Janeiro Branco: Espaços de convivência ajudam a diminuir a solidão e cuidam da saúde mental
A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera o isolamento social uma grave ameaça à saúde pública. Além do impacto na saúde mental, a sensação de estar só está associada a doenças cardiovasculares, metabólicas e à mortalidade precoce. A gerente do Centro de Atenção Psicossocial (Caps) III de Samambaia, Ana Luísa Lamounier, acredita que espaços terapêuticos como os oferecidos nas unidades cumprem um papel fundamental ao oferecer um ambiente de convivência. Francisco José Pereira Júnior, de 62 anos, é paciente do Caps há mais de cinco anos, e utiliza frequentemente o espaço de convivência do centro | Fotos: Jhonatan Cantarelle/Agência Saúde-DF “As pessoas vêm para conversar, se encontrar e formar laços. Esses espaços não são só para cuidados de saúde, mas também para integrar. Muitas vezes, práticas como dança, fotografia ou rodas de conversa não têm o foco na atividade em si, mas no fato de estarem juntos e partilharem experiências, o que torna tudo terapêutico”, explica. O corretor e pintor Francisco José Pereira Júnior, 62, frequenta o Caps III da região administrativa há mais de cinco anos e concorda com a gerente. “Venho aqui para participar das turmas, das conversas e para ver meus amigos, como a dra. Juliana e o Gilson. Eu ajudo na horta e plantei aquela roseira ali para não me sentir tão sozinho”, relata. Ele foi diagnosticado com transtorno bipolar e utiliza frequentemente o espaço de convivência da unidade. Para ele, a solidão é o maior incômodo. Segundo a OMS, o mundo está se tornando cada vez mais solitário, apesar da projeção de 8,09 bilhões de pessoas no mundo em 2025. A instituição considera o problema uma ameaça à saúde pública e novos estudos indicam que os impactos do isolamento vão muito além da saúde mental. Entre as consequências estão diabetes, maior risco de doenças cardiovasculares, demência e a síndrome da fragilidade em idosos — condição caracterizada por perda de peso, massa muscular e força física. Para a gerente do Caps III de Samambaia, Ana Luísa Lamounier, espaços terapêuticos como o Caps cumprem um papel fundamental: “As pessoas vêm para conversar, se encontrar e formar laços” A profissional do Caps III reforça que a socialização é benéfica para todos, inclusive para pessoas introvertidas. A vivência coletiva é utilizada enquanto recurso terapêutico. “Uma pessoa introvertida pode preferir interações mais curtas e com poucas pessoas, mas isso não significa que ela não precise socializar. Ter vínculos de amizade, mesmo em grupos pequenos, faz toda a diferença”. Ela destaca que interações virtuais, como redes sociais e jogos online, não substituem o contato presencial. “A troca que ocorre no convívio pessoal é rica em informações e promove um impacto positivo na saúde. O convívio social diminui o risco de demência e outras doenças. Às vezes, mesmo quando não queremos, socializar faz bem”, conclui. “Eu acho que o amor também pode ser um tratamento muito terapêutico. Ele ajuda a desenvolver habilidades sociais que, quando estamos isolados, acabam se enfraquecendo. Criar vínculos, gostar de alguém, sentir-se apoiado — tudo isso tem um impacto enorme na felicidade das pessoas. Mesmo aqui no Caps, mesmo que o motivo principal da pessoa não seja algo relacionado ao humor, a possibilidade de compartilhar suas experiências é sempre algo muito terapêutico”, explica Juliana Neves Batista, assistente psicossocial da unidade. Onde buscar ajuda Além das unidades dos Centros de Atenção Psicossocial, é possível encontrar auxílio de forma virtual. Promovida pela Gerência de Práticas Integrativas da Secretaria de Saúde (SES-DF), a Terapia Comunitária Online é um espaço seguro, onde as pessoas podem falar das suas questões e receber ajuda profissional. Sempre às 15h de quintas-feiras, o grupo – apelidado de “SUS em casa” – se reúne de forma virtual. Para participar, basta acessar o link da ferramenta Zoom. *Com informações da SES-DF
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‘A covid-19 já nos mostrou o valor e a importância da ciência’
Ter sido contaminado pelo novo coronavírus não é motivo para relaxar e deixar de seguir à risca todos os protocolos de segurança estabelecidos pelos órgãos de saúde. O uso de máscara e álcool gel, bem como a prática do distanciamento social, deve permanecer para todos, mesmo aquelas pessoas que já foram imunizadas com a primeira e a segunda doses da vacina contra a covid-19. O alerta é do médico e professor da Universidade de Brasília (UnB) André Moraes Nicola. Pesquisador financiado pela Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti) por meio da Fundação de apoio à Pesquisa do DF (FAP-DF), o especialista busca no plasma do sangue das pessoas infectadas a solução para combater o novo coronavírus. Em entrevista à Agência Brasília, o cientista ressalta a importância de manter todos os cuidados para evitar uma reinfecção e/ou transmissão da doença. Doutor em Patologia Molecular pela UnB, ele reforça o papel fundamental da ciência como ferramenta na luta contra o coronavírus, além de salientar a importância do investimento financeiro que o governo local tem feito para colocar em prática diversas ações de combate à pandemia da covid-19. Somente no último ano, o Governo do Distrito Federal (GDF) já investiu mais de R$ 30 milhões para apoiar a execução e o desenvolvimento de projetos e ações de pesquisa, inovação e extensão destinadas à prevenção e ao combate à covid. Acompanhe, a seguir, os principais trechos da entrevista. Foto: Acácio Pinheiro/Agência Brasília Qual deve ser a rotina de cuidados de quem já foi infectado pela covid? As pessoas têm que continuar tomando os mesmos cuidados. Infelizmente, essa situação ainda vai nos acompanhar durante muito tempo. Existem aqueles que podem se contaminar uma segunda vez e, pelo menos em alguns casos, essa segunda contaminação parece ser mais grave do que a primeira. É possível que essas pessoas fiquem doentes de novo. Além disso, elas podem se contaminar e, apesar de não ficarem doentes, podem transmitir. Relaxar as medidas, como não usar máscara, encoraja outras pessoas, que vão ter a sensação de que está tudo bem e que podem sair de casa dessa forma, se expondo ao risco. Após contrair a doença, quais os cuidados imediatos que a pessoa que saiu da quarentena deve tomar? A transmissão desse vírus é, principalmente, por via aérea, ou seja, por gotículas e aerossóis que saem da nossa respiração, fala, tosse. A principal ferramenta de prevenção é a máscara. A ventilação também. Os ambientes precisam ser bem-ventilados, com janelas abertas, circuladores de ar, além do distanciamento social. É preciso evitar pessoas de mais de uma família imediata dentro de um ambiente fechado. Quem já foi infectado está mais suscetível a outras doenças? Existem pessoas que contraem a covid-19 e passam um bom tempo sofrendo os efeitos da doença. Ainda não vi nenhum trabalho mostrando claramente que ela fique mais suscetível a outras doenças. É possível, mas ainda não conhecemos o suficiente sobre o novo coronavírus, que começou há cerca de um ano apenas. [Olho texto=”“Ninguém, em nenhuma idade, é imune. Todos precisam se isolar, com proteção respiratória, independentemente da idade”” assinatura=”” esquerda_direita_centro=”esquerda”] Existe um padrão de tratamento pós-covid? É importante ter o acompanhamento com o médico que fez o diagnóstico e o tratamento, justamente para dar assistência aos casos que têm efeitos prolongados da covid-19. Existem pessoas que vão ficar com problemas pulmonares e precisam de fisioterapia respiratória para poder recuperar a função pulmonar, por exemplo. A maioria não vai ter isso. Uma vez que o tempo de quarentena passou, elas podem voltar a ter uma vida saudável. Temos observado o aumento de infecções entre crianças, adolescentes e jovens. Existe uma faixa etária de risco? As pessoas mais jovens não são imunes a essa doença. No começo, muita gente falava que era só isolar os idosos e tudo ia se resolver. Essa situação trágica que estamos vivendo hoje é uma resposta clara a isso. Ninguém, em nenhuma idade, é imune. Todos precisam se isolar, com proteção respiratória, independentemente da idade. Já temos respostas sobre o porquê desse aumento de casos em jovens? Temos respostas possíveis, mas nenhuma comprovada. Pode ser que as novas variantes do vírus sejam capazes de causar doenças em pessoas mais jovens ou mesmo um reflexo do comportamento delas ao não usarem máscara adequadamente e não praticarem o distanciamento social adequado. [Olho texto=”“Tanto para proteger a si mesmo quanto às outras pessoas em volta, quem já tomou a vacina, mesmo as duas doses, deve continuar usando máscara, álcool gel, praticando distanciamento social, evitando atividades em ambientes fechados e optando por ambientes abertos”” assinatura=”” esquerda_direita_centro=”direita”] Quem já se vacinou está totalmente imune? Existe uma vacina que está entrando no mercado que é de dose única. As outras são de duas doses. Os estudos mostram que a primeira dose é suficiente para gerar alguma produção de anticorpos, mas não tem nenhuma pesquisa mostrando que uma única dose é capaz de prevenir a doença. É diferente produzir anticorpos e estar protegido. Você precisa de uma quantidade bem grande para estar protegido. Existem registros bem claros de pessoas que tomaram uma dose da vacina, se contaminaram com o vírus e desenvolveram a doença. Além de poder se reinfectar, a pessoa também pode transmitir? Todas as vacinas têm uma determinada eficácia, ajudam muito a diminuir os casos graves, mas ainda não temos evidências suficientes para saber se a vacina previne a transmissão da doença, porque a pessoa pode se infectar com o vírus, não ficar doente, mas ainda sim ser capaz de passar o vírus para outra – além do risco de, mesmo vacinada, desenvolver a doença. Tanto para proteger a si mesmo quanto às outras [pessoas] em volta, quem já tomou a vacina, mesmo as duas doses, deve continuar usando máscara, álcool gel, praticando distanciamento social, evitando atividades em ambientes fechados e optando por ambientes abertos. Assim como ocorre com outros vírus, o do Sars-CoV-2 — causador da covid-19 — tem sofrido diversas mutações. As vacinas que já foram produzidas podem se tornar ineficazes? Quando o vírus sofre mutações, muita coisa pode mudar nele, mas já há uma série de trabalhos científicos mostrando que várias dessas vacinas são eficazes contra essas variantes, que anticorpos fármacos que estão em desenvolvimento nos Estados Unidos funcionam contra essas mutações. Elas têm causado um dano muito grande, mas não mudaram o suficiente para que todas essas ferramentas, que a gente desenvolveu ao longo de um ano, parem de funcionar completamente. [Olho texto=”“Com o investimento do GDF, tivemos pesquisas que testaram novas terapias e estudos que mostraram perfis epidemiológicos. Isso ajuda o sistema de saúde”” assinatura=”” esquerda_direita_centro=”esquerda”] O senhor e sua equipe estão desenvolvendo uma pesquisa sobre terapia com plasma. O que isso significa? São duas partes distintas. Uma é com pacientes com covid-19 internados em hospitais. Tiramos o sangue de pessoas que sobreviveram à doença, que tem anticorpos, e usamos para tratar em outros. O que nós esperamos é que o plasma vá diminuir a proporção dos casos moderados que vão progredir para formas mais graves. Caso essa hipótese se confirme, esse tratamento pode ser muito importante, tanto para o paciente que recebe o plasma quanto para os sistemas de saúde, pois, se há menos pessoas precisando de ventiladores e vagas de UTI [Unidade de Terapia Intensiva], o sistema como um todo funciona melhor e consegue ajudar um número maior de pacientes. Esse ensaio clínico está em andamento no Hran [Hospital Regional da Asa Norte]. Agora, estamos avaliando as informações. Nessa parte do projeto, temos uma colaboração internacional com outros sete hospitais de cinco países diferentes para estudar o plasma de convalescentes. A segunda parte é um projeto de biotecnologia. Usamos as mesmas amostras desses doadores que tiveram a doença. Em vez de tirarmos o sangue e os anticorpos que eles produziram, pegamos as células do sangue, o material genético e usamos a engenharia genética para produzir esses anticorpos em grande quantidade, que são os mesmos que os ajudaram a se curarem da doença. É um trabalho para fabricar um anticorpo para produzir essas amostras de doadores. A pesquisa começou no ano passado. O estudo com plasma deve ter o primeiro resultado ao longo das próximas semanas. Já o trabalho com anticorpos, que é o desenvolvimento de uma nova droga, em geral, demora por volta de dez a 15 anos. Qual a importância de investir nesse tipo de pesquisa? A ciência é a principal ferramenta que a gente tem para sair dessa situação. Falo isso olhando para o passado e comparando com outras situações parecidas que a humanidade viveu. Hoje em dia, vivemos uma tragédia terrível, mas em outros momentos, antes de termos conhecimentos suficientes sobre como as doenças infecciosas são transmitidas, elas matavam uma fração muito maior de pessoas. Apesar de estarmos em uma situação em que milhares de pessoas estão morrendo por dia, caso a gente não tivesse todo esse conhecimento acumulado de séculos de ciência, estaríamos vendo mais pessoas morrerem. Essa pandemia mata menos que pandemias antigas porque temos ciência. A covid 19 já nos mostrou o valor e a importância da ciência. Conseguimos desenvolver vacinas em um período muito curto, testar novas drogas e saber se elas funcionam ou não. Esse investimento em pesquisa é crucial para podermos resolver essa situação de uma forma bem ampla. Com o investimento do GDF, tivemos pesquisas que testaram novas terapias e estudos que mostraram perfis epidemiológicos. Isso ajuda o sistema de saúde a montar um sistema melhor. Os recursos de pesquisas foram e estão sendo cruciais para que o DF consiga responder aos desafios da pandemia. Qual recado o senhor daria, hoje, para a população? É importante pensarmos que estamos em um momento ruim. Estamos vivendo uma tragédia sanitária, que é o caso dessa pandemia, mas existe uma luz no fim do túnel. Estamos no meio de um pico, mas existem ferramentas para diminuir a reincidência da doença, do sofrimento causado por ela, desde que a gente leve as instruções de isolamento a sério, o uso de máscara, álcool gel; e quem puder, use as vacinas. As pessoas não devem perder a esperança. Estamos numa situação muito ruim, mas vai melhorar, se seguirmos as recomendações. [Relacionadas esquerda_direita_centro=”centro”]
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Comunicado oficial do GDF
Segue link do Comunicado Oficial publicado nas redes sociais do GDF e da Agência Brasília.
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Um apelo pela vida
Secretário da Casa Civil, Gustavo Rocha, e o adjunto de Assistência à Saúde, Petrus Sanchez, disseram em entrevista coletiva que há pessoas que não se conscientizaram da seriedade do momento que estamos passando | Foto: Lúcio Bernardo Jr / Agência Brasília A população da capital da república precisa se envolver mais para ajudar o governo a conter os avanços do coronavírus, que já vitimou quase cinco mil pessoas, só no Distrito Federal. Esse é o entendimento do GDF apresentado pelo secretário da Casa Civil, Gustavo Rocha, e o secretário adjunto de Assistência à Saúde, Petrus Sanchez, em coletiva à imprensa realizada nesta tarde de segunda-feira (8), no Palácio do Buriti. [Olho texto=”“O maior índice de contaminação ocorre justamente no período noturno e, infelizmente, continua ocorrendo”” assinatura=”Gustavo Rocha, secretário da Casa Civil” esquerda_direita_centro=”esquerda”] Após decretar o toque de recolher no período noturno de 22h às 5h da manhã, o Executivo voltou a apelar para a colaboração popular. Segundo o secretário da Casa Civil, Gustavo Rocha é necessário diminuir com urgência as aglomerações e, consequentemente a taxa de transmissibilidade do vírus, que passa de 1,32. “O maior índice de contaminação ocorre justamente no período noturno e, infelizmente, continua ocorrendo. Há pessoas que não se conscientizaram da seriedade do momento que estamos passando – o Brasil, o mundo todo -, e continuam nas suas aglomerações, continuam saindo”, explicou o gestor. Segundo Rocha, há 10 dias essas taxas estavam bem mais baixas e, a preocupação do governo é com daqui a algumas semanas. “O que está sendo visto hoje nas ruas, será refletido em mais e mais gente contaminada”, afirmou ao se dizer bastante preocupado. Ele detalhou ainda que o GDF tem intensificado a contratação de novos leitos de UTI, “mas nada será suficiente” se as taxas de infecção e reinfecção não baixarem. “Já foram abertos 264 leitos a mais do que existia. Todos esses leitos já foram ocupados. Na medida que abrem leitos, eles são ocupados no mesmo momento”, lamentou. Para o secretário Petrus Sanchez, o pedido de colaboração do governo para evitar aglomerações é algo mais temporário que foi no passado. Ele lembrou que com a chegada da vacina, e os bons resultados apresentados, a colaboração será essencial para evitar mais mortes. “A vacinação de idosos, a partir de 80 anos de idade, com 30 dias, surtiu efeito – e já mostrou que esse público já não repercute na internação, quando comparado ao público de 65 a 79 anos”, apontou. “Esse é um dado que ficou bem nítido na nossa equipe de avaliação. A vacinação protege bem, mas enquanto estamos avançando na vacinação, precisamos que todos redobrem os cuidados”, destacou. [Relacionadas esquerda_direita_centro=”direita”] Sanchez disse que o governo está fazendo um esforço enorme para recompor os leitos para conseguir acolher quem necessitar da internação, mas precisa que a população volte a se envolver com mais seriedade às medidas restritivas. “Em 2020, tivemos uma taxa de isolamento alta, quando a população se comportou muito bem, mais de 60% de isolamento. Agora, com medidas restritivas, não se consegue chegar a 40% de taxa de isolamento”, lamentou. Para ele, a melhor gestão no momento não é apenas garantir a ampliação de leitos. “Se não tivermos o controle da disseminação da doença, vamos consumir todos os leitos, de enfermaria e de UTI. Daí a importância do trabalho conjunto com a população, tendo ciência que ela tem um papel fundamental para controlar a disseminação do Covid”, apelou.
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Jardim Botânico de Brasília se organiza para reabertura
Para assegurar proteção ao público e aos servidores, JBB reforça os procedimentos preventivos durante este fim de semana | Foto: Divulgação / JBB Este fim de semana é de trabalho intenso no Jardim Botânico de Brasília (JBB), que se organiza para receber os visitantes em breve, cumprindo todos os protocolos necessários para manter a proteção contra o coronavírus. A unidade está entre os 16 parques do DF autorizados a retomar as atividades, conforme publicado na edição extra de sexta-feira (17) do Diário Oficial do Distrito Federal (DODF). Durante sábado e domingo (18 e 19), as equipes do JBB atuarão na higienização dos espaços, garantindo a eliminação de riscos à saúde dos visitantes e servidores. Serão isoladas as áreas comuns, como banheiros, orquidário, Espaço Ciência e parquinho infantil. Certificadas todas as condições de segurança, o espaço poderá reabrir para visitação. O foco, neste momento, é seguir rigorosamente as normas previstas no decreto e as recomendações das autoridades sanitárias para evitar a proliferação da Covid-19. A liberação para a reabertura do JBB e outros parques está no Decreto nº 40.997, que incluiu os locais na listagem original publicada no Decreto nº 40.846, de 30 de maio. Nesta etapa, continuam em vigor as principais medidas de segurança. Os bebedouros serão interditados, e será proibido qualquer tipo de comércio dentro do Jardim Botânico. A exemplo dos servidores, todos os frequentadores, por sua vez, só poderão circular com máscaras de proteção facial. * Com informações do JBB
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‘Dados e estatísticas norteiam GDF nas ações contra o coronavírus’
ENTREVISTA O Governo do Distrito Federal (GDF) tem sido pioneiro na adoção de medidas para combater a pandemia provocada pelo novo coronavírus (Covid-19) no Brasil – ações que têm como base estudos e dados locais e internacionais. Na capital, a Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan) tem atuado na junção dessas informações para alimentar e nortear as medidas do Executivo. “O governador acertou com a antecipação das medidas de isolamento. Elas têm surtido efeito, e vejam que hoje, felizmente, não temos o mesmo quadro de infecções de outras cidades, em que os casos se multiplicaram em poucos dias”, afirma o presidente da Codeplan, Jean Lima, em entrevista à Agência Brasília. Ele destaca que o governo monitora o fluxo de pessoas no transporte coletivo e nas ruas, a atuação das unidades de saúde e os impactos sociais e econômicos – além de trabalhar com projeções de casos futuros para adquirir insumos e equipamentos de saúde. Confira, abaixo, os principais trechos da entrevista. Foto: Renato Alves / Agência Brasilia Como a Codeplan tem contribuído no combate ao novo coronavírus (Covid-19)? A Codeplan tem desempenhado um papel agregador de reunir os dados das pesquisas já desenvolvidas no âmbito socioeconômico com as informações de diversas áreas do governo – dados da Saúde, Segurança Pública, Mobilidade e Social. Com esse cruzamento de informações, a gente consegue apresentar cenários para que o governador possa tomar decisões e até mesmo propor políticas de enfrentamento ao vírus. O Distrito Federal foi uma das primeiras unidades da federação a adotar medidas de prevenção contra a Covid-19. Com que tipo de dados vocês contribuíram para tomar decisões? A Pesquisa de Amostra Domiciliar (PAD) foi uma das ferramentas que utilizamos. Ela funciona como um censo do Distrito Federal. Com ela, conseguimos mapear todo o território por faixa etária, sexo e região administrativa, e isso nos ajuda a entender as questões demográficas do DF: onde temos mais idosos, que estão no grupo de risco; qual o nível de acesso da população à internet, o que possibilita a ampliação de medidas como o teletrabalho e as aulas virtuais. Podemos ver também como está a questão do transporte público, quem utiliza, quem não. Ou seja, temos uma radiografia detalhada de todo o DF. A partir dela, vimos a necessidade de ampliar as informações do Entorno. Então, o governador Ibaneis Rocha nos demandou para que, neste ano, a gente faça também a Pesquisa de Amostra Domiciliar dos Municípios da área metropolitana do DF. Ela é muito importante para entendermos o fluxo de pessoas na área metropolitana. A gente estima que 200 mil pessoas dessa área metropolitana trabalham no DF. Então, é importante monitorarmos esse fluxo de pessoas, a rede de atendimento da saúde, a rede de atendimento da educação, do transporte público e demais serviços. Outra pesquisa importante para termos como termômetro num momento como esse é a Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED). Somos o único estado da federação que realiza esse levantamento. Com ele a gente consegue mapear os setores econômicos, a questão dos informais e profissionais autônomos, um dos mais afetados pela pandemia da Covid-19. Com esses cenários, podemos oferecer informações suficientes para que o governo tome medidas paliativas. Então, antes de qualquer medida de contenção à pandemia, o governo está analisando todos esses dados? O governador tem uma inteligência e feeling que contam muito, mas suas decisões são tomadas sempre com uma base científica. Ele verifica pesquisas, compara dados, quer conhecer os números. Utiliza protocolos internacionais de sucesso, como os de Singapura, Hong Kong e Japão. Ele quer tomar decisões sempre com embasamento em pesquisas, dados, e é isso que ele tem nos pedido sempre. Seja na Codeplan, seja nas secretarias, seja na Casa Civil, ele quer o maior número de informações e estudos para ajudá-lo na tomada de decisão. Uma das maiores preocupações da população é com os reflexos do isolamento social na economia. Como o governo está monitorando essa questão? Sim, estamos acompanhando tudo isso, apesar de a situação ser ainda muito nova do ponto de vista estatístico. Como eu disse, a PED é uma pesquisa mensal, e a gente retomou agora com a nova metodologia, que abrange inclusive o mercado do trabalho na área metropolitana. Com isso, vamos conseguir monitorar melhor e de maneira mais ampla os segmentos da economia mais afetados. Poderemos, inclusive, avaliar o impacto das medidas de isolamento social por segmento de atividade econômica. Estamos falando de menos de 20 dias, desde o decreto de pandemia internacional. Então, a base de informações é de meses anteriores? Boa parte das estatísticas que estamos utilizando é de pesquisas que realizamos antes da pandemia. Mas, com elas, é possível trabalharmos com projeções do ponto de vista estatístico. Ou seja, não refletem a realidade, porque não é possível mensurar a situação assim tão rapidamente, mas são dados atualizados que nos ajudam a projetar um futuro próximo. Por exemplo, o último dado que a gente tem do Caged, que é o Cadastro Geral dos Empregos Formais, é de fevereiro. É um dado recente, que em março atualiza. Com ele, a gente consegue mapear pelo setor de serviços o número estimado de empregados por área, tanto os formais quanto os informais. Isso é importante para nortear o governo a implementar ações para esse setor. Dentro desse panorama, dá para saber quais são os segmentos mais afetados hoje? O governo já pensa em algo para socorrer essas atividades? Temos uma peculiaridade em Brasília, que é o peso do serviço público na nossa economia. Isso nos dá uma boa retaguarda, já que metade da atividade econômica se concentra nele. A outra metade é justamente a dos trabalhadores informais e autônomos. Esses, sim, são os mais atingidos, porque os negócios estão fechados e os serviços estão sendo suspensos. Há também uma preocupação do governo com a população de baixa renda, que está no Cadastro Único, algo em torno de 98 mil famílias. Boa parte deles, com o fechamento de escolas, tem dificuldade em alimentar os filhos. Todo esse levantamento foi feito, e o governo tem implementado medidas para arrefecer esse impacto. As secretarias de Economia e Desenvolvimento Social, juntamente com o Banco de Brasília [BRB], também estão estudando alternativas para isso. Nós, da Codeplan, não tomamos nenhuma decisão. Evidentemente que a gente subsidia as decisões dos gestores, mas não gera nenhuma política pública. A gente levanta as informações para subsidiar as decisões dos gestores. É como um raio-X da realidade de cada setor? Vocês apresentam os dados, e as propostas de governo são encaminhadas depois? Isto. O gestor se baseia nos dados que a gente consegue levantar. Às vezes, a própria secretaria tem as informações, e a gente apenas reorganiza e acaba alertando, com números, a necessidade de tomada de decisões preventivas. A dinâmica de todos no governo, em período de pandemia, de crise, não permite, às vezes, que as pessoas parem para lidar com esses dados. Então, a Codeplan entra trabalhando os dados para que, com informações consolidadas, as pastas possam tomar as melhores decisões. [Olho texto=”“A dinâmica de todos no governo, em período de pandemia, de crise, não permite, às vezes, que as pessoas parem para lidar com esses dados. Então, a Codeplan entra trabalhando os dados para que, com informações consolidadas, as pastas possam tomar as melhores decisões”” assinatura=”” esquerda_direita_centro=”centro”] Como está sendo a troca de estudos, dados e levantamentos entre os governos de estado e federal? Temos parceria com o Ipea [Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada] e o IBGE [Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística]. Existe a Associação Nacional das Instituições de Pesquisa e Estatística do Brasil [Anipes], da qual a Codeplan faz parte; temos contato com o Instituto Mauro Borges [IMB], de Goiás, e com a Fundação João Pinheiro [FJP], em Minas Gerais. São alguns institutos que estão atuantes nesse processo de pandemia e fazendo esse trabalho de tentar subsidiar as decisões dos gestores, mas ainda não há uma ação muito bem articulada. A gente precisa se articular melhor para formular políticas públicas nesse momento de crise. Como a atual gestão tem tratado a questão da pesquisa e ciência? Tem dado importância? Sim, o governo valoriza isso, o que é muito bom para a população. O governador Ibaneis Rocha tomou, inclusive, a iniciativa de fortalecer a atuação da Codeplan. Existe um projeto de lei, em discussão na Câmara Legislativa do DF [CLDF], para que a Codeplan se transforme em um instituto de pesquisa. Seria uma iniciativa que, em 60 anos, não tivemos no DF. Uma decisão que institucionaliza uma autarquia responsável por todos os estudos demográficos e também socioeconômicos. Com isso, continuaremos a monitorar, por exemplo, o mercado de trabalho. O fato de a Codeplan estar no gabinete coordenado pela Casa Civil sobre a Covid-19 mostra que o governador precisa desse respaldo e acredita nessa atuação, acredita nos dados científicos, na produção de ciência para a gestão pública. Com o impacto causado pelo novo coronavírus, já é possível ter uma projeção do Produto Interno Bruto [PIB] de Brasília? Ainda não dá para fazer essa projeção agora. O cenário ainda é muito imprevisível; precisamos esperar mais um pouco para perceber como será essa retomada econômica. Com os dados coletados até agora, já temos um perfil das vítimas do novo coronavírus? Cruzando os dados internacionais da doença com aqueles produzidos pela Secretaria de Segurança Pública e pela Secretaria de Saúde, já podemos traçar esse perfil. Quase 60% dos infectados são homens, e boa parte tem acima de 40 anos. É um perfil que a gente percebe nos mais de 300 casos confirmados no Distrito Federal. Agora, o que estamos tentando fazer é uma projeção, juntamente com a Vigilância Epidemiológica, dos possíveis infectados na capital para os próximos 15, 30, 60 e 90 dias. Mas isso só será possível agora, ao completarmos o segundo ciclo. Ou seja, desde a suspeita do primeiro caso, que foi em 5 de março, para hoje, já são 28 dias. Agora, a gente quase fecha um ciclo no ponto de vista estatístico e tem mais confiabilidade para fazer essa projeção, com a estimativa de quantos infectados e casos confirmados a partir dos dados que já temos. Nos próximos dias, vamos pegar firme nesses estudos para apresentar as conclusões em breve. Ao restringir as pessoas na rua, o que o governo quis evitar? Com base em experiências internacionais, o Brasil trabalha com um dado estimado de percentual de população – assintomáticos e sintomáticos –, além de um perfil de letalidade, que aumenta a partir dos 40 anos, sendo que a população mais vulnerável é, sem sombra de dúvida, a dos idosos acima de 60 anos. No Distrito Federal, sabemos, por meio de pesquisas demográficas regionalizadas, que temos em torno de 300 mil idosos. Deste total, um terço mora sozinho ou com outro idoso; e os outros dois terços dividem moradia com adultos e crianças. Ou seja, são mais de 200 mil idosos expostos a vetores [de transmissão] que circulam e levam para casa o vírus. Isso poderia impactar negativamente na saúde pública. Por isso, a decisão do governador de conter o fluxo dessas pessoas. Observe que entre os idosos também é maior o nível de letalidade. [Olho texto=”“São mais de 200 mil idosos expostos a vetores que circulam e levam para casa o vírus. Isso poderia impactar negativamente na saúde pública. Por isso, a decisão do governador de conter o fluxo dessas pessoas”” assinatura=”” esquerda_direita_centro=”centro”] O que vocês conseguiram ver desses assintomáticos? Que tipo de informações? Os assintomáticos têm de todas as idades, sendo mais comuns entre as crianças e jovens. Para chegar a esses dados, tomamos por base estatística a Europa e a Ásia. Infelizmente, não é um dado que ainda tem base na América e nem na África. Então, se calcula uma métrica estatística para embasar qual o perfil do assintomático e qual é o do sintomático. A partir daí, a gente adapta ao padrão demográfico do DF. Ou seja, temos um cálculo estatístico por idade e conseguimos ter ideia do percentual de pessoas sintomáticas e assintomáticas por idade e por sexo, mas esse é um dado meramente estatístico. É uma projeção. É para termos apenas uma ideia de qual é a nossa realidade. Por isso, é muito importante [adotar] as medidas de isolamento, porque não temos como identificar todos os assintomáticos, que, apesar de não apresentarem sintomas, podem transmitir a doença. O ideal seria ter testes para todos, porque saberíamos quem tem e quem não tem o vírus. Mas, como isso não é possível – não foi possível em lugar nenhum do mundo –, as medidas de isolamento são importantes para o controle da transmissão do vírus. [Olho texto=”“O ideal seria ter testes para todos, porque saberíamos quem tem e quem não tem o vírus. Mas, como isso não é possível – não foi possível em lugar nenhum do mundo –, as medidas de isolamento são importantes para o controle da transmissão do vírus”” assinatura=”” esquerda_direita_centro=”centro”] As pessoas falam muito da curva de infecção. O que é essa medida, e como mantê-la abaixo do nível esperado? O governo optou por utilizar padrões de orientações e os protocolos de Singapura, um dos locais que conseguiram um melhor controle do vírus. Quando dizemos que estamos dentro do controle da curva, significa que estamos no limite das ações de Singapura, nem para mais, nem para menos. E, nesse contexto, o governador acertou com a antecipação das medidas de isolamento. Elas têm surtido efeito, e vejam que hoje, felizmente, não temos o mesmo quadro de infecções de outras cidades em que o quadro se multiplicou em poucos dias. O controle da curva é justamente isso: ir medindo dia a dia o número de casos e relacionando essas informações com o fluxo de pessoas, o funcionamento dos estabelecimentos, a dinâmica das cidades. E como está essa avaliação no DF? A gente tem uma concentração inicial de infectados na região do Plano Piloto. Já nas regiões mais populosas, como Ceilândia, Samambaia e Taguatinga, temos um número reduzido de casos. Só nessas cidades temos mais de 1,5 milhão de pessoas, então o que a gente verifica é que temos hoje uma concentração de infecção regionalizada. Isso é importante para mapear os locais e, a partir das decisões de isolamento, não permitir a pulverização de casos de infectados. E isso é muito importante para evitarmos que a população se contamine toda ao mesmo tempo, porque aí colapsaria o sistema de saúde. Como está sendo o acompanhamento dos locais com maior fluxo de população? Estamos utilizando os dados da bilhetagem do Banco de Brasília e as informações dos contratos de ônibus e de operação do metrô da Secretaria de Mobilidade. Por meio do número de viagens, a gente segue monitorando diariamente o transporte público, desde o dia 5 de março. O segundo dado é a informação das câmeras de monitoramento do Departamento de Estradas de Rodagem do DF [DER/DF], que consegue identificar o fluxo de veículos nas principais vias do DF. A partir desses cálculos, a gente transporta tudo para uma tabela, na qual o governador pode ter a dimensão do fluxo de pessoas na cidade. Do dia 5 ao dia 23 de março, por exemplo, a gente observa uma diminuição de 78% do número de passageiros no transporte público, considerando ônibus e metrô. O fluxo de carros também caiu em torno de 50%. Uma queda significativa e importante. Outro monitoramento feito pela Casa Civil é por meio de um convênio com empresas de telefonia celular. A gente consegue identificar, por meio dos sinais de aparelhos telefônicos, o fluxo de deslocamento da população. https://youtu.be/nTjH6W2tHKc
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