Arquivo Público do Distrito Federal recebe senador do Paraguai
Em visita a Brasília, onde será empossado como novo imortal da Academia Brasileira de Ciências, Artes, História e Literatura (Abasci), o senador paraguaio Edgar Ruiz será apresentado aos principais registros documentais da história da construção de Brasília nesta sexta-feira (30), às 14h, na sede do Arquivo Público do Distrito Federal (ArPDF). O senador vai conhecer documentos que contam a história da construção da capital do Brasil | Foto: Divulg ação/ArPDF O político paraguaio manifestou grande interesse pelos detalhes que tornaram Brasília um dos maiores Patrimônios da Humanidade, ao lado da Acrópole de Atenas (Grécia), da Grande Muralha da China e das Pirâmides de Gizé (Egito). Além do acervo digital repatriado de Lucio Costa, Edgar também verá esboços, imagens e documentos produzidos por Oscar Niemeyer, Athos Bulcão e Roberto Burle Marx. Ao receber mais esta visita internacional, o ArPDF — que em 2025 completa 40 anos de fundação — firma-se como uma das mais respeitáveis e instituições de pesquisa e preservação de memória do Brasil e do mundo. *Com informações do Arquivo Público do DF
Ler mais...
Projeto Descobrindo Brasília leva crianças para imersão na história da capital federal
As casas de madeira que abrigaram o primeiro hospital de Brasília foram cenário para o aprendizado de mais de 20 crianças em situação de vulnerabilidade do Varjão. Os estudantes conheceram a história da construção da capital federal no Museu Vivo da Memória Candanga (MVMC), e ainda passaram na Catedral e na Ponte JK, outros espaços icônicos do Quadradinho. O passeio ocorreu graças ao projeto Descobrindo Brasília, promovido pela Secretaria de Atendimento à Comunidade do Distrito Federal (Seac-DF). A iniciativa atenderá o dobro de crianças neste ano em comparação ao ano passado, quando foi criada. Serão 240 crianças em duas semanas de atividade. Os primeiros passeios ocorreram entre os dias 2 e 4 deste mês, com participação de projetos sociais de Samambaia, Água Quente e Santa Maria. Nesta semana, além do grupo Realizando Sonhos do Varjão, vão participar entidades do Itapoã e de Sobradinho II. O percurso também incluirá o Memorial dos Povos Indígenas e o Planetário de Brasília. “Levamos crianças que nunca tiveram condições de conhecer os pontos históricos da nossa cidade, criando memórias afetivas que estimulam o interesse pelo conhecimento”, destaca a secretária de Atendimento à Comunidade, Clara Roriz. “Além disso, as visitas contribuem para mostrar às crianças que tudo tem um começo, um meio e um fim, que às vezes o caminho não vai ser fácil, mas que, com perseverança, elas podem chegar onde elas quiserem.” O passeio ocorreu graças ao projeto Descobrindo Brasília, promovido pela Secretaria de Atendimento à Comunidade do Distrito Federal (Seac-DF) | Fotos: Geovana Albuquerque/Agência Brasília Toda a experiência é gratuita e pensada para que seja inesquecível. As crianças são buscadas na sede dos projetos sociais por um ônibus do Corpo de Bombeiros Militar do DF (CBMDF) e há distribuição de lanches, fornecidos pelo Sesi Fibra. As visitas são intermediadas por monitores e as aulas são breves, com apresentação de vídeos, para garantir a atenção e diversão dos pequenos cidadãos. “Trazemos as crianças para realmente conhecer a história de Brasília, passando em vários pontos históricos”, assegura o subsecretário da Seac-DF, José Roberto Paiva. Curiosidade O projeto ocorre em um período especial para os brasilienses: no dia 21 deste mês, Brasília completará 65 anos de existência. Para a estudante Sofia Rodrigues, a melhor parte do passeio foi justamente entender mais como tudo aconteceu, desde a decisão de trazer a capital para o interior do país até a construção dos primeiros prédios do Planalto Central. “O que mais gostei foram os vídeos que mostraram mais como era antigamente. Aprendi que as pessoas de antigamente, quando iam de ônibus, era muito cheio e tinham que ir pulando de ônibus. Aquele povo foi guerreiro mesmo, eu não ia dar conta não”, comenta. O estudante Guilherme Torres, 11 anos, adorou conhecer o dia a dia dos operários que ajudaram a erguer a capital do país e as tecnologias que usavam à época, como o lambe-lambe. “Os candangos são as pessoas que vieram em um caminhão para construir a cidade do zero e acho que fizeram um ótimo trabalho. E o lambe-lambe é uma câmera antiga que a gente bota a cabeça em um pano, sem lente”, explica o menino. “Achei interessante na hora que eles mostram os quartos, os cômodos. Não imaginava que era assim, me senti no de volta para o futuro.” O estudante Guilherme Torres, 11 anos, adorou conhecer o dia a dia dos operários que ajudaram a erguer a capital do país e as tecnologias que usavam à época, como o lambe-lambe Com entrada gratuita de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h, o museu oferece a exposição permanente Poeira, Lona e Concreto, que narra a história da cidade desde os sonhos, os projetos, a construção, até os dias atuais. A mostra é composta por diferentes ambientações, com fotografias, textos, móveis e objetos do início de Brasília. O espaço passou por restauração completa em 2022. A educadora social do projeto do Varjão, Thamires Neves, destaca que a oportunidade fortaleceu os vínculos dos estudantes com a cidade. “Eles ficaram bastante animados para conhecer Brasília e algumas coisas que as pessoas mais velhas de casa já comentaram”, observa ela, que agradece a iniciativa do GDF. “Foi surpreendente viver essa experiência e ver a felicidade no rosto das nossas crianças é incrível.” Visite também As exposições do Museu Vivo da Memória Candanga podem ser visitadas de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h. Em horários agendados, o museu promove visitas guiadas que têm como foco a educação patrimonial e a história de Brasília. Instituições de ensino públicas e particulares interessadas devem preencher o formulário disponível neste site. É possível ainda combinar uma visita guiada ao museu diretamente com a gerência. Basta enviar o nome do solicitante e da instituição de ensino, telefone e e-mail para contato, endereço da escola, data e horário da visita, quantidade de visitantes (alunos, professores, monitores, motorista), faixa etária e série escolar dos alunos para o e-mail mvmc@cultura.df.gov.br. Serviço Museu Vivo da Memória Candanga Funcionamento: segunda a sexta-feira, das 9h às 17h Endereço: Lote D Setor Juscelino Kubitschek – Núcleo Bandeirante Telefones: (61) 3301-3590 Acesse a programação completa do espaço no Instagram.
Ler mais...
Presentes com identidade brasiliense são opções para surpreender neste Natal
O Natal é uma época marcada pela troca de presentes, mas também pela busca de significado. Para quem deseja sair do comum e presentear com originalidade, produtos que carregam a identidade de um lugar especial podem fazer toda a diferença. Optar por itens que representam a cultura e a história de Brasília é uma boa forma de inovar. Lojinha do Cine Brasília tem vários artigos com referências à identidade cultural da cidade; venda é revertida para melhorias no próprio cinema | Fotos: Divulgação O Cine Brasília está com uma linha exclusiva de souvenirs, que vão desde camisetas e bonés até canecas, garrafas e produtos de papelaria com a nova logomarca do espaço, que imprime a singularidade da arquitetura modernista, desenvolvida pelo escritório de design Manufatura. “É mais uma fonte de renda, buscando a sustentabilidade financeira para o Cine Brasília. Contudo, mantemos a premissa dos preços populares e superacessíveis” Sara Rocha, diretora do Cine Brasília Além de presentear com uma lembrança cheia de personalidade, o consumidor também contribui para manter o espaço, uma vez que toda a receita derivada do projeto é reinvestida no próprio Cine Brasília. Os produtos estão disponíveis para venda na lojinha do cinema, de quinta a domingo, das 16h às 21h. De acordo com a diretora do Cine Brasília, Sara Rocha, a lojinha funciona como um espaço de fomento da economia criativa. “É mais uma fonte de renda, buscando a sustentabilidade financeira para o Cine Brasília”, afirma. “Contudo, mantemos a premissa dos preços populares e superacessíveis. Os itens são muito mais baratos do que os que são vendidos em lojas de grandes museus ou exposições”. O sabor de Brasília Vinhos produzidos no DF garantem opções para agradar diferentes paladares Presentear por meio do sabor também é uma boa ideia para surpreender amigos e familiares. E, quando se trata de sabores, os vinhos produzidos pela Vinícola Brasília são referência. O empreendimento surgiu da união de dez vinhedos de famílias que chegaram ao DF no final da década de 1970 e início de 1980. As bebidas da vinícola são reconhecidas por combinarem técnicas modernas com a originalidade do solo local. Vinhos tintos, brancos e espumantes compõem o portfólio, garantindo opções para diferentes paladares. Para este Natal, o espaço lançou uma coleção de kits com rótulos exclusivos que unem autenticidade, sofisticação e sabores marcantes, capazes de agradar tanto aos iniciantes quanto aos apreciadores mais exigentes. Cada caixa é cuidadosamente embalada em um recipiente de madeira personalizada, garantindo um presente ainda mais exclusivo. Enoturismo “Ao receber um vinho de Brasília e provar da qualidade do produto, a pessoa acaba ficando interessada no processo de produção do vinho, e isso certamente fortalece o cenário produtivo do DF” Artur Farias, diretor comercial da Vinícola Brasília Segundo o diretor comercial da Vinícola Brasília, Artur Farias, os kits colocam o enoturismo brasiliense em evidência. O segmento tem como foco principal a visita a regiões vinícolas, onde os visitantes têm a oportunidade de conhecer de perto o processo de produção de vinho. “Ao receber um vinho de Brasília e provar da qualidade do produto, a pessoa acaba ficando interessada no processo de produção do vinho, e isso certamente fortalece o cenário produtivo do DF”, pontua Farias. Entre os destaques do kit estão o Cobogó Sauvignon Blanc 2023 (R$ 159), com aromas tropicais e herbáceos, ideal para acompanhar entradas e queijos cremosos; o Pilotis Rosé 2023 (R$ 159), elegante e fresco, com notas de cereja e ameixa, perfeito para pratos leves; e o Monumental Syrah 2021 (R$ 349), um vinho robusto com aromas de frutas negras e toques florais, que harmoniza com carnes e pratos intensos. Para quem busca mais opções, os kits em duos e trios oferecem combinações cuidadosamente elaboradas. O duo Cobogó + Pilotis (R$ 229) e o trio Croqui, Alvorada Syrah e Monumental (R$ 569) são algumas das sugestões que proporcionam experiências completas de degustação e harmonização. Os kits podem ser adquiridos diretamente na loja física da vinícola, que fica na BR-251, Km 7 do PAD-DF; na Más Vino, localizada na SCLS 306; ou pelo WhatsApp (61) 98407-5802.
Ler mais...
Marco Zero: População aproveita novo ponto ‘instagramável’ durante o Eixão do Lazer
“Toda história começa por algum lugar, né?”, diz o empresário Paulo Melo, de 62 anos, ao admirar o mais novo ponto turístico de Brasília: a Estaca do Marco Zero, ponto a partir do qual toda a capital foi construída. Ele foi um dos moradores do Quadradinho que, neste domingo (4), aproveitaram o Eixão do Lazer para conhecer o marco inicial de onde Brasília foi erguida. O Marco Zero, mais novo ponto ‘instagramável’ no roteiro turístico de Brasília, foi parada para poses de moradores e turistas que aproveitaram o Eixão do Lazer neste domingo, o primeiro aberto a visitação desde a conclusão das obras do Buraco do Tatu | Foto: Lucio Bernardo Jr/Agência Brasília Para Paulo, porém, esse resgate da história foi ainda mais especial. Nascido em Minas Gerais e morador da Asa Sul desde 1961, ele viu a capital do país ser construída bem de perto. Para o empresário Paulo Melo, o resgate da história de Brasília foi ainda mais especial. Nascido em Minas Gerais e morador da Asa Sul desde 1961, ele viu a capital do país ser construída bem de perto “Meu pai veio para a construção de Brasília como engenheiro em 1959. Eu sempre acompanhei muito a história de Brasília, mas eu não sabia dessa estaca zero. Contei para o meu pai sobre isso, ele me confirmou a história e eu fiquei chocado”, relatou o empresário que, na sequência, tirou uma foto para mandar para o seu genitor. Outra pessoa que visitou o local foi a funcionária pública Maria de Fátima Ribeiro, de 70 anos. Há 49 anos em Brasília, ela passa pelo Buraco do Tatu diariamente e jamais imaginou o que o concreto da via escondia. A funcionária pública Maria de Fátima Ribeiro passa pelo Buraco do Tatu diariamente e jamais imaginou o que o concreto da via escondia “É histórico”, afirma, extasiada ao contemplar o Marco Zero. “Foi uma grata surpresa. Eu acho que foi uma descoberta incrível para os brasilienses e para todo o Brasil, afinal, nós somos a capital da República. Eu adorei! Está maravilhoso”, completa. E de história, Elias Manoel da Silva sabe bem. Historiador do Arquivo Público do Distrito Federal (ArPDF), ele explica que o espaço da Estaca Zero ajudou a erguer a Esplanada dos Ministérios. “Durante a construção de Brasília, aqui na Estaca Zero, havia um muro enorme de arrimo na região que hoje é o Buraco do Tatu. Milhares de toneladas de terra foram tiradas daqui e levadas para criar a planura artificial do que hoje nós chamamos de Esplanada dos Ministérios. Ou seja, a Estaca Zero gerou a Esplanada dos Ministérios”, relata. O símbolo da Estaca Zero, mais conhecido como Marco Zero, ponto que serviu de referência para a ordenação numérica da quilometragem da área central da cidade, está fixado entre as pistas do Buraco do Tatu, um das vias mais movimentadas de Brasília, onde cerca de 150 mil motoristas passam diariamente Curiosidades como essa sequer passavam pela cabeça do casal André Amaral Almeida, de 50 anos, e Luciane de Almeida, 49 anos. Ele, nascido em Brasília e ela, quase uma brasiliense, acreditam que o passado da capital segue vivo até hoje. O administrador André Amaral Almeida, com a mulher Luciane, considera que o novo ponto trouxe “o passado para o presente. Ninguém acreditava no sonho de Juscelino e que todo o projeto de Lúcio Costa sairia do papel, mas hoje a gente vê que tudo deu muito certo. Eles deram conta e hoje vivemos história” “Trouxeram o passado para o presente”, diz Luciane, que é corretora de imóveis. O marido complementa: “É bom para valorizar a história da cidade. Eu sou fã de Brasília e de todo o plano de construção da capital. Ninguém acreditava no sonho de Juscelino e que todo o projeto de Lúcio Costa sairia do papel, mas hoje a gente vê que tudo deu muito certo. Eles deram conta e hoje vivemos história”, ressalta o administrador. Por trás do Marco Zero O Marco Zero foi descoberto durante a reforma no Buraco do Tatu, que liga os eixos Sul e Norte da capital. A surpresa, porém, foi só para os funcionários que realizavam as obras no local e para boa parte dos brasilienses. “Para o Arquivo Público já era um fato conhecido”, lembra o superintendente do ArPDF, Adalberto Scigliano. “A partir de agora, quando as pessoas simplesmente passarem pelo Buraco Tatu, vão saber que foi aqui que Brasília foi concebida. Exatamente aqui, a estaca fecundou o solo do Cerrado para ser o ponto inicial da capital”, narra. O historiador Elias Manoel da Silva, do Arquivo Público do Distrito Federal (ArPDF), explica que o espaço da Estaca Zero ajudou a erguer a Esplanada dos Ministérios O ponto central entre o cruzamento dos eixos rodoviário e monumental foi fincado pelo engenheiro e topógrafo Joffre Mozart Parada, então chefe da equipe de topografia da Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap), em 20 de abril de 1957. “A cidade foi construída, na sua urbanidade, por Joffre Mozart Parada. Ele é um anônimo na história de Brasília. No papel, o mérito é de Lucio Costa, mas no chão, foi Joffre Mozart Parada que começou o projeto. Com a redescoberta do Marco Zero, a gente pretende honrá-lo e eternizá-lo, de forma concreta, na história do DF”, afirma Elias. Buraco do Tatu As obras de restauração do pavimento asfáltico em concreto do Buraco do Tatu – passagem de 700 metros que liga os eixos rodoviários Norte e Sul, no Plano Piloto – foram iniciadas em 1º de julho e concluídas na quarta-feira (31). O trânsito foi liberado na quinta-feira (1º), beneficiando, assim, os 150 mil motoristas, que passam todos os dias pelo local. O pavimento original da passagem, da época da construção de Brasília, estava degradado após 60 anos de uso e sua vida útil estava ultrapassada. Foram investidos cerca de R$ 2 milhões nas obras de recuperação do pavimento. As placas de concreto danificadas foram trocadas por novas e o material antigo das juntas de dilatação – que unem essas placas – foi substituído por um selante com durabilidade prevista de dez anos. Os serviços incluíram a lavagem das paredes azulejadas e do teto do Buraco, além de limpeza e desobstrução de todas as caixas de drenagem da passagem.
Ler mais...
Exposição retrata o papel feminino na construção de Brasília
Tradicionalmente, a história da construção da nova capital federal tem os homens como os grandes protagonistas. No entanto, os registros fotográficos do período revelam que as mulheres, apesar de raramente constarem na historiografia oficial, exerceram papéis fundamentais na consolidação de Brasília. Mais do que apenas serem retaguarda em casa, elas atuaram fornecendo serviços essenciais, seja na obra propriamente dita – embora em menor número –, seja garantindo a alimentação dos trabalhadores. Exposição tem objetivo de celebrar as mulheres pioneiras e ressaltar o trabalho delas na época da construção de Brasília | Fotos: Divulgação Essa narrativa pouco conhecida é contada na exposição As mil faces da mulher em Brasília, que entra em cartaz a partir de sexta-feira (8) na Biblioteca Nacional de Brasília (BNB), na Esplanada dos Ministérios. A mostra, de curadoria de Andréia Nayrim e Mariana Mendonça, é composta por fotos resgatadas no Arquivo Público do Distrito Federal (ArPDF), além de textos complementares. O objetivo da dupla é celebrar as mulheres pioneiras e, ao mesmo tempo, levantar o debate sobre a invisibilização feminina na história. Mulheres em destaque Povoados fundados por mulheres tiveram papel fundamental na história do DF “Além do trabalho direto na construção, as mulheres negras desempenharam papéis importantes em suas comunidades, fornecendo suporte emocional” Andréia Nayrim, da curadoria da exposição “Queríamos retratar uma narrativa diferenciada, que celebrasse as mulheres”, conta Andréia. “Pensamos em uma historiografia decolonial, que questionasse o registro histórico do homem branco cisgênero. Resolvemos trazer a narrativa dessas mulheres e questionar por que não há registros oficiais delas na época da construção de Brasília.” Estão lá as mulheres negras, indígenas, japonesas e ciganas. “Elas foram mulheres muito ativas na época da construção”, ressalta Andréia. A curadora lembra que as mulheres trabalharam em várias áreas da construção, incluindo serviços de limpeza, preparação de refeições para os trabalhadores, funções administrativas nos escritórios e até na obra em si. “Além do trabalho direto na construção, as mulheres negras desempenharam papéis importantes em suas comunidades, fornecendo suporte emocional”, explica a curadora. “Ademais, as mulheres do quilombo Mesquita plantavam e forneciam alimentos para Brasília em sua construção. Estamos falando de um povoado que existe há quase 300 anos e que foi fundado por três mulheres.” Participação ativa Presentes desde o início da formação da capital federal, mulheres indígenas estão entre os destaques da mostra Já às mulheres japonesas coube atuar na gestão das propriedades e no cultivo de uma variedade de produtos agrícolas. Andréia detalha: “Elas desempenharam um papel importante na agricultura brasiliense, especialmente após o início da construção de Brasília. Essas mulheres, muitas das quais eram esposas de agricultores ou empreendedoras por conta própria, faziam a colheita, o processamento dos alimentos e a comercialização dos produtos. Além disso, as técnicas agrícolas foram aplicadas por elas, isso inclui o uso de estufas, manejo intensivo em pequenas áreas e cultivo de hortaliças, frutas e flores”. Ciganas também compunham o contingente feminino que acompanhou a fundação de Brasília A atuação das mulheres ciganas e indígenas é ainda mais invisibilizada em documentos. Elas aparecem nas fotografias, mas suas funções não foram registradas. “A falta de documentação oficial sobre quais papéis esses povos desempenharam e quais tipos de suporte as mulheres ofertaram é reflexo da historiografia colonial”, aponta Andréia. O documentário ‘Poeira e batom no Planalto Central’ é outra atração a ser apresentada no dia da abertura da exposição “Ao que tudo indica, elas trabalhavam no fornecimento de alimentos e hospedagem, no caso das ciganas, e iniciando a transmissão de conhecimentos tradicionais, gestão de recursos naturais e cuidados das famílias do povo Fulni-ô, proveniente de Águas Belas [PE]”, acrescenta a curadora. Abertura O evento de lançamento ocorre a partir das 17h no auditório do BNB, no segundo andar. Além da abertura da exposição, será exibido o documentário Poeira e batom no Planalto Central, de Tânia Fontenele, Tania Quaresma e Mônica Gaspar. De 2011, o filme dá voz a 50 mulheres que retratam planos, medos, expectativas e desafios de quando embarcaram no sonho de ajudar a construir a nova capital do Brasil. A obra reconhece engenheiras, médicas, enfermeiras, professoras, agricultoras, motoristas de caminhão e donas de casa. Tânia Fontenele, que é uma das homenageadas da mostra, estará presente para participar da apresentação. “Tem uma parte da exposição em que colocamos cinco personalidades ainda vivas que fazem a história no DF, e a Tânia é uma delas”, adianta Andréia. O encerramento contará com um show musical da cantora e compositora Fernanda Monteiro, nome de destaque no samba e no choro do DF.
Ler mais...
#TBT: a promessa que originou a Igreja Nossa Senhora de Fátima
Completando 66 anos em 2024, a Igreja Nossa Senhora de Fátima foi o primeiro templo religioso construído em Brasília. A paróquia surgiu a partir de uma promessa da família Kubitschek, tendo sido erguida em apenas 100 dias para atender a um importante casamento na cidade. A Igrejinha foi inaugurada em 28 de junho de 1958 | Fotos: Divulgação/Arquivo Público de Brasília Conhecida popularmente como Igrejinha da 308 Sul – ou só Igrejinha -, a capela foi projetada por Oscar Niemeyer, e a arquitetura, composta por três pilares que sustentam uma laje, faz referência aos antigos chapéus usados por freiras. A Agência Brasília transporta você a um dos espaços mais emblemáticos da capital, relembrando a história da Igreja Nossa Senhora de Fátima em mais uma matéria da série especial #TBTdoDF, que utiliza a sigla em inglês de Throwback Thursday (em tradução livre, “quinta-feira de retrocesso”), para relembrar fatos marcantes da nossa cidade. Construção de uma promessa Os registros históricos nos livros da paróquia revelam que o projeto foi feito a pedido da primeira-dama Sarah Kubitschek, como agradecimento pela cura da filha, Márcia, que sofria de um problema na coluna. O projeto de Oscar Niemeyer é inspirado nos chapéus usados por freiras A sugestão da promessa foi dada pelo presidente de Portugal, Craveiro Lopes, que estava no Brasil na época e, ao saber da situação, relembrou à esposa de Juscelino Kubitschek a história das aparições de Nossa Senhora de Fátima. O primeiro casamento Inicialmente, a construção seria um grande santuário onde atualmente se encontram as superquadras 307/308 Sul. Mas os planos mudaram após a necessidade de uma igreja para a cerimônia de casamento da filha do presidente da Novacap, Israel Pinheiro, que era o engenheiro responsável pela administração das obras na construção da nova capital. Logo, o plano original da família Kubitschek foi substituído com urgência pelo projeto de uma capela mais simples, que é a atual Igreja Nossa Senhora de Fátima. Em 100 dias, a paróquia foi inaugurada, antes mesmo de Brasília, em 28 de junho de 1958. O casal Maria Regina Uchoa Pinheiro e Hindemburgo Pereira Diniz selou lá a união matrimonial e teve como padrinho o jornalista e embaixador Assis Chateaubriand. O primeiro casamento no local foi o da filha do então presidente da Novacap, Israel Pinheiro Passados 58 anos do primeiro casamento realizado em suas dependências, a pequena capela continua com as celebrações de matrimônio, marcando a vida de centenas de casais – como os brasilienses Larissa Sudbrack e Paulo Cavalcante, que se casaram na Igrejinha da 308 Sul em 2016. A arquiteta de 36 anos conta que começou a frequentar o espaço há dez anos, após uma promessa, tornando natural a escolha do local para a cerimônia com o marido. Católica e moradora da 108 Sul, ela conta que, além da proximidade da igreja com seu apartamento e a promessa de ir à missa todos os domingos durante seis meses, o nome de sua mãe de Larissa é Fátima – o que deixou, ao seu ver, tudo apontado para a escolha da capela. Mais um sinal viria a seguir: quando o casal ia fazer dez anos de namoro, Larissa comprou um quadro com azulejos de Athos Bulcão e, no mesmo ano, Paulo a pediu em casamento. “Para mim, a Igrejinha é o desenho por metro quadrado mais especial da cidade, cheio de significado. Tem uma ligação com a natureza e é bem aberta, uma experiência muito rica do espaço”, comenta Larissa. Ela recorda que também escolheu o local para o batizado dos dois filhos pequenos. “É um local de apoio religioso perto de casa; a gente pode fazer uma rápida oração, e me sinto bem quando estou ali, acolhida e protegida”, acrescenta a arquiteta. Os azulejos de Athos Bulcão são marca registrada da Igrejinha Patrimônio histórico O templo católico comporta até 40 pessoas e foi tombado pela Unesco como patrimônio cultural e histórico nacional, entrando no Conjunto Urbanístico de Brasília inscrito no Livro do Tombo Histórico em 14 de março de 1990. O local também é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) desde 2007, como parte do conjunto das obras de Oscar Niemeyer, em homenagem ao centenário do arquiteto. A parte externa da parede é revestida por azulejos de Athos Bulcão que simbolizam a descida do Espírito Santo e a Estrela da Natividade. Já no seu interior, o monumento apresenta pinturas de Francisco Galeno, aluno de Alfredo Volpi, artista italiano responsável pela primeira obra artística da igreja. O templo católico comporta até 40 pessoas e foi tombado pela Unesco como patrimônio cultural e histórico nacional, entrando no Conjunto Urbanístico de Brasília inscrito no Livro do Tombo Histórico em 14 de março de 1990 | Fotos: Geovana Albuquerque/ Agência Brasília Segundo informações da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, a primeira pintura feita por Volpi no interior da igreja apresentava afrescos com bandeirolas e anjos que remetiam a uma quermesse e às festas juninas. As pinturas modernistas causaram estranhamento em alguns paroquianos, que se queixaram da personalização artística e apontaram “falta de religiosidade” na obra. Dessa forma, a arte chegou a ser coberta de tinta azul quatro anos após a inauguração, mas foi restaurada por Francisco Galeno entre janeiro e junho de 2009. A inspiração festiva em Volpi foi mantida, mas de uma forma mais discreta. Além de prefeito da 308 Sul, Matheus Seco é arquiteto e evidencia as características arquitetônicas da quadra modelo e da Igrejinha, ressaltando que é o local mais fiel ao projeto arquitetônico de Oscar Niemeyer. O interior do monumento também conta com obras de arte “As quadras fazem parte de um conceito de rede, não são quadras isoladas, elas se complementam e apresentam o ápice do projeto arquitetônico brasileiro de Niemeyer. A obra é formalmente simples, mas muito forte, com influências do barroco mineiro, detalhes sutis de sombras, encontro das colunas e uma sofisticação de desenho muito bonitos”, observa. Entre os pontos destacados pelo arquiteto, ele aponta a maneira com que a construção aproveita a ventilação e a iluminação natural e como a recomposição das pinturas foi feita preservando o patrimônio moderno. Um local de fé À frente da paróquia há quatro anos, o frei Reinaldo do Santos Pereira destaca que, apesar do movimento maior ser religioso, a Igrejinha atrai pessoas com interesse além da fé, voltadas para a história do patrimônio e a arquitetura. [Relacionadas esquerda_direita_centro=”esquerda”] “É importante mostrar e valorizar aquilo que é nosso. A Igrejinha é pequena, mas acolhe todo mundo. As pessoas que vêm aqui passam pela praça e se sentem acolhidas pelo tamanho e pela singeleza do espaço”, observa o pároco. Segundo ele, os candangos já faziam da igreja, ainda em construção, um lugar de prece e pedidos de milagres. “O espaço faz parte do nosso turismo religioso, além de ser um cartão-postal da cidade. A Igrejinha enaltece a memória de quem ajudou a construir a nossa capital e contribuiu para a história de fé de muitos moradores”, reforça o administrador do Plano Piloto, Valdemar Medeiros. A empregada doméstica Edileusa Bezerra da Silva, 57, trabalha ao lado da Igrejinha e vai ao templo todos os dias para rezar. Ela conta que é devota de Nossa Senhora de Fátima e que encontrar um espaço tão pertinho de onde passa a maior parte do tempo foi um conforto. “É muito importante para mim, traz ânimo no dia a dia e me dá muita força”, observa. As missas da Igreja Nossa Senhora de Fátima são celebradas toda segunda-feira às 18h30, e, de terça a sábado, às 6h30 e às 18h30. Aos domingos, as celebrações são as 7h, 9h, 11h, 18h e 19h30. Em 1º de maio começa a conhecida quermesse da igrejinha da 308 Sul, que engloba três dias de festa, com barracas de comida e outras atividades.
Ler mais...
Museu Vivo da Memória Candanga completa 33 anos nesta quarta (26)
Espaço de preservação da história de Brasília, o Museu Vivo da Memória Candanga (MVMC) completa 33 anos nesta quarta-feira (26). As casas de madeira colorida, que conservam o legado deixado pelos candangos na época da construção da capital federal, são usadas atualmente como palco de aprendizado e transformação. São oferecidas oficinas de segunda a sexta-feira, com professores voluntários, nos períodos matutino e vespertino. O leque de opções inclui cursos de crochê no lacre, corte e costura, teatro, macramê, gravura e xilogravura, bordado, costura criativa, argamassa (efeito madeira em madeirite), tecelagem e bordado em ponto russo. A disponibilidade das turmas deve ser consultada pelo telefone 3301-3590. As exposições no Museu Vivo da Memória Candanga podem ser visitadas de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h | Foto: Lúcio Bernardo Jr./Agência Brasília A aposentada Auxiliadora Guenes, 70, é uma das professoras da oficina de corte e costura. Nascida em Pernambuco, veio para Brasília em 1968, acompanhando a família e, em tantos anos chamando o DF de casa, morou em diversas cidades. “Quando chegamos, era tudo mato. Existiam poucas cidades, além do Plano Piloto, mas passei por quase todas”, relembra. [Olho texto=”O MVMC abrigou a primeira unidade de saúde brasiliense, o Hospital Juscelino Kubitschek de Oliveira, criado para atender a todos que ajudavam a erguer a capital federal” assinatura=”” esquerda_direita_centro=”direita”] A aula promovida no museu é prática e aberta a quem quiser aprender, independentemente do sexo e da idade. “A pessoa chega com uma peça de roupa que lhe serve bem, colocamos em cima do papel, modelamos como ela preferir e vamos para o tecido, cortar e costurar”, explica Auxiliadora, que, juntamente com outra professora, comanda uma turma de cerca de 20 alunos. Legado O MVMC abrigou a primeira unidade de saúde brasiliense, o Hospital Juscelino Kubitschek de Oliveira (HJKO), criado para atender a todos que ajudavam a erguer a capital federal. O complexo seguiu em funcionamento até 1974, quando foi fechado. Em 1990, o Governo do Distrito Federal (GDF) instituiu o tombamento do conjunto de casas, permitindo o processo de restauração do espaço. Em 26 de abril de 1990, o local foi reaberto e inaugurado como um símbolo histórico. Para a gerente do espaço, Eliane Falcão, o museu carrega uma missão importante, que tem sido cumprida com sucesso em 33 anos de existência: preservar o patrimônio do DF. “Aqui guardamos a história dos pioneiros, do candango, da nova capital. Aqueles que participaram da construção e ainda estão vivos ficam muito felizes em ver que contamos a história deles”, avalia. Composta por diferentes ambientações, a mostra ‘Poeira, Lona e Concreto’ resgata, em fotos, objetos e documentos, a época da chegada dos candangos | Foto: Divulgação/Secec Gerido pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec), o museu oferece, além de oficinas gratuitas, exposições permanentes. Uma delas é Poeira, Lona e Concreto, que narra a história da cidade desde os sonhos, os projetos, a construção, até os dias atuais. A mostra é composta por diferentes ambientações, com fotografias, textos, móveis e objetos do início de Brasília. O espaço passou por restauração completa em 2022. Outras mostras disponíveis são A importância da mulher na construção da nova capital, O cerrado de Pau e Pedro, A construção de Brasília: fotos de Jankiel Gonczarowska, Brasília 63 anos – a concretização de um sonho e Candangos pioneiros: Ernesto Silva e Edson Porto. Visitas [Relacionadas esquerda_direita_centro=”direita”] As exposições podem ser visitadas de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h. Em horários agendados, o museu promove visitas guiadas que têm como foco a educação patrimonial e a história de Brasília. “Em média, recebemos dois mil visitantes por mês, sendo que a maioria são estudantes do DF e de todo o Brasil”, informa Falcão. As visitas podem ser marcadas pelo projeto Territórios Culturais, fruto de parceria da Secec com a Secretaria de Educação (SEE). Para participar, instituições de ensino públicas e particulares interessadas devem preencher o formulário disponível neste site. É possível ainda combinar uma visita guiada ao museu diretamente com a gerência. Basta enviar o nome do solicitante e da instituição de ensino, telefone e e-mail para contato, endereço da escola, data e horário da visita, quantidade de visitantes (alunos, professores, monitores, motorista), faixa etária e série escolar dos alunos para o e-mail mvmc@cultura.df.gov.br. Serviço Museu Vivo da Memória Candanga ? Funcionamento: segunda a sexta-feira, das 9h às 17h ? Endereço: Lote D Setor Juscelino Kubitschek – Núcleo Bandeirante ? Telefones: (61) 3301-3590 ? Acesse a programação completa do espaço no Instagram.
Ler mais...
Aprovado tombamento provisório da vila pioneira do Paranoá
A antiga Vila Paranoá, acampamento original dos pioneiros que levantaram barragem criando o lago de mesmo nome para a capital federal a partir de 1957, recebeu o tombamento provisório das edificações remanescentes do povoado em torno da Igreja de São Geraldo. A igreja é tombada desde 1993, mas a proteção dos bens do entorno é uma demanda de mais de 40 anos da comunidade, já na terceira geração. [Olho texto=”“O tombamento provisório gera maior segurança para a preservação desse legado e vai nos ajudar a fazer justiça à memória da caminhada das pessoas que tornaram o lugar rico em belezas naturais e construções, convivência e produções culturais, um dos marcos dessa cidade que tanto deve aos pioneiros”” assinatura=”Aquiles Brayner, subsecretário de Patrimônio Cultural da Secec” esquerda_direita_centro=”direita”] O parecer pela proteção do patrimônio histórico, que sobreviveu à ação do tempo e a demolições, foi dado pela Comissão Permanente de Análise e Avaliação de Registro e Tombamento Cultural (Cpaart), vinculada à Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec). O documento, oficializado pelo despacho do secretário Bartolomeu Rodrigues, inclui os remanescentes do assentamento, tanto os construídos quanto os naturais, assim “como as formas de apropriação da área como lugar de manutenção e valorização de memórias e relações afetivas ainda existentes entre antigos moradores e o sítio” – traz o texto. “O Paranoá é uma região rica em história e cultura. O tombamento provisório gera maior segurança para a preservação desse legado e vai nos ajudar a fazer justiça à memória da caminhada das pessoas que tornaram o lugar rico em belezas naturais e construções, convivência e produções culturais, um dos marcos dessa cidade que tanto deve aos pioneiros”, destaca o subsecretário de Patrimônio Cultural da Secec, Aquiles Brayner. Estrutura remanescente do edifício do Corpo de Bombeiros da Vila Paranoá | Fotos: Acervo pessoal Gersion de Castro Os vestígios de mais de duas dezenas de edificações que passam a ser protegidas incluem antigas escolas, postos de saúde, de bombeiros, delegacia, sede da Legião Brasileira de Assistência (LBA), bairros, ruas, áreas verdes e espaços de socialização que testemunharam e constituem lembranças de pertencimento à comunidade. Alguns deles, já demolidos, podem hoje ser apenas sinalizados, mas juntos formam um valioso marco de referência cultural, que se concentram no que é hoje a área do Parque Vivencial do Paranoá, criado em 1994. Um dos documentos que embasaram a aprovação do tombamento provisório dos remanescentes da Vila é o trabalho de conclusão da especialização em Educação e Patrimônio Cultural e Artístico feita pelo servidor da Secec Gersion de Castro Silva, na Universidade de Brasília (UnB), intitulado A história de uma cidade invisível: Vila Paranoá e seus quintais de memórias (2019). Servidor da Secec, Gersion de Castro Silva fez trabalho de conclusão da especialização em Educação e Patrimônio Cultural que embasou a aprovação do tombamento provisório A dissertação resgata documentos sobre a histórica local, traça o caminho que levou da construção dos primeiros barracões à formação do patrimônio material e imaterial e propõe anotações sobre a iconografia e as vozes não ouvidas por quem é de fora do lugar. Técnico em atividades culturais, Gersion comemora a boa notícia. Descendente de pioneiros da Vila Paranoá e militante da causa de preservação do patrimônio cultural material e imaterial presentes no local, ele explica que agora a tarefa é elaborar um dossiê para obter a inscrição definitiva nos Livros do Tombo, onde são listados os bens que passam a contar com a proteção do Estado, vedando problemas como graves alterações nos imóveis ou novas demolições. Gersion, que é um dos idealizadores do Museu Vivo da Memória da Vila Paranoá (MVMVP), também é escritor e artista plástico e parte de sua produção inclui quadros que misturam reconstituição histórica e poética do acampamento, com seus antigos equipamentos em paleta vibrante de cores, dentro da chamada arte naïf brasileira, tão espontânea e instintiva. O antigo posto de saúde da Vila Paranoá é uma das construções que receberam tombamento provisório História e preservação A antiga Vila Paranoá tem histórias para contar que não encontram muito espaço nos registros historiográficos oficiais de Brasília. O documentário Batalhas pelo Patrimônio, Batalhas pela História, produzido em 1999 pelo professor José Walter Nunes, da Universidade de São Paulo (USP), preenche algumas dessas lacunas. O filme, disponível na internet, se destaca pela coleta de depoimentos orais para costurar a narrativa, com o objetivo de ampliar a noção de patrimônio histórico-cultural, passando a incluir os laços sociais, afetivos e identitários dos protagonistas nos movimentos históricos vividos e também reforçar o vínculo entre patrimônio e memória. [Relacionadas esquerda_direita_centro=”direita”] Na obra, que registra acontecimentos do início da década de 1980, o depoimento da pioneira Maria da Guia de Souza atesta o sentimento de violência psicológica nas tentativas de desocupação feitas por policiais militares. “A sensação é que não passavam os tratores só por cima das casas, mas também sobre todo o passado de luta da gente, sobre nossa história”, registra o depoimento gravado no documentário. Como resultado da luta, que foi seguida por greves de fome e manifestações na Esplanada dos Ministérios em plena vigência da ditadura militar, o governador do DF à época, José Aparecido de Oliveira, assinou decreto pela fixação dos pioneiros na área, em agosto de 1988. No entanto, na realidade, os antigos ocupantes acabaram cedendo e se movendo para local próximo, no que é hoje a RA7, o novo Paranoá. Tombamento definitivo A servidora Rayane Cristina Chagas Silva, atual presidente da Cpaart, explica que a matéria do tombamento dos remanescentes da Vila Paranoá segue agora para avaliação do Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural do Distrito Federal (Condepac), que delibera sobre o tombamento definitivo. O órgão colegiado, com funções deliberativas, consultivas, fiscalizadoras e normativas, tem composição paritária entre o poder público e a sociedade civil. “O coletivo com 24 participantes vai se reunir quando tiver os instrumentos que aprofundam o estudo sobre o bem cultural, basicamente um inventário com dossiê e plano de preservação e salvaguarda”, explica Rayane. *Com informações da Secretaria de Cultura e Economia Criativa
Ler mais...