Protocolo antirracista para as escolas do Distrito Federal é lançado
A Secretaria de Educação (SEEDF) lançou, nesta quarta-feira (12), em conjunto com o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) e com o Movimento Negro Unificado do DF (MNU), o protocolo antirracista para as escolas públicas e privadas do Distrito Federal. O documento visa a consolidar uma política pública permanente que oriente, previna, identifique e responda de forma eficaz os casos de racismo e demais discriminações nos ambientes escolares. Composto por 103 páginas, o protocolo antirracista é o resultado de um trabalho coletivo, que envolveu diversos departamentos, órgãos públicos e grupos que participaram da elaboração. Antes de ser publicado, o documento também passou pela Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial, Religiosa ou por Orientação Sexual ou contra a Pessoa Idosa ou com Deficiência (Decrim), pela Defensoria Pública do Distrito Federal (DPDFT) e pelo MPDFT. "Esse protocolo nasce porque a sociedade está dizendo 'basta de desigualdade, basta de naturalização do racismo’” Vera Barros, subsecretária de Educação Inclusiva e Integral “Ele [protocolo] nasceu de escutas, de diálogos, de vivências e de vozes que ecoaram nas audiências públicas, nas escolas, nas coordenações regionais de ensino, na formação de professores e nos corredores onde a educação acontece de verdade. É importante dizer que esse protocolo nasce porque a sociedade está dizendo 'basta de desigualdade, basta de naturalização do racismo’”, afirma a subsecretária de Educação Inclusiva e Integral da SEEDF, Vera Barros. Como mais um instrumento legal, o protocolo orienta o direcionamento que o profissional de educação deve dar a cada situação. A subsecretária ainda complementa: “Esse documento é fruto de um trabalho coletivo, que representa muito mais do que normas e procedimentos, representa um compromisso de alma, de fazer da educação um espaço onde crianças, jovens e profissionais não serão silenciados por causa da cor da sua pele, origem ou sua história”. Diversidade e equidade Autoridades reúnem-se para lançar o protocolo antirracista para as escolas do Distrito Federal | Foto: Felipe de Noronha/SEEDF A cerimônia cedeu espaço para diversas performances artísticas, entre elas a apresentação musical do professor Erick das Neves, mais conhecido como Txaná (pássaro da Amazônia que imita o canto das outras aves da floresta) Neves Dourado, além da poesia do professor Marcos Fabrício Lopes. Pinturas dos estudantes do CEF 8, do CEF 10, do CEF 17 e da Escola Bilíngue de Taguatinga foram expostas no hall de entrada do auditório. A diretora de Educação em Direitos Humanos e Diversidade da SEEDF, Patrícia Melo, integrou o grupo de trabalho composto por 25 pessoas, muitas delas integrantes da Política Nacional de Equidade, Educação para as Relações Étnico-Raciais e Educação Escolar Quilombola (PNEERQ). Ela destacou: “As pessoas, muitas vezes, ouviam e não sabiam para onde encaminhar. Esse processo de acolhimento vai fazer com que a gente dê os encaminhamentos necessários a partir da faixa etária”. Ela explicou que há um direcionamento no documento para orientar os educadores sobre as medidas a serem adotadas em casos de racismo, conforme a faixa etária: para menores de 12 anos, entre 12 e 18 anos, a partir de 18 anos e quando houver um profissional de educação envolvido. "O movimento negro, desde a Frente Negra Brasileira, em 1930, entendeu que a mudança aconteceria a partir da educação" Daniele de Castro, representante do Movimento Negro Unificado do DF A representante do Movimento Negro Unificado do DF, Daniele de Castro, ressaltou que o protocolo é o ponto de partida para um novo ciclo: “Essa é uma conquista nossa. Como vamos reverter anos e anos de violência? O movimento negro, desde a Frente Negra Brasileira, em 1930, entendeu que a mudança aconteceria a partir da educação”. Daniele ressaltou ainda: “Esse protocolo representa um primeiro passo, para que as escolas públicas e particulares possam construir a partir do ensinamento do que é o racismo, branquitude, privilégio. É importante que as pessoas brancas possam compreender para que possamos lutar juntos por uma sociedade mais igual”. [LEIA_TAMBEM]O documento não se refere apenas ao povo negro, afro-brasileiros e afrodescendentes, mas também aos indígenas, quilombolas, migrantes internacionais, povos ciganos, além de esclarecer sobre racismo estrutural, institucional, sistêmico, recreativo, religioso, ambiental, entre outros. O objetivo é contribuir para a construção de uma escola democrática e inclusiva. Por isso, as unidades escolares que se destacarem por um trabalho sólido na rede poderão receber o selo Lélia Gonzalez como reconhecimento por combater o racismo dentro do ambiente escolar. *Com informações da Secretaria de Educação
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Consulta pública sobre o Protocolo de Educação Antirracista termina nesta quarta (29)
A Secretaria de Educação (SEEDF) convida a comunidade escolar e a sociedade em geral para participar, até o fim desta quarta-feira (29), da consulta pública do Protocolo de Consolidação da Educação Antirracista. O formulário tem o objetivo de ouvir estudantes, famílias, profissionais da educação e movimentos sociais para ajudar a formular uma política pública permanente de combate ao racismo nas escolas do DF. Arte: SEEDF O protocolo foi feito para orientar, prevenir e agir de forma eficiente em casos de racismo e discriminação nas escolas”, explica Patrícia Melo, diretora de Educação em Direitos Humanos e Diversidade da Subsecretaria de Educação Inclusiva e Integral (Subin). “Ele reforça o compromisso da rede com uma educação mais justa e inclusiva. Todas as sugestões enviadas serão analisadas e, quando forem pertinentes, incluídas na versão final.” [LEIA_TAMBEM]O documento reconhece que o racismo é um problema presente na sociedade e, por isso, propõe ações contínuas de formação e conscientização, que vão além de medidas isoladas. Veja, abaixo, os principais pontos do texto. ⇒ Explica conceitos importantes, como branquitude, colonialidade e o mito da democracia racial, para ajudar a entender as origens do racismo ⇒ Diferencia o racismo do bullying, mostrando que a discriminação racial deve ser tratada com a seriedade prevista em lei ⇒ Traz orientações claras sobre como agir em casos de racismo, envolvendo estudantes, famílias e profissionais da educação. Para participar, clique neste link. *Com informações da Secretaria de Educação
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Estudantes do Recanto das Emas encenam peça sobre racismo e inclusão social
O grupo Formigueiro de Teatro, composto por alunos e ex-alunos do Centro de Ensino Médio (CEM) 804, do Recanto das Emas, apresentou na manhã desta quarta-feira (6) a peça Sabe por que tu não deu bola? no Teatro da Caesb, em Águas Claras. A montagem foi exibida para 400 alunos do Recanto, com lotação máxima. A peça explora o impacto do racismo e outras formas de preconceito, retratando a discriminação enfrentada por pessoas negras, mulheres e integrantes da comunidade LGBTQIAP+. O grupo teatral Formigueiro de Teatro, composto por alunos e ex-alunos do Centro de Ensino Médio 804, do Recanto das Emas, apresentou na manhã desta quarta (6) a peça ‘Sabe por que tu não deu bola?’ | Fotos: Jotta/SEEDF Coordenadora da Regional de Ensino do Recanto das Emas, Mariana Ayres destacou a relevância do evento para os alunos e o impacto positivo da arte na conscientização social. Ela explicou que a participação dos estudantes no projeto foi cuidadosamente preparada ao longo do ano, com um trabalho contínuo realizado pelos professores para incentivar o desenvolvimento do tema da inclusão. “Hoje, para a gente, é uma alegria estar aqui no Teatro da Caesb, trazendo os nossos estudantes para essa apresentação”, comentou. A coordenadora também ressaltou a importância de abordar a temática racial nas escolas, especialmente em um contexto social ainda marcado por discriminações. Segundo ela, a Regional de Ensino tem promovido uma série de atividades de formação em educação antirracista, incluindo um fórum, realizado em junho, e um seminário com gestores e autoridades sobre questões raciais, em outubro. “É na educação que a gente consegue fazer esse trabalho de conscientização”, afirmou Mariana, explicando que a apresentação teatral dos alunos marca o encerramento de um ano de ações dedicadas à educação antirracista. Além do conteúdo dramatúrgico, a peça incorpora músicas de artistas negros brasileiros, valorizando a cultura afro-brasileira e proporcionando um espaço de visibilidade e reconhecimento Festival A peça ganhou destaque ao participar do 8º Festival Estudantil de Teatro Amador (Festa), em 2023, onde recebeu nove indicações e venceu nas categorias Melhor Espetáculo, pelo júri popular, e Destaque Festa, pela performance musical. O festival, realizado no Teatro dos Bancários, contou com a presença de várias escolas públicas do Distrito Federal, que se uniram para incentivar a arte e a expressão cultural entre os jovens. Sabe por que tu não deu bola? chamou a atenção pela qualidade artística e relevância social. O professor de Artes do CEM 804, Tiago Borges Leal, explicou que o projeto teatral Formigueiro, embora nascido em 2018 fora do ambiente escolar, tomou nova forma ao ser incorporado ao CEM 804 em 2022. Ao iniciar como professor temporário na Secretaria de Educação (SEEDF), ele trouxe o grupo para a escola pública, onde o projeto foi ganhando força e estrutura com a participação ativa dos estudantes. “Eu trouxe o Formigueiro para a escola pública, e a gente vê que o projeto está tomando outra proporção”, afirmou Tiago, ressaltando o impacto crescente dessa iniciativa no ambiente escolar. Segundo Tiago, o espetáculo Sabe por que tu não deu bola? aborda problemas sociais e experiências de discriminação que muitos estudantes enfrentam, tanto dentro da escola quanto na comunidade. O nome da peça reflete a resposta habitual de muitas famílias às agressões raciais, sugerindo que a solução é ignorá-las. “A gente bate sempre nessa tecla: não é só não dar bola. A gente precisa discutir tanto em sala de aula quanto na comunidade”, reforçou o professor, destacando a importância de criar um espaço de conscientização e reflexão sobre essas questões com os alunos. O estudante Carlos Neri destacou o papel do teatro no combate ao racismo: “O dever da arte é ser uma ferramenta de evolução social” Diversidade A peça também se destaca pela valorização dos talentos individuais dos estudantes, seja na atuação, na produção, na sonoplastia ou na cenografia. “A gente trabalha com essa questão da música porque é onde a gente consegue muitos estudantes da escola. É muito gratificante ver o envolvimento deles”, comentou Tiago. Ele destacou a dedicação de cada aluno em diferentes funções, como iluminação e figurino, e o entusiasmo que os jovens têm mostrado no desenvolvimento de habilidades artísticas e de produção, fortalecendo o projeto em diversas frentes. Além do conteúdo dramatúrgico, a peça incorpora músicas de artistas negros brasileiros, valorizando a cultura afro-brasileira e proporcionando um espaço de visibilidade e reconhecimento para esses artistas. Essa abordagem musical também contribuiu para as indicações recebidas no festival, reforçando o compromisso do grupo com a expressão cultural e a luta contra o racismo e a desigualdade social. O estudante Carlos Neri, de 18 anos, destacou o papel do teatro como uma ferramenta de transformação social e combate ao racismo. Para ele, Sabe por que tu não deu bola? desperta a consciência do público sobre as injustiças sociais e os direitos de igualdade garantidos pela Constituição. “O dever da arte é ser uma ferramenta de evolução social”, afirmou Carlos, mencionando a importância de dar voz às questões de preconceito racial e ressaltando que todos devem lutar ativamente contra as injúrias e injustiças. Carlos também compartilhou como a experiência no teatro mudou sua própria vida, ajudando-o a desenvolver habilidades de comunicação e autoconfiança. No início, ele se sentia nervoso e inseguro ao entrar em cena, mas com o incentivo do professor Tiago Leal e o curso de teatro, passou a se sentir mais à vontade no palco e a interagir com o público de forma mais natural. “Minha dicção melhorou bastante. Antes, era difícil para as pessoas me entenderem, mas hoje posso me expressar de forma clara”, explicou o jovem ator. A produção Sabe por que tu não deu bola? tem sido considerada um exemplo inspirador de como o teatro escolar pode se tornar um meio de transformação social, dando voz a jovens que enfrentam ou testemunham situações de preconceito. Iniciativas como essa demonstram o papel fundamental das escolas públicas na promoção de uma educação inclusiva e reflexiva, capaz de formar cidadãos críticos e engajados. *Com informações da Secretaria de Educação
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Dicionário de letramento racial da DPDF chega à segunda edição
A Defensoria Pública do Distrito Federal (DPDF) lançou o segundo volume do dicionário de letramento racial da instituição durante a terceira edição do seminário Defensoria na Luta Antirracista. Com mais de 600 inscritos, o evento ocorreu segunda (4) e terça-feira (5), no auditório do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), e abordou temas importantes para a luta contra o racismo. O material traz mais de 50 termos que devem ser eliminados do vocabulário da população, bem como sugestões de substituição para as expressões consideradas preconceituosas. Em novembro do ano passado, a DPDF lançou, por meio da Ouvidoria-Externa da instituição, a primeira versão do dicionário, que foi atualizada com novas palavras em 2024. Entre os temas abordados no seminário estiveram letramento racial, Lei de Racismo e gênero e raça no Sistema de Justiça | Foto: Ruan Acioli/ DPDF A elaboração da cartilha contou com a participação das ouvidorias da Procuradoria-Geral do Distrito Federal (PGDF), da Secretaria de Educação (SEE-DF), do Instituto de Previdência dos Servidores do Distrito Federal (Iprev-DF), da Secretaria da Mulher (SMDF), da Secretaria de Administração Penitenciária (Seape-DF), da Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejus-DF), da Universidade do Distrito Federal (UnDF), da Fundação de Ensino e Pesquisa em Ciências da Saúde (Fepecs) e do Banco de Brasília (BRB). O intuito do material de letramento racial é dar continuidade ao combate das desigualdades, opressões e discriminações decorrentes do racismo, alinhado com a missão institucional da DPDF. Recentemente, o dicionário da instituição foi incluído na lista elaborada pelo Instituto Identidades do Brasil (IDBR) que reúne as referências nacionais sobre a temática. Seminário O primeiro dia de seminário contou com mesas sobre gênero e raça no Sistema de Justiça, Lei de Racismo, importância das Defensorias Públicas em ações de combate ao racismo, entre outras. No segundo dia, o público teve acesso a debates sobre letramento racial, condenação da raça no Tribunal do Júri como decorrência da íntima convicção, relação entre o racismo e o processo penal, entre outros. “Existe, sim, no nosso país, um preconceito que as pessoas ainda não conseguem enfrentar. O combate racial não é de minoria, mas de maioria” Celina Leão, vice-governadora A vice-governadora do Distrito Federal, Celina Leão, ressaltou que o debate sobre o racismo gera reflexões muito profundas e deve levar a formas de combater esse tipo de crime com o rigor que merece. “Existe, sim, no nosso país, um preconceito que as pessoas ainda não conseguem enfrentar. O combate racial não é de minoria, mas de maioria. É a maioria do Brasil. E isso precisa ser evidenciado. Esse espaço de compartilhamento é muito importante”, destacou. Para o defensor público-geral, Celestino Chupel, o racismo é uma pauta que precisa ser discutida e trabalhada para que o tratamento igualitário se torne uma realidade. “A DPDF não tinha uma pauta que defendesse a maior parte da população e combatesse o racismo. Naquele momento, surgiu a ideia de começarmos a discutir isso no seminário. Quando você trata as pessoas com diferenças por conta de sexo, raça, ideologia ou qualquer outra forma de discriminação, isso é um absurdo. As pessoas devem ser tratadas assim como você gostaria de ser tratado. Se chegarmos a esse ponto um dia, já teremos evoluído muito”, destacou. O subdefensor público-geral Fabrício Rodrigues destacou a importância da realização do seminário, não somente para a instituição, mas para a sociedade como um todo. “Nosso papel aqui é educativo e vai além dos muros da Defensoria Pública, com o objetivo de alcançar muitas pessoas com o conteúdo que é discutido aqui. A postura antirracista deve ser efetivada para superar as práticas entranhadas na sociedade”, defendeu. A deputada distrital Doutora Jane reforçou que as condutas antirracistas devem prevalecer. “O Estado brasileiro precisa de mais ações afirmativas para trazer essa igualdade à população negra. O racismo abrange condutas que isolam, machucam e matam emocionalmente”, explicou. *Com informações da DPDF
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Evento do CED 01 do Riacho Fundo II debate educação antirracista
O Centro Educacional (CED) 01 do Riacho Fundo II iniciou, nesta quinta-feira (17), o 1º Seminário de Educação Antirracista da escola. O evento tem por objetivo promover ações e práticas de combate ao racismo no cotidiano escolar e na comunidade. Até sexta-feira (18), os estudantes participarão de diversas atividades, com saraus de cultura de paz, oficinas e debates sobre as temáticas com palestrantes convidados. Estudantes participaram de sarau, oficinas e debates sobre direitos humanos e a relevância de um espaço educacional antirracista | Fotos: Jotta Casttro/SEEDF A abertura do seminário contou com a presença de autoridades, incluindo a promotora de justiça do Ministério Público do Distrito Federal (MPDFT), Polyanna Silvares; a deputada federal Erika Kokay; o diretor do Sindicato dos Professores (Sinpro-DF), Carlos Fernandes; a administradora do Riacho Fundo II, Ana Maria da Silva; o professor doutor da Universidade de Brasília (UnB) Leonardo Ortegal; e os gestores do CED 01, Júlio César Moronari e Adeir Ferreira. Júlio Moronari, diretor do CED 01, falou sobre a importância de criar um espaço educacional que promova a diversidade e a inclusão, além da perspectiva de tornar o seminário um núcleo permanente para o estudo e o diálogo sobre relações raciais. “Uma das nossas preocupações é que este seminário se torne um núcleo permanente para o estudo e o debate sobre as relações inter-raciais. É muito comum ver eventos apenas no dia 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, mas no dia 21 já não há mais reflexões. Nossa proposta é que essa discussão aconteça diariamente, pois o racismo está presente no nosso cotidiano. Não adianta ser antirracista apenas em datas específicas, precisamos combater todas as formas de racismo e intolerância continuamente”, comentou Moronari. Relatos de experiências “O racismo não afeta só quem o sofre, mas também quem o pratica. É importante discutir isso”, afirmou Júlia Brandão, de 17 anos, que compartilhou suas experiências sobre o impacto do racismo na vida escolar junto com colega Matheus Miranda, de 18 anos A estudante Júlia Brandão, de 17 anos, compartilhou suas experiências sobre o impacto do racismo na vida escolar. “O racismo não afeta só quem o sofre, mas também quem o pratica. É importante discutir isso”, afirmou Júlia. O amigo Matheus Miranda, de 18 anos, recordou sua primeira experiência com discriminação e como a educação tem sido uma ferramenta para entender e enfrentar essas situações. “Se alguém age de forma preconceituosa, procuro reclamar e fazer com que essa pessoa reflita sobre suas atitudes” Matheus Miranda, estudante “Minha primeira experiência com racismo aconteceu quando eu tinha 11 anos, em uma padaria. Uma mulher começou a me olhar de maneira estranha. Ela se incomodou tanto que, quando minha madrasta, que é branca, chegou, ela se acalmou. Foi a primeira vez que percebi que minha pele mais escura fazia diferença”, relembrou o estudante. Matheus ainda contou como aprendeu a lidar com situações semelhantes e de que forma a escola contribuiu para isso. “O que me ajudou muito foi um projeto realizado na escola, que começou em julho, chamado Afrocientistas. Aprendi a lidar melhor com essas situações, buscando me entender e me posicionar. Se alguém age de forma preconceituosa, procuro reclamar e fazer com que essa pessoa reflita sobre suas atitudes”, disse. Projetos A abertura do seminário nesta quinta-feira (17) contou com a presença de autoridades O Afrocientistas é um projeto nacional desenvolvido pela Associação Brasileira de Pesquisadores/as Negros/as (ABPN). A iniciativa proporciona aos estudantes do ensino médio a oportunidade de construir repertório político, científico e tecnológico pautado na educação antirracista. Além disso, desenvolve habilidades e valores condizentes com uma sociedade democrática para a formação de futuros cientistas negros nas diversas áreas do conhecimento. O vice-diretor do CED 01, Adeir Ferreira, destacou a importância do projeto na formação dos alunos. “Buscamos parcerias com instituições como a UnB, que oferece o GEPERG, um grupo de estudos em políticas públicas voltadas para as relações étnico-raciais. Trouxemos o projeto Afrocientista para nossa escola, proporcionando bolsas de seis meses para 11 estudantes, focando na temática étnico-racial e antissexista”, explicou. Ferreira acrescenta que a busca pelo projeto partiu de intervenções que atendam às necessidades dos alunos, que enfrentam situações de vulnerabilidade, incluindo a racial. “Dos nossos alunos, 66% se autodeclaram negros, o que reforça a necessidade de projetos que abordem questões de raça”, pontuou. Na sexta-feira, os estudantes ainda participarão de atividades sobre as temáticas. O seminário contará com a presença de indígenas dos povos Wapichana e Terena, além promover uma série de oficinas e debates abertos ao público, visando expandir a discussão para além dos muros da escola. As atividades incluem sarau, minicursos e debates sobre direitos humanos, enfatizando a relevância de um espaço educacional inclusivo e antirracista. *Com informações da SEEDF
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Gestores se reúnem na XVIII Conferência do Conselho de Educação do DF
Desde a década de 1960, a Conferência dos Educadores do Distrito Federal aborda temáticas relevantes e presentes na rede pública e particular de ensino. Na 18ª edição, realizada nesta terça-feira (8), na sede da Secretaria de Educação (SEEDF), o tema foi “Gestão Escolar – da Regulação às Práticas”. O evento reuniu conselheiros, professores e gestores de escolas públicas e privadas do DF. O presidente do Conselho de Educação, Álvaro Moreira, ressaltou: “É importante criar um momento de reflexão para a comunidade escolar, mais especificamente para os gestores educacionais e professores” | Foto: Andressa Rios/SEEDF “O tema central desta conferência nos convida a uma profunda reflexão sobre o papel de cada um de nós nesse processo”, afirmou a subsecretária de Educação Básica da SEEDF, Iêdes Barbosa. “Uma gestão educacional precisa sim ter uma gestão técnica e ao mesmo tempo humanizada, porque nós lidamos com seres humanos que carecem muito do nosso olhar cuidadoso e da nossa atuação – ainda mais lidando com um público muito vulnerável pós-pandemia.” Luta contra o preconceito Além de debater sobre como colocar em prática a regulação, o evento promoveu uma mesa-redonda sobre o enfrentamento ao preconceito, ao racismo, à violência e à discriminação nas escolas. A discussão contou com a apresentação de Wilson Barboza, integrante do Conselho Distrital de Promoção de Igualdade Racial; do professor Erasto Fortes, coordenador-geral de Políticas Educacionais em Direitos Humanos do Ministério da Educação, e da vice-presidente do Conselho de Educação do DF, Solange Foizer. Solange salientou a importância da representatividade de negros nas equipes de gestores, professores e estudantes das escolas, além de apresentar propostas para uma educação antirracista, como currículo inclusivo, formação continuada dos profissionais de educação e a criação de espaços seguros. Wilson Barboza abordou a cultura de paz nas escolas e ressaltou o diálogo e mediação em vez do uso da força. Já Erasto Fortes falou sobre a educação em Direitos Humanos nas escolas e na orientação para a construção de projetos pedagógicos. Relevância O encontro ainda contou com a palestra “Inteligência Artificial na Educação: Benefícios e Desafios”, proferida pelo professor Marcos Ramon Ferreira, do Instituto Federal de Brasília (IFB). Também foram apresentadas as notas técnicas do Conselho de Educação publicadas no segundo semestre deste ano. “É importante criar um momento de reflexão para a comunidade escolar, mais especificamente para os gestores educacionais e professores”, pontuou o presidente do Conselho de Educação, Álvaro Moreira. “Mais do que um documento formal para o credenciamento da escola, o projeto pedagógico deve nortear as ações concretas da escola no seu dia a dia.” *Com informações da SEEDF
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Projeto promove educação antirracista em escolas da rede pública
Uma proposta pedagógica que transforma a vida de estudantes, professores e fotógrafos voluntários em escolas públicas do Distrito Federal. Este é o projeto Crespos & Cacheados – pretos, pardos e indígenas, que realizou, no último sábado (28), um ensaio fotográfico com os alunos do Centro de Ensino Médio (CEM) 03 de Taguatinga. Neste sábado (5), o projeto será no CEM 02 de Ceilândia. O ensaio também passou pelo Centro Interescolar de Línguas (CIL) do Recanto das Emas, coordenado pela professora de espanhol Amanda de Paula. Ao todo, 27 estudantes da unidade foram convidados a participar do ensaio fotográfico, no qual os homens foram maioria pela primeira vez, com 17 participantes. As fotos serão exibidas em uma exposição no mês de novembro, no qual se comemora o Dia da Consciência Negra. A sessão de fotos dos alunos do CEM 03 de Taguatinga foi realizada por fotógrafos voluntários | Fotos: Jotta Casttro/ SEEDF O projeto faz parte do letramento racial e da educação antirracista de professores e estudantes, a partir de uma ideia que surgiu de maneira orgânica no CEM 02 de Ceilândia, em 2012, com a professora de sociologia Regina Cotrim. “O objetivo é valorizar a beleza negra e indígena em uma sessão de fotos, realizada pelo fotógrafo profissional Carlos Terrana, junto com outros seis fotógrafos voluntários”, explicou a professora idealizadora do projeto. Autoestima Regina relembrou como foi que surgiu a ideia de criar o projeto do ensaio fotográfico Crespos & Cacheados. Em 2012, o CEM 02 de Ceilândia recebeu um grupo de estudantes de vários países da África, com o projeto África na Escola. Eles fizeram uma apresentação para mostrar a cultura africana, desmistificando preconceitos e promoveram um desfile. A professora conta que uma aluna desfilou com o cabelo black, e todos ficaram encantados. Projeto surgiu de maneira orgânica com a professora de sociologia Regina Cotrim “Foi quando tive o insight e pensei em trabalhar a autoestima dos nossos alunos, para aceitar a beleza natural. No ano seguinte, 2013, fiz um pequeno ensaio fotográfico e percebi que era por meio da imagem que a gente iria começar a promover a valorização e a representatividade da beleza negra”, explicou Regina. Desde então, já foram muitos ensaios e histórias de transformação pessoal. “Meninos e meninas que ainda tinham vergonha e se sentiam oprimidos começaram a se empoderar a partir dessas fotos. Viraram multiplicadores em casa, com a família, com os amigos. É também uma questão de representatividade”, concluiu a educadora. Transformação Laís Santos: “Além das fotos, os professores conversam com a gente sobre a educação antirracista e o combate à discriminação. Sabemos dos nossos direitos e como nos posicionar diante de ofensas e atitudes racistas” A estudante Laís Santos, 18 anos, participou do ensaio. “Eu vi as fotos do ano passado, e achei o máximo. Além das fotos, os professores conversam com a gente sobre a educação antirracista e o combate à discriminação. Sabemos dos nossos direitos e como nos posicionar diante de ofensas e atitudes racistas”, contou. Nas aulas do projeto, os estudantes são estimulados a contar por quais situações de racismo eles passam no dia a dia. “Falamos sobre tudo desde a primeira aula. Foi muito impactante pra mim porque eu nunca tinha falado isso pra ninguém, então chorei e me libertei. Descobri que outros colegas passam pelo mesmo, e a gente se sente acolhido”, comentou Laís. A participante disse que hoje se sente em paz com a própria identidade. “O projeto foi a chave, o empurrão necessário, e agora eu tenho mais autoestima. Eu adoro o meu cabelo do jeito que ele é, e uso ele de várias formas. Isso me deixa muito mais feliz e realizada comigo mesma”, celebrou. Representatividade e inspiração “O projeto foi a maneira de eu me aceitar como a única mulher preta de cabelo crespo da minha família. Acho que vai ser um passo muito importante para as gerações futuras, que me verão como inspiração” Heloyze Vieira, estudante A aluna Heloyze Vieira, 17 anos, viu as fotos dos colegas do ano anterior e quis participar. Ela contou que, antes do projeto, estava passando por um período difícil. “Eu não estava conseguindo me aceitar e nem o meu cabelo. Sofri muito bullying por isso quando eu era pequenininha. O projeto foi a maneira de eu me aceitar como a única mulher preta de cabelo crespo da minha família. Acho que vai ser um passo muito importante para as gerações futuras, que me verão como inspiração”, avaliou. O projeto também traz uma perspectiva de crescimento pessoal e profissional, por meio de uma carreira de modelo fotográfica. “Eu sempre quis ser modelo. Quando eu vi o projeto, pensei que era justamente a minha chance”, reconheceu Heloyze. O estudante do CEM 03 Isaque de Oliveira, 17 anos, já tinha participado de outros ensaios fotográficos, e destacou a importância da representatividade que o projeto trouxe para os alunos. “Esse ensaio nos permite ver o mundo de um lugar diferente, nos sentimos acolhidos e com mais orgulho. Entendemos que todos nós somos lindos da maneira que a gente é, e não tem por que ter vergonha disso”. Premiação O projeto foi um dos destaques na segunda edição do Prêmio Paulo Freire de Educação da Câmara Legislativa do DF O projeto tem como objetivo exaltar e valorizar a beleza negra e indígena, conforme a Lei nº 11.645 de 2008, que torna obrigatório no Brasil o estudo da história e da cultura indígena e afro-brasileira nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio. Recentemente, o projeto foi contemplado na segunda edição do Prêmio Paulo Freire de Educação da Câmara Legislativa do DF. Com 264 projetos inscritos, o prêmio tem como objetivo reconhecer iniciativas educacionais inovadoras, transformadoras e alinhadas aos princípios formulados pelo pensador e educador Paulo Freire. Dos 25 projetos selecionados como destaques, o Crespos & Cacheados foi o primeiro a ser contemplado. “Foi muito legal receber essa premiação na Câmara. Por uma questão de visibilidade mesmo, pois agora mais professores sabem que esses projetos existem, e podem replicá-los em suas escolas. Fiquei muito honrada e muito feliz com essa premiação”, disse a professora Regina. *Com informações da Secretaria de Educação
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Espetáculo teatral de escola pública do Gama conscientiza comunidade escolar sobre racismo
Estudantes do Centro Educacional (CED) 08 do Gama apresentaram, nesta quinta-feira (1º), o espetáculo teatral Corpo Fechado, que apresentou a temática do racismo com diferentes abordagens. A peça, que possui diversas referências a obras presentes no Programa de Avaliação Seriada (PAS), da Universidade de Brasília (UnB), emocionou todo o público presente, inclusive a secretária de Educação do Distrito Federal, Hélvia Paranaguá. A peça teatral foi encenada por alunos do ensino médio do colégio e abordou assuntos relacionados à recuperação da autoestima da mulher negra, violência policial contra a população negra, além de resgatar memórias de pessoas assassinadas e incentivar o letramento racial sobre o tema. A peça teatral foi encenada por alunos do ensino médio e incentiva o letramento racial sobre o tema | Fotos: Jotta Casttro/SEEDF O espetáculo emocionou o público ao trabalhar a proposta de se colocar no lugar de pessoas marginalizadas, ou seja, que estão à margem da sociedade. A peça foi destaque no festival cultural da escola e chamou atenção da secretária de Educação, que prestigiou o evento. “A peça é extremamente forte, real e verdadeira. O racismo estrutural é deplorável porque como o nome já diz, ele está na estrutura do Estado e temos que combatê-lo”, disse a secretária, que parabenizou os atores e professores que contribuíram para que o espetáculo fosse apresentado. Para ela, “essa é uma peça que deve ser replicada em toda a rede pública de ensino”. O vice-diretor do CED 08, Guilherme Pereira, mencionou que a peça possui diversas referências a obras presentes no PAS. Ele também ressalta a importância da formação integral do cidadão. “Acredito que a escola tem um papel não só de ensinar conhecimento, mas também de formar cidadãos, brasileiros integrais, que têm uma concepção humana de respeito às diferenças e à cultura”. A coordenadora da Regional de Ensino do Gama, Cássia Maria Marques, assistiu a peça ao lado da secretária Hélvia Paranaguá A montagem e os ensaios para a peça duraram cerca de dois meses e foi orientada pelo professor Valdeci Moreira. “O estudo dos povos africanos e da história africana têm que ser trabalhado na escola sempre. Não somente no mês da consciência negra, pois minha consciência não é só um dia. Então, nós enquanto educadores precisamos fazer um letramento racial”, concluiu o professor. Protagonistas Geovana Yasmim de Souza de apenas 15 anos é uma das alunas que encenou a peça. Para ela, foi libertador poder falar sobre a temática do racismo abertamente. “Um dos lugares que mais acontece o racismo, bullying é nas escolas. Então esse tema tem que ser muito bem trabalhado, porque muitos alunos sofrem dentro de sala de aula, como eu, e não falavam. Só que agora a porta pode ser aberta para gente falar, ter voz, e isso é muito bom”. Corpo Fechado é um espetáculo que trabalha o multiculturalismo e a coletividade, além de destacar a importância da ancestralidade para a população negra. Como diz a escritora e professora americana Toni Morrison, cuja frase foi citada na peça: “Quando não souber onde ir, olhe para trás e saberá de onde vem”. *Com informações da Secretaria de Educação do Distrito Federal (SES-DF)
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