De reeducando a profissional de TI: uma história de superação na Novacap
Aos 33 anos, o técnico de suporte Victor Soares Quintino tem uma trajetória marcada por superação. Antes de assumir a função atual na área de tecnologia, ele chegou à Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap) como reeducando, encaminhado pela Fundação de Amparo ao Trabalhador Preso (Funap). Inicialmente ocupou o posto na copa da Presidência da companhia, onde atuava como garçom em reuniões e eventos oficiais. Victor Quintino cresceu no trabalho por saber aproveitar a oportunidade de estudar e se aperfeiçoar: “Quero fazer uma pós-graduação, crescer cada vez mais na área de tecnologia e dar uma condição melhor para a minha família; sem eles, nada disso faria sentido” | Foto: Divulgação/Novacap Quintino — como todos o chamam na Novacap — chamava a atenção pelo respeito e pela dedicação com que sempre desempenhou seu trabalho. Foi nesse período que houve uma mudança em sua história de vida. Um comentário despretensioso do então assessor da Presidência e atual chefe do Núcleo de Tecnologia da Informação (NTI), Vitor Vitalino, despertou nele a curiosidade pela área de informática. “Um dia encontrei o Victor estudando Matemática pelo celular, e foi quando sugeri que pensasse em TI. Ele abraçou a ideia, estudou sozinho e me mostrou, em poucos dias, um site que havia começado a desenvolver” Vitor Vitalino, chefe do Núcleo de Tecnologia de Informação da Novacap “Eu não sabia nada sobre programação, mas fui pesquisar, cheguei a instalar um aplicativo no celular para testar códigos básicos e mostrei para ele o que tinha feito”, lembra Quintino. “Era uma coisa simples, mas suficiente para despertar meu interesse.” O esforço chamou a atenção de Vitalino, que conseguiu autorização para remanejá-lo para o setor de TI. Oportunidade “Um dia encontrei o Victor estudando Matemática pelo celular, e foi quando sugeri que pensasse em TI”, rememora Vitalino. “Ele abraçou a ideia, estudou sozinho e me mostrou, em poucos dias, um site que havia começado a desenvolver. Ali vi que ele merecia uma oportunidade real.” Desde então, Quintino não parou de evoluir. Começou como suporte N1, responsável pelo primeiro atendimento ao usuário, e hoje atua como suporte N2, função que exige resolver problemas mais complexos e específicos. “No momento, estou no terceiro semestre da faculdade de redes de computadores”, relata. “Sinto alívio, porque antes eu achava que tudo que eu podia ter era aquilo, mas percebo que posso ir muito além”. Entre as conquistas, ele já obteve a certificação ITIL v4 Foundation, reconhecida internacionalmente na gestão de serviços de TI, e planeja avançar ainda mais na carreira. “Quero fazer uma pós-graduação, crescer cada vez mais na área de tecnologia e dar uma condição melhor para a minha família; sem eles, nada disso faria sentido”, afirma. Eficiência Hoje, além do desempenho técnico, Quintino se tornou um exemplo dentro da companhia. De acordo com a chefia imediata, ele é um dos profissionais mais comprometidos da equipe. Enfrenta problemas complexos sem medo, entrega resultados consistentes e inspira os colegas. “Ter um colaborador com uma trajetória como a de Victor Soares é também um lembrete de que oportunidades podem transformar destinos” Fernando Leite, presidente da Novacap O setor de NTI é estratégico para a Novacap: garante a segurança, a eficiência e a continuidade das operações tecnológicas da companhia, além de administrar sistemas e proteger dados institucionais. “Ter um colaborador com uma trajetória como a de Victor Soares é também um lembrete de que oportunidades podem transformar destinos”, valoriza o presidente da Novacap, Fernando Leite. “Sua história prova que ninguém está condenado às circunstâncias”. A diretora-executiva da Funap, Deuselita Martins, reforça: “Histórias como a do Victor são a prova viva de que a oportunidade é capaz de transformar destinos. Quando há dedicação, estudo e apoio, a ressocialização deixa de ser apenas um conceito e se torna realidade. É por isso que acreditamos e trabalhamos todos os dias na Funap: para que cada reeducando tenha a chance de escrever uma nova página de sua história”. *Com informações da Novacap
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Programa de formação profissional oferece nova chance a reeducandos do DF
Para quem enfrenta o desafio de reconstruir a vida após uma condenação, a qualificação profissional surge como uma chance de recomeçar. Na capital do país, a trajetória de vários reeducandos ganha novos contornos por meio do Programa de Formação Profissional na Prisão, uma iniciativa do Governo do Distrito Federal (GDF) que, desde 2019, já ajudou a transformar a vida de 1,6 mil detentos. O programa é desenvolvido pela Fundação de Amparo ao Trabalhador Preso (Funap-DF), vinculada à Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejus-DF). Atualmente, são ofertadas 10 oficinas profissionalizantes a 330 reeducandos dos regimes fechado, semiaberto e aberto. “Nosso objetivo é ampliar cada vez mais essas oportunidades, fortalecendo parcerias e buscando sempre novas formas de qualificação”, ressalta a diretora-executiva da Funap, Deuselita Martins. Atualmente, são ofertadas 10 oficinas profissionalizantes a 330 reeducandos dos regimes fechado, semiaberto e aberto | Fotos: Tony Oliveira/ Agência Brasília “A qualificação profissional é a chave para abrir portas para um futuro digno, sobretudo para aqueles que estão em situação de vulnerabilidade no sistema prisional. Estamos oferecendo a esses reeducandos a oportunidade de aprender um ofício, o que não só transforma suas vidas, mas também impacta diretamente na sociedade, ao reduzir a reincidência criminal e promover a verdadeira reintegração”, prossegue a diretora. “O Programa de Formação Profissional proporciona aos reeducandos não apenas habilidades, mas também a chance de um recomeço digno no mercado de trabalho. Investir na capacitação desses indivíduos é acreditar no potencial de cada um deles. A profissionalização contribui para a função ressocializadora das penas privativas de liberdade, visando a reintegração à sociedade. A questão da não reincidência está intimamente ligada à possibilidade de esses indivíduos estabelecerem vínculos empregatícios, por isso é fundamental criar oportunidades para que os detentos possam se capacitar. A iniciativa do Governo do Distrito Federal representa um passo importante para quebrar ciclos e oferecer novas oportunidades de vida”, afirma a secretária de Justiça e Cidadania, Marcela Passamani. Além da capacitação profissional, os reeducandos são remunerados com o equivalente a três quartos de um salário mínimo e, por meio da atividade, conseguem a remição da pena, que consiste na redução de um dia para três trabalhados, conforme o artigo 126, da Lei de Execução Penal. Todos os selecionados atendem a critérios técnicos, que observam questões como bom comportamento e a condição do cumprimento da pena. Ao todo, 10 servidores da Funap atuam diretamente na gestão do programa. As atividades abrangem diversas áreas: costura, panificação, marcenaria, serralheria, concretagem, recuperação e manutenção de carrinhos de supermercado, oficinas de artesanato destinadas ao público LGBTQIAPN+, serigrafia, atividades agrícolas e manipulação de alimentos. Entre todas as opções, os cursos de costura e marcenaria se destacam como os mais procurados pelos reeducandos e representam uma nova perspectiva para quem deseja deixar o sistema prisional já preparado para entrar no mercado de trabalho. Marileide Silva destaca que o programa da Funap “ajuda eles, por exemplo, a achar um emprego ou começar um negócio do zero” “Aqui, o reeducando vai aprender tudo que ele precisa para ter a autonomia necessária”, enfatiza a professora da oficina de costura, Marileide Silva. “Eles são ensinados a manusear a máquina de costura e a confeccionar muitos tipos de produtos: camas para pets, colchas, camisas e tapetes. Isso ajuda eles, por exemplo, a achar um emprego ou começar um negócio do zero”, completa. A professora fala com emoção sobre o impacto do projeto na vida dos alunos. Para ela, a transformação vem a cada dia e é motivo de orgulho e satisfação: “Para mim, como professora, é muito gratificante poder ver o pessoal se encontrando nessa área. Poder vê-los se levantando, tendo um recomeço.”
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