Criança que passou por transplante de medula óssea conhece doador no HCB
Maria Cecília Freitas tinha 2 anos quando passou por um transplante de medula óssea. Diagnosticada com anemia de Blackfan-Diamond, ela é acompanhada pela equipe de onco-hematologia do Hospital da Criança de Brasília José Alencar (HCB) e apresentou grandes melhorias no quadro de saúde após o procedimento. Os pais contam que a doação salvou a vida da menina, mas não conheciam a pessoa que tornou isso possível — até este ano, quando Maria Cecília, já com 5 anos, chegou ao HCB acompanhada da família para encontrar o doador. Valdiomar de Lima Júnior, de 41 anos, decidiu se cadastrar no Registro Brasileiro de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome) no mesmo ano em que Maria Cecília nasceu. Habituado a doar sangue, o morador de Jataí (GO) recebeu a sugestão de uma funcionária do Hemocentro de sua cidade. “Tem uns cinco anos que me cadastrei. Eu ia lá só para doar sangue; numa dessas doações, a moça da recepção falou da medula e perguntou se eu tinha interesse de colocar o nome, porque aí ela tirava um pouquinho de sangue a mais e punha [os dados] no sistema. Eu disse ‘pode pôr!’”, conta. Doador da medula óssea que ajudou a salvar a vida da pequena Maria Cecília Freitas, Valdiomar de Lima Júnior (de preto) conheceu a menina e os pais dela no HCB Para estimular outras pessoas a tomarem a mesma decisão de Valdiomar, o Brasil instituiu, em 2009, a Semana de Mobilização Nacional para Doação de Medula Óssea, realizada de 14 a 21 de dezembro. A decisão de Valdiomar de se tornar doador seria fundamental para a família de Maria Cecília, que nasceu em Sobradinho. “Sempre sonhei em ser mãe, sempre quis ter uma filha. Em 2019, eu engravidei e ela veio”, recorda Bruna de Freitas, mãe da menina. Ao perceber os primeiros sintomas da filha, dois meses após o nascimento, ela procurou atendimento médico: “Ela chorava muito e ficava muito pálida, porque a hemoglobina dela caía. Depois de dois meses em Sobradinho, viemos para o Hospital da Criança de Brasília; a doutora já me deu o diagnóstico e falou que era possível fazer o transplante”. A partir dessa notícia, Maria Cecília passou a ser tratada no HCB enquanto era realizada a busca por um doador compatível. De 2019 até novembro de 2025, foram realizados 162 transplantes de medula óssea no HCB, considerando as três modalidades Busca em registro nacional Gerido pelo Ministério da Saúde e apoiado pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca), o Registro Brasileiro de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome) é responsável por cruzar dados de pacientes e doadores para verificar a viabilidade do transplante. Quando recebeu o contato do Redome informando sobre uma possível compatibilidade, Valdiomar iniciou uma série de exames de sangue e consultas médicas, realizados tanto em Goiás quanto em Minas Gerais, onde teve a medula coletada. “O procedimento foi dos mais simples: entrei na sala de cirurgia, saí, no outro dia fui para casa. Prefiro doar medula que ir ao dentista”, brinca. Enquanto Valdiomar retornava para Jataí, a medula viajava até São Paulo. Na época, o Hospital da Criança de Brasília ainda não era habilitado para realizar transplantes de medula óssea alogênicos — com medula doada por outra pessoa — e o procedimento foi realizado no Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer (Graacc). Lá, Maria Cecília já aguardava a doação. [LEIA_TAMBEM]Bruna acompanhou a filha durante todo o processo. Segundo ela, o período foi marcado por altos e baixos, mas, pouco tempo depois, a menina foi liberada para retornar ao Distrito Federal e seguir o acompanhamento no HCB. “Passamos pelo transplante, ela passou por um estado delicado. No período crítico, eu até falava que iam ter que ligar para o doador, para ele vir doar mais! No final, deu tudo certo”, relembra. O encontro entre paciente e doador foi repleto de emoção. Maria Cecília chegou acompanhada pelos pais, avós e primo; Valdiomar também levou familiares, que torciam pela recuperação da menina. Todos puderam conversar, compartilhar suas experiências e celebrar juntos essa história de sucesso, com a participação da equipe do Hospital da Criança de Brasília. Desde o transplante, Maria Cecília segue em acompanhamento ambulatorial, passando por consultas e exames. Ao ver a filha feliz e brincando, Bruna expressou gratidão tanto pela doação de Valdiomar quanto pela dedicação da equipe do hospital: “Quero agradecer vocês do fundo do meu coração, porque quem faz é Deus, mas ele usa as pessoas e usou vocês para salvar a vida da minha filha. Ela é tudo que eu tenho de mais valioso.” O encontro entre paciente e doador foi repleto de emoção: Maria Cecília chegou acompanhada pelos pais, avós e primo; Valdiomar também levou familiares Mais de 160 transplantes realizados O Hospital da Criança de Brasília José Alencar realiza transplantes de medula óssea desde 2019. Inicialmente, a unidade realizava apenas procedimentos autólogos, em que a medula é proveniente do próprio paciente. Em 2020, o HCB realizou o primeiro transplante com medula de doador da família da criança em tratamento; em 2024, passou também a realizar transplantes não aparentados — casos semelhantes ao de Maria Cecília e Valdiomar. De 2019 até novembro de 2025, foram realizados 162 transplantes de medula óssea no HCB, considerando as três modalidades. O hospital conta com equipe multidisciplinar especializada nesse tipo de procedimento e recebe acompanhamento de profissionais do Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo, por meio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do SUS (Proadi-SUS). A parceria contempla treinamentos imersivos e troca de dados entre as duas instituições. A capacitação contribui para a melhoria contínua do serviço no HCB, ampliando os resultados positivos para crianças que necessitam desse tipo de tratamento. Como doar Para que outras histórias de sucesso como a de Maria Cecília possam acontecer, é fundamental que mais pessoas se tornem doadoras voluntárias de medula óssea. O cadastro é feito presencialmente no Hemocentro. O voluntário deve ter entre 18 e 35 anos, apresentar documento oficial de identificação com foto e estar em bom estado geral de saúde. Outras informações, incluindo a lista de condições de saúde que impedem o cadastro, estão disponíveis no site do Redome. *Com informações do Hospital da Criança de Brasília José Alencar (HCB)
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Aprovada ampliação de serviços para transplante de medula óssea no HBDF
O Colegiado de Saúde da Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) aprovou a ampliação da carteira de serviços do Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF), que agora poderá incluir o transplante de medula óssea (TMO) em sua estrutura de atendimento. A medida representa um avanço no atendimento a pacientes com doenças hematológicas graves, como cânceres do sangue, além de outras patologias em que o transplante é indicado para controle ou cura. Gerido pelo Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (IgesDF), o Hospital de Base poderá iniciar a implantação do serviço na modalidade autóloga, com previsão de expandir para transplantes alogênicos. De acordo com o chefe do Serviço de Hematologia, Hemoterapia e TMO do Hospital de Base, Luiz Henrique Ramos, a modalidade autóloga é quando “o paciente recebe a medula dele mesmo, depois de feita uma fase de mobilização, coleta e quimioterapia, as células são reinfundidas”. Já a modalidade de TMO alogênico é quando o paciente recebe a célula de um doador. “Neste caso, pode ser familiar ou outra pessoa doadora voluntária compatível cadastrada”, lembra. O Hospital de Base já é referência em onco-hematologia na rede pública do DF e possui infraestrutura para tratamento e acompanhamento de casos complexos que exigem atenção especializada e contínua | Foto: Divulgação/IgesDF A aprovação da ampliação da carteira de serviços do Hospital de Base com a adição do TMO reflete uma necessidade crescente de atender à demanda do procedimento dentro do próprio Distrito Federal, oferecendo mais autonomia ao sistema de saúde local e reduzindo a necessidade de deslocamento para outras unidades. O Hospital de Base já é referência em onco-hematologia na rede pública do DF e possui infraestrutura para tratamento e acompanhamento de casos complexos que exigem atenção especializada e contínua. Para o Luiz Ramos, a autorização é uma grande conquista da equipe do HBDF. “O transplante de medula óssea é um projeto antigo do Serviço de Hematologia e Hemoterapia, que agora passa a se chamar Serviço de Hematologia, Hemoterapia e Transplante de Medula Óssea do Hospital de Base. Considerando que somos referência em onco-hematologia no DF e em toda a rede, poderemos ampliar nossa linha de cuidados para os pacientes onco-hematológicos, beneficiando centenas de pessoas todos os anos”, explica. Segundo ele, o novo serviço possibilitará o atendimento completo e humanizado para os pacientes que já realizam o tratamento no hospital. “Será possível realizar o transplante de medula óssea como um tratamento, para colocar o paciente em remissão ou até oferecer a cura definitiva. É uma conquista gigantesca, porque a capital do país nunca teve um serviço próprio de transplante de medula óssea. Antes ele era realizado de forma contratualizada em outros serviços ou por meio de tratamento fora de domicílio”, lembra. O especialista destaca ainda que a nova estrutura traz inúmeras vantagens tanto para os pacientes quanto para a rede de saúde: “Agora, será possível oferecer uma jornada mais completa para o paciente, que realizará o tratamento em casa, com a equipe que já conhece, que ele tem familiaridade e uma relação consolidada. Além disso, ampliamos a possibilidade de realizar o transplante aqui na nossa capital, diminuindo o tamanho da fila e o tempo de espera, o que reduz o risco de recaída e a mortalidade”, enfatiza Luiz Ramos. De acordo com o superintendente do Hospital de Base, Guilherme Porfírio, a autorização para oferecer o serviço insere o DF em um cenário mais avançado, comparável ao de outras grandes capitais do país. “Essa expansão representa um marco para a saúde pública do DF e reafirma o compromisso do Governo do Distrito Federal, da Secretaria de Saúde, do Hospital de Base e do IgesDF com a promoção de atendimento especializado e humanizado para toda a nossa população”, completou. O próximo passo, agora, envolve o credenciamento do HBDF junto ao Ministério da Saúde como um hospital habilitado para a realização do Transplante de Medula Óssea. De acordo com Luiz Ramos, “já estão em fase avançada a organização para a consolidação da equipe técnica, recursos logísticos e de infraestrutura para que os primeiros TMOs sejam realizados ainda no primeiro semestre de 2025”. *Com informações do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (IgesDF)
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Transplante de medula óssea para tratamento de linfoma cresce 17% no DF
Dia 15 de setembro é marcado pelo Dia Mundial de Conscientização sobre Linfomas, tipo de câncer no sangue que se desenvolve no sistema linfático. A data visa alertar e conscientizar a população sobre a doença e a relevância de identificá-la precocemente. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), estima-se que mais de 500 mil casos novos de linfoma ocorram por ano no Brasil. O tratamento pode ser realizado por meio de radioterapia, quimioterapia e transplante de medula óssea. O tratamento do linfoma pode ser realizado por meio de radioterapia, quimioterapia e transplante de medula óssea | Foto: Geovana Albuquerque/ Agência Brasília Entre os meses de janeiro e agosto de 2024, foram realizados 163 transplantes no Distrito Federal (DF); no mesmo período em 2023, foram 135 procedimentos, um aumento de 17%, que representa esperança para os pacientes. A Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) também oferece o transplante autólogo, que utiliza células-tronco do próprio paciente. De acordo com a Referência Técnica Distrital (RTD) em hematologia, Nina de Oliveira, esse procedimento é uma importante ferramenta para o tratamento do câncer. “É um reforço para se atingir os melhores resultados contra linfomas, tumores sólidos e mieloma múltiplo”, explica. Após retirada de células-tronco, o paciente é submetido a altas doses de quimioterapia. “Assim, quando chegar o momento do transplante [infusão], ele já passou por um processo de controle da doença e aumentam as chances de cura”. De acordo com a Referência Técnica Distrital em Hematologia, Nina de Oliveira, o transplante autólogo é uma importante ferramenta para o tratamento de pacientes com câncer | Foto: Divulgação/ Agência Saúde-DF A doença se divide em dois tipos: linfoma de Hodgkin e linfoma não Hodgkin. O primeiro é mais comum em adolescentes, jovens de 15 a 25 anos, e em adultos após os 60 anos. O Inca estima que, em 2023, foram diagnosticados mais de 3 mil casos desse tipo. “O linfoma de Hodgkin é um dos tipos de câncer com maior índice de cura, embora a causa do seu surgimento, na maioria dos casos, não seja conhecida”, explica a RTD. O personal trainer Carlos Henrique Campos, 31, começou a sentir suores noturnos, cansaço extremo e dificuldade para dormir. Em 2023, aos 30 anos, foi diagnosticado com linfoma de Hodgkin. “Tive muito medo quando descobri. Minha vida profissional parou, pois fiquei incapacitado de exercer minha profissão e foquei 100% no tratamento”, relata. Ele foi acompanhado pela equipe de hematologia da SES-DF. “O linfoma é uma doença que acomete pessoas jovens, e nunca pensamos que pode acontecer com a gente, né? Eu recorri ao Sistema Único de Saúde [SUS] e fiquei surpreso com a qualidade do tratamento e dos profissionais”, avalia. Carlos Henrique Campos foi diagnosticado com linfoma de Hodgkin em 2023: “Eu recorri ao Sistema Único de Saúde [SUS] e fiquei surpreso com a qualidade do tratamento e dos profissionais” | Foto: Arquivo pessoal Como ser um doador Nem sempre o transplante autólogo é possível, por isso é fundamental que haja doadores de medula óssea cadastrados. O processo de cadastro é simples: basta uma coleta de sangue da pessoa que vai doar. Caso seja identificada compatibilidade com um paciente, o doador é convocado para o procedimento. O cadastro para ser doador voluntário requer agendamento prévio no site do Serviço de Agendamentos do Distrito Federal. No dia e no horário marcados, o interessado deve comparecer ao Hemocentro de Brasília (FHB) levando documento de identidade oficial com foto. O sangue coletado passa por um exame de histocompatibilidade (HLA), que identifica as características genéticas. Esses dados são inseridos no Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome). As informações da pessoa são cruzadas periodicamente com as de pacientes que necessitam de transplante para verificar compatibilidade. O doador permanece registrado até completar 60 anos de idade. É fundamental manter as informações de contato atualizadas. Requisitos para ser um doador de medula óssea: • Ter entre 18 e 35 anos, 8 meses e 29 dias de idade; • Estar em bom estado de saúde; • Não ter doenças infecciosas ou incapacitantes (verificar a lista de impedimentos). Sistema Nacional de Transplantes O Sistema Nacional de Transplantes (SNT), coordenado pelo Ministério da Saúde (MS), regula, controla e monitora os processos de doação e transplantes no Brasil. Pelo SUS, os pacientes recebem assistência integral e gratuita, que inclui exames preparatórios, cirurgia, acompanhamento e medicamentos pós-transplante. Para a doação de órgãos, é essencial que a pessoa interessada comunique sua vontade à família, pois no Brasil a doação só é autorizada com o consentimento familiar. *Com informações da Secretaria de Saúde
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HCB alcança índices de até 80% de cura no serviço de oncologia
Inaugurado em 2011, o Hospital da Criança de Brasília José Alencar (HCB) nasceu do sonho de voluntários da Associação Brasileira de Assistência às Famílias de Crianças Portadoras de Câncer e Hemopatias (Abrace) em parceria com os médicos oncologistas que atendiam as crianças no Hospital de Base. Hoje, o HCB é habilitado pelo Ministério da Saúde como unidade de assistência de alta complexidade em oncologia pediátrica e referência em transplantes de medula óssea, entre outras habilitações. “Temos que ensinar nossos pediatras a estarem sempre abertos. Se eles tiverem dúvidas, não tem problema, nós vemos o diagnóstico juntos”, diz a oncologista Ísis Magalhães | Fotos: Divulgação/HCB Nesta quarta (17) é celebrado o Dia Nacional do Cirurgião Oncológico. A equipe de oncologia do HCB é responsável pelo atendimento de crianças e adolescentes com diferentes tipos de câncer – doença em que uma alteração genética faz com que as células deixem de seguir as regras normais do crescimento. O diagnóstico precoce também é importante porque, ao contrário do que acontece com os adultos, o câncer infantil não tem prevenção. Por isso, mesmo que sintomas como manchas roxas e febre possam ser confundidos com pancadas ou doenças comuns na infância, é preciso que os médicos da atenção primária estejam alertas para a possibilidade de algo mais grave A onco-hematologista pediátrica Isis Magalhães, diretora técnica do Hospital, explica: “Os cânceres mais comuns da infância são os que se iniciam no sistema formador do sangue, que a gente chama ‘sistema hematopoiético’; são as leucemias. Na medula óssea, que é a fábrica do sangue, um grupo de células se modifica geneticamente. Ela não sabe mais amadurecer e dar origem às células normais do sangue, mas continua com a capacidade de se dividir em outras iguais a ela”. Segundo Magalhães, cerca de 190 a 200 novos casos de câncer são identificados pela equipe do HCB a cada ano; uma equipe multiprofissional realiza cerca de 1.200 consultas por mês e cuida, em média de 40 crianças internadas. O trabalho dos profissionais, somado ao diagnóstico preciso e precoce, pesquisa científica e avanços tecnológicos, permitiu ao hospital alcançar índices de até 80% de cura e sobrevida. Diagnóstico precoce é importante O caminho para um desfecho positivo no tratamento oncológico começa na atenção primária: nas consultas de rotina, se o pediatra ou a equipe de saúde de família identificar sintomas que indiquem a possibilidade de um câncer, a criança é encaminhada a centros de referência no tratamento. É o caso do Hospital da Criança de Brasília, que realiza os testes para um diagnóstico preciso e, em caso de confirmação da doença, já inicia o tratamento com agilidade. A oncologista Flávia Delgado participa de eventos médicos internacionais para troca de experiências e estudos para reforçar o atendimento no hospital Essa conduta é importante para determinar o curso do atendimento. “Em um retinoblastoma, é a diferença entre perder o olhinho ou a vida – ou manter a visão dos dois olhos. No caso de um tumor ósseo, é a chance de manter um membro com boa funcionalidade – ou perder o membro e, quem sabe, a vida”, afirma a médica oncologista do HCB Flávia Delgado. O diagnóstico precoce também é importante porque, ao contrário do que acontece com os adultos, o câncer infantil não tem prevenção. Por isso, mesmo que sintomas como manchas roxas e febre possam ser confundidos com pancadas ou doenças comuns na infância, é preciso que os médicos da atenção primária estejam alertas para a possibilidade de algo mais grave. O câncer mais comum na infância é a leucemia linfoide aguda (LLA), mas a equipe de oncologia do Hospital também tem experiência no tratamento de outras leucemias, neuroblastoma, retinoblastoma, tumores do sistema nervoso central, tumores ósseos e outras manifestações da doença “Temos que ensinar nossos pediatras a estarem sempre abertos. Se eles tiverem dúvidas, não tem problema, nós vemos o diagnóstico juntos. Se não for câncer, muito bem, mas, se for, começamos o tratamento com a criança em um estado clínico melhor. Quanto mais rápido conseguirmos fazer isso, maiores as chances de cura”, reforça Isis Magalhães. Ao receber crianças com suspeita de câncer, o HCB realiza exames citológicos e de imunofenotipagem para confirmar a doença e, com análises em nível molecular, identifica o tipo de mutação celular que levou ao quadro. Com profissionais especializados, o hospital oferece o protocolo de tratamento específico para cada paciente. Dedicação à pesquisa e parcerias internacionais O câncer mais comum na infância é a leucemia linfoide aguda (LLA), mas a equipe de oncologia do hospital também tem experiência no tratamento de outras leucemias, neuroblastoma, retinoblastoma, tumores do sistema nervoso central, tumores ósseos e outras manifestações da doença. O tratamento pode incluir quimioterapia, radioterapia e cirurgia e transplante de medula óssea, dependendo das especificidades de cada caso. Também é necessária a atuação de uma equipe multidisciplinar, contando com profissionais de enfermagem, fisioterapia e nutrição, entre outros. Para oferecer atendimento de qualidade às crianças e adolescentes, os oncologistas do HCB – assim como os outros profissionais envolvidos no tratamento – passam por constante aprimoramento, participando de eventos científicos internacionais e de grupos de estudos multicêntricos. A dedicação ao ensino e à pesquisa, pilares do Hospital da Criança de Brasília, também se relaciona com o trabalho dos oncologistas. “No Programa de Cancerologia Pediátrica, o residente tem a oportunidade ampla de aprender em um serviço de referência integrado no hospital com especialistas em doenças pediátricas complexas”, diz o supervisor do programa, José Carlos Córdoba Inseridos em linhas de pesquisa, eles apresentam seus estudos em eventos científicos internacionais e aqueles promovidos pelo HCB (como o Congresso Internacional da Criança com Condições Complexas de Saúde, realizado em parceria com o Hospital Sant Joan de Déu, de Barcelona). Divulgam trabalhos em periódicos de renome: em 2022, pesquisa sobre particularidades no diagnóstico de leucemia mieloide aguda em crianças com síndrome de Down foi publicada nos periódicos especializados Leukemia (Nature) e Pediatric Blood and Cancer. A equipe representa o hospital, também, em eventos de relevância nacional e internacional que promovem a atualização de conhecimentos em oncologia. Em julho de 2024, as oncologistas Flávia Delgado e Isabella de Araújo participaram do 21º Simpósio Internacional de Neuro-Oncologia Pediátrica, nos Estados Unidos, e da Reunião Anual do Grupo de Tumores Cerebrais da Sociedade Internacional de Oncologia Pediátrica (Siop) da Europa. As profissionais atraíram atenções ao HCB com estudo que otimiza a identificação dos subtipos moleculares do meduloblastoma. “Todos ficaram bastante interessados, e vamos expandir esse trabalho, fazendo uma avaliação genética muito mais importante”, relata Delgado. O acompanhamento oferecido pelo Hospital da Criança de Brasília José Alencar aos pacientes com câncer infantil levou a parcerias importantes. O HCB participa, desde 2018, da St. Jude’s Global Alliance, colaboração internacional que busca aumentar a sobrevida de câncer infantil por meio do acesso ao cuidado, qualidade da assistência e integração em políticas públicas. Com a aliança, o hospital participa da discussão de casos com outras instituições e tem acesso a ferramentas de melhoria contínua dos tratamentos oncológicos. O HCB integra, também, a Aliança Apoio Maior Aumentando Recursos e Treinamento Especializado (Amarte), que concentra hospitais brasileiros na discussão de casos clínicos. Parcerias com o Hospital Sírio-Libanês de Brasília e com o Hospital DF Star também permitem às crianças do HCB passar por radioterapia durante o tratamento. Futuros oncologistas Ao mesmo tempo que se mobiliza para oferecer o melhor cuidado às crianças e se volta à pesquisa para trazer evoluções à oncologia, o HCB ajuda a preparar os oncologistas do futuro. Um dos 11 programas de residência médica do hospital é dedicado à especialidade, e o processo de aprendizagem inclui interação com outras áreas, como cirurgia e patologia. “No programa de cancerologia pediátrica, o residente tem a oportunidade ampla de aprender em um serviço de referência integrado no hospital com especialistas em doenças pediátricas complexas. Com grande número de casos novos, tem oportunidade de aprender com especialistas experientes as neoplasias pediátricas mais comuns e as mais raras. O programa oferece aprendizagem no cenário clínico e laboratorial, com ampla interação com cirurgia, radiologia e patologia, integrando o aprendizado integral”, pontua o médico José Carlos Martins Córdoba, coordenador de Cuidados Paliativos e supervisor do programa de residência médica. Além disso, o HCB oferece um programa de fellowship para formação de cirurgiões oncológicos. *Com informações do HCB
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Projeto de implantação de transplante de medula óssea é apresentado no Hospital de Base
O projeto de implantação de transplante de medula óssea (TCTH) no Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF) foi apresentado em reunião entre representantes do HBDF, da Secretaria de Saúde (SESDF) e do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (IgesDF), que sediou o encontro. A iniciativa é uma parceria entre a SESDF e o IgesDF. “A colaboração entre o IgesDF e a SESDF é essencial para suprir uma demanda da saúde pública tão urgente como o transplante de medula óssea. Somente unindo esforços poderemos garantir o acesso a esse tratamento tão necessário para os pacientes da nossa região”, ressaltou o superintendente do HBDF, Guilherme Porfírio. O transplante de medula óssea vai atender a uma demanda urgente no DF | Foto: Divulgação/IgesDF O chefe do Serviço de Hematologia, Hemoterapia e Transplante de Medula Óssea do hospital, Luiz Henrique Athaides Ramos, explicou que o projeto envolve o tratamento da doença neoplásica, a indicação do TCTH, a forma de coleta, condicionamento e infusão das células, além de todo suporte até o dia da “tão sonhada pega medular”. Ele também enfatizou a reestruturação necessária para que o andar indicado do HBDF receba o serviço. Segundo o médico, a implementação do transplante de medula óssea no HBDF é urgente, pois, atualmente, há uma alta demanda não atendida. “O DF deveria ser um polo de referência para esse tipo de tratamento, considerando sua infraestrutura, recursos humanos altamente especializados, além de posicionamento estratégico”, avalia. “Há disposição, capacidade técnica e interesse da equipe para assumir essa demanda, mas são importantes o apoio político e a provisão de recursos para adequações estruturais e aquisição de insumos e recursos humanos necessários”, acrescenta. O atendimento ambulatorial dos candidatos ao transplante será realizado na Hematologia, com apoio do pronto-socorro e da internação quando indicado. A validação de um plantão com especialistas em hematologia e em hemoterapia 24 horas por dia está sendo considerada para garantir o atendimento célere das demandas urgentes dos pacientes. *Com informações do IgesDF
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Trabalho em rede foi decisivo no tratamento do pequeno Miguel
Depois da alta do menino Miguel Rodrigues, três meses – a primeira criança a detectar a síndrome da imunodeficiência combinada grave (Scid) no teste do pezinho e passar por transplante de medula óssea para tratamento –, o Hospital da Criança de Brasília José Alencar (HCB) reuniu profissionais para dar mais detalhes sobre o caso. A secretária de Saúde do Distrito Federal, Lucilene Florêncio, e a superintendente executiva do HCB, Valdenize Tiziani, também participaram da entrevista. Segundo a secretária Lucilene Florêncio, o trabalho em rede teve grande importância para garantir o sucesso do transplante de medula óssea realizado no pequeno Miguel | Foto: Maria Clara Oliveira/HCB A secretária Lucilene Florêncio elogiou a atuação do HCB no atendimento rápido a Miguel, afirmando que o hospital conta com “profissionais que despontam com a melhor medicina realizada no mundo e no Brasil.” A secretária também destacou a importância do trabalho em rede para garantir o sucesso. “Tivemos uma rede de assistência funcionando: o pré-natal realizado pela unidade básica de saúde; o parto realizado no Hospital Materno Infantil (Hmib); a Rede Cegonha, que organiza parto e pós-parto. A equipe técnica do Hospital da Criança de Brasília realizou o transplante e, hoje, podemos celebrar; é uma segunda chance de vida.” Miguel Rodrigues, três meses, primeira criança a detectar a síndrome da imunodeficiência combinada grave (Scid) no teste do pezinho e passar por transplante de medula óssea para tratamento, recebeu alta Valdenize Tiziani expressou o orgulho que o HCB tem de fazer parte de uma rede de saúde de alto desempenho. “Todas as crianças da triagem neonatal adentram o Hospital da Criança de Brasília imediatamente, porque não podem ficar retidas no sistema de regulação. Temos toda uma estrutura preparada para dar seguimento; nosso laboratório tem testes confirmatórios e é altamente integrado com a equipe clínica, o que é um privilégio”, disse Tiziani. Ela ressaltou que o trabalho coletivo que resultou no transplante de Miguel é fruto de “união, cooperação, parceria com o propósito único de dar a melhor atenção às crianças.” A médica coordenadora de imunologia e alergia do HCB, Cláudia Valente, reforçou o pioneirismo do Distrito Federal ao incluir a Scid no rol de doenças diagnosticadas pela triagem neonatal. “Agora é que estão sendo publicados dados de países de primeiro mundo que iniciaram a triagem neonatal, como Estados Unidos e Israel. Podermos fazer uma medicina de primeiro mundo é maravilhoso!”, disse a médica. Valente também destacou “o privilégio de ter a equipe de transplante já instituída no hospital, que faz uma medicina terciária com bastante qualidade.” A médica onco-hematologista do HCB Paula Tacla explicou a importância do transplante de medula óssea para garantir que o paciente com Scid passe a fabricar as células responsáveis pela imunidade. Ela relembrou o primeiro caso de transplante feito pelo HCB para tratamento da síndrome, em uma criança de 10 meses de idade em 2020, e as diferenças acarretadas pela pouca idade de Miguel. “O cenário dele é completamente diferente, chegou para nós com um mês de vida. Pudemos começar antibiótico, antifúngico, antiviral, mesmo antes de ser submetido ao transplante; várias medidas já foram tomadas enquanto fazíamos os testes de compatibilidade e escolhíamos um doador”, celebrou a médica. [Relacionadas esquerda_direita_centro=”direita”] A médica responsável técnica de imunologia do HCB, Fabíola Scancetti, explicou o que é a Scid e a importância do tratamento precoce. “Se fazemos o transplante antes dos três meses de vida, as chances de cura são enormes; do contrário, sem esse tratamento definitivo, o que pode haver é a não-sobrevida até os dois anos de idade. A Scid é uma emergência pediátrica e, aqui no hospital, é encarada dessa forma. Todos os profissionais se envolvem, se comprometem e esse ponto é nossa marca.” A secretária de Saúde ecoou a opinião positiva, afirmando: “O HCB é um hospital 100% SUS, que cuida da alta complexidade da pediatria do Distrito Federal. Temos o conforto de saber que, nessa casa, se cuida, se pesquisa, se valoriza a ciência e se entrega a melhor medicina, que nossas crianças precisam e merecem.” *Com informações do HCB
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HCB faz primeiro transplante de medula com doador
O menino João Miguel Pereira, nove meses, foi atendido pela equipe do HCB e recebeu a doação de sua irmã Ana Clara, 16| Foto: Divulgação Morador de Santa Maria, João Miguel costumava chorar bastante. A mãe, Franciele Pereira, buscava ajuda médica e recebia a justificativa de que o choro era causado por cólicas comuns na idade. Aos cinco meses, um quadro febril também foi considerado normal, por coincidir com o nascimento dos primeiros dentes do menino. Quando ele começou a tossir, a mãe o levou ao Hospital Materno Infantil de Brasília (Hmib), de onde foi encaminhado ao Hospital Regional da Asa Norte (Hran). Houve suspeita de Covid-19 e João Miguel foi transferido ao HCB em junho. “Fiquei feliz por ele ter sido transferido logo, porque ele estava muito mal, precisou de traqueostomia”, conta Franciele. Depois de receber resultado negativo para o novo coronavírus, o menino foi acompanhado pela equipe de imunologia do HCB, que chegou ao diagnóstico de imunodeficiência combinada grave (SCID, na sigla em inglês). Segundo a imunologista Cláudia Valente, o tratamento indicado é o transplante de medula óssea, que deve ser feito precocemente. A história de João Miguel reforça a importância do Sistema de Saúde do DF ser organizado em rede, com as instituições trabalhando em parceria. Com isso, as informações dos atendimentos feitos tanto no Hmib quanto no Hran, somadas a exames específicos feitos no Hospital da Criança foram fundamentais para fechar o diagnóstico da doença grave do paciente. [Olho texto=”Deu tudo certo e ele já teve alta. Estamos realizados por termos conseguido oferecer o melhor para o João Miguel” assinatura=”Renilson Rehem, superintendente executivo do Hospital da Criança” esquerda_direita_centro=”centro”] O HCB já realiza transplantes autólogos (com células da própria criança). Como João Miguel não podia ser transferido, o Hospital recebeu uma autorização excepcional para fazer o transplante alogênico. A irmã Ana Clara Pereira, 16 anos, foi doadora – eles ainda têm uma irmã de 21 anos e um irmão de seis, que não foram compatíveis. O procedimento foi todo realizado no HCB e, segundo Ana Clara, foi um momento de emoção, mas gratificante. “Eu tenho bastante medo de agulha, mas pelo irmão da gente a gente faz tudo. Os profissionais me ajudaram e eu senti um pouco de dor depois, mas tudo deu certo e ele está bem”, diz Ana Clara. Depois do procedimento, realizado dia 08/07, ele precisou de algumas sessões de hemodiálise, mas já se recupera bem e em casa – voltou ao HCB para fechar a traqueostomia e, agora, segue em acompanhamento ambulatorial. “Ele está se reabilitando: não ria mais, e agora, já voltou a rir; já come um pouco, está chorando menos e dorme durante a noite toda, só acorda para mamar. O choro que ele tem é o de reclamação, normal de uma criança: por dor, ele não chora mais”, afirma a mãe, Franciele. O superintendente executivo do Hospital da Criança, Renilson Rehem, explicou que o HCB é credenciado para realizar transplantes de medula óssea autólogos desde agosto de 2019 – nessa modalidade, as células progenitoras vêm do próprio paciente. E comemorou: “Deu tudo certo e ele já teve alta. Estamos realizados por termos conseguido oferecer o melhor para o João Miguel. Principalmente porque era um caso grave e em plena pandemia. Estamos todos felizes com essa vitória!” Segundo a diretora técnica do HCB, Isis Magalhães, o Hospital já deu início ao processo de credenciamento para também realizar o procedimento alogênico. Franciele Pereira, mãe de João Miguel | Foto: Divulgação O transplante de João Miguel foi possível porque o Ministério da Saúde considerou o Hospital preparado para o procedimento em caráter emergencial. “Já realizamos 17 transplantes autólogos, a equipe vem se desenvolvendo cada vez mais. Nesse caso, a criança estava em situação crítica, essa era a única solução”, explica Magalhães. Ela reforça que, com a pandemia, seria mais difícil encaminhar o menino a outra instituição de saúde: “Não há outro centro de transplante no Distrito Federal, ele precisaria ser transferido para outro estado”, explica a diretora. Para o superintendente executivo adjunto do HCB, Gilson Andrade, a realização do transplante exemplifica a dedicação do Hospital com as crianças e adolescentes assistidos. “Foi uma atitude heroica. Nós ainda não estamos autorizados a fazer esse procedimento, mas houve uma série de vontades: a do Hospital; a do próprio Ministério da Saúde de criar uma autorização específica para esse caso. Tivemos o envolvimento da Fundação Hemocentro, nossa própria equipe manteve a fleuma. É um evento que demonstra, fundamentalmente, o compromisso da nossa equipe de ir até as últimas consequências para preservar a vida do paciente”, afirma Andrade. *Com informações da Secretaria de Saúde
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