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#TBT: Piscina com Ondas, um ícone da infância brasiliense

Quem viveu a Brasília da década de 1980 guarda até hoje com carinho as lembranças de um local que já esteve entre os destinos preferidos de lazer da segunda e terceira gerações de habitantes do Quadradinho. No coração da capital federal, mais precisamente no estacionamento 7 do Parque da Cidade, está localizada aquela que um dia foi a primeira e única piscina com ondas de toda a América Latina. Espaço icônico de diversão dos brasilienses marcou época e vai voltar a funcionar | Foto: Geovana Albuquerque/Agência Brasília Democrática e acessível, a Piscina com Ondas do Parque da Cidade era mais que um ponto de encontro e lazer. Ao longo dos quase 20 anos em que ficou aberto – desde a inauguração, em 1978, até ser desativado, em 1997- , o espaço figurou entre os principais refúgios para a seca brasiliense. Não à toa, no auge, suas águas agitadas com ondas de até 1 metro de altura foram capazes de reunir uma média de 10 mil pessoas aos fins de semana. Nesta quinta-feira, a Agência Brasília conta a história de um dos mais icônicos espaços de lazer do Distrito Federal em mais uma matéria da série especial #TBTdoDF, que utiliza a sigla em inglês de throwback thursday (em tradução livre, quinta-feira de retrocesso) para relembrar fatos marcantes da nossa cidade. Clima de praia Para os brasilienses mais antigos, lembrar da Piscina com Ondas é reviver memórias nostálgicas de uma infância marcada por tardes ensolaradas, risadas e aventuras na água. A experiência de sentir as ondas artificiais batendo contra o corpo e a emoção de aguardar pelo som da sirene anunciando a cada dez minutos aquele que seria o próximo ciclo de ondas tornaram-se parte do folclore da cidade. O jornalista Nicolas Bonvakiades é da geração que mais aproveitou o local: “Ter uma piscina com ondas era uma modernidade, era um mar portátil em Brasília” | Foto: Geovana Albuquerque/Agência Brasília “Eu lembro muito bem: tocava um alarme anunciando o início das ondas e aí começava aquele barulho dos motores das máquinas”, lembra o jornalista Nicolas Bonvakiades, 56, que coleciona memórias da piscina. “A molecada ficava louca, era uma gritaria enorme. As crianças pulavam na água, e os salva-vidas ficavam desesperados. A gente brinca que eles trabalhavam até mais do que os salva-vidas das praias mesmo.” Bonvakiades conta que, à época do funcionamento do espaço, residia com a família no Guará, onde, segundo ele, as opções de lazer eram mais escassas. “Era uma região privilegiada, mas periférica”, pontua. “Não tínhamos tantos recursos, e era um período em que não se tinha tanta opção em Brasília, inclusive lazer com água. Apesar do Lago Paranoá e da Água Mineral já existirem, não se tinha tanto acesso ao automóvel, o que dificultava bastante o acesso a esses locais”. Como a piscina ficava em espaço de lazer bem no coração da cidade, era frequentada por muita gente, relata o jornalista: “Nesse contexto, por ser no Parque da Cidade, uma área mais central a que se tinha acesso por meio de transporte público, a Piscina com Ondas era a melhor alternativa para levar a família. Era um bando de meninos pegando ônibus naquela empolgação para ir até a piscina”. Para Nicolas e outros vários brasilienses, a Piscina com Ondas foi, também, o primeiro contato com o mar, ainda que em uma versão artificial. “Até então, a praia era algo inatingível para mim”, lembra. “Fui conhecer o mar aos 18 anos, quando tive condições de pagar uma viagem para a praia; era algo que eu só via na televisão, nos filmes da Sessão da Tarde. Então, ter uma piscina com ondas era uma modernidade, era um mar portátil em Brasília”. Inspiração para videoclipe O guitarrista Pinduca, da Maskavo Roots, lembra que a banda gravou um clipe no local e fez muito sucesso: “Era algo diferente, no resto do Brasil não tinha isso” | Foto: Geovana Albuquerque/Agência Brasília Não eram só as ondas que faziam sucesso. Os arredores do espaço também foram palco de momentos culturais únicos, com rodas de viola entoadas por estudantes locais e artistas até então desconhecidos, como Cássia Eller e Zélia Duncan. Mais que isso, a piscina virou até cenário para videoclipes de renomadas bandas brasilienses. Aos 49 anos, Carlos Pinduca, guitarrista da banda Maskavo Roots, retorna ao local que ilustrou uma das músicas de maior sucesso do grupo. Lançado em 1995, o videoclipe de Tempestade marcou uma geração. “Foi um clipe que entrou em alta. Na época do Estação MTV, ele pegou primeiro lugar no Disk MTV, que era um quadro em que o público pedia, escolhia qual clipe eles queriam assistir na programação”, recorda. “Com certeza, foi muito importante para que a banda ganhasse projeção nacional”. O músico conta que a ideia de gravar na Piscina com Ondas surgiu de uma reunião despretensiosa com produtores do canal de televisão. “Na época, era muito comum você lançar um disco ou uma música já com um clipe, e nisso nossos produtores entraram em contato com a MTV para tentar alinhar essa produção. Foi quando surgiu o Victor Civita, o Titti, que veio com uma equipe para Brasília produzir nosso clipe”. A ideia nasceu de um bate-papo informal, relata Pinduca. “Nós sentamos em uma mesa, em um restaurante, e o próprio Titti disse: ‘Vem cá, aqui tem uma piscina com ondas, não é? O que vocês acham da gente gravar lá?’. E topamos. Era algo diferente, no resto do Brasil não tinha isso. No dia seguinte, viemos conversar com alguém que administrava a piscina e em seguida viemos para gravar, nada muito burocrático. Inclusive, tinha gente frequentando a piscina quando viemos para gravar o clipe”. Imagem clássica da década de 1980: frequentadores ficavam esperando soar a sirene que antecedia a onda mecânica | Foto: Arquivo Público do DF Para o guitarrista, muito do sucesso da música se deve ao videoclipe gravado na Piscina com Ondas. A canção chegou a ter versões cantadas pelas bandas Skank e Pato Fu. “Hoje, a gente vê nos comentários do vídeo no YouTube pessoas de outros estados do Brasil – São Paulo, Rio Grande do Sul, estados do Nordeste: ‘Esse clipe fez parte da minha infância’. Foi uma grande exposição na época”, comemora. Reabertura Desativada desde 1997, a Piscina com Ondas do Parque da Cidade será reativada pelo Governo do Distrito Federal (GDF). Em março, o Executivo anunciou a abertura de licitação para contratação de empresa ou consórcio que ficará responsável pelo projeto de recuperação do espaço, desde a infraestrutura até a parte de montagem e instalação dos equipamentos e brinquedos aquáticos. R$ 18,2 milhões Orçamento previsto para a reforma da Piscina com Ondas Com contratação orçada em mais de R$ 18,2 milhões, o projeto abrange a restauração e implantação de um complexo aquático, com piscina infantil contendo tobogãs para as crianças. Haverá, também, uma passagem que abrigará uma correnteza de águas brandas, conhecida como rio lento. Para a vice-governadora Celina Leão, a licitação marca a retomada de um dos espaços de lazer mais icônicos do DF. “Nós conseguimos com a Secretaria de Esporte e Lazer e a Novacap tirar do papel a obra que tem o maior valor afetivo para quem viveu nos primórdios de Brasília, que é a Piscina com Ondas”, ressalta. “Teremos uma empresa vencedora e o início imediato da obra. É uma boa notícia”. O secretário de Esporte e Lazer substituto, Mateus Bahia, reforça: “A Piscina com Ondas tem uma história muito valorosa para os brasilienses, primeiro por ter sido um dos principais pontos de lazer e segundo, por marcar várias gerações. Essa reforma é o resultado do compromisso do GDF com a população de Brasília. Ela vem para ressignificar esse espaço, tornando mais atrativo, moderno e seguro. Com o lançamento da primeira etapa da licitação lançada pela Novacap, o governo se demonstra sensível com essa pauta, e nós da Secretaria de Esporte e Lazer, vamos contribuir no que for preciso para dar celeridade a este processo”.   

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#TBT: Os blocos sem pilotis no Plano Piloto idealizados por Oscar Niemeyer

Os pilotis podem até ser uma das marcas registradas dos prédios residenciais das superquadras do Plano Piloto, já que a maioria dos edifícios da área central conta com os vãos livres. Porém, em meio a essas construções, é possível encontrar na parte sul do avião concebido pelo urbanista Lucio Costa algumas edificações totalmente térreas sem o sistema construtivo de sustentação. A história dos poucos prédios sem pilotis em Brasília é contada pela Agência Brasília em mais uma matéria da série especial #TBTdoDF – referência à sigla em inglês de throwback thursday (em tradução livre, quinta-feira de retrocesso), que resgata a memória da cidade. Os prédios JK foram construídos entre os anos de 1959 e 1961 na Asa Sul em quadras como 408, 410 e 411 | Fotos: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília Apesar da valorização do conjunto de colunas sustentando os edifícios do Plano Piloto conforme previsto no projeto urbanístico de Lucio Costa, o arquiteto Oscar Niemeyer propôs a criação de prédios com três pavimentos, tendo o primeiro piso diretamente no térreo, sem a necessidade de elevadores. O objetivo era apresentar opções mais econômicas de moradia. Essas edificações foram construídas e inauguradas entre 1959 e 1961 na Asa Sul, em quadras como 408, 410 e 411. “Eles foram projetados para serem mais econômicos. A ausência de pilotis foi para baratear os custos, assim como o tamanho dos apartamentos e o acabamento com pastilhas coloridas na fachada. A ideia era abrigar os trabalhadores de menor renda no Plano Piloto”, lembra o publicitário e pesquisador João Amador, responsável pelo portal Histórias de Brasília. “A ausência de pilotis foi para baratear os custos, assim como o tamanho dos apartamentos e o acabamento com pastilhas coloridas na fachada” João Amador, publicitário O subsecretário do Patrimônio Cultural da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec), Ramón Rodríguez, reforça a explicação. “Logo na construção de Brasília, percebeu-se a necessidade de democratizar a moradia dentro do Plano Piloto e assim surgiram esses apartamentos menores e mais baixos, barateando ainda mais o custo. Essa era uma maneira de garantir que pessoas com uma renda menor pudessem viver no centro do conjunto urbanístico de Brasília”, revela. Essas edificações contam com lavanderia e depósito no subsolo Segundo as pesquisas do subsecretário, outros dois pontos costumam ser levantados também sobre o motivo das construções sem pilotis. Um deles é que os prédios mais baixos ocupavam a área das 400 para evitar que a umidade do Lago Paranoá fosse barrada para o restante das quadras. “Também tem uma versão de que as empregadas domésticas da época pediam construções que tivessem lavanderias no subsolo e, por isso, tiveram que tirar os pilotis”, conta. Curiosamente, esses prédios contam com dependências no subsolo para todos os proprietários, que têm diferentes atribuições, desde lavanderia até depósito. Os prédios térreos ficaram popularmente conhecidos como “Edifícios JK”. A principal teoria é de que sejam uma espécie de homenagem ao idealizador de Brasília, o ex-presidente Juscelino Kubitschek. “Os prédios não tinham nome nenhum e ganharam o apelido de JK –  acho que como forma de agradecimento ao presidente de ter pensado nisso de diversificar o Plano Piloto”, comenta João Amador. Até hoje os prédios despertam curiosidade por fugirem dos tradicionais monumentos de Oscar Niemeyer. “Tem muitos arquitetos que vão até as quadras para conferir os edifícios. Acabou virando um ponto turístico para esse público”, acrescenta o pesquisador. A aposentada Marizete Rezio Raugusto, 61 anos, mora no térreo de um dos edifícios JK, na 411 Sul, há quase 30 anos e afirma que gosta do conceito arquitetônico: “Esse prédio é uma coisa rara e foi bem feito, a estrutura foi muito bem pensada”. Ela acredita que a ausência dos pilotis aumenta a proximidade dos moradores com a natureza. “Sempre falo que a gente mora na roça, é como se tudo aqui fosse nosso quintal. Temos muitas árvores com frutas, principalmente manga e abacate”, completa.

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#TBT: a história do relógio que viajou continentes rumo ao Centro de Taguatinga

Para além do espaço físico que interliga e conecta quadras de Taguatinga, onde milhares de pessoas circulam de ônibus e metrô, a Praça do Relógio é um ponto de encontro especial da região administrativa. Patrimônio cultural e artístico do Distrito Federal, ela foi, por muitos anos, palco de diversas manifestações culturais, artísticas e de lazer. Ponto icônico de Taguatinga, praça mantém o relógio presenteado ao GDF pelo então presidente da  Citizen Watch, Eichi Yamada | Foto: Geovana Albuquerque/Agência Brasília A história do espaço é contada pela Agência Brasília, em mais uma matéria da série especial #TBTdoDF, que aproveita a sigla em inglês de throwback thursday (em tradução livre, “quinta-feira de retrocesso”) para reviver o passado brasiliense. Quem passa pelo Centro de Taguatinga já está acostumado com o monumento de aproximadamente 15 metros de altura que dá nome à praça. O relógio que está posicionado no coração da cidade é uma doação da fabricante Citizen Watch. Ponto de interação “Há espaços na Praça do Relógio que não estavam totalmente previstos no projeto inicial da cidade; isso mostra uma apropriação pela população local” Maria Fernanda Derntl, professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UnB Tudo aconteceu depois de uma visita a Brasília do então presidente da empresa, Eiichi Yamada, em 1970. A boa experiência na capital federal o inspirou a presentear o DF com uma criação especial, exclusiva. Após meses de preparação, o relógio com quatro lados, dentro de uma estrutura de concreto quadrada e sustentado por uma torre de mais de 10 metros de altura, estava pronto para ser doado à cidade. A única região administrativa que estava apta a receber o monumento era Taguatinga. A Praça Central de Taguatinga, criada em meados de 1960, foi o local ideal para instalar o relógio da Citizen Watch. Em dezembro de 1970, batizado com novo nome de Praça do Relógio, o ponto se tornou um dos principais marcos de referência da cidade devido à localização central e à configuração arquitetônica. De acordo com a professora Maria Fernanda Derntl, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília (UnB), o local foi palco de importantes manifestações sociais por parte dos moradores de Taguatinga. “Há espaços na Praça do Relógio que não estavam totalmente previstos no projeto inicial da cidade; isso mostra uma apropriação pela população local”, afirma. Espaço público O relógio monumental, com mostradores dos quatro lados da grande coluna, se destaca no visual central da cidade | Foto: Arquivo Público do DF “A praça tem um papel importante tanto na sua função local, de uso cotidiano no espaço, com metrô, administração regional e pontos de ônibus, quanto por ser um espaço que articula Taguatinga com todo o Distrito Federal”, defende a professora. Apesar do incontestável valor para a comunidade local, a praça teve que resistir ao tempo e às diversas propostas de demolição ao longo da história. Na contramão dos que queriam o fim do espaço, moradores da cidade se reuniram e, com um abaixo-assinado, em 1985, solicitaram o tombamento do relógio. O pedido foi atendido pelo Governo do Distrito Federal, e tanto o relógio quanto a praça seguem como patrimônios culturais e artísticos do DF. “A população de Taguatinga estava em um momento em que desejava expressar sua presença nesse contexto do DF”, relata a professora. “A cidade já vinha emergindo como um polo importante no setor do comércio e serviços. Eles conseguiram eleger um marco na paisagem. O relógio é mais um ponto marcante de um espaço público que deseja valorizar a população que frequentava o espaço e exigia atenção do governo.” Movimento Terezinha de Jesus Pereira Vitor é uma das artesãs que comercializam trabalhos no local: “Para mim, a Praça do Relógio representa o pão de cada dia de nós que trabalhamos aqui” | Foto: Geovana Albuquerque/Agência Brasília Com o passar dos anos, o local foi ganhando ainda mais destaque. É lá onde ficam a Estação Praça do Relógio e a sede da administração regional, além de pontos de lazer e cultura. Atualmente, o espaço também é o local de trabalho para mais de 70 mulheres artesãs. Durante três dias na semana de cada mês, profissionais do artesanato montam barraquinhas para vender a produção mensal em um dos pontos mais movimentados da região administrativa. A Praça do Relógio se transforma para receber o Grupo Arte e Artesanato de Taguatinga. A coordenadora do grupo, Terezinha de Jesus Pereira Vitor, 82, ressalta que a praça é o local de trabalho para muitas mulheres em busca de melhores condições de vida. “Para mim, a Praça do Relógio representa o pão de cada dia de nós que trabalhamos aqui. Se não fosse a praça e as nossas feiras de artesanato, estávamos todas em casa sem ter o que fazer.” Comércio As feirinhas de artesanato no local começaram em março de 2011 e reúnem cerca de 30 a 40 artesãs que expõem aproximadamente mil produtos de fabricação própria, como crochês, tricôs, roupas e bolsas. Hoje, elas comemoraram as conquistas no espaço onde trabalham, como é o caso da obra de revitalização recentemente anunciada. “Antes, a chuva levava as nossas tendas e mercadorias. Quando falaram que haveria reforma aqui na praça foi a melhor notícia do mundo porque ela vai ficar um espetáculo. Vai ficar muito linda, além de dar uma oportunidade de a gente trabalhar mais e dar mais conforto às pessoas que transitam. Essa é uma das grandes conquistas nossas”, comemora Terezinha. Segurança Uma das principais queixas de quem passava horas na Praça do Relógio trabalhando, a insegurança já não será mais um problema. O GDF já começou com as obras no local. Inicialmente, estão sendo investidos R$ 170 mil de um total de R$ 5,5 milhões para a execução do projeto de reabilitação dos espaços urbanos no local, como bancos e mesas. “O meu mundo é isso aqui, a minha vida é a Praça do Relógio”, diz Terezinha. “Todos os dias, as artesãs me perguntam se já tem prazo para concluir a obra, porque estamos todas empolgadas para poder reinaugurar nossas feiras de artesanatos no local novo.” O projeto de recuperação da Praça do Relógio foi elaborado pela Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação (Seduh-DF). Entre as melhorias previstas para o ponto histórico mais famoso de Taguatinga estão acessibilidade, mais iluminação, paisagismo e instalação de bancos e lixeiras, além de conexão com o projeto do boulevard acima do Túnel Rei Pelé.

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#TBT: um templo de fé, arte e história

Na Catedral Metropolitana Nossa Senhora Aparecida, também conhecida como Catedral de Brasília, a fé se manifesta em uma beleza inigualável. A arte e a arquitetura se harmonizam com o sagrado, encantando visitantes e turistas que exploram diariamente esse templo. A Agência Brasília revisita a longa história do primeiro monumento criado na capital da República em mais uma matéria da série especial #TBTdoDF, que utiliza a sigla em inglês de Throwback Thursday para relembrar fatos marcantes da nossa cidade. Símbolo de modernidade, a Catedral de Brasília teve a pedra fundamental lançada em 1958, pelas mãos do arquiteto Oscar Niemeyer | Foto: Divulgação/ Arquivo Público do DF Símbolo de modernidade, pelas formas suntuosas e vitrais de rara beleza, a Catedral de Brasília teve a pedra fundamental lançada em 1958, pelas mãos do arquiteto Oscar Niemeyer. A parte estrutural foi concluída em 1960 pelo engenheiro Joaquim Cardozo, responsável pelo complexo cálculo de engenharia, tendo sido inaugurada apenas em 1970. Durante os anos 1960, os trabalhos ficaram parados durante o breve governo de Jânio Quadros (1961) por conta de polêmicas relacionadas a gastos do poder público com uma obra religiosa. Nesse período, o esqueleto de concreto da Catedral fez parte da paisagem da nova capital, um símbolo da permanente construção da cidade. Entre os mandatos de João Goulart (1961-1964), Humberto Castelo Branco (1964-1967) e Artur da Costa e Silva (1967-1969), o templo enfrentou períodos de aperto financeiro e incertezas, inclusive sobre sua conclusão. A Catedral foi tombada pela Unesco como Patrimônio Cultural da Humanidade e como Monumento Histórico e Artístico Nacional | Foto: Divulgação/ Arquivo Público A consolidação de Brasília como capital federal, a partir da formalização da transferência de praticamente todos os órgãos do governo federal e a exigência de instalação de representações diplomáticas no Distrito Federal feitas no mandato de Emílio Garrastazu Médici (1969-1974), finalmente selou o destino da Catedral no imaginário brasileiro e acelerou a inauguração do prédio, em 31 de maio de 1970. A partir de 1978, a igreja passou a integrar o conjunto urbanístico reconhecido, em 1987, pela Unesco como Patrimônio Cultural da Humanidade. Três anos depois, em 1990, a Catedral foi tombada como Monumento Histórico e Artístico Nacional. Atualmente, o templo é um dos pontos turísticos mais visitados do DF, recebendo em média de 800 a 900 turistas diariamente. O secretário de Turismo, Cristiano Araújo, destaca: “A grandiosidade e a beleza histórica da Catedral atraem visitantes de todo o mundo, enriquecendo a experiência cultural de quem a contempla”. Orgulho A calçada e o jardim em frente à Catedral receberam benfeitorias do GDF recentemente | Foto: Lúcio Bernardo Jr/ Agência Brasília Como pároco da igreja há quase um ano, o padre Agenor Vieira lembra a importância do templo para o clero. Ele ressalta que a Catedral é uma paróquia e, ao mesmo tempo, sede do bispo, com características únicas em relação a outras paróquias. “Temos um público rotativo, entre turistas, admiradores da arte moderna e fiéis católicos devotos de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil e de Brasília”, salienta. O religioso menciona que cerca de 40% dos turistas visitam a igreja pela obra artística e pela atenção que o espaço desperta no cenário nacional. “Estamos localizados no centro do poder político e federal, e, por estar aqui, ela sempre é vista para o Brasil e para o mundo. Além disso, ela é esse ícone moderno e a mãe de todas as igrejas de Brasília”, completa. Tânia Bispo criou três filhos com a venda de souvenirs na Catedral | Foto: Lúcio Bernardo Jr/ Agência Brasília Tânia Bispo relata que, graças à Catedral, conseguiu criar os três filhos. Há 20 anos, a moradora do Gama trabalha como vendedora na frente da paróquia, comercializando lembranças para os turistas e religiosos. “A Catedral é o principal ponto de referência de Brasília, o ponto turístico mais movimentado. Foi com ela que consegui manter minha família até hoje”, diz ela. Construção moderna A Catedral de Brasília é inigualável por vários motivos. Algumas teorias explicam a concepção do projeto de Oscar Niemeyer. Alguns afirmam que foi inspirada na coroa de espinhos de Cristo, enquanto outros dizem que o edifício lembra duas mãos estendidas em formato de súplica e oração. São 16 colunas de concreto que convergem num círculo central, cada uma com 42 metros de altura e um peso total de 90 toneladas. Os vitrais entre os pilares de concreto, compostos por 16 peças em fibra nas cores branco, azul e verde, criados pela artista francesa Marianne Peretti, são uma atração à parte. Cada peça tem o formato de triângulo com dez metros de base e 30 de altura, totalizando 2 mil metros quadrados de vitrais. Os vitrais são um dos destaques da arquitetura do ponto turístico | Foto: Lucio Bernardo Jr/ Agência Brasília “Acredito que os vitrais são a maior diferença da Catedral; essa iluminação natural, a altura também – tudo nela é gigantesco. É uma construção que faz parte da história, mas ao mesmo tempo é moderna, tem um contraste com as outras igrejas, pelo menos as da minha região. Acho que Niemeyer quis fugir do padrão. Aqui é mais moderno, mais bonito e muito diferente”, destaca a turista gaúcha Raquel Machado. Andressa Salviano, de Ourinhos (SP), também ficou encantada com o monumento. “Essa visita vai marcar minha vida para sempre. Já tinha visto a Catedral pela internet e pela televisão, mas estar aqui e presenciar é um momento incrível. Até convido as pessoas a vir conhecer, porque é incrível”, conta a turista. Conservação Andressa Salviano veio de Ourinhos (SP): ”Essa visita vai marcar minha vida para sempre. Já tinha visto a Catedral pela internet e pela televisão, mas estar aqui e presenciar é um momento incrível” | Foto: Lucio Bernardo Jr/ Agência Brasília Os cuidados com o espaço religioso e turístico são executados pelo Governo do Distrito Federal (GDF) durante todo o ano. A Novacap é responsável por executar todos os serviços de manutenção, como limpeza dos arcos, calçadas, vitrais e espelhos d’água. “Tenho sempre pedido socorro ao GDF para as ações em volta do templo. Agora, foram revitalizadas as calçadas, feitos os jardins em frente à paróquia, a reposição da água do espelho d’água; e recentemente, neste período de férias e festas, contamos com um reforço da segurança pela Polícia Militar do Distrito Federal”, reconhece padre Agenor. [Relacionadas esquerda_direita_centro=”direita”] Cerca de R$ 7 milhões estão sendo investidos na reforma das calçadas na Esplanada dos Ministérios e em frente ao monumento. Os seis quilômetros que ligam a Rodoviária do Plano Piloto à Praça dos Três Poderes estão contemplados no projeto, tanto na descida pelo lado sul quanto na subida pelo lado norte. A obra busca reduzir os obstáculos e riscos de quedas, tornando as áreas urbanas mais seguras. Visitação A Catedral de Brasília está aberta todos os dias, das 8h às 17h. As missas são celebradas de terça a sexta às 12h15 e às 18h15, aos sábados, às 17h, e aos domingos, às 8h30, às 10h30 e às 18h.

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#TBT: A magia das luzes de Natal em Brasília

Logo que chegou a Brasília, João de Santo Cristo, cantado pela banda Legião Urbana, ficou “bestificado com as luzes de Natal” e exclamou: “Meu Deus, mas que cidade linda!”. Assim como ele, turistas e brasilienses se encantam com os adereços e iluminação que compõem as paisagens do Planalto Central nesta época do ano. A tradição surgiu já no ano de inauguração, em 1960, e é o tema desta matéria do #TBTDoDF, especial da Agência Brasília que mergulha na história da capital federal. O Teatro Nacional é um dos pontos que recebiam enfeites natalinos no início de Brasília | Foto: Divulgação/Arquivo Público do DF Imagens do Arquivo Público do Distrito Federal mostram que nos primeiros natais brasilienses as luzes eram instaladas na Rodoviária do Plano Piloto e no Teatro Nacional, espalhando-se também pela Esplanada dos Ministérios e chegando à Torre de TV e à W3 Sul. Há ainda uma imagem datada de 1960 do que teria sido a primeira árvore de Natal da cidade, que dá as boas-vindas ao Papai Noel. Outro registro mostra a decoração do Catetinho, a primeira residência oficial do então presidente do Brasil, Juscelino Kubitschek, durante a construção de Brasília. Na imagem, datada de 1956, mesmo ano em que o prédio conhecido como “Palácio de Tábuas” foi criado, aparecem pessoas reunidas na cozinha, iluminada por pisca-piscas pendurados em árvores ao redor. Outra imagem mostra servidores da antiga prefeitura de Brasília montando a imagem de Papai Noel, no ano de 1963. O Catetinho era enfeitado com luzes pisca-piscas penduradas em árvores | Foto: Divulgação/Arquivo Público do DF Antes de 1960, porém, o espírito natalino já estava no Planalto Central. É o que conta um artigo da Revista Brasília, periódico criado pela Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap), publicado mensalmente entre janeiro de 1957 e maio de 1963. A edição de dezembro de 1957 conta que foi montada uma árvore de Natal e distribuídos presentes para 1.680 crianças com idade até 12 anos. “E foi esta a primeira festa natalina das crianças de Brasília”, diz o texto. “Apesar de não ser um bem tombado, o Natal é uma manifestação cultural que, sem dúvida, faz parte da tradição da cidade. Começou com os candangos, que vieram para a construção, e seguiu com o fomento do poder público”, explica o subsecretário do Patrimônio Cultural da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec-DF), Ramon Fernandez. De forma inédita, a pasta é a responsável pelo evento natalino neste ano e oferece o projeto Um Sonho de Natal, com atrações em três pontos do Eixo Monumental. Tempo de esperança As luzes desta época do ano sempre chamaram a atenção da aposentada Fátima Barreira, 65 anos. Quando chegou a Brasília, em 1977, ela encantou-se com os pisca-piscas que enfeitavam o Congresso Nacional e a Esplanada dos Ministérios. No ano passado, visitou as decorações com a filha e, este ano, já foi ver o presépio que adorna a Praça do Buriti. “Cada decoração tem sua simbologia. Amo tudo: a árvore, os anjos… Decorar a cidade para mim significa valorizar o simbolismo do Natal, reproduzir o nascimento daquele que morreu por todos nós”, afirma. Fátima Bezerra: “Decorar a cidade significa valorizar o simbolismo do Natal, reproduzir o nascimento daquele que morreu por todos nós” | Foto: Arquivo pessoal A jornalista Thays Passos, 36, aprendeu a gostar do Natal com a família, que é católica, e busca passar esse apreço ao filho de 6 anos. Por isso, ela e o esposo sempre levam o menino para ver “as luzinhas”. A favorita, até o momento, foi a decoração de 2021. “Estava espetacular. Não era só pisca-pisca nas árvores e monumentos como de costume. Foi algo que proporcionou um espetáculo para os visitantes, com neve, música e cenários incríveis. Não tinha como não se deslumbrar com tudo aquilo”, conta. Thays acredita que decorar a cidade é uma forma de levar alegria à população. “Para quem mora nas cidades satélites e trabalha no Plano Piloto, o trajeto decorado e iluminado traz um momento de prazer e alegria no meio do caos da rotina corrida”, diz. “A decoração e a programação de Natal representam uma oportunidade de lazer e de entretenimento para quem vive aqui”. Thays Passos: “A decoração e a programação de Natal representam uma oportunidade de lazer e de entretenimento para quem vive aqui” | Foto: Arquivo pessoal ?Um Sonho de Natal Neste ano, o projeto Um Sonho de Natal leva magia para a população em três pontos: Esplanada dos Ministérios, que abriga a Vila do Papai Noel; Praça do Buriti, com o presépio, e Praça do Cruzeiro, que oferece experiências gastronômicas e uma roda-gigante. A festa segue até 1º de janeiro de 2024, sempre das 17h às 22h, e terá uma vasta programação cultural e musical. Este ano, o projeto Um Sonho de Natal está presente em três pontos da cidade | Foto: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília ?O projeto foi promovido por meio de edital público, elaborado pelo Centro de Cultura Popular Brasileira com apoio de diversos parceiros. O investimento na iniciativa é de R$ 7 milhões e a expectativa é que 1 milhão de pessoas visite os espaços. Acesse neste site a programação completa.

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#TBT: As duas emas do Recanto

No balão do Recanto das Emas, moram os dois símbolos da cidade: as esculturas das aves que dão nome ao local. Cartão-postal da região, elas enfeitam a rotatória da entrada há anos. A primeira ema surgiu em 1992 e, durante o transporte entre o local de produção e o destino final, acabou perdendo as pernas. Por isso, foi criado um ninho ao redor da escultura, que tem dois metros de altura e pesa duas toneladas. As esculturas que enfeitam a rotatória do Recanto das Emas são consideradas o cartão-postal da cidade | Fotos: Divulgação/Arquivo Público Já a segunda ema foi instalada em 1993, com quatro metros de altura e 650 quilos, sendo posicionada de pé. As esculturas foram criadas pelo artista plástico Carlos Alberto Mendes, mais conhecido como Roberto da Ema. O escultor foi o responsável por criar o símbolo da cidade. Ele foi o segundo morador da região e recebeu o convite para criar as obras assim que chegou ao local, em 1992. Em entrevistas, Roberto disse que fazia várias peças de artesanato para a filha, como corujas e outros bichinhos. Quando lhe perguntaram se poderia fazer uma ema de quatro metros, ele aceitou. No ano seguinte, o artesão fez a outra escultura para acompanhar a primeira, justificando que o nome da cidade é no plural. Todo o material para a confecção das esculturas foi cedido pelo comércio local da época, e o sucesso das obras atravessou fronteiras, chegando a se tornar uma referência internacional. Cadê as emas que estavam aqui? Durante as obras do viaduto do Recanto das Emas, iniciadas em 2021, as duas esculturas foram retiradas do local, tendo sido recolocadas em fevereiro deste ano, próximo à conclusão das construções. O Recanto das Emas surgiu em 28 de julho de 1993, como resultado da distribuição de 15.619 lotes dentro do Programa Habitacional do GDF Durante esses dois anos, as emas ficaram guardadas na administração da região. “Houve uma mobilização das pessoas preocupadas se as emas iam voltar. A população as adotou e abraçou; é o nosso principal cartão-postal. E elas já voltaram ao local de protagonismo”, declarou o administrador da região, Carlos Dalvan. Ednamar de Jesus Rezende, de 63 anos, reclamou quando elas foram retiradas do balão. “Quando tiraram para fazer o viaduto, eu exigi que voltasse para o lugar. Elas são o símbolo da nossa cidade”, afirmou. A aposentada lembra de levar os filhos para brincar com as emas e até tirar fotos em cima delas. Uma das moradoras mais antigas do Recanto das Emas, a mineira de Araxá viu a cidade crescer. Ela chegou com o marido e quatro filhos no fim de 1992. Durante as obras do viaduto do Recanto das Emas, em 2021, as duas esculturas foram retiradas do local e foram recolocadas em fevereiro deste ano Por que emas? A Região Administrativa do Recanto das Emas surgiu em 28 de julho de 1993, como resultado da distribuição de 15.619 lotes dentro do Programa Habitacional do GDF. Antes, a área era formada por chácaras que pertenciam à Fundação Zoobotânica. Na época, a previsão era que a região tivesse 86 mil habitantes. O nome Recanto das Emas é uma referência a um arbusto muito comum na cidade, conhecido como canela-de-ema. Com o crescimento da cidade, diversas obras, além do viaduto, foram feitas. O artista plástico Alexandre Silva, responsável por ter restaurado as emas para serem recolocadas no novo balão, recorda dos espaços reformados e do convite para restaurar o cartão-postal do Recanto. O artista plástico Alexandre Silva foi o responsável por ter restaurado as emas para serem recolocadas no novo balão | Foto: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília A cidade fez parte do projeto Criança Feliz, que, entre 2018 e 2019, trouxe de volta as brincadeiras infantis, como a pintura, nas unidades de pronto atendimento (UPAs), unidades básicas de saúde (UBSs), administração e escolas. “Fiz essa parte de desenhos no chão no grafite. A restauração das emas foi muito gratificante, porque, enquanto nós estávamos fazendo, os moradores ficam animados”, comenta o artista. Alexandre destaca a dedicação para deixar as emas novamente bonitas. Foram dois dias para completar a restauração, um de preparação e outro de pintura. “O trabalho foi voluntário, em amor à arte. E tenho um vínculo forte com elas, porque, para o artista, cada trabalho realizado é uma conquista”, ressalta.

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