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Escola Classe Café Sem Troco

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Escola Classe Café Sem Troco adota modelo inovador para integrar alunos imigrantes

O espanhol se tornou um idioma comum nas salas de aula, nos corredores e no pátio da Escola Classe Café Sem Troco, localizada na região rural do Paranoá. É rotineiro escutar saudações como “buenos días” e “buenas tardes” ao circular pela instituição. As frases são ditas tanto pelos estudantes venezuelanos, que integram a comunidade escolar há três anos, quanto pelos alunos brasileiros. "Tivemos várias mudanças até chegarmos ao formato que temos hoje, mas foi dando certo com muito carinho, amor e paciência", diz a professora Maria Janerrandra Fogaça | Fotos: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília A inclusão da língua no dia a dia do colégio faz parte das estratégias de integração das crianças e dos adolescentes da comunidade Warao Coromoto, etnia indígena católica da Venezuela composta por 38 grupos de famílias e 158 pessoas que vivem em Brasília desde 2023. Eles representam cerca de 50 estudantes dos quase 500 da escola. De acordo com a Secretaria de Educação (SEEDF), a rede pública do DF conta com 1.654 estudantes migrantes internacionais matriculados. A maioria está no ensino fundamental, um total de 1.130. Mas também há estudantes registrados no ensino médio (246), na educação infantil (178) e na Educação de Jovens e Adultos (100). Plano Piloto, São Sebastião, Taguatinga, Ceilândia e Paranoá são as regiões com a maior concentração de alunos imigrantes. Desde o ano passado, o idioma está entre as disciplinas regulares dos alunos do ensino infantil ao 5º ano do ensino fundamental. As aulas são ministradas por estudantes de letras - espanhol da Universidade de Brasília (UnB), em um projeto parceiro com a escola da rede pública de ensino do Distrito Federal. "O espanhol está abrindo as portas de integração para que eles possam se comunicar", afirma Thiago Cardozo, que atua como educador social na EC Café Sem Troco “As escolas costumam ter o espanhol apenas no ensino médio. A proposta aqui é trazer desde a base como forma de conexão. Com esse projeto, já estamos vendo as crianças brasileiras falando em espanhol com os imigrantes. Isso mostra que o espanhol está abrindo as portas de integração para que eles possam se comunicar. Esse é o ponto que pretendemos chegar: que está seja uma comunidade hispanohablante”, explica o estudante de letras espanhol da UnB Thiago Cardozo, que atua como educador social na EC Café Sem Troco. Acolhimento e inclusão “A nossa escola sempre teve um perfil de integração. Fomos a primeira escola rural a ter uma classe especial para alunos com deficiência. Quando ficamos sabendo que havia um grupo de refugiados, fomos conhecê-los e, quando veio o chamado do Ministério Público, colocamos uma parede provisória e eles vieram”, lembra a diretora da EC Café Sem Troco, Sheyla Passos. No primeiro dia, apareceram mais de 30 alunos de diferentes idades. A primeira medida foi criar uma rede de apoio e acolhimento para estudantes e familiares. “Colocamos todos numa mesma sala, num primeiro momento, não por rejeição, mas para que eles se sentissem protegidos, porque tínhamos alunos de 17 anos com a mesma escolaridade de outro com 4 anos. Muitos nunca haviam pisado numa escola. Alguns só falavam o warao, que é a língua nativa deles. Eram muitos desafios”, recorda. Sheyla Passos diz que a primeira medida, na EC Café Sem Troco, foi criar uma rede de apoio e acolhimento para o grupo de refugiados Desafios esses que a professora Maria Janerrandra Fogaça sentiu na pele. “Vim exatamente porque eu já falava espanhol. Mas quando cheguei foi muito diferente do que eu esperava. Eu fazia determinada atividade e alcançava um grupo, mas não alcançava outro. Com o tempo fomos entendendo que era preciso separar os estudantes em grupos. Tivemos várias mudanças até chegarmos ao formato que temos hoje, mas foi dando certo com muito carinho, amor e paciência”, conta. Após o primeiro ano de adaptação, os alunos venezuelanos passaram a ser divididos em grupos. São quatro dentro da mesma sala de aula comandada por Janerrandra com auxílio de educadores sociais, com estudantes com idades mais avançadas. Já os mais jovens estão integrados às turmas regulares do ensino infantil e do 1º, 2º e 5º ano do ensino fundamental. Além disso, todos fazem as aulas de espanhol na mesma classe que os colegas brasileiros. “A fase do acolhimento já foi feita. Hoje estamos na fase da integração. Os menorzinhos já estão na educação infantil e nos primeiros anos do ensino fundamental seguindo a idade cronológica. Infelizmente, os maiores não conseguimos fazer essa integração, mas já estamos os preparando para o Encceja (Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos), para que eles possam se integrar ao ensino médio. Nosso desejo é ter a EJA (Educação de Jovens e Adultos) Interventiva para que possamos ofertar de forma diurna e acelerar o processo de aprendizagem desses alunos”, completa a diretora Sheyla. Transformação e oportunidades Wilde Zapata e Santa Eduviges Pacheco Lorenzana adoram estudar matemática Foi só quando chegou ao Café Sem Troco que a jovem Santa Eduviges Pacheco Lorenzana, 16, teve contato com a escola. E estudar logo se tornou a atividade preferida da menina, que adora matemática. “Gosto muito de estudar. Outra coisa que gosto muito aqui no Brasil é a comida, mas sinto muita falta da outra parte da minha família que ficou na Venezuela”, comenta. A vivência de Wilde Zapata, 17 anos, é semelhante. A escola em Brasília foi a segunda à qual ele teve acesso. “A primeira vez que eu estive dentro de uma sala de aula foi há seis anos em Roraima. Essa é a segunda escola em que estive na vida”, revela. Mesmo assim, ele tem se destacado. Autodidata, o menino já aprendeu a ler em português e também tem tido bons resultados em matemática. Dos seis irmãos de Wilde, cinco também estudam na EC Café Sem Troco. “É uma família muito presente. O pai sempre manda mensagem perguntando como eles estão e avisa quando eles faltam”, acrescenta a professora Maria Janerrandra. Além de gostar do acesso ao conhecimento, Wilde aponta a alimentação escolar como outro ponto favorito ao ir à escola. “Gosto muito da escola. Gosto de estudar matemática e gosto da comida. Meu prato favorito é a galinhada”, diz. “A grande diferença entre a nossa vida na Venezuela e no Brasil é que aqui temos dinheiro e alimentação”, completa. O cacique  Eduardo Baez diz que foi necessário vir para o Brasil para ter mais qualidade de vida. "Estamos vivendo melhor. Há alimentação, educação. A educação é muito importante para que eles aprendam, tenham um futuro", afirma Para o cacique da comunidade Warao Coromoto, Eduardo Baez, a oportunidade que as crianças estão tendo no Brasil de acesso à educação tem sido de extrema importância. “A nossa vida no Brasil é muito boa. Fomos obrigados a sair da Venezuela por causa da escassez. Não havia medicamentos. Não havia mais comida. Não aguentamos mais. Então decidimos por iniciativa própria vir para o Brasil e tem sido muito bom. Estamos vivendo melhor. Há alimentação, educação. A educação é muito importante para que eles aprendam, tenham um futuro. Queremos que eles possam ter carreiras de alto nível, quem saber, serem professores”, deseja. [LEIA_TAMBEM]Rede de proteção integrada A rede de proteção aos migrantes envolve várias pastas do GDF. A Secretaria de Educação conta com a Política Distrital de Proteção e Direito de Matrícula de Crianças Migrantes, Refugiadas, Apátridas e Solicitantes de Refúgio, que garante o direito à matrícula imediata de crianças migrantes e refugiadas de 4 meses a 6 anos em creches e escolas públicas, mesmo sem documentação completa. A Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes) é responsável pelo Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) Migrantes. Localizado no Setor Bancário Norte, o equipamento atende famílias e indivíduos que sofrem violação de direitos em razão da questão migratória, auxiliando na documentação, concedendo benefícios e dando suporte nas áreas de empregabilidade e educação. A Secretaria de Justiça e Cidadania, por exemplo, atua por meio da Gerência de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas e Apoio ao Migrante (Getpam), com ações como o projeto Vivência Delas, voltado à escuta qualificada de mulheres imigrantes, e o Cidadania nas Escolas, que combate a xenofobia por meio de palestras e formação. Já a Secretaria de Saúde elaborou o Guia de Acolhimento aos Migrantes, Refugiados e Apátridas nos Serviços de Saúde do DF, que orienta os estrangeiros sobre como acessar o Sistema Único de Saúde (SUS) e seus serviços.

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Escolas da rede pública acolhem refugiados e indígenas venezuelanos

De portas abertas para a inclusão. O ano letivo na Escola Classe Café sem Troco, localizada na zona rural do Paranoá, começou de forma especial. A escola se solidarizou e acolhe, desde o primeiro dia de aula, 33 crianças e adolescentes indígenas refugiados da Venezuela. Os alunos fazem parte da Comunidade Indígena Warao Coromoto, que atualmente encontra-se a 4 km da escola. Eles têm entre 4 e 17 anos e estavam sem acesso à alfabetização. O desafio da escola agora é incluí-los na sociedade por meio da aprendizagem e convívio escolar. Bilmaris Del Vale Zapata Riveiro, 15 anos, está aprendendo a ler e escrever e, apesar de ainda não dominar a língua portuguesa, diz que quer ser médica | Foto: Mary Leal, Ascom/SEEDF “Gosto da escola, da professora e estou feliz porque aprendi a ler e escrever”, conta Bilmaris Del Vale Zapata Riveiro, de 15 anos, aluna do primeiro ano da alfabetização. A estudante ainda não tem o domínio da língua portuguesa, mas consegue entender e se expressar muito bem quando o assunto é sonho. “Quero ser médica”, diz. A solidariedade dos servidores da escola em receber os alunos só foi possível graças a uma forte rede de apoio, que inclui a Regional de Ensino do Paranoá, o Departamento de Linguística, Português e Línguas Clássicas da Universidade de Brasília (UnB) e a Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap), além da Secretaria de Educação do Distrito Federal (SEE). [Olho texto=”“Aqui trabalhamos a integração, a troca de cultura e o respeito. Assim, a necessidade desses educadores da comunidade. Além disso, eles passam mais segurança e proteção para os alunos e evitam o abandono escolar”” assinatura=”Sheyla Cristina, diretora da EC Café sem Troco” esquerda_direita_centro=”direita”] “Toda a rede de apoio está sendo fundamental. Contamos com a colaboração de uma professora e universitários do Departamento de Linguística da UnB, que vem semanalmente atender nossos alunos com atividades. A Secretaria de Educação, por meio da regional, também nos ajudou e cedeu um professor de espanhol. Além disso, com ajuda da Novacap, a escola está passando por uma reforma para a ampliação do espaço, com mais seis novas salas de aulas para atender os alunos da região e comunidade indígena”, destaca a diretora da escola, Sheyla Cristina. A escola conta atualmente com espaços de lazer que incluem quadra de esportes, pátio com brinquedos, refeitório, sala de recursos para atendimento às crianças com necessidades especiais e piscina para atividades recreativas. Além disso, oferece aulas de robótica com professores da Faculdade de Ciência e Tecnologia da Universidade de Brasília (UnB), que estão na escola toda semana para ensinar tecnologia aos alunos. As aulas são realizadas em laboratório equipado com eletrônicos de última geração (óculos de realidade virtual, impressora 3D e computadores). A iniciativa de incentivo à tecnologia abre espaço à própria comunidade local da região, que também tem livre acesso aos cursos. “Já tivemos alunos dos cursos que não eram alunos da escola, um deles se formou e chegou a palestrar na Campus Party”, lembra a diretora. Além da inclusão dos alunos venezuelanos, membros da comunidade indígena também participam das atividades na escola, como o vice-cacique da Warao Coromoto, Eduardo Baez Zapata Além da inclusão dos alunos venezuelanos, membros da comunidade indígena também participam das atividades na escola. Neste ano, dois conseguiram vaga como educador social voluntário, sendo um deles o próprio vice-cacique da Warao Coromoto, Eduardo Baez Zapata, 55 anos. “Nossa história no Brasil começa em 2019, com muita luta e trabalho. Na educação, lutamos há dois anos e agora conseguimos isso, que será muito importante para o futuro dos nossos meninos e meninas da comunidade”, explica Zapata. “Temos muito a aprender e ensinar com essa troca cultural de Brasil e Venezuela”. Para Sheyla, a presença dos educadores da comunidade é muito importante, uma vez que parte dos alunos indígenas falam apenas a língua nativa – warao. “Aqui trabalhamos a integração, a troca de cultura e o respeito. Assim, a necessidade desses educadores da comunidade. Além disso, eles passam mais segurança e proteção para os alunos e evitam o abandono escolar”, finaliza. Atendimento em São Sebastião [Relacionadas esquerda_direita_centro=”direita”] Na Escola Classe Morro da Cruz, em São Sebastião, inaugurada na segunda-feira (6), mais 34 crianças do povo Warao estão matriculadas. A Secretaria de Educação do DF tem trabalhado com adaptação desses estudantes para que ocorra o respeito e a interconexão entre as culturas. “Aqui o projeto conta com uma professora que fala espanhol e uma pessoa da comunidade Warao. Todas essas questões relacionadas à cultura do povo Warao estão sendo inseridas no projeto com objetivo de alfabetização”, conta Bárbara Ribeiro, professora da Escola Classe. *Com informações da Secretaria de Educação do DF

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Melhorias em escola rural do Paranoá beneficiam 380 alunos

O governador de Brasília, Rodrigo Rollemberg, visitou na manhã deste sábado (18) a Escola Classe Café Sem Troco, na comunidade rural de mesmo nome que fica próximo ao Paranoá. Ele conferiu as melhorias feitas neste ano na unidade e inauguradas oficialmente hoje. Durante as férias, o colégio foi pintado e teve o parquinho revitalizado. O governador de Brasília, Rodrigo Rollemberg, acompanhado do secretário de Educação, Júlio Gregório Filho, visitou na manhã deste sábado (18) a Escola Classe Café Sem Troco. Foto: Gabriel Jabur/Agência Brasília As intervenções beneficiarão 380 alunos. A verba foi recebida de doações privadas, e a Secretaria das Cidades disponibilizou a mão de obra. “Quero reiterar o compromisso do governo com a área rural. A cidade depende do campo para ter qualidade de vida”, afirmou Rollemberg. A diretora da escola, Sheyla Cristina, enfatizou a importância das melhorias na rotina escolar. “Quando se constrói uma sala de aula na comunidade, novos alunos aparecem. Por isso é fundamental ter uma boa estrutura.” No início do ano, a unidade ganhou um novo pavilhão, construído com verba parlamentar. A ala conta com duas salas de aula, uma para os professores e outra para funcionários terceirizados, além de laboratório e biblioteca. Edição: Amanda Martimon

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