4ª Feira de Acessibilidade do DF amplia projetos de inclusão para além da deficiência visual
Com inscrições abertas até 5 de setembro, a 4ª Feira de Acessibilidade do Distrito Federal, originalmente voltada a pessoas com deficiência visual, passa a receber projetos destinados àqueles com diferentes tipos de necessidades especiais, como cadeirantes, autistas, portadores de doenças raras, entre outros. O evento é realizado pelo Governo do Distrito Federal (GDF), por meio da Biblioteca Braille Dorina Nowill, equipamento da Secretaria de Educação (SEEDF). Participam também as secretarias da Pessoa com Deficiência (SEPD) e da Cultura e Economia Criativa (Secec), além da Regional de Ensino de Taguatinga. Com entrada gratuita, a feira ocorre nos dias 12 e 13 de setembro, das 10h às 19h, no Alameda Shopping, em Taguatinga. De acordo com Eliane Ferreira, coordenadora da Biblioteca Dorina Nowill, a procura foi tão grande nas edições anteriores que decidiu-se acolher iniciativas de instituições que trabalham com outras deficiências. Eliane destaca a evolução da iniciativa desde a primeira edição em 2022. “Quando iniciei esse projeto, era algo pequeno, com poucos trabalhos. Hoje, a feira tomou uma proporção muito maior, com atividades culturais, teatro, música, divulgação de tecnologias e forte engajamento de diferentes segmentos”, comemora. O evento é realizado pelo Governo do Distrito Federal (GDF), por meio da Biblioteca Braille Dorina Nowill, equipamento da Secretaria de Educação (SEEDF) | Foto: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília Nas últimas três edições, a feira cresceu em alcance e relevância, se consolidando como o maior encontro da capital federal dedicado à promoção da inclusão e à valorização da pessoa com deficiência. A programação inclui saraus, exposições, palestras sobre inclusão, direitos e educação, mesas de debate sobre desafios e avanços na vida das pessoas com deficiência, além da valorização de artistas e grupos culturais formados por esse público. Neste ano, terá as participações da Biblioteca Nacional de Brasília, que levará a tradicional Mala do Livro, Academia Taguatinguense de Letras, Centro de Ensino Especial para Deficientes Visuais (CEDV), Biblioteca Pública da União e Fundação Dorina Nowill, de São Paulo. Espaço de articulação Segundo a coordenadora da Regional de Ensino de Taguatinga, Daniela Souza dos Santos Freitas, o evento é também uma forma de dar visibilidade às pessoas com deficiência visual. “É preciso quebrar preconceitos e mostrar a importância deles, mostrar o quanto eles são capazes de fazer parte da sociedade. Muitos deles podem ser ainda mais eficientes do que as pessoas que enxergam”, afirma. Ela conta que cerca de 30 pessoas da regional de ensino estarão envolvidas na produção do evento. “A gente vai atuar dando apoio tanto de preparação do espaço, como logístico e de auxílio aos visitantes durante a feira”, revela. Para o secretário da Pessoa com Deficiência, Willian Ferreira da Cunha, a Feira é um espaço de articulação entre sociedade civil e poder público. “A Biblioteca Braille é uma grande parceira para viabilizar soluções que melhorem a qualidade de vida das pessoas com deficiência. A Feira de Acessibilidade demonstra isso na prática, reunindo instituições e a sociedade para discutir, apresentar tecnologias assistivas e práticas pedagógicas voltadas para esse público”, afirma. As inscrições para apresentação de trabalhos podem ser feitas pelos telefones (61) 3464-7056 e (61) 99375-7745 (Eliane Ferreira, coordenadora), ou pelo Instagram. Veja abaixo a lista de participantes do evento: - Academia Inclusiva de Autores Brasilienses (AIAB) - Academia Taguatinguense de Letras (ATL) - Associação dos Amigos dos Deficientes Visuais (AADV) - Associação Brasiliense de Deficientes Visuais (ABDV) - Associação Surdo Cego/ Associação (Apada) - Arte movimento - hip-hop - Biblioteca Nacional - Mala do Livro - Centro de Ensino Especial de Deficientes Visuais - Comitê de Iniciação Desportiva - Coordenação Regional de Taguatinga (Cret) - Defensoria Pública - Fashion Inclusivo - Fundação Dorina Nowill - Instituto Blind Brasil (IBB) - Instituto de Promoção das Pessoas com Deficiência Visual - Instituto de Superação e Inclusão Social (Isis) - Projeto Nova Visão Brasília - Retina Brasília - Sebrae - Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec-DF) - Secretaria de Educação (SEEDF) - Secretaria da Pessoa com Deficiência (SEPD-DF) - Sociedade Bíblica do Brasil (SBB) - Meta Maker (robótica) - Os eficientes - Coletivo de pessoas com deficiência - Visão Hospital de Olhos
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Bombeiros levam projeto de cinotecnia às escolas cívico-militares do DF e retomam treinamento de cães-guia
O nascimento dos oito filhotes da cadela Gamboa, no canil do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF), trouxe mais do que alegria para a corporação. Representa o início de um projeto importante, dividido em três eixos: formar cães que vão atuar na profissionalização de alunos, apoiar crianças com transtorno do espectro autista (TEA) nas escolas cívico-militares e retomar o treinamento de cães-guia no Distrito Federal, ampliando o cuidado e a inclusão de pessoas com deficiência visual. “Esse investimento do GDF é fundamental. Agora, quem precisa não vai mais ter que buscar ajuda fora do DF. É uma conquista importante”, afirma o paratleta Júnior Oliveira, ao lado do cão-guia Baré | Fotos: Geovana Albuquerque/Agência Brasília A reforma do novo lar onde filhotes vão ficar é o primeiro passo para concretização do projeto Cães das Escolas Cívico-Militares do CBMDF, em parceria com a Secretaria de Educação (SEEDF). Ele será iniciado na escola cívico-militar Centro de Ensino Fundamental (CEF) 1, do Núcleo Bandeirante, em agosto. “Nós vamos escolher dez alunos para profissionalização deles no contraturno na área de cinotecnia”, explica o idealizador e coordenador do projeto, major João Gilberto Silva Cavalcanti. A cinotecnia é um conjunto de conhecimentos e práticas relacionados ao estudo, manejo e treinamento de cães, especialmente para trabalhos específicos, como na segurança pública ou militar. A iniciativa será feita conjuntamente com organizações não governamentais (ONGs) do DF que trabalham com o recolhimento e adoção de animais domésticos. “Durante o curso, vamos treinar cães dessas instituições. Quando forem doados, já estarão adestrados, o que facilita a adoção e evita que retornem às ruas”, completa o major. Filhotes da cadela Gamboa, no canil do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF) Já os cães de plantel próprio do CBMDF cumprirão outra missão: a de cuidar de crianças com TEA nas escolas .Serão treinados, inicialmente, animais das raças golden retriever e labrador. “Vamos formar nosso próprio plantel e aplicar técnicas de obediência básica para que esses cães possam interagir de forma segura e positiva com os estudantes”, afirma o major, que atua há mais de 25 anos com cinotecnia e conhece o impacto terapêutico dos cães. A motivação para essa frente surgiu da vivência do próprio major como diretor disciplinar no Centro de Ensino Fundamental 01 (Celan), no Lago Norte. “Percebi que muitas crianças com TEA enfrentam dificuldades para se socializar. Os cães têm a capacidade de promover interações que, muitas vezes, os métodos tradicionais não conseguem alcançar”, destaca. Cães-guias no DF A reforma do novo lar onde filhotes vão ficar é o primeiro passo para o projeto Cães das Escolas Cívico-Militares do CBMDF. “Nós vamos escolher dez alunos para profissionalização deles no contraturno na área de cinotecnia”, explica o major João Gilberto Silva Cavalcanti (à esquerda), ao lado do sargento Franklin Amorim Os filhotes da Gamboa serão enviados para cumprir o terceiro eixo do projeto, voltado para o treinamento de cães-guia no DF. O processo de formação de um cão-guia é complexo e leva cerca de dois anos, envolvendo socialização, treinamento específico e adaptação com o futuro tutor. Segundo o sargento Franklin Amorim, treinador do CBMDF, a primeira fase será viabilizada com apoio de voluntários. “Vamos abrir um cadastro no site da corporação para que interessados possam se inscrever como famílias socializadoras, recebendo os cães por um período de oito meses a um ano”, explica. [LEIA_TAMBEM] Após essa etapa, os cães retornam ao canil dos Bombeiros para o treinamento final. “A socialização é essencial para que os animais estejam preparados para a convivência com pessoas com deficiência visual”, reforça Amorim. Paralelamente, os tutores também passam por cursos de orientação e mobilidade para garantir uma boa adaptação. A retomada do projeto foi recebida com entusiasmo por pessoas com deficiência visual, como o paratleta Júnior Oliveira, de 28 anos. Ele foi beneficiado com o cão-guia Baré, em 2021, por meio de um programa em Goiânia. “Esse investimento do GDF é fundamental. Agora, quem precisa não vai mais ter que buscar ajuda fora do DF. É uma conquista importante”, afirma. Desde que Baré passou a acompanhá-lo, Júnior viu sua rotina se transformar. “O cão aproxima as pessoas. Quando estou na rua com ele, as pessoas se sentem mais à vontade para oferecer ajuda, o que não acontecia quando eu usava a bengala”, relata. Além disso, ele destaca o ganho de autonomia: “Um trajeto que eu fazia em 15 minutos com a bengala, hoje faço em sete com o cão. Com o cão-guia, é como se ganhássemos um novo par de olhos”.
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Jovem aprendiz do Cras Paranoá, com deficiência visual, alcança aprovação em primeiro lugar em enfermagem na UnB
Desde pequena, Roberta Dias de Lima aprendeu a enxergar o mundo além dos olhos. Aos 18 anos, a jovem aprendiz do Centro de Referência de Assistência Social (Cras) do Paranoá, que convive com uma deficiência visual, acaba de conquistar o primeiro lugar em enfermagem na Universidade de Brasília (UnB). Entre desafios, sua trajetória prova que a determinação encaminha jovens para lugares além do que os olhos podem ver. “Conquistei a primeira posição no regime de cotas para pessoas com deficiência e estudantes de escola pública por meio do PAS [Programa de Avaliação Seriada] da UnB. Comecei a me preparar para as provas no primeiro ano do ensino médio. Naquela época, era mais fácil, pois não tinha uma rotina de trabalho, o que me permitiu dedicar mais tempo aos estudos”, conta Roberta. Nos anos seguintes, a jovem relata que a conciliação entre trabalho e estudos tornou-se mais desafiadora. “Tive que estabelecer um cronograma: pela manhã, eu ia ao Cras, à tarde, assistia às aulas na escola e, em seguida, estudava inglês. À noite, intercalava o conteúdo escolar com as matérias do PAS, especialmente as obras do programa de avaliação seriada. Fiz tudo isso sem curso preparatório, apenas com o auxílio de videoaulas e uma apostila que comprei”, recorda. Estudante de escola pública, Roberta menciona que recebia apoio na sala de recursos, mas, durante as aulas, precisava usar a lupa da câmera do celular para copiar o conteúdo do quadro, devido à baixa visão | Foto: Divulgação/Sedes-DF A partir da nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), ela afirma também ter conquistado bolsa integral para o curso de enfermagem por meio do Programa Universidade para Todos (Prouni). “Quando recebi o resultado do PAS, gritei de alegria, quase sem acreditar. Minha mãe e eu comemoramos muito”, afirma Roberta, que mora com a mãe e um irmão mais novo no Paranoá. Natural de Curimatá, no Piauí, a família é beneficiária dos programas Bolsa Família e Cartão Prato Cheio. Estudante de escola pública, Roberta menciona que recebia apoio na sala de recursos, mas, durante as aulas, precisava usar a lupa da câmera do celular para copiar o conteúdo do quadro, devido à baixa visão. “Roberta é um exemplo brilhante de que a superação vai além das dificuldades”, destaca a secretária de Desenvolvimento Social, Ana Paula Marra. “Sua trajetória, marcada pela determinação e resiliência, nos ensina que as barreiras podem ser transformadas em pontes para o sucesso. A história da jovem nos inspira a fortalecer, cada vez mais, a política de desenvolvimento e assistência social promovida por este GDF, para que mais famílias, especialmente jovens mulheres, conquistem seus objetivos”, acrescenta. Superação A condição de Roberta é definida como visão monocular, quando pacientes apresentam dificuldades com noções de distância, profundidade e espaço. No caso da jovem, a deficiência foi adquirida quando a mãe contraiu toxoplasmose durante a gestação. A estudante iniciou seu estágio no Cras do Paranoá no início de 2024 por meio do Programa Jovem Candango, promovido pelo Governo do Distrito Federal (GDF). A gerente da unidade e supervisora da jovem, Irvana Teixeira, destaca que a princípio foi um desafio orientar as atividades devido à baixa visão de Roberta. “No entanto, surpreendentemente, ela se adaptou muito rapidamente e desempenhou suas funções diárias com grande habilidade”, ressalta. “Roberta é uma menina inspiradora.” Agora, a caloura da Universidade de Brasília se prepara para uma nova jornada acadêmica, despedindo-se do estágio no Cras devido à incompatibilidade de horários. “Já fiz minha matrícula e estou ansiosa pelo início das aulas, previsto para março”, afirma. Ela enxerga longe suas metas daqui para frente: “Meu principal objetivo nos próximos anos é trabalhar na área da estética e em outros setores da saúde”. Ao ser questionada sobre como resumiria sua trajetória de vida até aqui, ela declara: “Superação. E também encorajo pessoas como eu a nunca desistirem de seus sonhos”. *Com informações da Secretaria de Desenvolvimento Social do Distrito Federal (Sedes-DF)
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Centro público de ensino promove inclusão de pessoas com deficiência visual no DF
O Distrito Federal conta com um importante aliado na inclusão e ampliação das políticas de acessibilidade da capital do país. Trata-se do Centro de Ensino Especial para Deficientes Visuais (Ceedv), instituição vinculada à Secretaria de Educação (SEEDF) que, há décadas, transforma a vida de estudantes com baixa visão, cegos e surdocegos por meio da alfabetização em braile, formação escolar completa e preparação para o mercado de trabalho. Com 440 alunos matriculados, o Ceedv tem como proposta pedagógica promover a integração dos estudantes à rede regular de ensino e prepará-los para a vida profissional e pessoal. Para isso, conta com professores especializados no ensino do Braille, português escrito e do soroban (instrumento de cálculo matemático), além de uma equipe multidisciplinar que oferece atendimentos psicológico, fonoaudiológico e psicopedagógico. O Ceedv conta com professores especializados no ensino do Braille, português escrito e do soroban (instrumento de cálculo matemático), além de uma equipe multidisciplinar | Foto: Geovana Albuquerque/Agência Brasília “O compromisso da Secretaria de Educação é garantir acessibilidade plena e equidade a todos os estudantes com deficiência para acesso à educação, cultura e oportunidades. Acreditamos em um mundo que promova a inclusão, com autonomia e respeito à particularidade de cada estudante”, enfatiza a subsecretária de Educação Inclusiva e Integral, Vera Lúcia Ribeiro. Conhecimento inclusivo Mais do que garantir a formação acadêmica desses estudantes, o centro de ensino busca promover a inclusão deles por meio de atividades diversas complementares, incluindo música, natação, educação física, artes visuais e cênicas. Uma das aulas mais concorridas na instituição, por exemplo, é a Atividade da Vida Social e Autônoma (Avas). Nela, os alunos têm acesso a uma réplica de uma casa (quarto e cozinha), onde podem aprender e exercitar práticas cotidianas, como arrumar a cama, lavar louça, sentar-se à mesa e até mesmo cozinhar. Ismael Vitorino, 38, é ex-aluno do Ceedv e sabe da importância do trabalho realizado no centro de ensino O Ceedv também abriga o Centro de Apoio Pedagógico (CAP), responsável pela produção de livros didáticos, paradidáticos e literários em braille. Esses materiais, confeccionados internamente com tecnologia especializada, são distribuídos para toda a rede pública de ensino do Distrito Federal, garantindo que estudantes com deficiência visual tenham as ferramentas necessárias para avançar em sua formação. “Nossa tarefa é assegurar que o estudante, de qualquer faixa etária, tenha acesso aos mesmos conteúdos e materiais que todos os demais colegas de sala”, ressalta a professora-adaptadora Ana Paula Castro. “Os professores de toda a rede nos mandam os livros e nós realizamos a transcrição do conteúdo dele para o Braille, além de imprimimos e encadernamos para o estudante. A ideia é que ele use o material junto dos outros alunos no momento da explicação.” O servidor Deusdede Marques, responsável pelo Clube da Leitura, a iniciativa tem sido fundamental para que muitos alunos do Ceedv conquistem diplomas e ingressem no mercado de trabalho Leitura solidária Outro braço importante de atuação do Ceedv funciona na Biblioteca Braille Elmo Luz. É o Clube do Ledor, em funcionamento desde 1992. O grupo reúne cerca de 60 voluntários que auxiliam os estudantes em tarefas escolares, preparação para vestibulares e concursos. Segundo o servidor Deusdede Marques, responsável pelo clube, a iniciativa tem sido fundamental para que muitos alunos do Ceedv conquistem diplomas e ingressem no mercado de trabalho. “O Clube do Ledor é um espaço que vai além das fronteiras da escola. Ele atende não apenas nossos estudantes, mas qualquer pessoa com deficiência visual, de qualquer lugar. Já tivemos leitores ajudando até de Portugal e da França. É um projeto que transforma vidas, conectando pessoas e mostrando que a inclusão não tem limites.” Aos 61 anos, a aposentada Sônia Gentil tem 10 anos dedicados ao trabalho voluntário no Clube do Ledor. “É uma forma que encontrei de retribuir toda a generosidade que a vida me dá. Leio para quem está estudando para concurso público e me sinto muito à vontade; admiro demais a persistência e a força de vontade deles”, conta. Um dos estudantes que ela tem ajudado a preparar para a vida profissional é Ismael Vitorino, 38. Ele é ex-aluno do Ceedv e sabe da importância do trabalho realizado no centro de ensino: “Esse serviço é de fundamental importância. Eu fui alfabetizado aqui nessa escola e agora resolvi estudar para concurso público, porque, para a gente que é deficiente visual, é muito difícil o mercado de trabalho; eles não acreditam no nosso potencial e há uma exclusão sistemática nossa do mercado privado, então o concurso se torna uma opção mais viável”.
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Atualização facilita acesso de deficientes visuais ao site do ParticipaDF
O ParticipaDF reforçou sua acessibilidade e segurança para aprimorar o atendimento aos mais de 950 mil usuários. Desde o início de março, o sistema que une a rede de ouvidorias do Governo do Distrito Federal (GDF) e o acesso à informação conta com recursos que facilitam a utilização para pessoas com deficiência (PcD) visual que usam o programa de leitura de tela chamado NVDA, que é uma plataforma para a leitura de tela, um programa em código aberto que vai “ler” o Windows para facilitar a inclusão digital de deficientes visuais. Outra novidade é o reforço dado à parte de segurança, que agora conta com a verificação do cadastro do usuário com o banco de dados da Receita Federal. Mais de 100 mil pessoas com deficiência residiam no Distrito Federal em 2021, segundo o estudo do Instituto de Pesquisa e Estatística do DF (IPEDF) – esse número corresponde a 3,8% da população com dois anos de idade ou mais. Entre elas, 43,2% têm deficiência visual; 22,6%, múltipla; 19,8%, física; 7,2%, auditiva; e 7,2%, intelectual/mental. Para melhorar a acessibilidade do site do ParticipaDF, a Controladoria-Geral do DF contou com a ajuda do servidor público Clodoaldo Leandro, que é também uma pessoa com deficiência visual: “Eu, como servidor e cidadão, fico muito feliz em poder colaborar com os trabalhos e ver as demandas serem atendidas” | Fotos: Divulgação/CGDF “No projeto de melhorias, essa etapa estava um pouco mais adiante, porém entendemos a necessidade de adiantar essa entrega. Ainda faremos outras alterações em busca de um ParticipaDF cada vez mais acessível, pois reconhecemos a importância de dar vez e voz a todo cidadão do DF”, afirma o controlador-geral do DF, Daniel Lima. Para chegar ao novo modelo do ParticipaDF, a Controladoria-Geral do DF contou com a ajuda do servidor público da Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes) Clodoaldo Leandro, que é também uma pessoa com deficiência visual. Ele conta que as melhorias na plataforma vão fazer com que o PcD visual tenha acesso às funcionalidades oferecidas pelo Sistema. Clodoaldo Leandro testou o sistema do ParticipaDF durante dois encontros diferentes: no primeiro teste ele utilizou como servidor, acessando a área utilizada pelas equipes de ouvidoria para resolver os registros da população, e em um segundo momento na área onde o cidadão registra a ouvidoria. Ele foi apontando para a equipe da Ouvidoria-Geral do DF os ajustes necessários para que o leitor de tela fosse compreensível ao usuário. Em 2023 a plataforma recebeu 1.800 cadastros de pessoas com algum tipo de deficiência “Antes não era possível abrir uma manifestação sozinho. Não tinha acesso devido à forma como o sistema entregava. Hoje, o protocolo é todo textual e acessível em toda a leitura. Eu, como servidor e cidadão, fico muito feliz em poder colaborar com os trabalhos e ver as demandas serem atendidas”, pontuou. “A acessibilidade para a gente é um pilar do nosso trabalho. Então tudo que a gente faz, qualquer nova funcionalidade, qualquer nova entrega, a gente sempre traz acessibilidade como algo transversal, e no sistema não poderia ser diferente” Cecília Fonseca, ouvidora-geral do DF O ParticipaDF já conta com quase 1 milhão de cadastros de usuários que utilizam os serviços de ouvidoria e de pedidos de acesso à informação. Em 2023, a plataforma recebeu 1.800 cadastros de pessoas com algum tipo de deficiência. A ouvidora-geral do DF, Cecília Fonseca, destaca que o compromisso com a acessibilidade deve ser incorporado em todos os aspectos do ParticipaDF: “A acessibilidade para a gente é um valor, é um pilar do nosso trabalho. Então tudo que a gente faz, qualquer nova funcionalidade, qualquer nova entrega, a gente sempre traz acessibilidade como algo transversal, e no sistema não poderia ser diferente”, disse. As mudanças foram elogiadas por Jaqueline Alves, secretária-executiva da Fenapestalozzi, entidade sem fins lucrativos que atua pela garantia de direitos das pessoas com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades. Para ela, a iniciativa de facilitar o acesso à informação e aos serviços cidadãos está de acordo com a Lei nº 13.146/15, que promove a igualdade em direitos e liberdades fundamentais da pessoa com deficiência. “A gente queria melhorar a questão da segurança do cadastro dos usuários, então começamos a verificar a validação do CPF com uma base compartilhada com a Receita Federal, que analisa se o número informado é existente ou inválido. Isso melhora a confiabilidade de todo o processo” Camila Rocha, coordenadora de Desenvolvimento e Operações da CGDF “Parabenizamos o Governo do Distrito Federal pelas ações realizadas no sentido de garantir o acesso à informação por pessoas com deficiência. A exclusão social e a falta de oportunidades podem levar ao isolamento, resultando em menor participação na sociedade. Através da inclusão e acessibilidade, compreende-se que a pessoa com deficiência tem o direito de representatividade, tomando conhecimento de seus direitos e podendo defendê-los, assumindo seu verdadeiro protagonismo”, afirmou Jaqueline Alves. Para Hostílio Ribeiro, coordenador de Transparência e Governo Aberto (Cotga) da CGDF, a plataforma despertou o desejo de participação dos cidadãos na melhoria dos serviços públicos. Ele esteve envolvido no processo de criação da ferramenta junto a outros servidores. “Nosso intuito, ao aprimorar o Sistema de Acesso à Informação, era melhorar a experiência do usuário. Simplificamos o processo, reunindo tudo em um único site governamental com um único login, acompanhamento por e-mails sobre a tramitação da demanda e, claro, rapidez no registro do cidadão. Após esse trabalho, a plataforma mostra que estamos no caminho certo”, afirmou Hostílio. Mais segurança Além das melhorias na acessibilidade, o ParticipaDF já está verificando o cadastro dos usuários em comparativo com o banco de dados da Receita Federal. Após efetuar o cadastro na plataforma, os usuários devem responder ao desafio introduzindo nome completo, nome da mãe e a data de nascimento. São três tentativas diárias para informar os dados corretamente, após isso o sistema bloqueia o acesso por 24 horas. Se existir alguma divergência do cadastro no ParticipaDF com os dados da Receita Federal, como nome da mãe com a grafia errada, por exemplo, o usuário poderá ligar na Central 162 para demais orientações, ou ir a uma ouvidoria da rede. Para a coordenadora de Desenvolvimento e Operações da Controladoria-Geral do DF, Camila Rocha, que trabalhou diretamente nessas implementações, o objetivo é garantir a segurança de todos os usuários da plataforma. “A gente queria melhorar a questão da segurança do cadastro dos usuários, então começamos a verificar a validação do CPF com uma base compartilhada com a Receita Federal, que analisa se o número informado é existente ou inválido. Isso melhora a confiabilidade de todo o processo”, pontuou Camila. *Com informações da CGDF
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Rede pública tem tratamento especializado para casos de deficiência visual
Nesta quarta-feira (13), o Brasil celebra o Dia Nacional da Pessoa com Deficiência Visual, uma data estabelecida desde 1961 com o objetivo de combater o preconceito, a discriminação e promover a inclusão dessas pessoas na sociedade. Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) de 2022 apontam que o Brasil tem 18,6 milhões de pessoas com deficiência (PcDs), cerca de 8,9% da população a partir de dois anos de idade. Desse quantitativo, 3,1% têm dificuldade para enxergar, mesmo usando óculos ou lentes de contato. ”Enxergar não é somente ver com os olhos humanos, mas também com os olhos da dignidade, da percepção e da sensibilidade”, argumenta o assessor da SEPD, Igor Carvalho | Foto: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília O assessor da Secretaria da Pessoa com Deficiência (SEPD-DF), Igor Carvalho, 27, tem cegueira total desde recém-nascido. Para ele, a data é importante também para ampliar a compreensão daqueles que não enxergam, promovendo a consciência de que ver vai além dos olhos. “Enxergar não é somente ver com os olhos humanos, mas também com os olhos da dignidade, da percepção e da sensibilidade. A partir do momento que conseguirmos isso, estaremos construindo uma sociedade mais justa, pluralista e mais atenta à necessidade das pessoas com deficiência visual”, afirma. A deficiência visual, caracterizada pela perda total ou parcial da visão mesmo com correção óptica, pode ser ocasionada por doenças, acidentes ou má formação. No Brasil e no mundo, as principais causas de cegueira, especialmente entre os idosos, são a catarata, a degeneração macular relacionada à idade (DMRI) e o glaucoma. Esta última, por exemplo, pode causar cegueira irreversível se não tratada. “É uma doença que causa aumento da pressão ocular e comprometimento do nervo óptico. Por ser silenciosa, o paciente não realiza as consultas de rotina e o diagnóstico pode vir tardiamente, com perda da visão definitiva”, explica a referência técnica administrativa (RTD) de oftalmologia Larissa Friggi. Segundo o relatório do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), estima-se que mais de 1,5 milhão de pessoas sejam cegas no país. Atendimento Neste ano, a SES-DF lançou editais de credenciamento para intervenções oftalmológicas e estabeleceu contratos com a rede complementar visando a realização de cirurgias eletivas | Foto: Tony Winston/Agência Saúde-DF A Secretaria de Saúde (SES-DF) oferece assistência especializada na área de oftalmologia em diversos hospitais regionais da capital, como o da Asa Norte, do Gama (HRG), do Guará (HRGu), de Ceilândia (HRC), de Taguatinga (HRT), além do Hospital Materno-Infantil (Hmib), do Hospital de Base (HBDF) e do Hospital Universitário de Brasília (HUB) – ligado à administração federal, mas que atende pacientes da SES-DF. O Hran é a unidade de saúde referência no atendimento a crianças que precisam de cirurgias oftalmológicas. Já o HRT é o que mais faz procedimentos de catarata; e o HBDF é o que mais realiza atendimentos de emergência no setor. [Relacionadas esquerda_direita_centro=”direita”] Para avaliação de grau de óculos, laudos médicos ou encaminhamentos, a orientação é procurar uma Unidade Básica de Saúde (UBS) como porta de entrada. O mesmo vale a pessoas com deficiência visual que desejam solicitar a bengala longa para a identificação de sua condição. Elas são avaliadas por uma equipe multiprofissional e encaminhadas à Oficina Ortopédica da SES-DF para receber o dispositivo. Especialistas ressaltam que a prevenção é essencial, visto que muitas doenças, se não tratadas, podem resultar na cegueira total. “Precisamos conscientizar a população a realizar exames oftalmológicos de rotina precocemente, para que as doenças sejam diagnosticadas nos estágios iniciais, e solucionadas conforme a indicação, com melhora da qualidade de vida do paciente evitando assim danos visuais irreversíveis”, alerta Friggi. Balanço Neste ano, a SES-DF lançou editais de credenciamento para intervenções oftalmológicas e estabeleceu contratos com a rede complementar visando a realização de cirurgias eletivas. Três instituições de saúde dessa rede, devidamente credenciadas, conduziram um total de 1.106 procedimentos oftalmológicos a pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). Os contratos, divulgados em agosto deste ano, representaram um investimento total superior a R$ 2,8 milhões, abrangendo 350 cirurgias de catarata, 104 de estrabismo, 649 vitrectomias e três retinopexias. *Com informações da Secretaria de Saúde
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Alunos com deficiência visual têm atendimento especializado na rede pública
A Secretaria de Educação do DF (SEE) tem uma escola especializada em alfabetização e formação de estudantes com deficiência visual. O Centro de Ensino Especial para Deficientes Visuais (CEEDV) está localizado na 612 Sul e oferece proposta pedagógica curricular com foco na inclusão do estudante na rede regular de ensino e no mercado de trabalho. São cerca de 500 alunos matriculados e um time de professores especializados para alfabetização em Braille, português escrito, sorobã – matemática adaptada para deficientes visuais -, atendimento psicológico, fonoaudiológico, avaliação psicopedagógica, além de aulas de música, natação, educação física e artes cênicas. Com 500 alunos matriculados, o CEEDV é uma escola que garante uma educação especializada para crianças, jovens e adultos com deficiência visual | Fotos: André Amendoeira/SEE Faz parte da missão da SEE implementar políticas educacionais que visam potencializar o desenvolvimento dos alunos e equalizar as oportunidades de acesso e permanência à educação pública e de qualidade. A secretaria defende a edificação de uma sociedade livre, justa e solidária faz-se mediante uma educação consistente, pautada pela construção da autonomia, pela inclusão e pelo respeito à diversidade. [Olho texto=”“O resultado do nosso trabalho é significativo; temos ex-alunos que foram alfabetizados em nossa escola e que se tornaram advogados, juízes, professores”” assinatura=”Airton Dutra, diretor do CEEDV” esquerda_direita_centro=”direita”] O CEEDV é uma escola de natureza especial que garante uma educação especializada para crianças, jovens e adultos com deficiência visual. “Na escola, praticamos a cidadania plena para crianças que nascem cegas ou em casos de cegueira adquirida, que pode incluir qualquer faixa etária. Aqui o aluno é alfabetizado com tecnologias assistivas, Braille, livro didático adaptado e falado e sorobã”, explica o diretor do CEEDV, Airton Dutra. “Eu gosto muito da escola, dos professores. Na sala a gente aprende a ler e escrever em Braille, mas gosto muito de futebol, da aula de música, sorobã e artes visuais, que são as atividades que faço aqui”, conta a aluna Paula Sophia, de 10 anos. No Centro de Apoio Pedagógico para Atendimento às Pessoas com Deficiência Visual são produzidos livros didáticos, paradidáticos e literários em Braille, que são distribuídos na rede pública de ensino do DF “O resultado do nosso trabalho é significativo; temos ex-alunos que foram alfabetizados em nossa escola e que se tornaram advogados, juízes, professores”, conta Airton Dutra. Superação O CEEDV recebe alunos de qualquer faixa etária acometidos de cegueira adquirida. É o caso do bancário aposentado Milton Kruger, 62. “Vivo uma história de vida baseada em aprendizado, adaptação e superação. Trabalhei por mais de 35 anos em banco, fui fundador de uma importante bandeira de cartão de crédito e, após a aposentadoria, fui surpreendido com descolamento de retina dos dois olhos e não tenho a visão central, só enxergo com a parte periférica do olho”, conta. [Olho texto=”“A escola me deu autonomia novamente; aprendi coisas simples como cortar uma carne, caminhar na rua com a bengala, pegar um ônibus”” assinatura=”Milton Kruger, aluno do CEEDV” esquerda_direita_centro=”esquerda”] O incidente não privou Milton dos seus sonhos, e o aposentado deu a volta por cima. “Foi uma perda estranha, pois sempre fui uma pessoa ativa na vida. Procurei ajuda, e uma médica indicou o CEEDV, onde passei por avaliação e consegui me matricular”, explica. “A escola me deu autonomia novamente; aprendi coisas simples como cortar uma carne, caminhar na rua com a bengala, pegar um ônibus. Agora estou aprendendo a ler e escrever em Braille e também a fazer cálculos no sorobã”. Apoio pedagógico O CEEDV conta com o Centro de Apoio Pedagógico para Atendimento às Pessoas com Deficiência Visual (CAP), onde são produzidos livros didáticos, paradidáticos e literários em Braille, que são distribuídos na rede pública de ensino do DF. O setor é integrado à escola e fica responsável pela produção de todo material pedagógico destinado aos estudantes com deficiência visual. Tudo é impresso na impressora de mesa em Braille. As atividades do CAP contribuem para o desenvolvimento pleno das potencialidades do usuário e o seu preparo para o exercício da cidadania. O trabalho é executado por um time de profissionais especializados, todos professores habilitados da SEE, com ou sem deficiência visual, além de servidores cegos responsáveis pela revisão do material. “Qualquer servidor da Secretaria de Educação pode atuar no CAP, mas precisa se especializar em cursos de Braille e sorobã”, pontua o diretor da escola. Voluntariado Carlos Alberto Lima, deficiente visual e atendente da Biblioteca Braille Elmo Luz: “Sempre tem alguém com tempo e disposição para oferecer serviço de leitura e estudo para os alunos que estão estudando para concurso ou vestibular” Funciona no CEEDV, desde 1992, o Clube de Leitura, na Biblioteca Braille Elmo Luz. O projeto foi criado para oferecer auxílio aos estudantes nas atividades escolares, por meio de leitura e estudos para vestibular e concurso público. Em mais de 30 anos, o projeto coleciona histórias de gente que conquistou lugar no mercado de trabalho. O sonho de ingressar no ensino superior, de ser aprovado em um concurso ou de concluir o diploma do ensino médio é alcançado pelos deficientes visuais com o auxílio dos livros traduzidos em Braille e do apoio de voluntários que ajudam os frequentadores da biblioteca a estudar. A biblioteca é referência no DF em livros em Braille e audiolivros. [Relacionadas esquerda_direita_centro=”direita”] A biblioteca atende a deficientes visuais e pessoas com baixa visão que precisam fazer trabalhos da faculdade e estudar para vestibular ou concurso. Os deficientes visuais frequentam o espaço para pegar emprestado livros em Braille, usar a máquina de escrever em Braille ou para reforçar os estudos. São mais de 80 universitários e professores voluntários que se deslocam todos os dias até a escola para oferecer serviços de leitura, gravação de materiais impressos, serviço de digitação, aulas de inglês, matemática e língua estrangeira. “Sempre tem alguém com tempo e disposição para oferecer serviço de leitura e estudo para os alunos que estão estudando para concurso ou vestibular. Eles nos procuram na biblioteca, preenchem o formulário especificando o tipo de serviço a ser oferecido e, após isso, nós entramos em contato para sinalizar que temos alunos precisando de ajuda”, explica Carlos Alberto Lima, 53, servidor deficiente visual e atendente na biblioteca há 12 anos. Para fazer parte do Clube do Ledor, o voluntário deve cadastrar-se presencialmente na Biblioteca do CEEDV, na Quadra 612 Sul, ou pelo e-mail bibliotecabrailleceedv@gmail.com. *Com informações da SEE
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Pessoas com deficiência visual participam de capacitação artística
Arte é sensorial, mexe de forma natural com os sentidos humanos. Embalado por essa motivação, um grupo de pessoas cegas participa de projeto de capacitação artística para criação de produtos direcionados a este público. Realizado com verba de R$ 80 mil do Fundo de Apoio à Cultura (FAC), da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec), o projeto Novelas para Escutar nasceu da experiência do grupo teatral No Escuro, único no DF a atuar para pessoas com deficiência visual. Atividades são desenvolvidas no formato de radionovelas | Foto: Clarissa Barros/Divulgação Na prática, são oficinas de radionovelas que potencializam a importância da voz para pessoas com baixa visão e surdocegas. Coordenado por respeitados profissionais da cena cultural do DF, o trabalho, quando finalizado, será veiculado em formato de podcast no canal do YouTube da Associação Brasiliense de Deficientes Visuais. Segundo a coordenadora e idealizadora do Novelas Para Escutar, Clarissa Barros, o objetivo do projeto é dar visibilidade à produção cênica e interpretativa, além de promover reflexões sobre acessibilidade cultural, inclusão social e protagonismo artístico das pessoas com deficiência visual. “Com essa iniciativa, estamos criando um marco no desenvolvimento de práticas de inclusão e promoção onde o ativismo resulta em cidadania artística”, resume.
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Oficina inclusiva para crianças expande percepção da literatura na Biblioteca Nacional
Dinorá Couto Cançado, 66 anos, professora aposentada do Distrito Federal há 24, tem uma prótese no quadril – o que torna a ação de se sentar no chão um exercício de coragem. Ela acaba de vencer batalha contra um câncer, e no domingo (28), “com muita alegria”, vai coordenar a oficina Corrida de Compreensão Leitora no Espaço Infantil da Biblioteca Nacional de Brasília. A atividade, com duração de duas horas acontece a partir das 10h é destinada “a todos”, diz ela, mas tem foco em crianças de 7 a 11 anos e seus familiares. Conversar com Dinorá exige fôlego de maratonista, pois sua fluência tem a pretensão de não deixar escapar nada de importante, o que envolve quase tudo que diz. Corrida de Compreensão Leitora? Pois é. Significa que desafia as crianças, numa folheada rápida que fazem nos livros, a responder sobre o assunto de que tratam as obras e discorrer sobre o tema. “Descobri esse método numa feira de livros em que mal conseguia andar. Não sei abordar as pessoas para comprar meus livros, mas sei acionar a curiosidade das crianças”, revela. É essa capacidade que ela vai colocar de novo em prática na atividade do domingo, quando coordenará performances teatrais, adivinhações e brincadeiras relacionadas a contar histórias. Isso com a ambição de produzir inclusão ao reunir pessoas “normais” com as que têm diferentes graus de dificuldade de visão. “Inclusão acontece quando a gente junta pessoas com diferentes capacidades e descobre que todo mundo é igual”, ensina. Encenações especiais No Espaço Infantil, dois títulos da autora – “Lango e Tixa: Papo que espicha” e “E eu sou isto, vovó?” – ganharão no domingo encenações por portadores de deficiência visual. Noeme Rocha, 50, fará papéis na primeira, enquanto Adma Figueiredo, 40, se desdobrará para reproduzir o diálogo entre avó e neta sobre o tema cidadania, assunto que está presente na história de Dinorá. Ela é membro-fundadora da Biblioteca Braille Dorina Nowill, em Taguatinga, ligada à Secretaria de Educação, que há 24 anos assiste a deficientes visuais. “A Biblioteca é minha vida”, confessa sobre o local em que ainda atua como voluntária. Academia inclusiva O trajeto da professora passa também pela criação da Academia Inclusiva de Autores Brasilienses, instituição itinerante que surgiu em 2017 sob pressão de autores portugueses numa visita de Dinorá à cidade do Porto, Portugal. Na volta, ela desembolsou os custos para criação do estatuto, que hoje conta com mais de 500 membros entre escritores videntes e deficientes visuais unidos pela literatura. Na atividade de domingo, os participantes poderão manusear livros em Braille, com tipos maiores e ilustrações em alto relevo. “Vamos acabar no Guiness Book porque somos uma academia itinerante e viajamos o mundo atrás de membros comprometidos com a proposta”, explica ela, de malas prontas para Washington e Nova York, onde vai divulgar o trabalho da entidade. Dinorá publicou no gênero infantil a série Receita saudável, trilogia com os títulos: Paçoca de Avô, Travessuras e A pipa que tomou banho, além dos dois citados acima. Fez estudos de pós-graduação na área de inclusão, democracia participativa e movimentos sociais. Recebeu premiações como o prestigioso (ODM) Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, da ONU. Serviço Oficina Corrida de Compreensão Leitora Espaço Infantil da Biblioteca Nacional de Brasília Domingo, 28/7, 10h Entrada Franca * Com informações da Secretaria de Cultura
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