministério da Educação concedeu à secretaria o Selo Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva, destinado às redes que desenvolvem ações estruturantes voltadas às relações étnico-raciais e à educação escolar quilombola. Dias depois, a pasta apresentou outro marco importante: o lançamento do Protocolo Antirracista para as escolas do DF, elaborado em parceria com o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) e o Movimento Negro Unificado. Para a secretária de Educação, Hélvia Paranaguá, o reconhecimento do MEC confirma que o trabalho realizado nos últimos anos está produzindo resultados reais. “Esse selo mostra que o DF está no caminho certo. Combater o racismo não é uma ação pontual, é uma política contínua que precisa envolver toda a rede. Estamos comprometidos em garantir que nossas crianças e jovens estudem em ambientes que acolham, respeitem e valorizem suas identidades”, afirmou. Segundo ela, o selo é também um incentivo para que a secretaria aprofunde as iniciativas já em andamento e avance na implementação de novas ações estruturantes. SEEDF recebeu o selo de reconhecimento do MEC por suas políticas educacionais voltadas à equidade racial e quilombola na rede pública | Foto: Jotta Casttro/SEEDF O selo do MEC e o prêmio de R$ 400 mil para ações de equidade racial vieram como resultado de um conjunto de políticas que inclui o fortalecimento da formação de professores pela Escola de Aperfeiçoamento dos Profissionais da Educação (Eape), o acompanhamento de estudantes quilombolas e a criação de um grupo de trabalho específico para ações de enfrentamento ao racismo na rede. Esse esforço ganhou um novo capítulo com o lançamento do Protocolo Antirracista, documento de 103 páginas que orienta a prevenção, identificação e enfrentamento de casos de racismo nas escolas públicas e privadas do DF. O material foi construído ao longo de meses com participação de gestores, professores, organizações da sociedade civil e órgãos de proteção, como a Defensoria Pública e a Delegacia Especializada em Crimes por Discriminação Racial. O texto apresenta orientações pedagógicas, procedimentos administrativos e diretrizes para acolhimento de vítimas, além de definições sobre diferentes tipos de racismo: estrutural, institucional, recreativo, religioso e ambiental. [LEIA_TAMBEM]A lista de ações da pasta inclui ainda a adesão ao Plano Nacional de Equidade e Educação para as Relações Étnico-Raciais e Educação Escolar Quilombola; a realização de encontros formativos sobre educação antirracista com os profissionais da educação; a criação do Selo Lélia Gonzalez para, em 2026, premiar as escolas que têm projetos antirracistas no DF; e a publicação de duas edições do Caderno Pedagógico de Consciência Negra, que estão disponíveis no site da SEEDF. Para Hélvia Paranaguá, o caminho que se abre agora é ainda mais desafiador e, justamente por isso, mais necessário. “Ter um protocolo antirracista nas mãos de cada escola e receber o reconhecimento do MEC mostra que estamos avançando, mas não encerra a nossa missão. Combater o racismo exige persistência, vigilância e um trabalho diário, dentro e fora da sala de aula. Seguiremos firmes para que a equidade racial seja uma realidade para todos os estudantes do Distrito Federal e para que nossas ações sejam referência para o Brasil”, declarou a secretária. *Com informações da Secretaria de Educação (SEEDF)
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Festival celebra diversidade cultural indígena e africana em Taguatinga
O Festival Taguatinga Plural reuniu, na última semana, estudantes de 34 escolas — da educação infantil ao ensino médio — no Alameda Shopping, para celebrar e apresentar os trabalhos desenvolvidos a partir do projeto. Criada em 2021 pela professora Janaína Almeida, a iniciativa promove ações pedagógicas voltadas à reflexão sobre o antirracismo e à valorização das contribuições das culturas indígena e africana para a formação da sociedade brasileira. Durante três dias de eventos, alunos de diferentes séries aproveitaram apresentações culturais, shows musicais e palestras | Foto: Victor Bandeira/SEEDF O evento, anteriormente chamado de Cidade Cor, foi agraciado nesta edição com o Selo Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva, que reconhece redes de ensino que desenvolvem políticas educacionais voltadas à equidade racial e quilombola. O atual coordenador do Taguatinga Plural, professor André Lúcio Bento, contou que o projeto também recebeu financiamento do Programa de Descentralização Administrativa e Financeira (Pdaf), da Secretaria de Educação do Distrito Federal (SEEDF). [LEIA_TAMBEM]Durante os dias 5, 6 e 7 de novembro, o shopping transformou-se em um espaço de celebração cultural, reunindo pinturas, esculturas e outras produções manuais dos estudantes, além de apresentações artísticas e musicais. Segundo André Lúcio Bento, a proposta do festival é ampliar o debate sobre diversidade e reconstruir a forma como as escolas abordam a história dos povos indígenas e africanos. Ele destacou que, diferentemente de outras gerações, hoje crianças e adolescentes têm a oportunidade de discutir temas que antes eram invisibilizados ou tratados de maneira estereotipada. “O projeto busca reparar o papel dos povos que ajudaram a formar a identidade brasileira, promovendo uma abordagem mais justa e aprofundada dessas temáticas em sala de aula”, explica André. Alunos da educação infantil fizeram uma apresentação sobre a cultura africana Até 2023, a iniciativa abrangia apenas ações voltadas à resistência ao racismo e era realizada em uma das escolas participantes. Com o aumento do número de redes de ensino que aderiram ao Taguatinga Plural, o projeto transformou-se em um festival aberto ao público. “A ideia de levar o evento para fora do ambiente escolar surgiu para que a comunidade tivesse maior acesso ao que as escolas estão desenvolvendo”, explicou o professor. Os temas relacionados à cultura e à história indígena e quilombola também foram incorporados ao leque de diversidade do festival. “As escolas têm autonomia para definir suas abordagens, já que existem diversas tribos e etnias indígenas e africanas. Isso amplia as possibilidades de trabalho dos professores com os alunos”, ressaltou. *Com informações da Secretaria de Educação (SEEDF)
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Desfile no CED 308 do Recanto das Emas celebra a cultura afro
O Colégio Cívico-Militar Centro Educacional (CED) 308 do Recanto das Emas foi palco de uma grande celebração cultural na manhã da última terça-feira (19). O desfile África É Nós reuniu estudantes, professores e a comunidade escolar para enaltecer a riqueza da cultura afro-brasileira e reforçar a importância da educação antirracista. O Colégio Cívico-Militar Centro Educacional 308 do Recanto das Emas foi palco de uma grande celebração da cultura afro-brasileira, com o desfile África É Nós | Fotos: Mary Leal/SEEDF A professora Rosane Arthur, uma das organizadoras do evento, explicou como o projeto se tornou uma ferramenta transformadora para os estudantes do CED 308. “Hoje, estamos vendo os resultados do trabalho realizado ao longo do ano, com desfiles que exibem o que os alunos aprenderam nas oficinas de maquiagem, turbantes e muito mais”, destacou. Os estudantes brilharam na passarela com produções que exaltam a estética negra: turbantes, penteados elaborados, maquiagens impactantes e trajes vibrantes. Cada detalhe foi preparado durante oficinas realizadas ao longo do ano, que abordaram moda, história afro-brasileira e valorização da identidade negra. “Eu sempre gostei de moda, mas aqui aprendi sobre os tecidos originais da cultura afro e técnicas de maquiagem que valorizam o tom de pele” Aline Santana. estudante do CED 308 O evento trouxe ainda diversas apresentações artísticas. O rapper camaronês Ober237, o cantor e compositor beninense Big Nel e a companhia de dança In The Hood, liderada por Tatiana Assem, empolgaram o público com músicas e coreografias que exaltaram a ancestralidade africana. Encerrando a programação, a DJ J4K3 garantiu que ninguém ficasse parado. Segundo a professora Rosane, os estudantes foram inseridos em um universo cultural rico e transformador, graças à parceria com a Secretaria de Cultura (Secec-DF). “Todos os profissionais envolvidos no projeto – maquiadores, trancistas, fotógrafos – ministraram oficinas com nossos alunos antes deste grande dia. Isso permitiu que eles vivessem a cultura e se conectassem de maneira única com suas raízes”, completou. Para os estudantes Aline Santana e Maxwell Lima, o projeto África É Nós impactou positivamente na autoestima de alunos negros e pardos, promovendo uma valorização da identidade cultural Educação para fortalecer identidades O projeto África É Nós começou a ser estruturado no ano passado, quando o CED 308 foi convidado a integrar uma iniciativa maior promovida em parceria com a Secec-DF. Desde então, a escola tem desenvolvido ações contínuas de educação antirracista, incluindo palestras, debates e oficinas que desafiam preconceitos e promovem o reconhecimento da história e das conquistas da população negra. “Ao discutir a cultura africana em sala, percebemos que muitos alunos associavam a África apenas à fome e à pobreza. Nosso objetivo foi mostrar uma outra perspectiva, apresentando a riqueza cultural e as contribuições de figuras negras bem-sucedidas. Isso os ajudou a construir uma identidade positiva”, explicou Rosane, organizadora do projeto. Com o desfile desta terça-feira, a escola celebra a culminância de um ano inteiro de trabalho voltado para a valorização da diversidade e o fortalecimento de vínculos culturais. Engajamento A estudante Aline Santana, de 18 anos, descreveu como o projeto África É Nós impactou positivamente sua autoestima e valorização da identidade cultural. “Esse projeto foi muito importante, principalmente para estudantes negros e pardos. Ensinou muito sobre moda, penteados afros e maquiagem. Como mulher negra, eu me sentia com a autoestima baixa. Nossa sociedade ainda não evoluiu tanto quanto gostaríamos, então aprender sobre a moda e a cultura afro foi transformador para mim e para os outros alunos”, destacou. Aline também compartilhou as lições que levará para a vida. “Eu sempre gostei de moda, mas aqui aprendi sobre os tecidos originais da cultura afro e técnicas de maquiagem que valorizam o tom de pele. Depois disso, minha autoestima está renovada: me sinto muito mais bonita e confiante. Antes, eu não sabia usar os produtos de forma que combinassem comigo, mas agora conheço as técnicas certas. Foi uma experiência incrível”, concluiu. René Mapouna, produtor executivo do projeto África É Nós, ressaltou o impacto transformador da iniciativa para os estudantes: “Eleva a autoestima deles e reforça a importância de trabalhar a identidade afro-brasileira de forma contínua” O estudante Maxwell Lima, 18 anos, destacou a importância do projeto para a valorização da cultura negra e suas próprias vivências. “Eu gostei muito de participar, especialmente do desfile. Antes, era raro ver pessoas negras sendo representadas em eventos de moda, mas hoje temos vários exemplos de homens e mulheres negros ganhando espaço. Além disso, aprendi muito sobre tecidos, roupas e maquiagens que trazem a riqueza da cultura afro-brasileira. Foi uma experiência que valorizou nossa origem e identidade”, afirmou. Parceria Produtor executivo do projeto África É Nós e servidor da Secretaria de Cultura, René Mapouna ressaltou o impacto transformador da iniciativa para os estudantes. “O projeto gira em torno da moda afro, com cinco oficinas principais: História da Moda Afro, Passarela, Turbante, Penteado Afro e Moda Periferia. O desfile final, realizado pelos próprios alunos, dá protagonismo aos estudantes negros e promove a valorização da diversidade. Isso eleva a autoestima deles e reforça a importância de trabalhar a identidade afro-brasileira de forma contínua, e não apenas em ações pontuais, como no Dia da Consciência Negra”, explicou. *Com informações da Secretaria de Educação
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Evento do CED 01 do Riacho Fundo II debate educação antirracista
O Centro Educacional (CED) 01 do Riacho Fundo II iniciou, nesta quinta-feira (17), o 1º Seminário de Educação Antirracista da escola. O evento tem por objetivo promover ações e práticas de combate ao racismo no cotidiano escolar e na comunidade. Até sexta-feira (18), os estudantes participarão de diversas atividades, com saraus de cultura de paz, oficinas e debates sobre as temáticas com palestrantes convidados. Estudantes participaram de sarau, oficinas e debates sobre direitos humanos e a relevância de um espaço educacional antirracista | Fotos: Jotta Casttro/SEEDF A abertura do seminário contou com a presença de autoridades, incluindo a promotora de justiça do Ministério Público do Distrito Federal (MPDFT), Polyanna Silvares; a deputada federal Erika Kokay; o diretor do Sindicato dos Professores (Sinpro-DF), Carlos Fernandes; a administradora do Riacho Fundo II, Ana Maria da Silva; o professor doutor da Universidade de Brasília (UnB) Leonardo Ortegal; e os gestores do CED 01, Júlio César Moronari e Adeir Ferreira. Júlio Moronari, diretor do CED 01, falou sobre a importância de criar um espaço educacional que promova a diversidade e a inclusão, além da perspectiva de tornar o seminário um núcleo permanente para o estudo e o diálogo sobre relações raciais. “Uma das nossas preocupações é que este seminário se torne um núcleo permanente para o estudo e o debate sobre as relações inter-raciais. É muito comum ver eventos apenas no dia 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, mas no dia 21 já não há mais reflexões. Nossa proposta é que essa discussão aconteça diariamente, pois o racismo está presente no nosso cotidiano. Não adianta ser antirracista apenas em datas específicas, precisamos combater todas as formas de racismo e intolerância continuamente”, comentou Moronari. Relatos de experiências “O racismo não afeta só quem o sofre, mas também quem o pratica. É importante discutir isso”, afirmou Júlia Brandão, de 17 anos, que compartilhou suas experiências sobre o impacto do racismo na vida escolar junto com colega Matheus Miranda, de 18 anos A estudante Júlia Brandão, de 17 anos, compartilhou suas experiências sobre o impacto do racismo na vida escolar. “O racismo não afeta só quem o sofre, mas também quem o pratica. É importante discutir isso”, afirmou Júlia. O amigo Matheus Miranda, de 18 anos, recordou sua primeira experiência com discriminação e como a educação tem sido uma ferramenta para entender e enfrentar essas situações. “Se alguém age de forma preconceituosa, procuro reclamar e fazer com que essa pessoa reflita sobre suas atitudes” Matheus Miranda, estudante “Minha primeira experiência com racismo aconteceu quando eu tinha 11 anos, em uma padaria. Uma mulher começou a me olhar de maneira estranha. Ela se incomodou tanto que, quando minha madrasta, que é branca, chegou, ela se acalmou. Foi a primeira vez que percebi que minha pele mais escura fazia diferença”, relembrou o estudante. Matheus ainda contou como aprendeu a lidar com situações semelhantes e de que forma a escola contribuiu para isso. “O que me ajudou muito foi um projeto realizado na escola, que começou em julho, chamado Afrocientistas. Aprendi a lidar melhor com essas situações, buscando me entender e me posicionar. Se alguém age de forma preconceituosa, procuro reclamar e fazer com que essa pessoa reflita sobre suas atitudes”, disse. Projetos A abertura do seminário nesta quinta-feira (17) contou com a presença de autoridades O Afrocientistas é um projeto nacional desenvolvido pela Associação Brasileira de Pesquisadores/as Negros/as (ABPN). A iniciativa proporciona aos estudantes do ensino médio a oportunidade de construir repertório político, científico e tecnológico pautado na educação antirracista. Além disso, desenvolve habilidades e valores condizentes com uma sociedade democrática para a formação de futuros cientistas negros nas diversas áreas do conhecimento. O vice-diretor do CED 01, Adeir Ferreira, destacou a importância do projeto na formação dos alunos. “Buscamos parcerias com instituições como a UnB, que oferece o GEPERG, um grupo de estudos em políticas públicas voltadas para as relações étnico-raciais. Trouxemos o projeto Afrocientista para nossa escola, proporcionando bolsas de seis meses para 11 estudantes, focando na temática étnico-racial e antissexista”, explicou. Ferreira acrescenta que a busca pelo projeto partiu de intervenções que atendam às necessidades dos alunos, que enfrentam situações de vulnerabilidade, incluindo a racial. “Dos nossos alunos, 66% se autodeclaram negros, o que reforça a necessidade de projetos que abordem questões de raça”, pontuou. Na sexta-feira, os estudantes ainda participarão de atividades sobre as temáticas. O seminário contará com a presença de indígenas dos povos Wapichana e Terena, além promover uma série de oficinas e debates abertos ao público, visando expandir a discussão para além dos muros da escola. As atividades incluem sarau, minicursos e debates sobre direitos humanos, enfatizando a relevância de um espaço educacional inclusivo e antirracista. *Com informações da SEEDF
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Projeto promove educação antirracista em escolas da rede pública
Uma proposta pedagógica que transforma a vida de estudantes, professores e fotógrafos voluntários em escolas públicas do Distrito Federal. Este é o projeto Crespos & Cacheados – pretos, pardos e indígenas, que realizou, no último sábado (28), um ensaio fotográfico com os alunos do Centro de Ensino Médio (CEM) 03 de Taguatinga. Neste sábado (5), o projeto será no CEM 02 de Ceilândia. O ensaio também passou pelo Centro Interescolar de Línguas (CIL) do Recanto das Emas, coordenado pela professora de espanhol Amanda de Paula. Ao todo, 27 estudantes da unidade foram convidados a participar do ensaio fotográfico, no qual os homens foram maioria pela primeira vez, com 17 participantes. As fotos serão exibidas em uma exposição no mês de novembro, no qual se comemora o Dia da Consciência Negra. A sessão de fotos dos alunos do CEM 03 de Taguatinga foi realizada por fotógrafos voluntários | Fotos: Jotta Casttro/ SEEDF O projeto faz parte do letramento racial e da educação antirracista de professores e estudantes, a partir de uma ideia que surgiu de maneira orgânica no CEM 02 de Ceilândia, em 2012, com a professora de sociologia Regina Cotrim. “O objetivo é valorizar a beleza negra e indígena em uma sessão de fotos, realizada pelo fotógrafo profissional Carlos Terrana, junto com outros seis fotógrafos voluntários”, explicou a professora idealizadora do projeto. Autoestima Regina relembrou como foi que surgiu a ideia de criar o projeto do ensaio fotográfico Crespos & Cacheados. Em 2012, o CEM 02 de Ceilândia recebeu um grupo de estudantes de vários países da África, com o projeto África na Escola. Eles fizeram uma apresentação para mostrar a cultura africana, desmistificando preconceitos e promoveram um desfile. A professora conta que uma aluna desfilou com o cabelo black, e todos ficaram encantados. Projeto surgiu de maneira orgânica com a professora de sociologia Regina Cotrim “Foi quando tive o insight e pensei em trabalhar a autoestima dos nossos alunos, para aceitar a beleza natural. No ano seguinte, 2013, fiz um pequeno ensaio fotográfico e percebi que era por meio da imagem que a gente iria começar a promover a valorização e a representatividade da beleza negra”, explicou Regina. Desde então, já foram muitos ensaios e histórias de transformação pessoal. “Meninos e meninas que ainda tinham vergonha e se sentiam oprimidos começaram a se empoderar a partir dessas fotos. Viraram multiplicadores em casa, com a família, com os amigos. É também uma questão de representatividade”, concluiu a educadora. Transformação Laís Santos: “Além das fotos, os professores conversam com a gente sobre a educação antirracista e o combate à discriminação. Sabemos dos nossos direitos e como nos posicionar diante de ofensas e atitudes racistas” A estudante Laís Santos, 18 anos, participou do ensaio. “Eu vi as fotos do ano passado, e achei o máximo. Além das fotos, os professores conversam com a gente sobre a educação antirracista e o combate à discriminação. Sabemos dos nossos direitos e como nos posicionar diante de ofensas e atitudes racistas”, contou. Nas aulas do projeto, os estudantes são estimulados a contar por quais situações de racismo eles passam no dia a dia. “Falamos sobre tudo desde a primeira aula. Foi muito impactante pra mim porque eu nunca tinha falado isso pra ninguém, então chorei e me libertei. Descobri que outros colegas passam pelo mesmo, e a gente se sente acolhido”, comentou Laís. A participante disse que hoje se sente em paz com a própria identidade. “O projeto foi a chave, o empurrão necessário, e agora eu tenho mais autoestima. Eu adoro o meu cabelo do jeito que ele é, e uso ele de várias formas. Isso me deixa muito mais feliz e realizada comigo mesma”, celebrou. Representatividade e inspiração “O projeto foi a maneira de eu me aceitar como a única mulher preta de cabelo crespo da minha família. Acho que vai ser um passo muito importante para as gerações futuras, que me verão como inspiração” Heloyze Vieira, estudante A aluna Heloyze Vieira, 17 anos, viu as fotos dos colegas do ano anterior e quis participar. Ela contou que, antes do projeto, estava passando por um período difícil. “Eu não estava conseguindo me aceitar e nem o meu cabelo. Sofri muito bullying por isso quando eu era pequenininha. O projeto foi a maneira de eu me aceitar como a única mulher preta de cabelo crespo da minha família. Acho que vai ser um passo muito importante para as gerações futuras, que me verão como inspiração”, avaliou. O projeto também traz uma perspectiva de crescimento pessoal e profissional, por meio de uma carreira de modelo fotográfica. “Eu sempre quis ser modelo. Quando eu vi o projeto, pensei que era justamente a minha chance”, reconheceu Heloyze. O estudante do CEM 03 Isaque de Oliveira, 17 anos, já tinha participado de outros ensaios fotográficos, e destacou a importância da representatividade que o projeto trouxe para os alunos. “Esse ensaio nos permite ver o mundo de um lugar diferente, nos sentimos acolhidos e com mais orgulho. Entendemos que todos nós somos lindos da maneira que a gente é, e não tem por que ter vergonha disso”. Premiação O projeto foi um dos destaques na segunda edição do Prêmio Paulo Freire de Educação da Câmara Legislativa do DF O projeto tem como objetivo exaltar e valorizar a beleza negra e indígena, conforme a Lei nº 11.645 de 2008, que torna obrigatório no Brasil o estudo da história e da cultura indígena e afro-brasileira nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio. Recentemente, o projeto foi contemplado na segunda edição do Prêmio Paulo Freire de Educação da Câmara Legislativa do DF. Com 264 projetos inscritos, o prêmio tem como objetivo reconhecer iniciativas educacionais inovadoras, transformadoras e alinhadas aos princípios formulados pelo pensador e educador Paulo Freire. Dos 25 projetos selecionados como destaques, o Crespos & Cacheados foi o primeiro a ser contemplado. “Foi muito legal receber essa premiação na Câmara. Por uma questão de visibilidade mesmo, pois agora mais professores sabem que esses projetos existem, e podem replicá-los em suas escolas. Fiquei muito honrada e muito feliz com essa premiação”, disse a professora Regina. *Com informações da Secretaria de Educação
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Educação antirracista promove diversidade nas escolas no Recanto das Emas
Educação antirracista o ano todo. A comunidade educacional do Recanto das Emas reuniu-se, nesta quarta-feira (5), para o 1º Fórum de Educação Antirracista. O evento, realizado no auditório da coordenação regional de ensino, teve como finalidade apresentar as práticas antirracistas desenvolvidas nas unidades escolares da região. A solenidade contou com a participação da coordenadora de ensino, Mariana Ayres, além de educadores e parlamentares. “O objetivo do fórum é a apresentação de projetos e práticas antirracistas desenvolvidos em nossas unidades escolares. Pedi para os alunos que mostrassem um pouquinho do trabalho que está sendo realizado aqui em nossa cidade para percebermos o potencial dos nossos estudantes”, enfatizou a coordenadora da regional de ensino do Recanto das Emas, Mariana Ayres. Alunos apresentaram peça teatral com reflexões sobre o impacto do racismo na sociedade | Foto: Divulgação/Secretaria de Educação O destaque do evento foi a apresentação teatral da companhia Formigueiro de Teatro, dos estudantes do centro de ensino médio (CEM) 804, com a encenação do espetáculo Sabe por que tu deu não bola? A peça, sob orientação do professor e arte-educador Tiago Leal e das professoras Fabiana Rodrigues, Juliana Soares, Rosa Vasconcelos e Raíssa da Rocha, apresenta reflexões sobre o impacto do racismo na sociedade e foi premiada no Festival Estudantil de Teatro Amador 2023 como melhor espetáculo e melhor performance musical. “A companhia começou em 2018 e atualmente conta com 18 estudantes e ex-estudantes no elenco. Muitos deles já concluíram o ensino médio, porém fazem parte do projeto. O grupo trabalha essas questões relacionadas a racismo e violência contra a mulher”, explica Tiago Leal. Além da apresentação teatral, o fórum contou com performances musicais, destacando a importância da arte como ferramenta de sensibilização e conscientização sobre a temática do racismo. Durante as palestras e debates, os participantes ressaltaram a urgência de abordar o racismo nas escolas, não apenas como um problema social, mas como uma questão educacional fundamental. O fórum foi uma oportunidade para compartilhar experiências e boas práticas no combate ao racismo nas escolas, reafirmando o compromisso da comunidade educacional do Recanto das Emas com a promoção da igualdade racial e o respeito à diversidade. O projeto tem por objetivo fortalecer a educação de todos os segmentos e etapas de ensino, integrantes da rede pública de ensino nos espaços mais inclusivos, combatendo as desigualdades históricas e culturais. *Com informações da Secretaria de Educação
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Escolas da rede pública trabalham a luta contra o racismo o ano inteiro
Não é apenas no mês de novembro, quando é celebrado o Dia da Consciência Negra, que o tema educação antirracista se faz presente na vivência dos estudantes da rede pública de ensino do Distrito Federal. Na rede pública de educação, o assunto é pauta de trabalhos contínuos durante o ano todo. A importância da representatividade, da diversidade e da luta contra a discriminação racial está no dia a dia pedagógico das escolas. [Olho texto=”“Não estamos fazendo uma ação isolada sobre o Dia da Consciência Negra. São várias atividades integradas que debatem a educação antirracista com textos, pinturas em tela, contação de histórias, palestras, incentivo à prática da capoeira no Centro de Iniciação Desportiva (CID), entre outras”” assinatura=”Murilo Marconi, coordenador Regional de Ensino de Taguatinga” esquerda_direita_centro=”direita”] A Coordenação Regional de Ensino (CRE) de Taguatinga tem exemplos de sucesso da abordagem do tema, como o projeto Taguatinga Plural, que tem objetivo de subsidiar ações pedagógicas e educativas nas unidades escolares para o reconhecimento do papel fundamental da educação na superação do racismo. Na região, 11 escolas já aderiram ao projeto para trabalhar temas da educação antirracista em diversas ações ao longo do ano. As atividades do Taguatinga Plural são construídas coletivamente em reuniões entre os professores das escolas que aderiram à iniciativa. Há eixos norteadores para o debate, mas cada unidade pode sugerir ações e projetos para serem desenvolvidos localmente. Foi destinada, por meio de uma emenda parlamentar do Programa de Descentralização Administrativa e Financeira (Pdaf), uma verba para as escolas investirem em materiais pedagógicos para o desenvolvimento das ações. Cada unidade participante do projeto recebeu R$ 4 mil por ano. “Não estamos fazendo uma ação isolada sobre o Dia da Consciência Negra. São várias atividades integradas que debatem a educação antirracista com textos, pinturas em tela, contação de histórias, palestras, incentivo à prática da capoeira no Centro de Iniciação Desportiva (CID), entre outras”, destaca Murilo Marconi, coordenador da CRE de Taguatinga. Alunos debatem a educação antirracista por meio da contação de histórias | Fotos: Mary Leal/Ascom SEEDF A ideia do projeto é aprofundar o que prevê a própria Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, que garante o estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena nas instituições de ensino. O Centro de Educação Infantil (CEI) 1 foi uma das unidades que aderiu ao Taguatinga Plural. A escola aproveitou as sugestões da coordenação regional de ensino e integrou as atividades que a escola já desenvolvia sobre o assunto. Ao longo do ano, são trabalhadas leituras e desenvolvidos trabalhos artísticos relacionados com a temática. O objetivo é mostrar a importância da cultura afro-brasileira e indígena aos 274 alunos que estudam no local. Arthur Miguel de Souza, 6 anos, aluno do 2º período, valoriza o trabalho feito por ele durante atividade escolar: “Me achei lindo” Uma das atividades da escola foi fazer com que as crianças pintassem autorretratos, para estimular o trabalho artístico e trabalhar pontos como diversidade e autoestima. Arthur Miguel de Souza, 6 anos, aluno do 2º período, comenta orgulhoso o autorretrato que fez. “Eu me achei muito lindo. Fiz um ótimo trabalho. Mostrei minha cor e meu cabelo”, afirma. A colega de turma de Arthur, Isadora Sales, 5 anos, diz que amou fazer a pintura e que a professora sempre comenta na sala de aula que é importante respeitar todas as pessoas, independentemente de qualquer diferença. Ela também destaca que não gosta quando vê alguma situação de discriminação. Todas as unidades que participam do Taguatinga Plural recebem pintura de muros ou painéis escolares sobre a temática para o fortalecimento da diversidade e representatividade negra e indígena. Todas são realizadas pelo Canal Fique Fera, com os muralistas Tayná Carvalho e César Augusto. “Nossa ideia é sempre mostrar a pluralidade e a diversidade nas nossas pinturas educativas”, comenta César. O painel que começou a ser pintado no CEI 1 de Taguatinga, na última quarta (16), foi ainda mais especial para Tayná porque, além de ser o primeiro, foi na escola em que ela estudou por vários anos na infância. “Foi a cereja do bolo poder fazer essa pintura na escola em que vivi vários momentos da minha infância e que contribuiu na minha formação”, frisa a muralista. Além das atividades na sala de aula, o projeto Taguatinga Plural também desenvolveu um e-book sobre educação antirracista. Nele, outras atividades feitas nas escolas da regional são apresentadas. [Relacionadas esquerda_direita_centro=”direita”] Combate ao racismo estrutural No Centro de Ensino Fundamental (CEF) 801 do Recanto das Emas, o projeto Agô – Minha Ancestralidade Vai Passar também destaca a importância das discussões em torno da consciência negra. As atividades são desenvolvidas com estudantes dos 11 aos 15 anos como parte do projeto pedagógico da escola, que foi construído a partir da contribuição do corpo docente da unidade. O tema central é o racismo estrutural. O assunto é abordado com frequência em sala de aula com debates a partir de fatos que acontecem no país, propondo uma reflexão sobre os acontecimentos que envolvem o tema. O lado lúdico também é desenvolvido por meio das artes, como ferramenta para o empoderamento e reconhecimento da cultura afro-ameríndia. A Horta Ancestral é um braço do projeto Agô em que são aplicadas práticas e tecnologias de plantio que os africanos trouxeram durante o processo de colonização do Brasil. “Este projeto tem sido o carro chefe da pedagogia de 2022 do CEF 801 e concluímos que é um assunto que infelizmente não se esgota devido ao processo colonialista ao qual passamos ao longo de séculos. Só assim, com ações efetivas na educação, podemos preparar os alunos para serem cidadãos mais esclarecidos. É urgente que as escolas proponham projetos desta envergadura para o amadurecimento da sociedade”, afirma Ricardo César, coordenador pedagógico do projeto. *Com informações da Secretaria de Educação
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Professores têm formação continuada em educação antirracista
A sala 54 da Subsecretaria de Formação Continuada dos Profissionais da Educação (Eape), na Asa Sul, virou palco para discussões sobre questões étnico-raciais, gênero, racismo e a valorização e aceitação da cultura negra. Intitulado de Brasilidades Afro-Indígenas, o espaço tornou-se um ponto de encontro para educadores realizarem cursos, bate-papos e encontros online. As reuniões ocorrem durante todo o ano e o aprendizado é compartilhado com os estudantes das escolas públicas do Distrito Federal. [Olho texto=”“Essas temáticas precisam estar na escola independentemente de qual for o componente, seja para professores de geografia, história ou outras disciplinas”” assinatura=”Renata Nogueira, professora doutora em Antropologia pela Universidade de Brasília (UnB)” esquerda_direita_centro=”direita”] O espaço onde ocorrem os cursos é decorado com fotografias temáticas feitas por professores e alunos. O lugar conta ainda com espaços para livros e instrumentos de percussão de matriz africana, além de adereços nas paredes, característicos da cultura africana e indígena. Entre os cursos ofertados está o de Letramento em Educação Antirracista: Por uma Escola Diversa e Polifônica, ministrado pela professora doutora em antropologia pela Universidade de Brasília (UnB) Renata Nogueira. A docente também oferta outros cursos paralelos ligados ao projeto Eape Vai à Escola, como: Racismo Estrutural e Educação; Valores Civilizatórios Afro-brasileiros e Educação; Racismo Religioso e Educação e Racismo e Xenofobia. A professora Renata Nogueira ministra cursos com temáticas que variam de acordo com o currículo básico da educação | Fotos: Mary Leal/Ascom SEEDF A professora explica que as temáticas dos cursos variam de acordo com o currículo básico da educação e ressalta que o papel do profissional que atua na formação continuada consiste em potencializar o trabalho para que ele chegue até os estudantes. “Essas temáticas precisam estar na escola independentemente de qual for o componente, seja para professores de geografia, história ou outras disciplinas”, pondera. Renata está na Eape desde 2019 e atua por meio de diversas atividades, como palestras, oficinas e seminários. O curso de Letramento em Educação Antirracista: Por uma Escola Diversa e Polifônica foi realizado durante o segundo semestre de 2022, com o intuito de promover atuação crítica e transversal das temáticas étnico-raciais nas escolas e contribuir na construção de perspectivas educacionais antirracistas. A professora Marina Morena faz o curso Letramento em Educação Antirracista: “Senti a necessidade de trabalhar as relações étnico-raciais para além do mês de novembro, durante todo o ano, dando foco para a autoestima da população negra” A professora Marina Morena faz o curso Letramento em Educação Antirracista e explica como o aprendizado tem ajudado a complementar o trabalho que ela realiza com os alunos da Escola do Parque da Cidade (Proem). “Senti a necessidade de trabalhar as relações étnico-raciais para além do mês de novembro, durante todo o ano, dando foco para a autoestima da população negra, a partir de grandes referências que passam desde o período abolicionista até os dias atuais”. O Proem é uma escola de natureza especial e atende adolescentes que cumprem medidas socioeducativas ou que vivem em abrigos. Os alunos têm idades entre 13 e 17 anos, e muitos deles estão em semiliberdade invertida, onde passam o dia na escola e de noite ficam institucionalizados. [Relacionadas esquerda_direita_centro=”direita”] “A grande maioria dos meus alunos são negros, que sofrem uma defasagem escolar e que são vítimas de uma sociedade racista. O meu trabalho enquanto educadora consiste em resgatar esses estudantes. Fiz um trabalho com eles destacando os pacifistas, pois são alunos que têm um histórico de violência muito grande. Estudamos os direitos civis da luta da população negra a partir de Martin Luther King, a segregação do Apartheid da África do Sul pelo Mandela.” Trajetória de cursos temáticos A Eape oferece cursos, oficinas, lives e ações relacionadas ao tema. Entre 2020 e 2021, a escola ofertou a oficina Práticas Pedagógicas Antirracistas: Jogos e Brincadeiras para 1.018 professores. Em 2022, a Eape disponibilizou cursos voltados para o ensino antirracista para 96 professores, além das ações do projeto Eape Vai à Escola, que atenderam a 1.310 profissionais da educação e abriram espaço de debates e reflexões para a necessidade de que essa temática se faça presente nas práticas diárias do cotidiano escolar. *Com informações da Secretaria de Educação
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