Profissionais de saúde da Colômbia conhecem Rede Distrital de Bancos de Leite Humano
Representantes da Secretaria de Saúde de Cundinamarca (SSC) — departamento da Colômbia localizado na cidade de Bogotá, capital do país — participaram de uma capacitação sobre a Rede de Bancos de Leite Humano do Distrito Federal (rBLH-DF). Integrado à Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano (rBLH-BR), o DF faz parte da maior e mais complexa rede de bancos de leite do mundo, reconhecida internacionalmente. Servidores da Secretaria de Saúde (SES-DF) conduziram a comitiva durante as atividades realizadas na última semana. O treinamento incluiu o acompanhamento das equipes do Corpo de Bombeiros Militar (CBMDF) nas coletas em domicílio e de diversas etapas do processo desempenhado na rBLH-DF, como a recepção e triagem do leite humano cru, armazenamento, controle de qualidade, pasteurização e distribuição. “Trata-se de um momento valioso de intercâmbio de conhecimentos, experiências e culturas, que fortalece nossa atuação em rede”, ressalta a enfermeira Graça Cruz, coordenadora do Centro de Referência em Banco de Leite Humano do Distrito Federal (CRBLH-DF). Representantes da Secretaria de Saúde de Cundinamarca durante capacitação no DF | Foto: Yuri Freitas/Agência Saúde DF Apesar do reconhecimento internacional, a especialista reforça que a atuação da rBLH-DF demanda um engajamento contínuo dos profissionais da SES-DF. “Essa experiência nos inspira e renova nosso compromisso diário com a busca pela excelência na promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno." Políticas de amamentação e atenção neonatal O DF é referência em políticas de incentivo à amamentação e conta com 14 BLHs e sete postos de coleta. Em média, 150 a 200 recém-nascidos internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) dependem todos os meses do leite doado. Durante a semana, a comitiva colombiana pôde conhecer as diretrizes das políticas públicas de promoção do aleitamento materno. O foco maior esteve na Iniciativa Hospital Amigo da Criança (IHAC) e na implementação do Método Canguru. Também foram realizadas visitas técnicas à Unidade Básica de Saúde (UBS) 2 de Taguatinga, ao posto de coleta de leite humano do Hospital Regional de Samambaia (HRSam) e aos BLHs do Hospital Regional de Taguatinga (HRT) e do Hospital Universitário de Brasília (HUB). As visitações permitiram a observação de rotinas de trabalho, fluxos operacionais e protocolos técnicos adotados em diferentes níveis da atenção à saúde. “Trata-se de um momento valioso de intercâmbio de conhecimentos, experiências e culturas, que fortalece nossa atuação em rede” Graça Cruz, coordenadora do Centro de Referência em Banco de Leite Humano do Distrito Federal (CRBLH-DF) Antes de voltar à Colômbia, o grupo internacional também se reuniu com os responsáveis técnicos de todas as unidades da rBLH-DF, no intuito de debater os passos que fizeram da capital federal autossuficiente em leite humano. Como complementação, a comitiva se encontrou, ainda, com profissionais da Assessoria de Comunicação (Ascom) da SES-DF para entender as campanhas de doação realizadas nos últimos anos. Jhon Chaparro, da SSC, fez questão de destacar o que mais chamou sua atenção na semana: “Estamos levando muitas ideias para implementar em nosso departamento. Por exemplo, a ênfase em mobilização social, em campanhas de comunicação, desde as UBSs — no acompanhamento a gestantes e crianças —, até o trabalho desenvolvido nos postos de coleta, articulado com atores da sociedade civil, como os bombeiros. Isso nos deixou impressionados." Monica Sandoval, também da SSC, elogiou o trabalho brasileiro e demonstrou interesse em reproduzir essas ações no contexto da Colômbia. “É nossa meta de política pública criar uma rede de bancos de leite humano departamental. Desejamos implementar esses centros de coleta em nosso departamento e, por isso, viemos tomar referência com os melhores." *Com informações da Secretaria de Saúde
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Doação de leite humano no DF: como ajudar os estoques neste fim de ano
Os estoques de leite materno no Distrito Federal estão em baixa, situação que, com a proximidade do fim do ano, se agrava, pois o número de doações tende a diminuir nesta época. Entre janeiro e novembro deste ano, os bancos de leite da capital federal beneficiaram cerca de 14 mil bebês internados, com a arrecadação de 18 mil litros de leite. A média mensal de doações é de 1,7 mil litros. Corpo de Bombeiros Militar do DF é parceiro assíduo na campanha de doação de leite materno, atuando nas coletas | Foto: Divulgação/CBMDF De acordo com a enfermeira Graça Cruz, coordenadora do Centro de Referência em Banco de Leite Humano do DF, novembro foi o pior mês do ano em termos de doações. “Infelizmente, houve uma queda na arrecadação, e gostaríamos de atender a demanda externa, mas dependemos da colaboração das mães do DF”, afirma. O objetivo é reduzir a mortalidade infantil e melhorar a qualidade de vida da população. O leite materno é essencial para garantir a nutrição de milhares de bebês que dependem desse alimento primordial para um desenvolvimento saudável. Como ajudar Bebês prematuros, frequentemente, têm dificuldade para sugar o leite da mãe Toda mulher saudável que esteja em período de amamentação pode se tornar uma doadora de leite materno, independentemente da idade do bebê. No DF, o recolhimento pode ser feito em casa e direcionado a uma das 14 unidades de saúde. As doações podem ser entregues diretamente nos bancos de leite, em potes de vidro com tampas plásticas (como os de cafés solúveis), mas também é possível agendar o serviço pelo telefone 160 (opção 4) ou pelo site Amamenta Brasília. Após o cadastro, uma equipe do Corpo de Bombeiros Militar do DF entrega o kit de coleta e realiza o transporte até os bancos de leite. O leite coletado no DF é normalmente destinado a bebês internados nas unidades de saúde do Distrito Federal. Graça Cruz explica que bebês prematuros, com menos de 37 semanas de gestação, frequentemente têm dificuldades para sugar o leite da mãe, o que prejudica o aleitamento devido à falta de estímulo para o organismo produzir prolactina, o hormônio responsável pelo aumento da produção de leite. Bebês alimentados De janeiro a novembro de 2024, os bancos de leite do DF beneficiaram mais de 14 mil bebês, com uma média mensal de aproximadamente mil receptores de leite humano. Os bancos de leite do DF são reconhecidos como referência nacional pelo Ministério da Saúde, e Brasília é a única cidade autossuficiente em leite humano do mundo. Além de coletar, processar e distribuir o leite, essas unidades realizam campanhas para captar mais doadoras e prestam assistência à amamentação, o que também ajuda a identificar novas doadoras. “Esses bancos de leite são responsáveis pela seleção, classificação, processamento e controle de qualidade do leite humano pasteurizado, com o objetivo de reduzir a mortalidade infantil e melhorar a qualidade de vida da população”, ressalta Graça Cruz. Doações Bruna Cavalcante passou a doar leite desde que sua filha Maria Cecília nasceu, prematura: “Prometi que, enquanto eu tiver leite para doar, vou fazer isso” Este ano, mais de 6 mil mulheres se tornaram doadoras de leite, com uma média de 500 doadoras mensais. O DF conta com vários bancos e postos de coleta, em hospitais e centros de saúde. A lista completa pode ser acessada no site da Secretaria de Saúde (SES-DF). Entre os locais que recebem doações, estão os hospitais regionais da Asa Norte, Sobradinho, Samambaia, Brazlândia, Ceilândia, Taguatinga, Planaltina, Paranoá e Santa Maria, além do Hospital Materno Infantil de Brasília, a policlínica do Riacho Fundo e o posto de coleta de São Sebastião. A pedagoga Bruna Cavalcante, 27, passou a doar leite para outros bebês do DF este ano, após o nascimento Maria Cecília Santos, atualmente com 3 meses. “Eu vim para o banco de leite porque a Maria Cecília nasceu muito frágil, como se fosse prematura”, conta. “Então, nos primeiros dias, ela não mamava muito bem no meu peito e passou a receber a doação do banco para complementar a alimentação”. Os 10 ml adicionais na nutrição salvaram a vida da filha de Bruna. “Prometi que, enquanto eu tiver leite para doar, vou fazer isso”, revela a mãe. Bruna doa toda a semana, pelo menos, 350 ml para o banco de leite do Hospital Regional de Taguatinga (HRT), quantidade que pode alimentar até dez prematuros por dia. “Eu não sei o que seria da minha amamentação e da minha maternidade sem o banco de leite”, afirma ela. “A minha relação com a amamentação é de amor. É muito bom saber que você consegue nutrir o seu neném. Ele cresce e se fortalece porque você está ali se dedicando.”
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