Floração dos ipês que colorem o Distrito Federal inspira artesãos da capital
Com o início da seca, Brasília se transforma em um jardim a céu aberto. Os ipês — em tons de roxo, amarelo, rosa e branco — pintam a capital com cores vivas, atraem olhares e inspiram setores que vão do artesanato à tecnologia. Símbolo do DF, a árvore é aguardada ansiosamente por moradores, movimenta o turismo e se torna fonte de inspiração para artistas como Felipe Andrade dos Santos, conhecido como Felipe Andra ou o “jardineiro dos metais”, que transforma a beleza dos ipês em obras únicas. "O apoio do GDF para o artesão em Brasília é total. Esse espaço leva os profissionais manuais para dentro do shopping, isso muda tudo para a gente", afirma Felipe Andrade dos Santos | Fotos: Geovana Albuquerque/Agência Brasília Natural de Brasília, o profissional transforma fios de arame e cordas náuticas em esculturas delicadas que retratam ipês em flor, galhos trançados e formas orgânicas do cerrado. A inspiração surgiu durante a pandemia, após ver um vídeo no TikTok de um artesão do Japão elaborando uma peça em arame no formato de uma árvore. Na época, ainda atuando em Educação Física, Felipe decidiu tentar o artesanato e encontrou no hobby uma nova fonte de renda e realização pessoal. Ele associa a capacidade dos ipês de surgirem no período da seca com a possibilidade de germinar em qualquer intempérie da vida. “Quando a gente pensa que a árvore está seca e morreu, ela brota e mostra aquela cor maravilhosa. Isso me inspira, porque eu botei na cabeça que tentaria fazer até dar conta", narra o artesão. Em março deste ano, o profissional esteve entre os 462 trabalhadores que receberam o Troféu Mérito Artesãs e Artesãos do DF das mãos da vice-governadora Celina Leão. Em sua primeira edição, a iniciativa busca valorizar o trabalho das artesãs e artesãos da cidade, que tiveram seus trabalhos reconhecidos pela importância que têm para a cultura, a tradição e a geração de renda no DF. Projeto Artesanato de Brasília O Projeto Artesanato de Brasília, da Setur-DF, conta com lojas no Pátio Brasil, no Alameda Shopping e na Feira do Guará Na primeira participação de Felipe no Prêmio Sebrae de Artesanato, ele conquistou o primeiro lugar na categoria iniciante. Desde então, aprimorou técnicas, abandonou o cobre — que oxidava e mudava de cor — e passou a trabalhar com alumínio esmaltado, que garante durabilidade às peças. [LEIA_TAMBEM]Atualmente, Felipe expõe e vende suas criações na loja do Projeto Artesanato de Brasília, da Secretaria de Turismo (Setur-DF), no Pátio Brasil Shopping. A iniciativa, criada em 2019, também tem papel fundamental na valorização da cultura local, tendo registrado mais de mil novos cadastros em 2024, além de ampliar a rede de lojas, que já conta com unidades no Pátio Brasil, no Alameda Shopping e na Feira do Guará. Com aumento de 33% nas vendas, o setor arrecadou mais de R$ 2 milhões no último ano, beneficiando 1,5 mil famílias. Felipe ressalta que o apoio da Setur e a visibilidade das lojas foram decisivos para transformar seu trabalho em profissão. “Quando você se encontra no que faz, é outra coisa. O apoio do GDF para o artesão em Brasília é total, existem profissionais com peças maravilhosas que ainda não têm o conhecimento da loja. Esse espaço leva os profissionais manuais para dentro do shopping, isso muda tudo para a gente. Com o apoio da Secretaria de Turismo, nós estamos indo para todos os estados, para eventos como a Feira Nacional de Negócios de Artesanato (Fenearte)”, destaca. Cada loja de artesanato do projeto abriga o trabalho de 30 artesãos selecionados por edital público e funciona de acordo com os horários dos centros comerciais. No Pátio Brasil, a unidade funciona de segunda a sábado, das 10h às 22h; e domingos, das 12h às 20h. No Alameda Shopping o atendimento é de segunda a sábado, das 9h às 21h; e domingos, das 11h às 18h. Já a loja que fica na Feira do Guará abre de quarta a domingo, das 9h às 18h. Símbolo da cidade Ipês-amarelos florescem entre julho e setembro; aplicativo Ipês App mapeia árvores floridas por tipo e estágio de floração A sequência de florada dos ipês, que começa no segundo semestre do ano, já se tornou um calendário afetivo da cidade. Entre junho e agosto, florescem os ipês-roxos; de julho a setembro, os amarelos; e entre agosto e setembro, é a vez dos rosa e dos brancos. Para o secretário de Turismo em exercício, Bernardo Antunes, a temporada dos ipês vai muito além da beleza. “Os ipês, com suas cores vibrantes, já se consolidaram como um dos símbolos da nossa capital e são um convite irresistível para moradores e turistas explorarem a cidade com um novo olhar. Além de embelezar o cenário urbano, essas árvores fortalecem o turismo ecológico e fotográfico, além de valorizar o nosso artesanato, reforçando a identidade única de Brasília como um destino que une natureza, arquitetura e cultura”, declara o secretário. A ligação afetiva da população com os ipês também se reflete em iniciativas tecnológicas. A bióloga Paula Ramos Sicsú, por exemplo, criou o aplicativo Ipês App para mapear árvores floridas por tipo e estágio de floração. Gratuita e colaborativa, a ferramenta já reúne fotos, informações e até pontos de apoio próximos, como banheiros e bebedouros. O cuidado com a arborização é responsabilidade da Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap), que de 2016 a 2023 plantou 93.813 mudas de ipês. Atualmente a capital contabiliza cerca de 270 mil árvores da espécie.
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Brasilienses apreciam floração dos ipês-roxos
A temporada das cores chegou em Brasília com a floração dos ipês. O primeiro a dar o ar da graça foi o roxo, conferindo um charme especial à cidade nesses dias mais frios. O brasiliense é declaradamente apaixonado por essas árvores que se tornaram um dos símbolos do Quadradinho e aproveitam para curtir, registrar e compartilhar o momento. São 270 mil árvores da espécie distribuídas em todo o Distrito Federal. A autônoma Marly Dias, de 45 anos, moradora do Núcleo Rural Chapadinha, é uma dessas pessoas. Com o filho Luiz Fernando, de 9 anos, aproveitou o domingo para vender cocadas no Eixão e fazer fotos das árvores. “Eu adoro os ipês porque eles trazem paz. Tenho muitos na chácara que eu mesma plantei com minha cunhada”, conta. Daniela Beatriz de Sousa e os filhos Eduarda e Danilo aproveitaram árvores floridas para fazer fotos | Fotos: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília Já a professora Daniela Beatriz de Sousa, de 50 anos, moradora de Sobradinho, foi com os filhos Eduarda e Danilo, de 14 e 12 anos, respectivamente, fazer fotos dos ipês-roxos, o que está se tornando uma tradição de bons momentos em família. “Nós gostamos muito. No ano passado, fizemos fotos de tudo quanto é cor de ipê”, conta. E ela garante que este ano será do mesmo jeito. O filho Danilo também adora o momento. “Gosto de pegar as flores e fazer fotos”, diz o garoto animado. Época das cores O período de florada dos ipês-roxos deve seguir até setembro. Entre julho e setembro é a vez dos amarelos e, entre agosto e setembro, entram em cena o rosa e o branco. Luiz Fernando, 9 anos, aproveitou o domingo para apreciar os ipês-roxos A Novacap é responsável pelo plantio e cuidado. Das 100 mil árvores que serão plantadas até o fim deste ano, 40 mil são ipês. Isso requer uma série de cuidados, como o plantio durante a época de chuva – entre outubro e março -, que permite que as árvores atravessem a estiagem sem irrigação, e o acompanhamento mensal de equipes da Novacap para impedir a propagação de pragas. Nativo do Cerrado, o ipê se dá muito bem nos mais variados climas e regiões do país. As árvores podem chegar a 15 metros de altura e vivem até 50 anos. Vale lembrar que, apesar de todo o carinho do brasiliense pelos ipês, qualquer plantio em área pública só pode ser feito pela Novacap. Em caso de dúvidas, basta entrar em contato pelo telefone 162.
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