Resultados da pesquisa

CEF 1 do Riacho Fundo II

Thumbnail

Projeto de musicalização melhora concentração e disciplina de estudantes do DF

Do tema de Piratas do Caribe ao clássico We Will Rock You, do Queen,  o repertório do projeto de musicalização das escolas cívico-militares anima estudantes de 11 a 14 anos no Distrito Federal. Desenvolvido nos colégios de gestão compartilhada com o Corpo de Bombeiros Militar do DF (CBMDF), o projeto está em atividade regulamentar em seis das 17 escolas participantes. Desde o início, mais de 350 já passaram pela banda de música; atualmente, 237 alunos estão matriculados. O major Elias Cordeiro (C) ensaia com alunos do CEF 1 do Riacho Fundo II e lembra o início do projeto: “Começamos do zero, com instrumentos doados pela Secretaria de Segurança Pública, e o Corpo de Bombeiros entrou com os músicos. Desde então, temos crescido junto com esses meninos” | Fotos: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília Ministradas no contraturno escolar, as aulas são oferecidas como atividadecomplementar para os alunos interessados em aprender um instrumento musical. Entre os cursos disponíveis, estão os de flauta transversal, clarineta, saxofones alto e tenor, trompa, trompete, trombone, bombardino, tuba, lira, tarol (caixa), surdo, prato e bombo. As aulas ocorrem duas vezes por semana, em quatro turmas, com duração de duas horas cada aula. “Em um mês, um mês e meio, eles já conseguem ler o pentagrama e reconhecer as notas, entendendo tempo, compasso e duração”  Major Eraldo Azevedo, coordenador musical das escolas de gestão compartilhada do CBMDF Segundo o coordenador musical das escolas de gestão compartilhada do CBMDF, major Eraldo Azevedo, as aulas não começam diretamente com a prática no instrumento. O primeiro passo é a musicalização por meio da teoria. “É um pouquinho mais chato, mas em um mês, um mês e meio, eles já conseguem ler o pentagrama e reconhecer as notas, entendendo tempo, compasso e duração”, explica. Só depois dessa etapa os alunos passam a experimentar os instrumentos. O processo de escolha é feito de forma orientada. Os instrumentos são apresentados, e cada estudante pode se identificar com algum deles. A equipe sempre avalia se o aluno tem aptidão – no caso da clarineta, por exemplo, primeiro testam a boquilha e a palheta antes de montar o instrumento completo. Se um estudante não se adapta, é direcionado para outro instrumento até encontrar aquele em que melhor se encaixa. “Eles escolhem, sim, mas nós também orientamos para que encontrem o caminho certo”, aponta o coordenador. Atualmente, entre as 17 escolas cívico-militares sob gestão do Corpo de Bombeiros, cinco participam do projeto de musicalização em atividades regulamentares: Centro de Ensino Fundamental (CEF) 1 do Núcleo Bandeirante, CEF 1 do Riacho Fundo II, CEF 19 de Taguatinga, CEF 407 de Samambaia e CEF 4 de Planaltina. Impacto No CEF 1 do Riacho Fundo II, cerca de 50 alunos sentem o impacto diariamente na formação de música. Ocupando o posto de maestro, o major Elias Cordeiro avalia que a experiência de trabalhar com os alunos do CEF 1 é muito prazerosa e lembra que, quando iniciaram a turma em julho de 2023, os estudantes não sabiam nada de música. “Começamos do zero, com instrumentos doados pela Secretaria de Segurança Pública [SSP-DF], e o Corpo de Bombeiros entrou com os músicos”, rememora. “Desde então, temos crescido junto com esses meninos”. Para prender a atenção dos alunos, o maestro utiliza como base o ensino coletivo de instrumentos de banda, sopro e percussão, e trabalha músicas variadas, muitas vezes sugeridas pelos próprios estudantes. “Eles pedem determinadas músicas, e nós providenciamos os arranjos, como aconteceu com Piratas do Caribe”, exemplifica. Ele também se surpreende com o talento de muitos jovens. Alguns alunos, após cerca de um ano e meio no projeto, já conseguiram aprovação na Escola de Música de Brasília. “No próximo ano, pretendo oferecer um curso preparatório para que mais deles possam ingressar”, anuncia. Pavimentando sonhos Emanuelle de Meira participa dos grupos: “Quando cheguei a essa escola e vi que tinha uma banda, já no primeiro dia pensei em participar. Hoje estou aqui, muito feliz com o meu progresso” Seguir a carreira musical é um dos sonhos da aluna Emanuelle Vitória de Meira, 12. Ela conta que sempre teve vontade de aprender música, mas, no início, enfrentou descrédito. Chegou a tocar flauta na igreja, mas acabou se afastando. “Sempre que eu tentava tocar alguma coisa, as pessoas falavam que eu não ia conseguir, que não ia dar certo”, relata.  [LEIA_TAMBEM]Mas um dia a situação mudou: “Quando cheguei a essa escola e vi que tinha uma banda, já no primeiro dia pensei em participar. Falei com a minha mãe, preenchi a inscrição e entrei no projeto no ano passado. No começo, tive bastante dificuldade para tirar todas as notas, especialmente as mais graves, e muitos diziam que eu era ruim, mas continuei persistindo. Hoje estou aqui, muito feliz com o meu progresso”. Emanuelle acredita que o projeto tem contribuído também para sua vida pessoal: “Acho que as pessoas vão se alegrar em me ver melhor, e isso já faz diferença no meu dia a dia”. Quanto ao futuro, pretende seguir no caminho da música e conciliar com outro interesse: “Sempre tive gosto por línguas, faço inglês no CIL [Centro Interescolar de Línguas] e quero continuar”, compartilha. “Meu sonho é ir para os Estados Unidos e tocar lá. Aqui eu toco bombardino, mas quero mudar para o trompete, para quando chegar lá poder tocar direitinho”. Oportunidade aberta “Se houver desorganização, não funciona. Percebemos que os alunos acabam se organizando e se disciplinando a partir da própria prática musical” Major Elias Cordeiro Segundo o maestro Cordeiro, a música tem ajudado a melhorar o desempenho escolar e também a disciplina. “A música exige organização, porque são muitos detalhes”, explica. “Se houver desorganização, não funciona. Percebemos que os alunos acabam se organizando e se disciplinando a partir da própria prática musical”. Para o estudante Miguel Galdino, 13, o projeto trouxe melhorias importantes: antes, ele tinha dificuldade de atenção e notas baixas, mas depois que entrou na banda, passou a se concentrar melhor e a alcançar resultados positivos na escola. Miguel afirma gostar muito de estar ali e pensa em seguir na carreira musical no futuro. No início, queria tocar flauta, mas o maestro o direcionou para o bombardino, instrumento que toca até hoje. Rafael Carvalho pensava em flauta doce, mas, durante as aulas, identificou-se com a flauta transversal: “Estou amando essa experiência” Sem ter experiência prévia com instrumentos, Rafael Carvalho, 13, decidiu experimentar a oportunidade de entrar na banda. Inicialmente,  pensava que tocaria flauta doce, mas identificou-se com a flauta transversal, instrumento que toca atualmente. “Estou amando essa experiência, principalmente por conviver com os colegas e pela música também, que é algo especial pra mim”, diz. Em um ano de aprendizado, ele reconhece que a maior dificuldade foi tocar músicas muito rápidas, mas garante que a prática o ajudou a se concentrar mais, tanto na escola quanto em casa.    

Ler mais...

Thumbnail

Musicalização leva disciplina e concentração a escolas cívico-militares

A flauta transversal ainda é um objeto estranho nas mãos de Manuela Costa. Não tem nem dois meses que a aluna do Centro de Ensino Fundamental (CEF) 1 do Riacho Fundo II começou a ter aulas de música, pela primeira vez nos 11 anos de vida. A empolgação por estar vivendo uma experiência inédita vem acompanhada da realização de um sonho: seguir os passos da mãe e integrar a banda da escola onde estuda. “É uma emoção muito grande poder tocar um instrumento, do jeitinho que minha mãe fazia quando ainda era estudante”, conta Manuela. “Fora que a música tem me encantado em vários sentidos. Além da beleza do som, a minha coordenação motora já melhorou muito com as aulas, fico impressionada. E eu também sinto que consigo prestar mais atenção nas aulas, ter mais concentração”, relata. O CEF 1 do Riacho Fundo II é um dos seis colégios de gestão compartilhada do Distrito Federal que participam do projeto Musicalização nas Escolas Cívico-Militares. Desde 1º de agosto, 480 alunos têm aprendido a tocar um instrumento no contraturno escolar. São três aulas por semana, cada uma delas com três horas de duração, todas ministradas por músicos da reserva militar do Corpo de Bombeiros (CBMDF). 480 alunos dos seis colégios de gestão compartilhada do DF têm aprendido a tocar um instrumento no contraturno escolar | Fotos: Divulgação/SSP-DF “A comunidade já ansiava pela oferta de uma atividade extracurricular. E os benefícios que o estudo da música traz para os estudantes é enorme”, observa o coordenador do projeto, tenente Huadson Gutemberg. “Aprender a tocar um instrumento trabalha coordenação motora, raciocínio lógico e até conceitos da matemática. Ajuda a melhorar a concentração, a ter mais disciplina e aumenta a interação entre as crianças.” [Relacionadas esquerda_direita_centro=”direita”] Os alunos participantes do projeto têm 12 instrumentos à disposição: flauta transversal, clarinete, saxofone alto, saxofone tenor, trombone de vara, trompa, bombardino, tuba, tarol, bumbo, prato e lira. “A distribuição é feita de acordo com as habilidades de cada aluno demonstra ter no primeiro dia de aula”, explica Huadson. “E o critério adotado para participar da banda leva em conta as notas e o bom comportamento dos estudantes”, ressalta. Enquanto nas escolas de música tradicionais cada professor atende um aluno por vez, a fórmula usada pelo projeto é mais abrangente – no método conhecido por Belwin Elementary Band, um único professor ensina até 25 alunos de uma só vez. “A execução dos instrumentos é feita de forma coletiva, associando a teoria à prática desde o primeiro dia de aula”, informa o tenente. Inclusão De todas as escolas que participam do projeto de musicalização, o CEF 1 do Riacho Fundo II é a única que tem uma banda inclusiva, formada por 40 alunos com algum tipo de deficiência. “Esses estudantes são estimulados pela música na parte motora e cognitiva, além de se sentirem valorizados por participar das atividades”, ressalta a diretora da unidade de ensino, Edilma Silvestre. Para a pedagoga, a musicalização não beneficia apenas os alunos com deficiência. “De modo geral, a gente acredita que a música tenha o poder de tirar os alunos das ruas, ajudando a superar dificuldades de aprendizagem, a desenvolver habilidades e o gosto pela arte”, pontua Edilma. O secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Sandro Avelar, compartilha da mesma opinião. Ele destaca o poder que a música tem de abrir novos horizontes na vida das crianças. “Esses alunos podem até não atuar como músicos profissionais futuramente, mas vão aprender a conviver em um ambiente onde a cultura é valorizada”, avalia. O secretário de Segurança Pública, Sandro Avelar, com os alunos do CEF 1 do Riacho Fundo II Segurando com cuidado o clarinete, Cecília Guimarães conta que sempre quis aprender a tocar um instrumento musical, “mas eu nunca encontrei uma escola que ficasse perto da minha casa”. “Agora que posso estudar música dentro da minha própria escola, penso em investir nisso. Quero ajudar outras crianças a terem a mesma oportunidade que eu tive”, frisa a menina de 11 anos. A estudante do 6º ano ressalta que as aulas de musicalização têm mudado a mentalidade de muitos alunos do CEF 1. “Para participar da banda, é preciso ter bom comportamento, manter as notas boas. Isso nos incentiva a estudar, a sermos mais responsáveis”, aponta. “Vejo que meus colegas se esforçam para chegar às aulas no horário. E percebo também que estão conseguindo se concentrar melhor. É muito interessante”, diz. Confira as unidades de gestão compartilhada que participam do projeto Musicalização nas Escolas Cívico-Militares: ?? Centro de Ensino Fundamental 19, em Taguatinga ? Centro de Ensino Fundamental 1, no Núcleo Bandeirante ? Centro de Ensino Fundamental 407, em Samambaia ? Centro de Ensino Fundamental 1, no Riacho Fundo II ? Centro de Ensino Fundamental 1, no Paranoá ? Centro Educacional 2, em Brazlândia

Ler mais...

Ordenar

Ordenar

Faceta do tipo

Tipo

Filtro personalizado

Faceta da marca

Marcador