Quarto e último lote do Cartão Material Escolar começa a ser pago nesta sexta (12)
O pagamento do quarto e último lote do Cartão Material Escolar (CME) começa a ser creditado nesta sexta-feira (12). Nesta etapa serão contemplados 5.273 estudantes, entre eles: alunos do ensino médio, Educação para Jovens e Adultos (EJA) e ensino especial. Vale ressaltar que os alunos da educação infantil e do ensino fundamental, que não haviam sido contemplados nos lotes anteriores e atendem aos critérios para receber o benefício, também estão dentro da lista. No total, o investimento do quarto lote chega ao valor de R$ 1.512.320. O CME é destinado a estudantes regularmente matriculados na rede pública de ensino do Distrito Federal, que tenham entre 4 e 17 anos, cujos pais ou responsáveis legais sejam beneficiários do Bolsa Família ou programa similar do governo federal | Foto: Geovana Albuquerque/Agência Brasília O beneficiário contemplado nesse lote que ainda não possui o cartão físico poderá consultar o local de retirada no site do GDF Social. Veja o cronograma para retirada do cartão na Agência BRB ⇒ Iniciais A-J: dia 15/4 ⇒ Iniciais K-Z: dia 16/4 Os contemplados também poderão tirar dúvidas e consultar demais informações por meio do telefone 156. Em 2024, houve um crescimento de 27.519 contemplados do CME, comparado ano anterior. Ao todo, foram beneficiados 175.613 estudantes, distribuídos nos quatro lotes, totalizando R$ 54.198.800 em investimento. O programa O Programa Material Escolar foi instituído pela Lei nº 6.273/2019 e é realizado em parceria da Secretaria de Desenvolvimento Social e da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Renda do Distrito Federal, conforme institui a Portaria Conjunta nº 2, de 19 de janeiro de 2023. O CME é destinado a estudantes regularmente matriculados na rede pública de ensino do Distrito Federal, que tenham entre 4 e 17 anos, cujos pais ou responsáveis legais sejam beneficiários do Bolsa Família ou programa similar do Governo Federal. As famílias recebem R$ 320 para cada aluno matriculado na educação infantil e fundamental e R$ 240 para cada estudante do ensino médio. A Secretaria de Educação ressalta que um mesmo portador do cartão pode receber o benefício por dois ou mais estudantes, desde que estejam dentro dos critérios. É importante também que as famílias mantenham os dados cadastrais atualizados ao longo do ano, destacando a necessidade de informações como número do NIS, CPF do responsável familiar e do estudante, nome da mãe e nome do estudante para a localização eficiente do beneficiário. Este ano, foram cadastradas 339 papelarias que estão aptas a vender os materiais da lista fornecida pelas escolas da rede pública. Confira aqui a lista de papelarias credenciadas. *Com informações da SEEDF
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Com menor taxa de analfabetismo do país, DF é referência em educação
“Voltar a estudar abriu minha visão de que enquanto há vida, há esperança”. É assim que Elzenir da Silva Gonçalves, de 52 anos, descreve a experiência de completar um ano de estudos no Centro Educacional 2 de Taguatinga, uma das unidades de Educação para Jovens e Adultos (EJA) do Governo do Distrito Federal (GDF). Ela deixou as salas de aula ainda na adolescência, no interior do Maranhão, para trabalhar ao lado do pai com atividades do campo. Mudou-se para o DF, e aqui se casou e dedicou os dias ao esposo e aos dois filhos. Aos 51, sentiu um despertar para buscar os próprios sonhos, depois de passar por um processo de adoecimento mental e físico. Elzenir da Silva Gonçalves, de 52 anos, é aluna do Centro Educacional 2 de Taguatinga | Foto: Geovana Albuquerque/Agência Brasília “Eu tenho muito orgulho de usar esse uniforme escolar. Orgulho porque faço questão que olhem para mim e vejam que eu não tenho mais 17 anos, mas estudo em uma escola do GDF. Estudar para mim é sinônimo de liberdade, e agora eu consigo ter visão e abrir novos horizontes para a minha vida”, relata a estudante. Elzenir é uma das milhares de pessoas que ajudam o DF a se posicionar como a unidade da Federação com a menor taxa de analfabetismo do país (1,7%). Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua mais recente, divulgada em 22 de março pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O indicador também posiciona o DF bastante abaixo da média nacional, de 5,6%. Além disso, o resultado também representa uma evolução rumo à meta de erradicar o analfabetismo na unidade federativa. Entre 2022 e 2023, o índice teve uma queda, e diminuiu de 1,9% para 1,7%. Um reflexo da efetividade das políticas do Governo do Distrito Federal (GDF) voltadas para a alfabetização, tanto na infância quanto entre jovens e adultos. O Distrito Federal é a unidade da Federação com a menor taxa de analfabetismo do país (1,7%), segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua mais recente Referência no país Segundo a diretora da Educação de Jovens e Adultos da Secretaria de Educação do Distrito Federal (SEEDF), Lilian Sena, a educação na capital da República tem diferenciais que contribuem para posicionar a unidade federativa no topo do ranking de alfabetização do país. A primeira delas é a descentralização do ensino e a facilidade de encontrar uma instituição educacional perto de casa. Ao todo, são 97 unidades escolares da EJA, distribuídas ao longo das 14 regionais de ensino, atendendo a demanda das regiões administrativas e estudantes do Entorno. Outro ponto importante é que a matrícula pode ser realizada a qualquer momento, mesmo após o início do ano letivo. “Basta chegar na escola e, caso ele não tenha comprovação de escolaridade, a gente aplica um diagnóstico para identificar em qual etapa ele será inserido”, explica a diretora. A educação na capital da República tem diferenciais que contribuem para que o DF esteja no topo do ranking de alfabetização do país. Uma delas é a descentralização do ensino e a facilidade de encontrar uma instituição educacional perto de casa. Ao todo, são 97 unidades escolares da EJA, distribuídas ao longo das 14 regionais de ensino, atendendo a demanda das regiões administrativas e estudantes do Entorno “Outro diferencial é que trabalhamos com formação continuada dos profissionais da educação para que eles possam trabalhar na perspectiva da andragogia [ensino para adultos]. Ela considera que a alfabetização na fase adulta é diferente da realizada na infância. O profissional precisa de uma preparação para desenvolver esse trabalho sem infantilizar a oferta”, destaca Lílian Sena. Esse é um cuidado constante da professora Silvana Leite, que também atua no CED 2 de Taguatinga. Além de uma didática voltada para o público adulto, o ensino após os 15 anos também demanda flexibilidade. “Quando o estudante está faltando por conta do trabalho, ou porque precisa ficar com os filhos, a gente entrega atividades para eles fazerem em casa, liga quando eles estão faltando, faz o máximo para eles não desistirem”, admite. Segundo ela, a maior parte dos adultos que procuram a EJA não está em busca de recolocação profissional, mas da realização de um sonho. “Aprender a ler e escrever é um símbolo de liberdade e dignidade. Também representa autoestima, e é um ato de cidadania”, destaca a educadora. Alfabetização tradicional Além da formação para jovens e adultos, a Secretaria de Educação realiza um trabalho integrado com foco em educação adequada para as crianças em idade de alfabetização, elemento estruturante para uma trajetória de aprendizado bem-sucedida. O Programa de Alfabetização e Letramento no Distrito Federal (Alfaletrando) tem como objetivo garantir o direito à alfabetização de crianças até os 7 anos de idade, e é a prioridade da Secretaria de Educação este ano para as 383 instituições do DF que oferecem o 1º e o 2º ano do ensino fundamental Um dos destaques é o Programa de Alfabetização e Letramento no Distrito Federal (Alfaletrando), instituído pela SEEDF em fevereiro deste ano. A iniciativa tem como objetivo garantir o direito à alfabetização de crianças até os 7 anos de idade. De acordo com a pasta, este ano a prioridade será a implementação do programa em todas as 383 instituições do DF que oferecem o 1º e o 2º ano do ensino fundamental, concentrando esforços nos anos iniciais do grau de escolaridade. Para os anos seguintes, a proposta é estender as ações do programa para as demais séries do ensino fundamental. O programa conta com uma abordagem pedagógica inovadora, utilizando recursos e práticas educacionais modernas para estimular o interesse e a participação dos estudantes. Segundo dados atualizados da Secretaria de Educação do Distrito Federal, 56 mil alunos estão na fase de alfabetização nas unidades de ensino da capital. Outros 18 mil estão matriculados na Educação para Jovens e Adultos, entre os quais 1,2 mil cursam a 1ª e a 2ª etapas do 1º segmento. Fortalecimento do ensino Na avaliação do diretor da Escola Classe 314 Sul, Bruno Louredo, projetos da Secretaria de Educação voltados para a etapa da alfabetização são fundamentais em um contexto pós-pandemia, enquanto os alunos ainda vivem os reflexos do período longe das aulas presenciais. “Esse direcionamento do Governo do Distrito Federal é muito importante porque a gente ainda sofre algumas consequências do ensino remoto. Apesar dos esforços, faltou o acompanhamento diário com o professor, e a chance de reorientar o estudante na hora da atividade”, detalha o profissional. Louredo explica que o resultado é uma trajetória educacional mais efetiva. “Alfabetizar no tempo certo, além de preencher essa lacuna que ocorreu, começa a sanar dificuldades cada vez mais cedo. Com isso, os anos seguintes passam a ser apenas uma revisão, uma consolidação daquilo que a criança aprendeu. E os ganhos são inúmeros, inclusive, a iniciativa contribui para que o aluno tenha um 5º e um 6º anos melhores”. Gisllaine Azambuja conta que o filho Miguel tem apresentado interesse nos estudos O pequeno Miguel, de 7 anos, é um desses estudantes. Ele está no 2º ano do ensino fundamental, na Escola Classe 314 Sul. Ele tem apresentado facilidade para aprender a ler e escrever e interesse pelos estudos, segundo a mãe dele, Gisllaine Azambuja. Ela elogiou a disponibilidade e atenção dos educadores da instituição com as famílias e alunos. “Essa etapa é muito importante, porque vai fazer muita falta lá na frente. E a escola tem sido excelente, o acesso a eles é muito fácil, estão sempre cuidadosos e dispostos a ajudar. Tem sido uma grande parceria”.
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Nunca é tarde para aprender: idosos estudam na rede pública do DF
“Resolvi voltar a estudar porque perdi uma oportunidade de mudar de cargo no trabalho. Agora, quando surgir outra oportunidade, vou estar pronto para assumir”. Essa foi a motivação do porteiro Josias Alves de Assis, 55 anos, para ingressar na Educação para Jovens e Adultos (EJA), após passar a vida inteira longe da sala de aula. Nascido na Bahia, ele interrompeu os estudos ainda nos primeiros anos escolares, devido à insuficiência de docentes no município em que morava. Com isso, pouco sabia ler e escrever. Anos se passaram e, no primeiro semestre de 2019, Josias criou coragem e voltou para a sala de aula, incentivado pelas duas filhas e pela companheira. Depois de uma prova de nivelamento, foi inserido na turma referente ao quarto ano do ensino fundamental na EJA no Centro Educacional 2 (CED 2) de Taguatinga. A dedicação às atividades escolares, as tarefas para casa e a criação de laços com novos colegas foram interrompidas com a pandemia do novo coronavírus, em março de 2020. Josias se viu, mais uma vez, com dificuldades para estudar, sem conseguir manter o ritmo com as aulas online, e decidiu interromper a alfabetização. Josias Assis (em destaque), 55 anos, resolveu voltar a estudar após perder uma oportunidade de mudar de cargo no trabalho | Fotos: Joel Rodrigues/Agência Brasília Até que, no segundo semestre de 2021, Josias voltou com gás e força de vontade, obstinado a ultrapassar qualquer obstáculo que aparecesse no caminho. “Quem tá fora, vem pra cá que não vai se arrepender. Tem coisas que, se não tiver uma leitura, fica pra trás”, afirma. Hoje estudante da turma do sétimo ano do ensino fundamental da EJA, ele se sente mais preparado para agarrar oportunidades profissionais que surgirem no caminho. “Trabalho na mesma empresa há 30 anos. Quando tiver uma promoção de cargo, será minha. E eu não quero parar de estudar, vou dar continuidade até ver que estou melhor”, ressalta o baiano. A Educação de Jovens e Adultos (EJA) permite que pessoas que, por algum motivo tiveram que interromper os anos de ensino regular, tenham acesso à escola e por lá permaneçam. Ao todo, conforme o Caderno de Matrículas 2020, são atendidos 40.218 estudantes a partir de 15 anos em três segmentos da modalidade. [Olho texto=”“A maior riqueza que os pais podem deixar para os filhos é o incentivo ao estudo. Mas se não estudou enquanto era novo, pode ir quando mais velho, é sempre bom”” assinatura=”Maria Miranda de Souza, 63 anos” esquerda_direita_centro=”direita”] O primeiro segmento corresponde aos anos iniciais do ensino fundamental; o segundo, aos anos finais do ensino fundamental; e o terceiro, ao ensino médio. A idade mínima para o ingresso nos dois primeiros segmentos é de 15 anos completos (diurno) e 18 anos completos (noturno), enquanto o terceiro exige a idade mínima de 18 anos completos, independentemente do turno. A EJA está disponível em 108 unidades de ensino, localizadas em Brazlândia, Ceilândia, Gama, Guará, Núcleo Bandeirante, Paranoá, Planaltina, Plano Piloto, Recanto das Emas, Samambaia, Santa Maria, São Sebastião, Sobradinho e Taguatinga. O telefone para contato e o endereço de cada uma das escolas estão disponíveis aqui. Novo horizonte A aposentada Maria Miranda de Souza, 63 anos, também encontrou na EJA uma nova perspectiva de vida. Quando criança, ela teve pouco contato com a escola devido às dificuldades da época e, aos 40 anos, tentou retomar o aprendizado, mas não conseguiu conciliar os estudos com a rotina de trabalho e de dona de casa. Vinte anos se passaram até que Maria retornasse definitivamente para a sala de aula. “Agora, com 63 anos, voltei a estudar com garra, força mesmo. E estou gostando da escola, dos professores, do ensino. Está sendo muito bom”, afirma ela, que também está no sétimo ano do ensino fundamental no CED 2 de Taguatinga. [Olho texto=”“Quando o pessoal de 20 anos vê uma aluna com mais de 80 anos se dedicando em aprender, estudando, pensa: ‘poxa, se ela consegue, eu também posso’. Todos têm sonhos, querem fazer um curso técnico, uma graduação, entrar no mercado de trabalho. E os exemplos são motivadores”” assinatura=”Leopoldo José Alves, professor de matemática” esquerda_direita_centro=”esquerda”] Com o tempo livre graças à aposentadoria, Maria dedica várias horas do dia ao estudo e não tem vergonha em pedir ajuda aos filhos e netos. “Eles sentem orgulho de mim. Dizem que comi pé de cachorro, porque não paro em casa”, brinca Maria, que tem três filhos, oito netos e duas bisnetas. Ela revela que foi a maior incentivadora da prole em relação aos estudos, já que, como ela não tinha, sentia muita falta. “Quando a gente não sabe, fica com medo de falar. Se eu falo uma palavra errada, dói o ouvido de todo mundo”, afirma. “A maior riqueza que os pais podem deixar para os filhos é o incentivo ao estudo. Mas se não estudou enquanto era novo, pode ir quando mais velho, é sempre bom”, alega. “Hoje estou muito bem, não falto à escola. Minhas notas são boas, gosto de estudar de tudo, menos o inglês, que é uma barreira pra mim. Tenho sorte que a professora é muito paciente comigo e, se não entendo, chego em casa e peço a meu neto pra me ensinar” comenta. Orgulhosa do próprio desempenho e dedicação, Maria pretende ir até o final do curso. “Não vou parar. Quero me formar em engenharia e vou conseguir, se Deus quiser. É um sonho que vem desde pequena. Estou engatinhando, mas vou chegar lá”, celebra. Confira o vídeo: Participação efetiva De acordo com a diretora do CED 2, Romênia Boaventura, o conteúdo de cada etapa dos segmentos é adaptado para incluir os pontos mais relevantes para o aprendizado. “Usamos uma metodologia diferente, porque trabalhamos com pessoas que têm uma história, uma bagagem de vida muito grande. Tudo isso é levado em conta e, a partir das vivências e propostas diferenciadas, a gente procura inserir esse estudante de novo no processo de escolarização”, revela a gestora. A diretora do CED 2, Romênia Boaventura, diz: “Usamos uma metodologia diferente, porque trabalhamos com pessoas que têm uma história, uma bagagem de vida muito grande” O CED 2 atende a cerca de 900 estudantes, em três turnos – matutino, vespertino e noturno –, divididos em 47 turmas. Há alunos desde a idade mínima, 15 anos, até idosos com mais de 80 anos. “Temos três alunas com 82 anos. Para elas, é um resgate da própria história. O fato de estar dentro da escola significa que está retomando alguma coisa incompleta na vida. Então, a interação com os outros estudantes é um grande ganho em termo de vida”, comenta a diretora. Professor de matemática, Leopoldo José Alves compõe o corpo docente da unidade de ensino e se dedica a ampliar os horizontes de jovens, idosos e adultos. Com mais de 30 anos de carreira, ele utiliza técnicas de alfabetização comuns no jardim de infância para ensinar aos mais velhos. “Os idosos também precisam de um material concreto, assim como as crianças. Precisam de um tempo maior de adaptação. É preciso ter tolerância e força de vontade. A sociedade precisa perceber que se temos um adulto alfabetizado, letrado, temos um cidadão mais consciente”, alega. O professor Leopoldo José Alves diz: “A sociedade precisa perceber que se temos um adulto alfabetizado, letrado, temos um cidadão mais consciente” A participação dos mais experientes impulsiona os mais novos. “Quando o pessoal de 20 anos vê uma aluna com mais de 80 anos se dedicando em aprender, estudando, pensa: ‘poxa, se ela consegue, eu também posso’. Todos têm sonhos, querem fazer um curso técnico, uma graduação, entrar no mercado de trabalho. E os exemplos são motivadores”, afirma. O sentimento que fica no coração dos professores, segundo Leopoldo, é o de heroísmo, misturado com gratidão. “Cada indivíduo tem uma história por trás. Enquanto educadores, temos um papel na sociedade e cumprir isso nos deixa muito felizes”, conclui.
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