Por trás das torneiras: Como o tratamento de esgoto no DF é referência nacional e garante segurança ambiental
Na etapa final da série especial da Agência Brasília sobre saneamento básico, o foco se volta para um trabalho invisível, mas essencial: o esgotamento sanitário no Distrito Federal. Por trás das torneiras que abastecem quase 100% da população com água potável, existe um sistema robusto que coleta e trata cerca de 376 milhões de litros de esgoto todos os dias. Com 7 mil quilômetros de redes coletoras e 15 estações de tratamento de esgoto (ETEs), o DF se destaca no cenário nacional pela eficiência e qualidade do serviço — 94% da população é atendida pela rede, e 100% do esgoto coletado recebe tratamento antes de ser devolvido à natureza. Referência no país na oferta de água e no tratamento de esgoto, o Distrito Federal é um exemplo de encerramento do ciclo do saneamento: a água é captada nos reservatórios, tratada em unidades específicas e distribuída à população | Foto: Lúcio Bernardo Jr./Agência Brasília Segundo o Instituto Trata Brasil, o DF tem a maior taxa de esgoto tratado entre todas as unidades da Federação, sendo o único com índice acima de 80%, à frente de estados como Roraima, Paraná, São Paulo e Goiás. Entre as cidades, Brasília ocupa a 20ª posição no ranking nacional, com 91,77% da população atendida por rede de esgoto e 86,65% do esgoto coletado passando por tratamento. No abastecimento de água, a cobertura chega a 99% da população, o que coloca a capital entre as nove cidades mais bem avaliadas do país nesse quesito. “Isso significa que Brasília já universalizou o acesso à água e ao esgoto, enquanto outros estados ainda precisam investir muito para alcançar essa meta. Todo o esgoto coletado é tratado, e o nível de tratamento é de ponta — nível três, mais sofisticado do que o praticado em outras regiões”, explica o presidente da Caesb, Luis Antonio Reis. Para ele, essa iniciativa é necessária porque os córregos da região são pequenos, então o efluente precisa ser muito bem tratado. Por isso, as estações de tratamento são de ponta, monitoradas e visitadas por comitivas da China, Europa e de outros estados brasileiros. A etapa inicial do tratamento de esgoto é responsável pela remoção dos sólidos mais grosseiros, como lixo e areia. Em seguida, o esgoto passa por decantadores primários, onde os sólidos mais pesados são separados O presidente mencionou a Fitabes, uma das maiores feiras de tecnologia em saneamento ambiental da América Latina, que reúne as principais empresas do setor para apresentar inovações em tecnologias, produtos, serviços e equipamentos a um público especializado. Neste ano, a décima terceira edição será realizada na capital federal em maio. "Achamos muito importante este encontro ser em Brasília por ser uma cidade referência em saneamento", complementou Reis. Até 2029, a Caesb prevê investir cerca de R$ 3,2 bilhões na ampliação e aprimoramento dos sistemas de abastecimento de água e esgotamento sanitário do Distrito Federal. Esses investimentos contribuem diretamente para a qualidade de vida da população, pois garante o fornecimento de água sem a necessidade de racionamento, além de assegurar o tratamento adequado do esgoto, com benefícios para o meio ambiente e a saúde pública. Etapas do tratamento A etapa inicial do tratamento de esgoto é responsável pela remoção dos sólidos mais grosseiros, como lixo e areia. Esse tipo de resíduo é resultado do uso indevido do sistema de esgotamento sanitário, já que a população ainda descarta lixo na rede coletora. Em seguida, o esgoto passa por decantadores primários, onde os sólidos mais pesados são separados. Depois, entra na etapa biológica, em que microrganismos removem os contaminantes por meio de processos metabólicos. Na fase seguinte, chamada de tratamento químico ou polimento final, um coagulante é adicionado para agrupar as partículas restantes, que são removidas nas câmaras de flotação. O efluente, agora tratado dentro dos padrões ambientais, é então lançado de volta para a natureza. Nas estações de tratamento de esgoto, todo o processo é monitorado com rigor. São realizadas coletas em diferentes etapas do tratamento, e essas amostras são analisadas nos laboratórios da Caesb Segundo a gerente de Operação da Bacia Paranoá, Camila Gonçalves, cada etapa do tratamento tem um tempo de detenção, ou seja, um período em que o esgoto permanece em determinada fase do processo. “Aqui na Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Norte, esse tempo varia conforme a vazão, mas, em média, cada reator opera com um tempo de detenção de cerca de 6 horas. Isso significa que o esgoto que entra agora na estação passará por todas as etapas principais do tratamento e, em poucas horas, já será encaminhado para o tratamento final. Em um mesmo dia, conseguimos observar que o esgoto que entrou já saiu tratado”, explica. A vazão média da ETE Norte é de aproximadamente 600 litros por segundo. Entre as unidades da Companhia Ambiental de Saneamento do Distrito Federal (Caesb), a maior em termos de capacidade é a ETE Melchior, com vazão média de 1.500 litros por segundo, seguida pela ETE Sul, com 1.200 litros por segundo. “É comum a população enxergar as estações de tratamento de esgoto como poluidoras dos corpos d’água, mas, na verdade, elas exercem um papel mitigador da poluição. O esgoto bruto, carregado de contaminantes, resíduos e lixo, é tratado nas estações e devolvido à natureza com excelente qualidade”, diz Camila Gonçalves “Aqui na ETE Norte, como o lançamento do efluente é feito diretamente no Lago Paranoá, há uma exigência muito rígida em relação aos parâmetros de qualidade. Um dos mais críticos é o controle de nutrientes, que, se lançados em excesso, podem causar a eutrofização, um desequilíbrio que afeta as condições ecológicas do lago. Por isso, na década de 1990, a estação passou por uma reforma e ampliação, e hoje opera com um sistema de tratamento terciário avançado, que inclui tratamento químico”, destaca a gerente. Camila explica que esse processo promove a remoção eficiente dos nutrientes e atende aos padrões exigidos pelos órgãos ambientais e pela legislação vigente. Atualmente, essa é uma das tecnologias mais modernas e completas disponíveis. Camila ressalta que a tecnologia utilizada nas estações também é considerada referência. A maioria das unidades opera com tratamento secundário e terciário avançado, o que garante elevada qualidade ao efluente que é devolvido à natureza. Ela explica que o Distrito Federal é um exemplo de encerramento do ciclo do saneamento: a água é captada nos reservatórios, tratada em unidades específicas e distribuída à população. “É comum a população enxergar as estações de tratamento de esgoto como poluidoras dos corpos d’água, mas, na verdade, elas exercem um papel mitigador da poluição. O esgoto bruto, carregado de contaminantes, resíduos e lixo, é tratado nas estações e devolvido à natureza com excelente qualidade”, reforça a gerente de Operação da Bacia Paranoá. [LEIA_TAMBEM]Nas estações de tratamento de esgoto, todo o processo é monitorado com rigor. São realizadas coletas em diferentes etapas do tratamento, e essas amostras são analisadas nos laboratórios da Caesb. Esse monitoramento contínuo permite acompanhar a operação do sistema e garante a qualidade do efluente que será lançado no corpo receptor. Além disso, a Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento do Distrito Federal (Adasa) também monitora o impacto dos efluentes tratados lançados nos corpos hídricos. “Mesmo após tratamento, esses efluentes ainda podem carregar matéria orgânica e nutrientes que afetam a qualidade da água dos rios e reservatórios. Monitoramos esses impactos por meio de parâmetros como a Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) e níveis de fósforo e nitrogênio”, afirma o superintendente de Recursos Hídricos da Adasa, Gustavo Carneiro. “Com esse sistema de controle e regulação, podemos afirmar que a água distribuída no Distrito Federal é uma referência em qualidade. Mas esse trabalho precisa do compromisso de todos para o uso consciente desse recurso tão precioso”, finaliza Gustavo. Resíduos sólidos retidos Quanto aos resíduos sólidos que ficam retidos durante o processo, eles são recolhidos diariamente. Esses detritos são colocados em baias para secagem e, posteriormente, todo o material é encaminhado para o Aterro Sanitário de Brasília, onde é feita a disposição final adequada. Além disso, há a produção de lodo, que é um resíduo resultante de várias etapas do tratamento. Esse lodo é formado basicamente pela remoção de sólidos e pela massa de bactérias, junto com os nutrientes que precisam ser eliminados do esgoto. Esse material passa por um processo específico de tratamento, incluindo a desidratação, e depois é enviado para a unidade de gerenciamento de lodo da Caesb. Nessa unidade, o lodo desidratado é preparado para ser utilizado futuramente como adubo, em um processo complementar que dá uma destinação sustentável ao resíduo gerado durante o tratamento do esgoto.
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Governador Ibaneis Rocha exalta investimentos em saneamento no DF: ‘Temos resultados à prova’
Vicente Pires em um passado recente, Sol Nascente no presente e o bairro Santa Luzia num futuro próximo são exemplos de como o investimento em saneamento básico é capaz de transformar a realidade de cidades e pessoas e garantir qualidade de vida para a população. O governador Ibaneis Rocha citou as duas regiões administrativas e o bairro localizado na Estrutural para apresentar resultados e projeções de investimentos no Distrito Federal, na ordem de R$ 3,2 bilhões, durante a abertura do 33º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental (CBESA) e da Feira Internacional de Tecnologias de Saneamento Ambiental (Fitabes), no Ulysses Centro de Convenções, nesta segunda-feira (26). O governador Ibaneis Rocha destacou os investimentos que fazem do DF uma referência no país em saneamento, durante a abertura do 33º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental (CBESA) e da Feira Internacional de Tecnologias de Saneamento Ambiental (Fitabes) | Fotos: Renato Alves/Agência Brasília Os dois eventos, que ocorrem simultaneamente a cada dois anos, são considerados os maiores e mais importantes do setor no Brasil e na América do Sul. Na ocasião, o chefe do Executivo destacou os avanços no Distrito Federal com relação ao saneamento na capital. “Vamos investir, tanto na captação de água quanto na questão de saneamento, em torno de R$ 3,2 bilhões até 2029, isso vai nos permitir garantir água de qualidade pelos próximos 50 anos. Hoje, temos um sistema onde 99% da população é atendida com água potável e 96% conta com coleta de resíduos, o que coloca o DF em um ponto de grande vantagem em relação às outras unidades da federação. Esse é um dos exemplos que temos e que deve motivar os governos federal, estadual e municipal a seguirem também”, afirmou Ibaneis Rocha. Com o tema “Saneamento para quem não tem - inovar para Universalizar!”, a programação do evento vai até a próxima quarta-feira (28), com previsão de reunir aproximadamente 15 mil pessoas. Está prevista a presença de autoridades, profissionais do ramo, representantes do poder público, pesquisadores e acadêmicos, além da indústria e setor privado. Destaque nacional O DF é referência no país em saneamento básico, com uma das melhores redes de abastecimento, tratamento e distribuição de água do Brasil, segundo avaliações de institutos especializados. Desde o início da gestão do governador Ibaneis Rocha, em 2019, já foram feitos investimentos de R$ 1,5 bilhão em obras de ampliação dos sistemas de abastecimento de água e esgotamento sanitário. A meta da Caesb é ampliar a capacidade de atendimento diante do crescimento populacional e da expansão urbana, com previsão de investir mais de R$ 3,2 bilhões até 2029. “Brasília é referência no saneamento ambiental", destacou o presidente da Abes, Marcel Costa Sanches De acordo com o governador Ibaneis Rocha, o acesso ao saneamento básico reflete também na promoção à saúde pública e à qualidade de vida. “A gente vê que na maioria dos locais onde não há uma condição adequada, a população, principalmente a de baixa renda, tem doenças totalmente evitáveis. Essa consciência precisa ser levada a todos os cantos e é necessário que se cobrem das autoridades investimentos sérios nesta área”, acrescentou o chefe do Executivo. O evento, promovido pela Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (Abes), conta com patrocínio do GDF, por meio da Secretaria de Turismo (Setur-DF), de aproximadamente R$ 3 milhões. O objetivo é discutir sobre os desafios e soluções para o saneamento e a sustentabilidade ambiental no Brasil, abordando temas fundamentais como manejo de resíduos sólidos, drenagem urbana, eficiência energética e mudanças climáticas. Marco Legal A Caesb se destaca no contexto nacional em relação ao Marco Legal do Saneamento, pois o Distrito Federal pode ser considerado um ente da federação que já universalizou os serviços de água e esgoto ao atender 99% da população com água potável e 95% de esgoto coletado, sendo que 100% do esgoto coletado é tratado, conforme dados da Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios. As metas legais do Marco Legal preveem 99% de cobertura de água potável até 2033 e 90% de cobertura de esgoto tratado no mesmo prazo. De acordo com o presidente da Abes, Marcel Costa Sanches, o Distrito Federal é um exemplo a ser seguido por outras unidades da federação: “Brasília é referência no saneamento ambiental. Existe já praticamente toda a população atendida por abastecimento de água de qualidade, esgotamento coletado e tratado e há uma condição envolvendo a drenagem urbana e no campo dos resíduos sólidos. Então, esses quatro componentes é que trazem esse selo de excelência para a capital federal.” Santa Luzia O trabalho que o Governo do Distrito Federal vai executar no bairro Santa Luzia, na Estrutural, já foi concluído em regiões como Vicente Pires e está em andamento, com previsão de finalizar até final deste ano, no Sol Nascente/Pôr do Sol. A demanda histórica no bairro Santa Luzia, na Estrutural, será atendida com aporte da ordem de R$ 80 milhões por parte do GDF. O valor foi financiado junto a um banco privado, por meio do programa PAC Financiamentos, do governo federal, e será pago pela Caesb. [LEIA_TAMBEM]“Todos os governantes que me antecederam só tinham como como solução tirar as pessoas de lá e levar para outros locais por ser uma área de bastante dificuldade, mas nós assumimos o compromisso de melhorar a vida daquela população, juntamos os órgãos do Distrito Federal com a competência do Ministério da Cidades e conseguimos a autorização para esse financiamento“, complementou Ibaneis Rocha. O projeto de saneamento para a comunidade prevê a instalação de uma rede de abastecimento de água com 46,5 mil metros, abrangendo os 89 hectares de extensão da área ocupada pelo assentamento. A rede de esgoto terá 35 mil metros e duas estações elevatórias, que vão encaminhar os resíduos para a Estação de Tratamento de Esgoto Norte, em Brasília. Serão implantados 5 mil metros de galerias de águas pluviais, além de bacias de absorção, pavimentação asfáltica e intertravada nas vias do bairro. Todas as etapas de execução do projeto serão acompanhadas por ações sociais e de educação sanitária e ambiental, com a participação de diversos órgãos do Governo do DF (GDF). “Eu acredito nesse projeto e será muito bem tocado. No momento estamos preparando a licitação para que as obras comecem o mais rápido possível. E fica o convite para outros estados interessados a irem até a nossa empresa para conhecer todas as nossas soluções integradas para a melhoria da vida das populações mais carentes”, concluiu o governador. De acordo com o presidente da Caesb, Luis Antonio Reis, o projeto será executado em parceria com a população. “Seguiremos o conceito de saneamento integrado, vamos fazer tudo isso junto da comunidade. Ao mesmo tempo em que vamos nos aproximar da população, ela também vai participar e fazer junto de nós. Para isso, vamos trazer uma série de cursos para ambientar as famílias para receber essa nova realidade”, defendeu.
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Programa de Saneamento Rural impulsiona segurança alimentar e hídrica no DF
Centenas de famílias rurais terão mais segurança alimentar e hídrica com a chegada de sistemas de tratamento de esgoto doméstico. Em 2025, o Governo do Distrito Federal (GDF), por meio da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), vai investir R$ 5,2 milhões para instalar 545 sistemas, beneficiando diretamente as famílias agrícolas. “O sistema recebe todo o esgoto da casa, tanto a água cinza, de pias e chuveiros, quanto a água negra, dos vasos, para o tratamento adequado. Assim, evitamos a contaminação do solo e do lençol freático, garantindo alimentos mais seguros para o consumo”, explica Sônia Lemos, extensionista rural da Emater-DF. As propriedades inscritas no Programa de Saneamento Rural da Emater recebem caixa de gordura, caixa gradeada, biodigestor e vala de infiltração | Fotos: Matheus H. Souza/Agência Brasília No ano passado, o investimento no Programa de Saneamento Rural da Emater foi de R$ 3,14 milhões para garantir 324 sistemas às propriedades rurais. A iniciativa visa universalizar o acesso ao tratamento básico de esgoto na zona rural, seguindo as premissas do Marco Legal do Saneamento, aprovado em 2020. Cada propriedade recebe um conjunto completo que inclui caixa de gordura, caixa gradeada, biodigestor e vala de infiltração. O sistema contribui para a segurança alimentar, garantindo que os alimentos produzidos sejam cultivados em condições sanitárias adequadas, além de impactar positivamente a segurança hídrica, com o tratamento adequado de efluentes. Impactos positivos Luiz Valentino Pereira comemora a segurança que o novo sistema dará ao trabalho dele O produtor rural Luiz Valentino Pereira, de 54 anos, trabalha em Vargem Bonita com plantação de hortaliças como alface, coentro e rúcula. Ele será um dos beneficiados pelo programa: “A gente utiliza fossas e é complicado porque elas enchem rápido e sempre há o risco de contaminar minha plantação. Com o sistema, isso ficará mais seguro. Eu fiquei muito feliz quando soube que iria ser beneficiado também”, conta Luiz, que trabalha na mesma propriedade desde 1984. Sem o sistema de saneamento adequado, os riscos são altos, especialmente em áreas de solo raso, como destaca a extensionista rural da Emater-DF Sônia Lemos: “A contaminação do lençol freático pode passar para as hortaliças folhosas, que consumimos cruas, podendo ser prejudicial tanto para os produtores quanto para os consumidores”.
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Agricultores do DF aumentam produtividade com fertilizante orgânico fornecido pela Caesb
Centenas de produtores rurais do Distrito Federal e Entorno têm colhido os benefícios de uma técnica que transforma o lodo tratado em fertilizante para o solo. O esgoto transformado em biossólido pela Companhia Ambiental de Saneamento (Caesb) é rico em nutrientes e ajuda mais de 200 famílias do campo a melhorar a qualidade da terra e aumentar a produção, especialmente durante o período de estiagem. Desde 2021, a iniciativa funciona como uma alternativa sustentável e acessível para pequenas e médias propriedades da região. Um dos produtores beneficiados com o uso do lodo é o gerente da Fazenda Barreiras, Luciano Sousa, 29 anos. Há três anos utilizando o material para fertilizar as plantações de milho, soja e feijão que ocupam a propriedade no município Cidade Ocidental (GO), ele explica que o custo de produtividade acaba sendo mais baixo — não apenas por terem as máquinas necessárias para fazer o transporte e o confinamento, mas também pelo material doado gratuitamente pela Caesb. Luciano Souza utiliza o produto fornecido pela Caesb no cultivo de milho, soja e feijão | Fotos: Matheus H. Souza/Agência Brasília Além disso, Luciano ressalta que o biossólido reduz a necessidade de se utilizar agrotóxicos nas plantações: “Quando há [produto] químico no plantio, você tem que ter mais mão de obra. Com esse material na fazenda, a gente distribui bem mais rápido. Nós vimos que a produtividade melhorou bastante porque a gente diminuiu o químico e as terras responderam melhor”. O gerente afirma que já foram utilizadas 500 toneladas do material neste ano, aplicando de duas a três toneladas por hectare na propriedade. Como funciona O processo de transformação do lodo começa com a remoção de sólidos e impurezas do esgoto que chega às estações de tratamento da Caesb. Lixo, detritos e areias, por exemplo, são encaminhados para o Aterro Sanitário de Brasília. Em seguida, o esgoto passa por uma etapa biológica, onde micro-organismos anaeróbios e aeróbios realizam duas fases de depuração, retirando elementos dissolvidos, como fósforo e nitrogênio, que são incorporados ao biossólido. O lodo resultante vai para o decantador, onde é separado do líquido tratado — que é liberado no rio —, e o excesso de água é removido. Esse lodo úmido é transportado em caminhões até o pátio de secagem, onde é exposto ao sol e ao vento. As condições climáticas do DF, especialmente durante a estiagem, favorecem a secagem do material, que é monitorado para garantir que atenda aos padrões de umidade e elimine micro-organismos patogênicos, tornando-o adequado para uso agrícola. O clima do DF – com calor e seca durante vários meses do ano – é propício para a produção do lodo tratado Por dia, são produzidas cerca de 400 toneladas de lodo pela Caesb. De acordo com gerente de Operação das Bacias do Melchior e Alagado, Cristiano Mano, as condições climáticas do DF favorecem a técnica: “Temos muito calor e secura, isso torna o processo de baixo custo para processar um lodo de ótima qualidade em termos de matéria orgânica”. “O lodo é um material rico em minerais adequados para uso no solo. Com ele, o produtor não precisa comprar outros insumos, basta o produto gratuito e de alta qualidade feito por nós. O benefício é tanto para o agricultor quanto para a Caesb e, principalmente, para o meio ambiente, porque dessa forma a gente conclui o ciclo biogeoquímico”, defende o gerente. “O biossólido é ótimo como condicionador de solo. Funciona como um adubo complementar para nutrir a terra e melhorar as características de retenção de água e a resposta nas culturas adotadas”, explica a engenheira florestal e coordenadora de Operações da Unidade de Gerenciamento de Lodos da Caesb, Leiliane Saraiva. Resultado visível Ao chegar na propriedade do Luciano, o lodo ainda é submetido a um processo antes de ser utilizado na lavoura. Misturado a pó de rocha e resíduo de confinamento, a substância passa por mudanças de temperatura após a junção com água e é revirada com as máquinas para resfriar, de acordo com a necessidade. Em um mês ele está pronto para ser utilizado no solo. O gerente da fazenda destaca que as plantações respondem bem ao fertilizante, até melhor do que aos químicos. “O milho responde muito bem, a planta fica mais bonita, você vê pelas folhas da planta, fica incrível na lavoura. O resultado é visível mesmo”, concluiu.
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Audiência pública debaterá metas de universalização de abastecimento de água e de esgotamento sanitário no DF
A Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico do Distrito Federal (Adasa) convida todos os usuários, agentes e interessados nos serviços públicos de drenagem e manejo de águas pluviais a participar da Audiência Pública nº 006/2024, que tem como objetivo obter subsídios e informações adicionais referente à minuta de resolução que dispõe sobre as metas progressivas de universalização de abastecimento de água e de esgotamento sanitário, indicadores de acesso e sistema de avaliação no Distrito Federal, em adesão à Norma de Referência nº 08/2024, da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA). Adasa realizará audiência pública, no dia 8 de outubro, sobre as metas de universalização de abastecimento de água e de esgotamento sanitário, indicadores de acesso e sistema de avaliação no Distrito Federal | Foto: Divulgação/Adasa As principais metas estabelecidas no documento são: alcançar 99% da população com água potável e 90% com coleta e tratamento de esgoto até 31 de dezembro de 2033. A proposta também prevê a implementação de indicadores de acesso e um sistema de avaliação para monitorar o cumprimento dessas metas. O evento ocorrerá no dia 8 de outubro, a partir das 10 horas, no Auditório Humberto Ludovico, localizado na sede da Adasa, na antiga Estação Rodoferroviária. Os interessados também poderão acompanhar a reunião por um link que será disponibilizado por meio de um pop-up na página institucional do órgão regulador no dia do evento. A agência receberá contribuições ao texto até as 18h do dia 13 de outubro, pelo e-mail AP-006-2024@adasa.df.gov.br. A minuta de resolução e demais documentos relacionados estarão disponíveis no site da Adasa, na seção “Audiências Públicas em andamento”. O evento será gravado e a gravação ficará acessível na mesma página da audiência, permitindo que todos possam acompanhar as discussões mesmo após a realização do encontro. Para mais informações, os interessados podem entrar em contato pelo telefone 3961-4900 ou acessar o site da Adasa. *Com informações da Adasa
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Caesb chega aos 55 anos com projeção de R$ 2,8 bilhões investidos até 2027
Responsável pela água que chega tratada e com qualidade às torneiras dos brasilienses, a Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb) chega aos 55 anos com quase R$ 1,5 bilhão investidos nos últimos cinco anos em manutenção, expansão e melhorias do atual sistema de captação de esgoto e água da capital federal. A meta é investir mais de R$ 2,8 bilhões até 2027. Empenho que traz resultados: o DF é, hoje, a unidade da federação com maior taxa de esgoto tratado do país, segundo dados do Instituto Trata Brasil, e está entre as 10 com melhor esgotamento do país, conforme levantamento do jornal Folha de S.Paulo, a partir de cruzamento de dados do Censo e da Organização das Nações Unidas (ONU). Mais de R$ 250 milhões serão destinados a obras de saneamento e distribuição de água no Distrito Federal neste ano | Foto: Divulgação/Caesb De acordo com o jornal, o DF concentra o segundo maior percentual de moradores com esgotamento adequado (94,1%), ficando atrás apenas de São Paulo (94,5%). Os índices fazem a capital federal performar em níveis de países desenvolvidos, como Suécia, Bélgica e Portugal. “Atendemos 99% da população do DF com água tratada e 93% com coleta de esgoto. São 18 mil km de extensão de redes, sendo 10 mil km de água e 8 mil km de esgoto. Daria para ir até o outro lado do mundo com a rede que temos enterrada hoje no Distrito Federal”, destaca o presidente da Caesb, Luís Antônio Reis. Atualmente, o DF conta com 13 estações de Tratamento de Água (ETAs), 16 estações de Tratamento de Esgoto (ETEs) e 102 elevatórias de esgoto. A Caesb trabalha para a qualidade da água que chega para o consumidor e do esgoto que é despejado nos corpos hídricos | Foto: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília Desde 2019, a companhia investiu R$ 1 bilhão em obras de expansão em melhorias do sistema de água e esgoto; de eficiência energética; modernização da infraestrutura da rede; e na consolidação do sistema de tecnologia de informação da Caesb. “Fomos até premiados como uma das 100 melhores empresas do Brasil em sistemas de TI”, ressalta Reis. No mesmo período, foram empenhados quase R$ 500 milhões em serviços de ampliação e manutenção da rede atual. Para 2024, serão mais R$ 250 milhões revertidos em obras de saneamento e distribuição de água. “Temos um plano de expansão de longo prazo que prevê investir mais R$ 2,8 bilhões até o final de 2027”, projeta. “Para isso, estamos buscando financiamentos internacionais. Já conseguimos, recentemente, a aprovação de dois empréstimos: um de US$ 100 milhões junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento e outro de 50 milhões de euros junto ao Banco de Desenvolvimento Alemão”, prossegue o presidente da empresa. Desde 2021, o Distrito Federal atende os níveis de universalização previstos no Marco Legal do Saneamento Básico. A lei federal determina que, até 2033, 99% da população receba água potável e 90% tenha acesso a coleta e tratamento Projetos futuros Entre os maiores objetivos da Caesb estão a expansão das áreas de atendimento, sobretudo as de vulnerabilidade social, a interligação do sistema e a redução do índice de perda de água. Um dos projetos em andamento é a implementação do sistema de abastecimento no Setor Habitacional Nova Colina e do saneamento integrado do Santa Luzia e Morro da Cruz. No Setor Nova Colina, o sistema terá cerca de 27 mil metros, com aporte na ordem de R$ 11,6 milhões, e beneficiará 17 condomínios e mais de 13 mil pessoas. As obras já estão em andamento e os primeiros hidrômetros foram entregues no Assentamento Dorothy Stang, no último dia 9. Outra obra que também levará maior segurança para a população é a construção da Subadutora de Água Tratada (SAT) Gama. Com investimento de quase R$ 90 milhões e já em curso, a obra vai aliviar o sistema Torto/Santa Maria, interligando a ETA Corumbá à região do Jardim Botânico e adjacências. O benefício alcançará mais de 340 mil moradores do Setor Habitacional Tororó, Lago Sul, São Sebastião e Jardim Botânico, incluindo os futuros residentes do loteamento Aldeias do Cerrado, complexo urbanístico planejado pelo GDF e localizado no Núcleo Rural Nova Betânia. Investimentos e obras para ampliar a oferta de água e saneamento no DF: além de fornecer água potável para 99% da população, a Caesb faz a coleta de 92% de todo o esgoto gerado e trata 100% dele | Foto: Arquivo/Agência Brasília Em Brazlândia, está em curso a construção da nova estrutura de captação superficial de água bruta do córrego Olaria. A obra recebeu R$ 11,5 milhões em investimento e é composta por uma elevatória de água bruta e uma adutora. A água captada será transportada até a Estação de Tratamento de Água Brazlândia. Segundo o presidente da Caesb, a empreitada aumenta a capacidade de captação de água na região, garantindo o atendimento pleno de Brazlândia por água potável, inclusive nos períodos mais críticos de estiagem. “É um sistema muito importante que melhora a disponibilidade de água para a população”, observa o presidente. A Caesb também trabalha na implantação de uma nova rede de distribuição de água que ligará o Taquari, no Lago Norte, até o Colorado, em Sobradinho. O aporte é superior a R$ 123 milhões, em que R$ 51 milhões são direcionados à implementação da adutora, R$ 43 milhões para a ampliação da elevatória do Lago Norte, e R$ 29 milhões para a implantação do Reservatório de Água Tratada Sobradinho, que será instalado próximo ao balão do Colorado. Em breve, será iniciada a construção da elevatória de esgoto do Riacho Fundo II, com recursos na ordem de R$ 5,2 milhões, e da elevatória de esgoto do Bernardo Sayão, no Núcleo Bandeirante, com investimento de R$ 21 milhões. As empresas responsáveis pelas obras já foram contratadas. No Paranoá, houve a contratação da obra do sistema de tratamento preliminar de esgoto ao custo de cerca de R$ 16 milhões. Saneamento O DF é a sexta unidade da Federação que menos perde água potável nas distribuições, de acordo com o Instituto Trata Brasil | Foto: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília Desde 2021, o Distrito Federal atende os níveis de universalização previstos no Marco Legal do Saneamento Básico. A lei federal determina que, até 2033, 99% da população receba água potável e 90% tenha acesso a coleta e tratamento. A Caesb, além de fornecer água potável para 99% da população, faz a coleta de 92% de todo o esgoto gerado e trata 100% dele. Desses, 87% dos resíduos são tratados a nível terciário, um dos mais elevados em relação às demais unidades da federação. “Hoje temos o nível terciário de tratamento de esgoto, em que são removidos poluentes específicos como os micronutrientes fósforo e nitrogênio”, aponta o presidente. “Esse é o nível mais adequado para os nossos rios, e estamos com o sistema de tratamento de água atualizado. Do mesmo modo, trabalhamos para renovar os investimentos feitos no passado, entendendo que é preciso que as tubulações sejam renovadas e reparadas, para que possamos diminuir ao máximo a perda de água”, esclarece. O DF é a sexta unidade da Federação que menos perde água potável nas distribuições, de acordo com o Instituto Trata Brasil. A capital tem cerca de 35,07% de desvio de água, ficando atrás de São Paulo (34,50%), Santa Catarina (35,06%), Paraná (33,75%), Mato Grosso do Sul (33,40%) e Goiás (28,54%). As causas para as perdas são pequenos vazamentos que podem ocorrer em canos, torneiras, adutoras, entre outras conexões. Atendimento O presidente afirma, ainda, que a companhia preza pelo aprimoramento da qualidade da água que chega para o consumidor e o esgoto que é despejado nos corpos hídricos. “O laboratório da Caesb é acreditado internacionalmente pelo Inmetro. Contamos com profissionais do mais alto nível, doutores em biologia, química, que são especializados no tratamento da água e estudam o nosso produto diariamente. Garantimos que os nossos produtos são testados diariamente, por duas ou mais vezes, para que tenhamos o controle do que exatamente é distribuído no DF”, elenca Reis. A Caesb foi listada no grupo de 100 empresas públicas e privadas que mais inovaram em tecnologia em 2023. A companhia, que ficou em 37º lugar no ranking divulgado pela IT Mídia, apresentou um case de implementação de inteligência espacial no monitoramento de ordens de serviço, que informa o estágio do atendimento e o deslocamento das equipes de manutenção. Para incentivar a preservação do meio ambiente, sobretudo o consumo consciente da água, a Caesb mantém equipes voltadas à educação ambiental. “É muito importante que estejamos alinhados com os objetivos ambientais, entendendo que a Terra não é nossa, mas sim das gerações futuras. Temos que deixar um legado responsável e positivo para quem está nascendo e ainda vai nascer”, avalia o presidente.
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Rede de coleta de esgoto é ampliada no Riacho Fundo
No Riacho Fundo, a Caesb ampliou as tubulações das redes coletoras que transportam os resíduos até as estações de tratamento de esgoto (ETEs) antes do retorno adequado ao meio ambiente. Iniciadas no início deste mês, as obras já foram entregues. Tubulações ampliadas garantem mais segurança para a comunidade | Foto: Divulgação/Caesb “Atendemos a um pedido da comunidade do Riacho Fundo e realizamos esta obra para levar mais qualidade de vida à região”, afirma o presidente da Caesb, Luís Antônio Reis. “Sabemos o quanto é necessário garantir a saúde pública em uma localidade que cresce todos os dias.” As novas redes evitarão o extravasamento do esgoto e facilitarão o trabalho preventivo das equipes de manutenção, que fazem sistematicamente com equipamento especializado a limpeza das redes coletoras de esgoto. O investimento de R$ 324 mil contemplou a construção de 480 metros de tubulação em PVC de 200 mm de diâmetro, que vão beneficiar as quadras CLS 4, conjuntos 4A, 4B, 4C, 4D; QS 4, conjuntos 2, 4 6, 8 e 10 e QS 14, conjuntos 2A, 4A, 6A, 8A e 10A. Cuidados necessários Também foram construídos poços de visita (PVs) com menor distanciamento entre cada um, facilitando futuras manutenções necessárias ao sistema. A Caesb lembra que as redes de esgoto são projetadas para receber apenas os resíduos produzidos pelos imóveis. Por isso, não devem ser jogados lixo, areia, óleo, sacos plásticos, pneus, sofás, fraldas descartáveis ou restos de obras nas tubulações da Caesb. O mau uso da rede de esgoto com descarte de resíduos sólidos é a principal causa dos extravasamentos. Apenas em 2023, as equipes de manutenção da Caesb executaram 44 mil desobstruções, lavaram 600 mil metros de rede e retiraram 850,75 toneladas de detritos das tubulações, o que equivale a 170 caçambas de entulho. [Relacionadas esquerda_direita_centro=”direita”] Obras em 2024 Estão previstos investimentos de R$ 250 milhões em todo o DF neste ano para ampliar o acesso à água e ao esgotamento sanitário e aprimorar o atendimento para toda a população. Já estão em andamento as obras de ampliação da reservação e transferência de água da Estação de Tratamento de Água (ETA )Lago Norte para Sobradinho, Grande Colorado e Fercal, o aumento da produção de água em 40 l/s para a região de Brazlândia, com captação no Córrego Olaria, e reformas nas barragens do Descoberto e de Santa Maria. Com investimento de R$ 90 milhões, também estão em construção a Subadutora de Água Tratada Gama, que melhorará o abastecimento de água de São Sebastião, Morro da Cruz, Tororó, Mangueiral, Jardim Botânico e Lago Sul, integrando os sistemas Corumbá, Gama e Descoberto e melhorando a qualidade de vida e a saúde pública. *Com informações da Caesb
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Caesb realizou cerca de 38 mil desobstruções na rede de esgoto em 2022
Sólidos, como sacos plásticos, fibras de tecido e madeira são os maiores responsáveis pelos problemas de obstrução das redes coletoras. De janeiro a dezembro de 2022, a Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb) realizou cerca de 38 mil desobstruções na rede de esgoto em toda a capital federal. Os técnicos da Caesb encontraram todo tipo de material, incluindo pneus, lençóis, gordura, garrafas pets e brita. O esgoto é formado por 99,9% de água proveniente dos diversos usos domésticos. A fração sólida representa apenas 0,1%, mas é nessa parcela ínfima que se concentram os maiores desafios do tratamento | Foto: Marco Peixoto/Caesb A Caesb é responsável pela coleta e tratamento da maioria do esgoto produzido no DF. A companhia tem um índice de coleta de 91,77% e trata 100% do esgoto coletado. O esgoto é formado por 99,9% de água proveniente dos diversos usos domésticos, tais como da descarga do vaso sanitário, da lavagem de roupas, do banho. A fração sólida representa apenas 0,1%, mas é nessa parcela ínfima que se concentram os maiores desafios do tratamento dos esgotos. [Olho texto=”Outro problema relevante que afeta o sistema de coleta e tratamento dos esgotos é o lançamento de água de chuva na rede da Caesb, pois a concepção do sistema prevê apenas o transporte e tratamento dos esgotos” assinatura=”” esquerda_direita_centro=”esquerda”] A superintendente de Operação e Tratamento de Esgotos, Ana Maria Mota, explica que o lançamento de material indevido tem um grande impacto para o sistema de coleta e tratamento de esgotos, à medida que pode provocar obstrução das redes coletoras, com consequente extravasamento e impacto para a comunidade, além de afetar os processos e equipamentos das unidades de tratamento de esgotos. “Muitas pessoas desconhecem o funcionamento do sistema coletor e acabam lançando materiais que deveriam ser descartados no lixo, o que prejudica o processo de transporte e tratamento dos esgotos”, lamenta Ana Maria. O superintendente de Operação e Manutenção de Redes Centro-Norte da Caesb, Marco Lúcio do Nascimento, destaca a importância da caixa de gordura nas residências. Ele explica que esse dispositivo retém a gordura e impede que ela chegue às redes coletoras, onde pode provocar obstruções. Já nas estações de tratamento de esgotos, essa gordura pode afetar diretamente os processos biológicos. “É importante realizar rotineiramente a limpeza da caixa de gordura, descartando o material retido no lixo, de maneira que não cause impacto para as redes coletoras”, esclarece o superintendente. O caminho do esgoto [Olho texto=”O lançamento na rede de esgotos de materiais como tinta, óleos, solventes e gorduras é tóxico para os microrganismos, que muitas vezes morrem em função dos efeitos provocados por esses produtos, o que causa prejuízos e onera o tratamento dos esgotos” assinatura=”” esquerda_direita_centro=”direita”] Depois de utilizada, a água que vai para o ralo percorre um longo caminho até chegar à estação de tratamento de esgoto (ETE). Da casa do usuário, o esgoto vai para a rede coletora da Caesb. Diferentes redes coletoras deságuam num interceptor, que tem diâmetro maior do que as redes. Por sua vez, o material de vários interceptores é lançado em emissários que transportam os esgotos para a estação de tratamento. Ao longo do caminho das redes coletoras e dos interceptores, há diversos poços de visitas (PVs), que são usados pela companhia para facilitar o trabalho de desobstrução e manutenção das redes. No percurso entre a casa do usuário e a ETE, é comum serem encontrados resíduos lançados indevidamente no sistema, que podem provocar prejuízos tanto na rede coletora, quanto nas ETEs. Ao chegar à ETE, os resíduos sólidos grosseiros (material lançado de forma irregular) são retidos por um sistema de gradeamento, que separa esse resíduo para posterior disposição no aterro sanitário. O gradeamento é uma etapa que revela a desinformação da população sobre o que deve ou não ser jogado ralo abaixo. Cabelo, estopa, bolas de tênis, cotonetes, fraldas, embalagens, preservativos e absorventes são alguns dos materiais frequentemente encontrados. [Relacionadas esquerda_direita_centro=”direita”] Nas ETEs, o esgoto é tratado por um processo biológico, onde microrganismos atuam para remover os contaminantes dos esgotos. Ana Maria Mota explica que o lançamento na rede de esgotos de materiais como tinta, óleos, solventes e gorduras é tóxico para os microrganismos, que muitas vezes morrem em função dos efeitos provocados por esses produtos, o que causa prejuízos e onera o tratamento dos esgotos. Outro problema relevante que afeta o sistema de coleta e tratamento dos esgotos é o lançamento de água de chuva na rede da Caesb, pois a concepção do sistema prevê apenas o transporte e tratamento dos esgotos. No período chuvoso é possível identificar um aumento significativo do volume que chega às ETEs e no número de extravasamentos nas redes coletoras, provocados principalmente por ligações irregulares de águas pluviais no sistema coletor da Caesb. Dessa forma, alerta a companhia, é importante lembrar que a água da chuva deve ser ligada às galerias de águas pluviais. *Com informações da Caesb
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GDF investe R$ 3 milhões para instalar sistemas de saneamento na zona rural
O Governo do Distrito Federal investiu, nos dois últimos anos, R$ 3 milhões na instalação de 306 fossas sépticas e biodigestores em pequenas propriedades rurais. Esses equipamentos, além de melhorar a qualidade de vida dos agricultores, reduzem os riscos de contaminação da água usada para produzir os alimentos. Os sistemas de tratamento instalados pelo programa são fossa séptica e biodigestores, que não contaminam o lençol freático | Fotos: Divulgação/Emater-DF A informação foi dada nesta sexta-feira (23) pelo engenheiro agrônomo Antônio Dantas da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-DF), responsável pelo Programa de Saneamento Básico Rural (Saneater), por meio do qual são instalados sistemas individuais de tratamento de esgoto nos núcleos rurais. [Olho texto=”“Os produtores percebem claramente a melhoria para a qualidade de vida. A água que escorria a céu aberto não escorre mais, é um transtorno que chega ao fim”” assinatura=”Antonio Dantas, engenheiro agrônomo da Emater” esquerda_direita_centro=”direita”] Ele explicou que são atendidos prioritariamente produtores inscritos em programas do GDF que possibilitam a compra de alimentos produzidos nos núcleos rurais. Já foram contempladas produtores de Ceilândia, Planaltina e Brazlândia, cidade que em breve ganhará mais 21 equipamentos. Para 2023, está prevista a entrega de mais 150 equipamentos nessas e em outras cidades. Qualidade no campo Antonio Dantas explicou que o objetivo é estimular o cumprimento das metas instituídas pelo programa Brasília Qualidade no Campo, o qual estipula as boas práticas a serem adotadas pelos agricultores na produção dos alimentos. A plantação, após passar por avaliação, recebe selo de qualidade, Com eles, o produtor consegue conquistar mercados e ampliar as vendas. A maior dificuldade dos pequenos produtores, segundo Dantas, tem sido na parte do tratamento de esgoto. “A maioria ainda usa a fossa negra, um buraco cavado no solo que não trata o esgoto, contaminando o lençol freático e a água captada para consumo da família e para a irrigação dos alimentos”, relatou. O programa da Emater-DF atende agricultores familiares que, prioritariamente, entregam os alimentos para compras governamentais e precisam do sistema de tratamento A instalação dos equipamentos acontece após os técnicos da Emater visitarem a propriedade rural. Depois da instalação, eles orientam os produtores sobre a forma de usar os equipamentos e quais cuidados a serem tomados, como não jogar entulho ou lixo nos aparelhos e limpar a caixa de gordura com frequência. A instalação é feita em um único dia. [Relacionadas esquerda_direita_centro=”direita”] Fim do mau cheiro Na avalição de Dantas, os produtores estão aprovando o programa. “Eles percebem claramente a melhoria na qualidade de vida”, garante. “A água que escorria a céu aberto não escorre mais, é um transtorno que chega ao fim. Tratar o esgoto é um problema e o governo tem que interferir e ajudar, porque, afinal, são eles que produzem os nossos alimentos”, ressalta o agrônomo. Um dos primeiros agricultores beneficiados foi o agricultor Joaquim Máximo, 40 anos, que mora no Núcleo Rural Betinho, em Brazlândia, onde produz morangos, tomates e outros alimentos. Em 2020, foi instalado na chácara dele um sistema biodigestor. “Melhorou muita coisa”, contou Joaquim. “Antes o mau cheiro da fossa infestava tudo. Dava pra sentir o odor de qualquer lugar. Hoje, as pessoas vêm aqui comer e não reclamam mais do cheiro. Para mim, esse é um dos melhores programas da Emater-DF”, elogiou Joaquim.
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