Explore o Quadrado: Confira roteiro para conhecer o legado artístico de Athos Bulcão e Burle Marx
Quando Lucio Costa e Oscar Niemeyer projetaram Brasília, a proposta era criar uma cidade modernista, que fugisse do tradicionalismo da época e experimentasse novos conceitos. Uma das inovações veio da convergência entre arquitetura e arte em meio ao projeto urbanístico da cidade. Isso tornou a capital um museu a céu aberto, onde o branco do concreto se mistura ao verde do paisagismo de Burle Marx e as formas geométricas e abstratas de Athos Bulcão – que completaria 106 anos nesta terça-feira (2). Muitas dessas obras estão ao alcance do brasiliense e do turista que visita o Distrito Federal. Algumas até foram retomadas pelo Governo do Distrito Federal (GDF) após anos engavetadas, como os jardins de Burle Marx no Complexo da Torre de TV e no Parque da Cidade Sarah Kubitschek. Athos Bulcão e Burle Marx foram escolhidos para enfeitar a capital por apresentarem características que contrastam com o branco e o concreto predominantes na capital federal | Foto: Geovana Albuquerque/ Agência Brasília “Eles foram convidados para a atuação na construção de Brasília exatamente porque oferecem um contraponto a dureza e a brancura da arquitetura modernista da época. Ambos trouxeram cor para os projetos iniciais e, apesar de já serem sumidades em seus campos na época, foi aqui que realizaram suas obras-primas”, analisa o subsecretário do Patrimônio Cultural da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec), Felipe Ramón. Aproveitando a chegada das férias escolares, a Agência Brasília propõe no especial Explore o Quadrado um olhar diferenciado sobre os pontos turísticos e uma gama de opções de atividades para aproveitar o período. Entre as sugestões, um roteiro desenvolvido pela guia turística Samara Augusto, que atua nos Centros de Atendimento ao Turista (CATs) da Secretaria de Turismo do Distrito Federal (Setur-DF), pelo legado artístico de dois artistas plásticos que se tornaram marcas na capital: Athos Bulcão e Burle Marx. Arte: Fábio Nascimento/ Agência Brasília O passeio começa no Aeroporto Internacional de Brasília, onde estão dois painéis de Athos Bulcão em azulejo, que podem ser conferidos pelos viajantes nas salas de espera do embarque nacional e do internacional, e mais um em metal no terraço do aeroshopping – esse aberto para o público. A Quadra Modelo (308 Sul) é um dos pontos onde as obras dos dois artistas convergem Depois, o roteiro segue para a quadra modelo, a 308 Sul, que foi construída seguindo o plano urbanístico de Unidade de Vizinhança assinado por Lucio Costa. O endereço marca uma série de espaços na capital em que os artistas aparecem juntos revisitando o elo antigo. Antes de integrarem o grupo do projeto de Brasília, Athos Bulcão e Roberto Burle Marx fizeram parte do mesmo movimento artístico no Rio de Janeiro, onde tiveram contato com o modernismo e o abstracionismo geométrico. Na 308 Sul, Burle Marx é o autor do projeto do Laguinho de Carpas em frente ao Bloco F. Trata-se de um jardim de plantas aquáticas dividido em dois tanques com carpas coloridas e uma miniponte que liga o espaço ao bloco e a uma praça de convivência. “A ideia era criar um ponto de lazer e também para auxiliar na umidade do ar. Como aqui em Brasília é muito seco, a cidade tem vários espelhos d’água que têm a função visual e estética, mas também física, para a sobrevivência do brasiliense”, destaca a guia turística Samara Augusto. Na mesma quadra, Athos Bulcão aparece em dois locais diferentes. A principal delas fica na parede externa da Igrejinha Nossa Senhora de Fátima, com a única criação figurativa do artista em azulejo, composta por pombas e estrelas da natividade em meio ao fundo azul. “É a única obra de Athos em azulejo que conseguimos identificar o que está desenhado ali. Temos as pombas viradas para baixo, que representam o Espírito Santo descendo e chegando na Igrejinha, e temos as estrelas de natividade usadas para orientar os astrólogos até Jerusalém conforme o Evangelho de Mateus”, revela Samara. O outro trabalho é a fachada do Jardim de Infância 308 Sul. Área central Na Esplanada dos Ministérios, há tanto espaços de convergência, como pontos mais marcados pela presença apenas de Athos Bulcão, que conta com cerca de 500 painéis tombados como Patrimônio Cultural por todo o Distrito Federal. A primeira parada, a Catedral Metropolitana de Brasília, abriga uma das obras mais raras do carioca. Além do painel de azulejo no Batistério, logo na entrada da igreja um painel de mármore está revestido por um conjunto de dez pinturas em tinta acrílica com episódios da vida de Maria e de Jesus Cristo. “Poucos sabem, mas essa é uma obra rara de Athos Bulcão em meio a dos monumentos mais icônicos de Brasília”, acrescenta a guia turística. A médica Elaine Barbosa vem a Brasília desde os tempos de faculdade: “É uma cidade limpa, planejada e que tem uma estética internacional” Moradora de Fortaleza, a médica Elaine Barbosa, 38 anos, está na cidade para participar de um congresso de endocrinologia pediátrica, mas no tempo livre foi fazer turismo na Catedral e se encantou com as obras de Athos que compõem o espaço. “Desde a faculdade eu venho a Brasília para participar de congressos. Acho tudo maravilhoso. É uma cidade limpa, planejada e que tem uma estética internacional, com obras de arte dividindo espaço com a arquitetura de Niemeyer”, afirma. Seguindo pela Esplanada estão mais localidades em que a dupla de artistas aparece: os palácios do Itamaraty e da Justiça, o Teatro Nacional Claudio Santoro – atualmente fechado para visitação – e o Congresso Nacional. Os palácios têm os jardins aquáticos idealizados por Burle Marx criando uma atmosfera tropical e contam, na parte interna, com obras de Athos. No Ministério das Relações Exteriores, são muitos os trabalhos do artista plástico, como o painel de mármore branco em relevo no térreo. Já na sede do Ministério da Justiça, está o grandioso painel metálico com 2.090 lâminas de aço inoxidável importadas da Alemanha. No Teatro Nacional, Athos Bulcão fez os painéis em relevo nas empenas da construção, além das placas retangulares verticais de mármore e dos painéis de azulejos amarelo e branco, no foyer, e amarelo e laranja no Espaço Dercy Gonçalves. Burle Marx idealizou o projeto paisagístico do foyer. No Congresso Nacional, os painéis de Athos Bulcão dividem espaço com os jardins de Burle Marx, também responsável por telas e obras de tapeçaria expostas no local. Um painel vermelho com 24 formas geográficas chamam a atenção no Panteão da Pátria e da Liberdade Na Praça dos Três Poderes, Athos Bulcão pode ser encontrado, ainda, no Panteão da Pátria e da Liberdade. A obra encontra-se na parede que separa o ambiente dos espaços de exposições. É um grande painel vermelho composto por 24 formas geométricas dispostas em vários sentidos, com um triângulo dentro em referência a bandeira de Minas Gerais, estado natal de Tancredo Neves, que é a grande figura homenageada pelo espaço. Convergência artística Outra localidade em que os artistas compartilham o espaço é o Setor Militar Urbano. Lá fica um dos maiores jardins de Burle Marx em Brasília. Batizado de Praça dos Cristais, o jardim tem um formato de um triângulo gigantesco, onde há vários minijardins com plantas nativas e aquáticas, além de um exemplar do Pau Brasil. “Essa é uma das maiores áreas de Burle Marx. Como as outras, tem a função da umidade com muita água e plantas aquáticas” Samara Augusto, gerente de Núcleo do CAT “Essa é uma das maiores áreas de Burle Marx. Como as outras, tem a função da umidade com muita água e plantas aquáticas. Nesse jardim, ele ainda juntou a questão paisagística com o estudo geológico. Os cristais que são de concreto são uma representação da riqueza mineral do Planalto Central”, acrescenta a gerente de núcleo do CAT, Samara Augusto. Da própria praça também é possível ver um dos maiores painéis de Athos Bulcão em Brasília. Localizado no Quartel General do Exército, trata-se de um painel na cor azul com estampas em fundo branco na cobertura do prédio. Estar em meio às obras dos artistas é um dos benefícios de quem vive na cidade. “É muito bom. Brasília tem várias obras monumentais para a cultura mundial. É um privilégio termos isso na cidade”, defende o médico Daniel Salomão, 43 anos, que, ao lado da família e de um grupo de amigos, fez um piquenique na Praça dos Cristais, aproveitando o paisagismo de Burle Marx. Daniel Salomão e a família fizeram um piquenique na Praça dos Cristais “Passava todos os dias por aqui, mas nunca tinha vindo. Até que meus colegas fizeram a proposta de fazermos um piquenique aqui. E adoramos. É um espaço muito bom para as crianças, além de ser a cara de Brasília”, complementa. Polígonos O Parque da Cidade Sarah Kubitschek é outro exemplo de localidade em que as obras dos artistas foram projetadas conjuntamente. Os painéis do azulejista são visíveis das pistas internas 16 paradas de descanso. Já o projeto do paisagista será retomado após muitos anos. Com a retirada dos pinheiros, a área do bosque retomará o projeto original com algumas adaptações. Serão 29 polígonos de plantio arbóreo em três bosques com plantio de três mil mudas. Azulejos de Athos Bulcão marcam a paisagem no Parque da Cidade No ano passado, outro projeto de Burle Marx foi retirado do papel. Em setembro, o Governo do Distrito Federal (GDF) inaugurou o Jardim Burle Marx, no Complexo da Torre de TV, entre a Rodoviária do Plano Piloto e a Torre de TV. A obra foi idealizada em 1975, mas realizada apenas 40 anos depois. O espaço é composto por dois grandes espelhos d’água, pontes, cascatas, caminhos arborizados e passeios. O Complexo da Torre de TV também tem Athos Bulcão: um painel localizado no mezanino da torre. Como chegar No site ou pelo aplicativo DF no Ponto é possível ver quais as linhas do transporte público passam próximas aos pontos turísticos – tanto para ir direto ou por integração entre ônibus e metrô. A integração no transporte público por meio do Cartão Mobilidade permite até três acessos no período de três horas, em um mesmo sentido, podendo ser utilizado em ônibus, BRT ou metrô. Já para quem curte um passeio de bike, há ciclovias que passam próximas dos pontos turísticos. Por meio deste guia, é possível checar as rotas existentes – lembrando que alguns parques possuem ciclovias internas ou ciclorrotas.
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#TBT: Brasília, há 36 anos Patrimônio Mundial pela Unesco
Tesouro urbanístico e símbolo de um dos mais importantes fatos históricos do país, Brasília é, há 36 anos, Patrimônio Mundial pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). A honraria foi concedida à capital federal em 7 dezembro de 1987, apenas 27 anos após a sua inauguração. Desde então, Brasília compõe o seleto grupo de monumentos agraciados com o título, a exemplo da Muralha da China e das pirâmides do Egito. O título de patrimônio mundial da humanidade se refere ao conjunto urbanístico-arquitetônico de Brasília — o Plano Piloto —, assinado pelo urbanista Lucio Costa. A concepção, projeção e construção do sonho de Juscelino Kubitschek transcorreram entre 1957 e 21 de abril de 1960, quando a cidade foi inaugurada. A Agência Brasília revisita a história da capital e dos títulos que a preservam em mais uma matéria da série especial #TBTdoDF, que aproveita a sigla em inglês de Throwback Thursday para reviver fatos marcantes para o Quadradinho. [Olho texto=”“Esse título também é uma forma de preservar e proteger essa herança para as gerações futuras e torna nossa cidade uma fonte de inspiração para o mundo”” assinatura=”Cristiano Araújo, secretário de Turismo” esquerda_direita_centro=”direita”] A área tombada da cidade tem 112,25 km², sendo o maior perímetro urbano sob proteção histórica do mundo, e coleciona atributos dignos de tombamento. Quem ousa passear pela cidade tem a oportunidade de prestigiar as quatro escalas de Lucio Costa — monumental (a do poder), residencial (das superquadras), gregária (dos setores de serviços e diversão) e bucólica (das áreas verdes entremeadas nas demais) — e conversar com os traços de Oscar Niemeyer. Em diversos pontos da capital, é possível ainda prestigiar as obras de Athos Bulcão e vislumbrar o paisagismo de Burle Marx. O título permite que o conceito inovador e vanguardista da cidade seja mantido, além de incentivar o movimento turístico na região. “Nossa capital é um lugar especial, não apenas para os brasileiros, mas para toda a humanidade. Temos aqui sítios naturais e culturais, com uma arquitetura modernista, planejamento urbano inovador e funcional”, avalia o secretário de Turismo, Cristiano Araújo. “Esse título também é uma forma de preservar e proteger essa herança para as gerações futuras e torna nossa cidade uma fonte de inspiração para o mundo”. O título de Patrimônio Mundial da Humanidade se refere ao conjunto urbanístico-arquitetônico de Brasília — o Plano Piloto —, assinado pelo urbanista Lúcio Costa | Foto: Divulgação/Adriano Teixeira O subsecretário de Patrimônio Cultural da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec-DF), Felipe Ramón, afirma que “o tombamento é o reconhecimento mundial da importância do Plano Piloto para a civilização”. Segundo ele, a preservação de Brasília exige a avaliação do plano urbano e a adoção de uma visão voltada para o futuro, em que as próximas gerações também entenderão a importância da capital, processo que ocorre com a educação patrimonial. “Nós temos atribuição direta sobre tombamentos e registros, sendo que o primeiro diz respeito aos bens materiais, e o segundo, aos imateriais. Nós zelamos pela preservação desses espaços, além de fomentarmos a educação patrimonial, que é o que faz com que os jovens adultos e crianças conheçam a importância do patrimônio cultural e do tombamento e assim passem a preservá-los”, explica o subsecretário. Preservação A capital federal também é tombada pelo GDF e pelo Iphan | Foto: Geovana Albuquerque/Agência Brasília A capital também é reconhecida como patrimônio cultural em outras duas instâncias diferentes: é tombada pelo Governo do Distrito Federal (GDF) e pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O primeiro ato de preservação da cidade ocorreu em 14 de outubro de 1987, com a publicação do decreto n° 10.829/1987, que regulamenta a lei n° 3.751/1960. A medida, que propõe a preservação da concepção urbanística de Brasília, permitiu que a cidade fosse tombada mundialmente. [Relacionadas esquerda_direita_centro=”esquerda”] Já em 14 de março de 1990, a cidade foi inscrita no Livro de Tombo Histórico pelo Iphan. O feito é referente à mudança da capital do país do Rio de Janeiro para o Planalto Central, considerado um dos mais importantes acontecimentos históricos do país no século 20. “Representa uma radical mudança na geografia do país, promovendo a ocupação das áreas centrais do território nacional que, majoritariamente, concentra as maiores cidades no litoral”, pontua o instituto em nota enviada à Agência Brasília. “Brasília representa um marco muito significativo para o debate internacional referente ao reconhecimento de sítios enquanto patrimônio da humanidade”, continua o órgão. “Foi o primeiro conjunto urbanístico moderno a ser declarado. Esse reconhecimento confirma não apenas a genialidade do urbanismo de Lucio Costa e a arquitetura de Oscar Niemeyer, mas a capacidade de realização brasileira de criar uma capital em um território pouquíssimo ocupado, em tempo exíguo. Coroa também o esforço de milhares de trabalhadores que empreenderam a epopeia da construção, os candangos”, finaliza o Iphan. Visite A Catedral Metropolitana é um dos 12 pontos turísticos da rota arquitetônica | Foto: Geovana Albuquerque/Agência Brasília O GDF criou rotas turísticas para que o Quadradinho seja desbravado por completo. Destaque para a Rota Arquitetônica, que leva o visitante a um tour nas obras e monumentos que fazem de Brasília um marco da arquitetura mundial. Há também a Rota Cívica, composta por monumentos e espaços importantes para a democracia do país, entre outros miniguias. Veja todas aqui.
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Obras no Teatro Nacional avançam em etapas de acesso e segurança
A governadora em exercício Celina Leão, os secretários José Humberto Pires de Araújo (Governo) e Cláudio Abrantes (Cultura e Economia Criativa) e o presidente da Novacap, Fernando Leite, estiveram, na manhã desta sexta-feira (1º), em visita às obras do Teatro Nacional Claudio Santoro. O grupo de autoridades conferiu o andamento dos trabalhos que foram iniciados pelas intervenções necessárias para cumprir as exigências de segurança e acessibilidade. Trabalhos abrangem toda a estrutura do teatro, fechado desde 2014 porque, até então, descumpria exigências de segurança e funcionamento | Foto: Lúcio Bernardo Jr./Agência Brasília A primeira etapa da reforma consiste na construção da infraestrutura para atender às normas vigentes, com duas novas saídas de emergência e um reservatório de incêndio, e no restauro da Sala Martins Pena e da fachada marcante do teatro, diferenciada pela arte de Athos Bulcão. Com investimento de R$ 60 milhões, a obra é conduzida pela empresa Porto Belo, contratada pela Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap), com a participação de mais de 100 operários. [Olho texto=”“O teatro é uma obra da década de 1960, com projeto da década de 1950, quando não existiam normas de segurança. Estamos introduzindo uma série de modificações, fazendo esse salto no tempo, trazendo o Teatro Nacional para 2023” ” assinatura=”Fernando Leite, presidente da Novacap” esquerda_direita_centro=”direita”] “Essa obra foi inaugurada num momento em que não havia critérios [de segurança e acessibilidade]; não tinha nem saída de emergência, para vocês verem o nível da precariedade em que o espaço se encontrava”, declarou a governadora em exercício. “Mas isso é passado: nós estamos reconstruindo e estamos num momento muito importante”. O Teatro Nacional foi fechado em janeiro de 2014, sob recomendação do Corpo de Bombeiros e do Ministério Público, por descumprir exigências vigentes ao funcionamento. Atualização O presidente da Novacap, Fernando Leite, ressaltou que a obra vem para atualizar o Teatro Nacional do ponto de vista das normas de segurança e acessibilidade e da modernização acústica. “As dificuldades foram enormes”, avaliou. “O teatro é uma obra da década de 1960, com projeto da década de 1950, quando não existiam normas de segurança. Aqui no teatro foram enumeradas mais de 100 irregularidades. Estamos introduzindo uma série de modificações, fazendo esse salto no tempo, trazendo o Teatro Nacional para 2023”. Por se tratar de um equipamento público tombado, os trabalhos no local são complexos. “É importante frisar que não estamos tratando somente de uma reforma; é um bem tombado e, portanto, tem todo um cuidado e um zelo para manter as características originais do projeto”, afirmou o secretário de Cultura e Economia Criativa, Cláudio Abrantes. Celina Leão destacou que a obra, além de adequar o equipamento público, tem como objetivo recolocar Brasília na rota cultural. “A nossa cidade hoje não tem nenhum local para grandes espetáculos”, argumentou. “Nós estamos perdendo tudo isso para Rio e São Paulo. É um investimento grande do Estado, mas não temos condições de receber eventos sem esse grande investimento, que, com certeza, retornará aos cofres públicos com hospedagem e hotelaria e todo um aparato de serviços”. [Olho texto=”“É um investimento grande do Estado, mas não temos condições de receber eventos sem esse grande investimento, que, com certeza, retornará aos cofres públicos com hospedagem e hotelaria e todo um aparato de serviços” ” assinatura=”Celina Leão, governadora em exercício” esquerda_direita_centro=”esquerda”] Avanço dos trabalhos O primeiro grande marco desta etapa da obra é a finalização do reservatório de incêndio, uma estrutura de 202 metros quadrados em concreto com capacidade para 350 mil litros de água, que está na fase da impermeabilização interna. Atualmente, os serviços se concentram na construção das duas saídas de emergência – serão dois túneis com 37 metros de rampa, com concretagem e impermeabilização -, da salas de máquina para exaustão do ar-condicionado, com escavação e concretagem de estacas, e da sala dos geradores. Essa última estrutura está com fundação pronta na etapa do levantamento das paredes de concreto e da armação para, em seguida, ser feita a laje de cobertura. O local abrigará cinco equipamentos de energia, dois dos quais serão instalados na primeira etapa da obra para abastecer a Sala Martins Pena. [Relacionadas esquerda_direita_centro=”direita”] “Hoje estamos alimentando o Teatro Nacional com relação à exigência dos Bombeiros”, explicou a fiscal da obra pela Novacap, Uyara Mendes. “Toda essa infraestrutura servirá também para a segunda etapa da obra, que contemplará a Sala Villa-Lobos. Então, é muito importante começarmos pelas normas, tratando e sanando a parte de segurança e acessibilidade.” O secretário de Governo, José Humberto Pires de Araújo, enfatizou que os trabalhos seguem avançando no teatro: “Essa etapa da Martins Pena está com todo o recurso garantido e a obra em andamento, com ritmo normal”. Originalidade preservada Dentro da Sala Martins Pena, todo o revestimento de carpete foi retirado, bem como as cadeiras, para que pudesse ser feito o restauro da estrutura. O espaço contou com a recuperação dos patamares da plateia – que terá 490 lugares e quatro acessos -, a retirada das armaduras e dos dutos do forro que estão sendo tratados e a instalação de alarme de incêndio, ar-condicionado e equipamentos hidrossanitários. [Olho texto=”“Com essa obra, tenho certeza que o teatro estará qualificado e em condições internacionais para receber espetáculos do mundo inteiro” ” assinatura=”Claudio Cohen, regente da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro” esquerda_direita_centro=”esquerda”] Estruturas metálicas foram montadas para a construção dos banheiros do foyer e da Central de Água Gelada (CAG). As lajes estão sendo demolidas para a execução de duas escadas e um elevador acessível que darão acesso aos camarins no subsolo. O projeto interno precisou de adaptação devido ao aparecimento de vigas e colunas que não constavam nas plantas anteriormente. Todas as intervenções dentro da sala seguem as diretrizes da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec) e do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para manter a integridade do espaço público. Serão mantidas as cores das poltronas e dos carpetes originais, assim como o granito nos banheiros, que precisaram ser retirados para que o espaço passasse por impermeabilização. Além disso, um painel de Athos Bulcão está sendo preservado durante toda a obra. “Estamos em contato direto com Iphan e com a Secec fazendo a autorização para a melhor especificação de material possível para se chegar à originalidade total sala; queremos restaurar e resgatar aquela lembrança afetiva do público”, reforçou Uyara Mendes. Arte: Agência Brasília Ansiedade da classe cultural Presente à visitação, o maestro da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro, Claudio Cohen, destacou: “Sempre foi uma grande vontade essa renovação do teatro. Com essa obra, tenho certeza que o teatro estará qualificado e em condições internacionais para receber espetáculos do mundo inteiro”. Ele se disse muito animado e ansioso com os serviços. “Para nós, é uma alegria muito grande essa reforma em andamento, realmente nos emociona, porque há um anseio da população, da orquestra e da classe cultural para a volta deste teatro”, ressaltou. Integrante da orquestra desde 2018, a musicista Mariana Costa Gomes nunca chegou a ter experiência de tocar no Teatro Nacional. Suas lembranças são apenas como público, na infância. “Estamos numa expectativa enorme”, disse. “Nosso sonho é ter a nossa casa de volta. Aqui é a casa da Orquestra, da cultura, da arte e da música. Para nós, tem um valor enorme essa obra”. História O Teatro Nacional Claudio Santoro (TNCS) foi projetado por Oscar Niemeyer em 1958, para ser o principal equipamento cultural da nova capital do Brasil. Foi chamado inicialmente de Teatro Nacional de Brasília, mas, a partir de 1989, mudou de nome em homenagem ao maestro e compositor que fundou a orquestra sinfônica do Teatro. O espaço também presta tributo aos compositores Heitor Villa-Lobos e Alberto Nepomuceno e ao dramaturgo Martins Pena, que dão nome às salas do equipamento público. Ao longo da história, o Teatro Nacional recebeu grandes nomes da música, da dança e do teatro – entre outros, Mercedes Sosa, Balé Bolshoi, Ópera de Paris, Fernanda Montenegro, Dulcina de Moraes, João Gilberto, Caetano Veloso e Maria Bethânia.
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Nas galerias e a céu aberto, conheça a arte de Athos Bulcão em Brasília
São mais de 200 obras inventariadas no Distrito Federal. Presente em todos os cantos, o pintor, escultor e desenhista Athos Bulcão deu cor e movimento à capital do Brasil. Mesmo quem não o conhece já viu alguma de suas obras por aí: são os painéis de azulejos do Aeroporto Internacional de Brasília, do Parque da Cidade, da Igrejinha de Nossa Senhora de Fátima e de muitos outros pontos. Um dos painéis do Aeroporto Internacional Juscelino Kubitscheck: marca registrada | Foto: Edgard Cesar/Fundação Athos Bulcão Falecido em julho de 2008, o artista completaria 105 anos neste domingo (2). Ele veio para Brasília em 1958, a convite do arquiteto Oscar Niemeyer; tão logo chegou, criou os azulejos da Igreja de Nossa Senhora de Fátima (conhecida como Igrejinha da 308 Sul) e do Brasília Palace Hotel. Em 1962, após a inauguração da capital federal, passou a lecionar no Instituto Central de Artes da Universidade de Brasília (UnB). Painel em metal esmaltado no Plenário Ulysses Guimarães, no Congresso Nacional | Foto: Edgard Cesar/Fundação Athos Bulcão “A função principal de Athos em Brasília foi trazer cor para a arquitetura monocromática, e podemos ver que ele cumpriu a missão muito bem”, pontua o subsecretário do Patrimônio Cultural da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec), Felipe Ramón Rodríguez. “A autoria dele já se dissolveu, é quase como se essas formas tivessem sido criadas por Brasília. Estão tão entranhadas no nosso imaginário que se confundem com a própria estética da cidade.” C?artões de visita Para quem chega a Brasília de avião, o primeiro contato com a obra de Athos Bulcão se dá já no aeroporto. No local, existem três painéis feitos pelo artista. Um é composto por azulejos estampados em amarelo e laranja e está localizado na Sala de Espera Nacional. O outro, também em azulejos, está na Sala de Espera Internacional e é todo feito em azul e verde. O terceiro painel, em metal, encontra-se na parede posterior do terraço do Aeroshopping. Imagem icônica do artista à frente de uma de suas mais famosas obras: o painel de azulejos da Igrejinha da 308 Sul | Foto: Mila Petrillo/Fundação Athos Bulcão ?Outras grandes obras estão na Esplanada dos Ministérios. Brasilienses e turistas podem ver de perto trabalhos de Athos na Catedral Metropolitana de Brasília, no Palácio da Alvorada, no Congresso Nacional e nos ministérios, como o das Relações Exteriores. A Câmara dos Deputados também reúne peças do artista que, graças às transmissões em plenário, ocupam as televisões brasileiras corriqueiramente. ?Cenário de muitos cliques e ensaios fotográficos, a parte externa do Teatro Nacional Claudio Santoro também é assinada por Athos. A área revestida por um painel formado de blocos de concreto nas fachadas laterais finaliza o monumento desenhado por Oscar Niemeyer. Há ainda outras obras dentro e na cobertura do teatro, produzidas em diferentes materiais, mas não disponíveis para observação. [Olho texto=”“Ele não ficava esperando a inspiração bater à porta, ia lá e criava e os trabalhos, sempre no sentido de contribuir com essas esculturas gigantes que temos em Brasília – não para roubar o protagonismo, mas para participar da construção da capital” ” assinatura=”Felipe Ramón Rodríguez, subsecretário do Patrimônio Cultural” esquerda_direita_centro=”direita”] ?No Parque da Cidade Sarah Kubitschek, há mais arte para encantar os olhos de quem vê. As paradas de descanso – formadas por banheiro, bebedouros e bancos – são iluminadas por uma composição abstrata. Os desenhos pretos no fundo branco, dispostos em sentidos variados, contrastam com o verde do equipamento público idealizado pelo paisagista Roberto Burle Marx, que era amigo de Athos Bulcão. ?Há ainda traços do artista no Cine Brasília, na UnB, na Escola Francesa de Brasília, na Igreja Nossa Senhora de Fátima, na Torre de TV, no Hospital Sarah Kubitschek e em muitos outros locais. Segundo inventário do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), existem 261 peças de Athos na capital federal. Interior do Cine Brasília também tem a marca registrada de Athos Bulcão | Foto: Divulgação/Fundação Athos Bulcão ?Legado Para que as peças sejam mantidas em perfeitas condições de preservação, o Governo do Distrito Federal (GDF), por meio da Secec, promove ações de fiscalização e, caso necessário, restauração. Os procedimentos são executados por equipe especializada da Subsecretaria de Patrimônio Cultural (Supac). O acompanhamento é feito para evitar danos e a remoção dos painéis. ?A obra de Athos Bulcão está protegida por tombamento desde 2009 e não se limita aos famosos painéis. Existem também relevos, vitrais, pisos, divisórias, muros, pinturas, castiçais e até uma pia batismal. Painel no tradicional Brasília Palace Hotel, uma das primeiras criações de Athos ao chegar à capital federal | Foto: Divulgação/Fundação Athos Bulcão “Ele não ficava esperando a inspiração bater à porta, ia lá e criava e os trabalhos, sempre no sentido de contribuir com essas esculturas gigantes que temos em Brasília – não para roubar o protagonismo, mas para participar da construção da capital”, relata o subsecretário de Patrimônio Cultural. “E hoje uma coisa é indissociável da outra, não conseguimos pensar em Brasília esteticamente sem pensar nos traços de Athos.” Identidade brasiliense A secretária-executiva da Fundação Athos Bulcão, Valéria Cabral, reforça: “É uma presença muito marcante na nossa vida, está no nosso caminho diário. Tem Athos Bulcão espalhado pela cidade, faz parte da nossa identidade”. Ela lembra que Athos foi “o responsável por trazer cor e movimento às obras criadas por Oscar Niemeyer e por outros arquitetos, para órgãos públicos, escolas e até hospitais”. [Relacionadas esquerda_direita_centro=”esquerda”] ?Há mais de 30 anos preservando o legado do artista, a Fundação Athos Bulcão promove ações de difusão do conhecimento sobre as peças, com exposições na AB Galeria e visitas guiadas com estudantes de escolas públicas. “O professor Athos é matéria obrigatória no quarto e quinto ano do ensino fundamental na grade de educação pública do DF, e nós estamos sempre disponíveis para receber escolas, administradores e o público em geral para mostrar quem foi esse grande artista”, convida Valéria Cabral. ?A fundação funciona de segunda-feira a sábado – em dias úteis, das 9h às 18h, e aos sábados, das 9h às 14h. Localizado na 510 Sul, o espaço físico oferece também uma loja com produtos da marca do artista. Arte: Agência Brasília
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Painéis de Athos Bulcão no aeroporto estão bem-conservados, avaliam fiscais
[Olho texto=”Obras, que compõem a paisagem urbana de Brasília, estão protegidas pelo tombamento desde 2009″ assinatura=” ” esquerda_direita_centro=”esquerda”] A primeira ação de fiscalização efetuada em 2022 pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec), sobre o estado de conservação das obras de arte e arquitetura tombadas no Distrito Federal, apresenta um resultado positivo: os painéis de Athos Bulcão no Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek tiveram confirmadas as boas condições. Considerado de rotina, o procedimento fiscalizatório foi executado pela Diretoria de Preservação (Dipres) da Subsecretaria de Patrimônio Cultural (Supac) da Secec, já que a obra de Athos Bulcão está protegida por tombamento desde 2009, devido à sua importância na identidade da paisagem urbana de Brasília. Rotina da Secretaria de Cultura e Economia Criativa, fiscalização visa à proteção do patrimônio da cidade | Foto: Divulgação/Secec Peças artísticas O Aeroporto Internacional JK abriga três painéis de Athos Bulcão, dos quais dois são de azulejos e um de metal, colocados em diferentes dependências à vista dos milhares de passageiros que por ali passam diariamente. Os dois painéis em azulejos foram feitos sob encomenda, em 1993. O primeiro, na Sala de Espera Nacional, é composto por azulejos estampados em amarelo e laranja. Já o localizado na Sala de Espera Internacional é todo em azul e verde. Ambos revestem as faces convexas de paredes curvas. O painel em metal, que data de 2003, atualmente fica na parede posterior do terraço do Aeroshopping. É de grandes proporções, formado pela sequência de elementos verticais em chapa de aço perfurada e dobrada pintados com tinta automotiva nas cores azul, verde, amarelo, rosa e marrom. Os diferentes padrões de chapas estão dispostos de forma intercalada e aleatória. Em conjunto, geram uma composição abstrata, marcada pelo ritmo horizontal dinâmico e pela variedade cromática. Fiscalização e prevenção [Olho texto=”“O monitoramento é uma das ferramentas mais efetivas da conservação preventiva” ” assinatura=” – Aquiles Brayner, subsecretário de Patrimônio Cultural” esquerda_direita_centro=”esquerda”] A fiscalização constatou que os primeiros painéis estão bem-conservados, necessitando apenas que seja observado o distanciamento das cadeiras colocadas próximas, para evitar danos futuros. Já o painel de metal apresenta início de corrosão em algumas partes, o que demandará ação corretiva e preventiva. A Secec vai encaminhar à Inframérica, responsável pelo aeroporto, junto aos laudos de vistoria, o Manual de Conservação Preventiva para Obras de Athos Bulcão, elaborado pela Gerência de Conservação e Restauro, para fornecer diretrizes práticas de manutenção e conservação das obras. “O monitoramento é uma das ferramentas mais efetivas da conservação preventiva, pois é o momento metodológico em que acontece o diagnóstico do bem, a identificação dos danos existentes e dos danos potenciais, visando embasar a elaboração de um plano de conservação curativa que prolongue a existência do bem”, afirma o subsecretário de Patrimônio Cultural, Aquiles Brayner. Ele ressalta que a fiscalização contribui para a manutenção da paisagem urbana protegida. [Relacionadas esquerda_direita_centro=”direita”] Esse procedimento estabelece relações imprescindíveis entre os órgãos fiscalizadores, os proprietários e a comunidade, pois as trocas de conhecimento e de informação, bem como o compartilhamento de funções e de responsabilidades, auxiliam na manutenção da integridade e na perpetuação do patrimônio por mais gerações, estreitando as parcerias necessárias para preservação efetiva do patrimônio cultural. *Com informações da Secretaria de Cultura e Economia Criativa
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MAB amplia acervo em exposição com mais 45 obras-primas
[Olho texto=”“Desde sua abertura, o MAB enche nossos olhos de arte. É um orgulho imenso”” assinatura=”Bartolomeu Rodrigues, secretário de Cultura e Economia Criativa” esquerda_direita_centro=”direita”] O Museu de Arte de Brasília (MAB) amplia o acervo em exposição com uma coleção de 45 obras-primas. Algumas nunca expostas ao público. São peças de Roberto Burle Marx, Siron Franco, Cildo Meireles, Tunga, Ernesto Neto, Amílcar de Castro, Athos Bulcão, Beatriz Milhazes, Alfredo Volpi, Lygia Pape, Arthur Luiz Piza, Emanoel Araújo e Frans Krajcberg. Apenas esse conjunto exposto está avaliado em mais de R$ 6 milhões. A exposição pode ser vista a partir desta quarta-feira e tem abertura oficial na sexta (27). O Beijo, de Ana Maria Tavares, em aço carbono e alumínio, está entre as obras expostas no MAB | Fotos: Divulgação/Museu de Arte Moderna “Desde sua abertura, o MAB enche nossos olhos de arte. É um orgulho imenso”, diz o secretário de Cultura e Economia Criativa, Bartolomeu Rodrigues. Batizada de Obras-primas do MAB, a mostra traça um panorama de arte moderna e contemporânea brasileira por meio desse recorte da coleção do museu. A curadoria é de Marcelo Gonczarowska Jorge, gerente do espaço, que gesta essa exposição antes mesmo de o museu ser aberto ao público, em maio deste ano. “Essa exposição foi montada dentro da nossa política de valorização das obras do museu e de aproximação entre arte e público. O MAB possui uma das mais importantes coleções de arte brasileira do país. Por isso, é fundamental que os brasilienses e os visitantes conheçam, reconheçam e se orgulhem do patrimônio reunido pela cidade ao longo de seis décadas.” Raridades aos olhos Em primeiro plano, o Grupo Pólipo, de Ernesto Neto, com módulos em tecido sintético, isopor e chumbo de dimensões variáveis. Na parede, da esquerda para a direita: Arthur Luiz Piza, Leonilson e Frans Krajcberg A curadoria de Marcelo também buscou obras do acervo do MAB que nunca tinham sido expostas ou que raramente foram exibidas. Nesse garimpo, Signos Desencadeados (1963), de Yolanda Mohalyi, foi uma das selecionadas. Mohalyi é uma das pioneiras do abstracionismo informal no Brasil e seu papel e sua memória têm sido resgatados nas últimas décadas. Foram retiradas das reservas técnicas algumas obras singulares dos mais importantes artistas brasileiros do século XX. Entre elas, uma das raras esculturas de Athos Bulcão, técnica mista produzida pelo artista. O exemplar do MAB é único, pois foi produzido em 1989 para a exposição Armadilhas Indígenas, a pedido do curador Bené Fonteles. [Olho texto=”“O MAB também possui uma grande coleção de fotografia brasileira, raramente exposta, mesmo antes do fechamento do museu, em 2007. De modo a sanar essa injustiça, são apresentadas na exposição obras de Mario Cravo Neto e Claudia Andujar, ambos considerados alguns dos fotógrafos brasileiros mais importantes do século 20”” assinatura=”Marcelo Gonczarowska Jorge, curador de mostra” esquerda_direita_centro=”esquerda”] Outra peça rara da coleção é a Paisagem (s.d.), de Alfredo Volpi, do período anterior à sua fase de “bandeirinhas”. Outro exemplar da qualidade daquele presente no acervo do MAB só é encontrado na coleção do Museu de Arte Contemporânea da USP, em São Paulo. “O MAB também possui uma grande coleção de fotografia brasileira, raramente exposta, mesmo antes do fechamento do museu, em 2007. De modo a sanar essa injustiça, são apresentadas na exposição obras de Mario Cravo Neto e Claudia Andujar, considerados dois dos fotógrafos brasileiros dos mais importantes do século 20”, aponta o curador, Algumas obras foram restauradas nesse intervalo, e estão à mostra pela primeira vez desde então. Um dos destaques é Signos II (1971), de Iberê Camargo, restaurado por Marcos Faria, servidor da Secec. A peça, além de ser um dos mais belos exemplares da obra do artista em coleções públicas, é uma das pinturas mais valiosas do MAB. A exposição também reconhece a importância e a contribuição da arte popular. Além de um grande exemplar de escultura cerâmica de Antônio Poteiro, conta com uma preciosa obra de Conceição dos Bugres. De origem indígena, a artista mudou-se ainda criança com a família para Mato Grosso do Sul, fugindo das perseguições contra os povos originários que ocorriam no Rio Grande do Sul, onde nasceu. Seu trabalho caracteriza-se pela identificação de formas humanas em tocos de madeira, as quais ressalta por meio da talha recoberta com cera tingida. “A artista é considerada tão importante na história da arte popular do Brasil que o MASP dedica a ela, neste momento, uma mostra individual”, observa Marcelo. [Relacionadas esquerda_direita_centro=”direita”] As peças da mostra Obras-primas do MAB — que ocupa o hall da recepção e a galeria do 1º pavimento – ganharam etiquetas com textos explicativos sobre a importância e o contexto. A tradução desses textos pode ser acessada por meio de um QR Code disponível na galeria. “A equipe de mediadores do museu está preparada para receber todo tipo de público e apresentar a mostra e a instituição de modo dinâmico e interessante, inclusive para as crianças”, avisa Marcelo. O MAB segue também com a mostra fotográfica de Orlando Brito, as gravuras de Tarsila do Amaral e as esculturas do jardim. Confira o detalhamento das obras Textos da exposição de Obras Primas do MAB.pdf (cultura.df.gov.br) Museu de Arte de Brasília – SHTN, trecho 01, projeto Orla polo 03, Lote 05 – Visitação: todos os dias, menos terças-feiras – Horário: 9h a 21h – Telefone: 3306-1375 – e-mail: mab@cultura.df.gov.br – Visitas guiadas: o MAB oferece visitas guiadas gratuitas. Não é necessário agendamento. Basta solicitar na recepção. – Classificação: livre *Com informações da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do DF
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Setur-DF encerra projeto ‘Julho em Quatro Athos’
Durante a pandemia, brasilienses e visitantes de todo mundo receberam um presente especial para vivenciar a capital federal de uma forma segura e muito criativa: a Live Tour Brasília, uma websérie criada pela Secretaria de Turismo para apresentar roteiros temáticos que passam por importantes pontos turísticos da cidade. Foto: Ministério das Relações Exteriores/Divulgação No mês de julho, todas as edições da Live Tour foram dedicadas aos lugares por onde Athos Bulcão espalhou suas obras – como parte do projeto Julho em Quatro Athos, que celebra e a memória e o legado desse grande artista, que trouxe cor e afeto para o modernismo da cidade. Guias de turismo especializados chegaram a reunir até três mil seguidores pelo Instagram nos tours virtuais realizados pelos monumentos que contemplam obras de Athos. Foto: Fundação Athos Bulcão O projeto encerra-se nesta sexta-feira (31), com uma visita virtual guiada pelo Palácio do Itamaraty, outro local de tirar o fôlego quando assunto é arquitetura e design. Projetado por Oscar Niemeyer e com paisagismo de Burle Marx, o edifício encanta quem passa pela Esplanada dos Ministérios, mas também impressiona quem tem a chance de conhecê-lo por dentro com belíssimos trabalhos de Athos, como pisos e murais que enriquecem os ambientes com jogos sutis de padrões e relevos. Para a secretária de Turismo, Vanessa Mendonça, encerrar o projeto no Itamaraty tem um valor especial, além de ser uma oportunidade única de conhecer uma das maiores maravilhas da arquitetura moderna que não está aberta para visitação desde setembro de 2019. “Tivemos um mês intenso, repleto de homenagens ao gênio que coloriu a nossa capital com seu talento. E é uma honra poder encerrar este projeto no Palácio do Itamaraty, que está fechado há quase um ano para visitação. Esse é um dos monumentos que mais encantam e impressionam, considerado a sala de visitas do nosso Brasil.” Não perca nesta sexta-feira (31) a última Live Tour especial do projeto, que será transmitida às 16h pelo Instagram da Setur. * Com informações da Setur-DF
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Pedalando com Athos: projeto mostra obras do artista
Athos Bulcão dizia que teve a sorte de encontrar uma cidade inteira para embelezar. Brasília e seus visitantes têm muito a agradecê-lo, pois a nossa capital é uma verdadeira galeria de arte a céu aberto. Arte que encanta, obras que inspiram. Uma beleza atemporal e que conquista diferentes gerações. Somos herdeiros desse gênio em suas formas, ideias, leveza e criatividade. E que tal fazer um passeio pelas belas obras desse grande artista plástico de Brasília de uma forma original, criativa e por uma perspectiva completamente diferente? Pedalar é uma das atividades mais características da rotina do brasiliense e o famoso “camelo” é um meio de transporte que muita gente usa para trabalhar, passear e curtir a cidade. Pensando nisso, a Setur-DF lançou o projeto Pedalando com Athos, uma parceria com a Camelo Bike Tour que traz um mini roteiro cultural para quem quiser aproveitar a cidade de bicicleta ou a pé. São pequenos trajetos planejados especialmente para passar por alguns atrativos com obras de Athos Bulcão em espaços públicos do Plano Piloto. Os roteiros já estão disponíveis e podem ser acessados gratuitamente pela plataforma Google Maps. O arquiteto e coordenador da Camelo Bike Tour, Graco Melo, afirma que além de ser uma experiência que une saúde e arte, é uma oportunidade para que a comunidade também reconheça o valor de Brasília. “Estamos numa cidade única, capital de um país imenso que foi construída por pessoas que vieram dos quatro cantos do Brasil. É uma experiência de viver e interagir em uma cidade modernista que abriga tantas cores, tantos aromas, tantas belezas”, ressalta ele. Para a secretária de Turismo, Vanessa Mendonça, além de enaltecer a memória de Athos Bulcão, esse projeto é um convite aos moradores e visitantes para experimentar Brasília de outras formas, olhares e sensações. “Athos Bulcão foi um desses gênios que o destino colocou na nossa história, e é importante o enaltecermos sempre. Passeando pelas quadras, pela Esplanada, pelos nossos espaços, podemos sentir a verdadeira alma da cidade”, lembra a secretária. Camelo Bike Tour É uma agência de cicloturismo urbano especializada em turismo arquitetônico na capital. Por meio de rotas e circuitos dinâmicos e guias treinados, o ciclista consegue de uma maneira divertida e congregadora alcançar lugares impossíveis para um carro, van ou ônibus, e sua perspectiva com o espaço urbano é totalmente diferente da habitual. Serviço No Pedalando com Athos, os roteiros foram baseados no inventário da obra do artista em Brasília, editado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (superintendência do Distrito Federal, em 2018) com o apoio da Fundação Athos Bulcão. No total, serão quatro rotas: Rota Modelo, Rota 116 Sul, Rota Norte e Rota nos Eixos. Mais informações, aqui. * Com informações da Secretaria de Turismo
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