Dia Mundial dos Cuidados Paliativos: Hospital de Apoio é especializado na rede pública
Para reforçar o Dia Mundial dos Cuidados Paliativos (CP), lembrado em outubro, as paredes do Hospital de Apoio de Brasília (HAB) se encheram de arte e conhecimento nesta quinta-feira (31). Quadros pintados pelo paciente da unidade há 13 anos, o inglês Bob Thompson, espalharam pelo ambiente cores, flores e animais. Nas salas, servidores passavam por uma capacitação sobre CP. Na rede pública do Distrito Federal, o HAB é a unidade especializada nesse tipo de cuidado. Paciente da unidade há 13 anos, o inglês Bob Thompson expos quadros que espalharam pelo ambiente cores, flores e animais pelo HAB | Foto: Ualisson Noronha/Agência Saúde-DF O trabalho desenvolvido na unidade se destaca em diversos aspectos. O HAB atua, por exemplo, como hospital/hóspede, no qual pacientes com diversos problemas de saúde ou com doenças graves encontram apoio, cuidado e acolhimento. Há ainda assistência ambulatorial, atendendo pessoas que já estão em cuidados paliativos há mais tempo. Antes mesmo da recente criação da Política Nacional de Cuidados Paliativos (PNCP) pelo Ministério da Saúde, o hospital já se enquadrava nos principais pontos exigidos pela norma. “Temos uma equipe ampliada e realizamos residências médicas e multiprofissionais”, exemplifica a chefe da Unidade de Cuidados Paliativos do HAB, Elisa Marquezini. O evento no HAB contou com uma exposição de arte e com a capacitação de servidores sobre cuidados paliativos O diretor-geral da unidade, Alexandre Lira Lisboa, acrescenta que o HAB tem uma atmosfera diferente: “É um hospital especializado e acolhedor, com equipes que acompanham, de fato, o cotidiano dos pacientes”. Cuidado integral Quando a dor e o sofrimento – causados por uma doença curável ou não – ultrapassam os limites que o corpo (e a mente) pode suportar, é preciso um olhar mais próximo e abrangente. Os CP buscam exatamente prevenir ou minimizar desconfortos, dúvidas e tristezas para enfrentar períodos difíceis da enfermidade. Essa linha de assistência, contudo, não se limita aos pacientes, abarcando ainda familiares, cuidadores e acompanhantes. Uma estimativa do Ministério da Saúde aponta que, em todo o País, cerca de 625 mil pessoas necessitem de CP, ou seja, de atenção em saúde que permita melhorar a qualidade de vida daqueles que passam por doenças graves, crônicas ou em estágio avançado. Marco histórico Celebrado sempre no segundo sábado de outubro, o Dia Mundial dos Cuidados Paliativos trouxe em 2024 o tema “Dez anos desde a Resolução: Como estamos indo?” A escolha faz alusão aos dez anos desde que a Assembleia Mundial da Saúde (AMS), da Organização Mundial de Saúde (OMS), aprovou a resolução autônoma sobre CP. No documento, ficou determinado aos países que fortaleçam essa linha como um componente dos cuidados ao longo da vida. *Com informações da SESDF
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DF é pioneiro no país na oferta de exame genético de detecção do câncer de mama no SUS
O Distrito Federal é a primeira unidade da Federação a integrar o exame genético para detectar câncer de mama, ovários e outros tumores hereditários no Sistema Único de Saúde (SUS). O Governo do Distrito Federal (GDF), por meio de projeto-piloto da Secretaria de Saúde (SES-DF), oferecerá o painel de genes de forma gratuita à população, e, caso seja verificada alguma alteração molecular, o paciente terá acesso a um programa personalizado de acompanhamento para prevenção e diagnóstico precoce da neoplasia a qual é suscetível. O exame será realizado pelo Laboratório de Biologia Molecular da Unidade de Genética (Ugen) do Hospital de Apoio de Brasília (HAB). O assessor técnico Claudiner Oliveira ressalta que os pacientes “terão a oportunidade de ter o laudo genético da doença e condutas preventivas direcionadas ao caso de cada um” | Fotos: Tony Oliveira/Agência Brasília A medida cumpre a Lei nº 6.733, sancionada em novembro de 2020, que dispõe sobre a obrigatoriedade da rede de hospitais da SES-DF assegurar a realização do teste de mapeamento genético às mulheres com elevado risco de desenvolver câncer de mama. Outros quatro estados dispõem de leis que também estabelecem a realização do painel genético para câncer hereditário – Rio de Janeiro, Minas Gerais, Goiás e Amazonas. No entanto, apenas o Distrito Federal integrou o mapeamento no SUS e é o único a oferecer programa completo de prevenção e tratamento personalizado e gratuito ao paciente. “Ao detectar o risco com antecedência, podemos diminuir o número de casos e os danos provocados pela doença, tanto para o bem-estar da paciente como economicamente, diminuindo os custos para o Estado” Claudiner Oliveira, assessor técnico do Laboratório de Biologia Molecular da Unidade de Genética do HAB A vice-governadora Celina Leão destaca a importância do pioneirismo brasiliense: “Promover o diagnóstico precocemente é fundamental para as chances de cura. O câncer de mama é o que mais acomete mulheres no Brasil, excluídos os tumores de pele não melanoma. São esperados mais de 73 mil novos casos de câncer de mama até 2025 e 18 mil mortes. Muitas destas mortes poderiam ser evitadas e com esse exame, damos um passo importante na prevenção e tratamento da doença.” O chefe da Unidade de Genética do HAB, Gerson da Silva Carvalho, explica que o câncer está presente na história familiar de 5% a 20% dos pacientes diagnosticados com a neoplasia. A predisposição à doença, quando não identificada, pode resultar no surgimento de um ou mais tumores relacionados às alterações moleculares. “Até então, o paciente precisava arcar com o exame genético, já que não era disponibilizado pelo serviço público. Agora, em um momento tão especial como o Outubro Rosa, anunciamos que o painel de genes para câncer hereditário está disponível no SUS do Distrito Federal, algo que não ocorre em nenhum outro lugar do país”, salienta. Mapeamento Exame genético detecta o risco de câncer de mama com antecedência, contribuindo para diminuir o número de casos e os danos provocados pela doença Para dar início à testagem gratuita, foram realizados processos de cadastramento, planejamento e construção da rotina de testagem. Houve também a aquisição de equipamento sequencial de nova geração e dos insumos necessários ao serviço com investimento na ordem de R$ 600 mil, oriundos do orçamento da SES-DF. A máquina faz a leitura das bases químicas do DNA de cada paciente e fornece os dados em formato de arquivo para que sejam analisados pela equipe de genética. Neste ano, a previsão é que sejam atendidas 240 mulheres encaminhadas por especialistas da rede pública de saúde. As cidadãs passarão pela coleta de material genético e, após o resultado, se identificada a susceptibilidade às doenças, haverá a elaboração de programas de acompanhamento do organismo por meio de exames regulares de imagem e bioquímicos. “Assim poderemos fazer o diagnóstico precoce do câncer, evitando a morte e propondo a cura”, frisa o chefe da Unidade de Genética. Segundo o assessor técnico do Laboratório de Biologia Molecular da Unidade de Genética do HAB, Claudiner Oliveira, o sequenciamento genético pode levar até 60 dias para ser concluído. O processo de análise do DNA envolve várias etapas, desde a análise de genes específicos até a emissão de um laudo que combina os dados genéticos e o histórico clínico da paciente. “Essas pessoas terão a oportunidade de ter o laudo genético da doença e condutas preventivas direcionadas ao caso de cada um”, esclarece. “Nós não estamos tratando o tumor, estamos tratando a prevenção. Hoje as mulheres já chegam comprometidas e, às vezes, com o câncer em um estado muito avançado”, observa o assessor técnico. “Ao detectar o risco com antecedência, podemos diminuir o número de casos e os danos provocados pela doença, tanto para o bem-estar da paciente como economicamente, diminuindo os custos para o Estado.” Treinamento Na sexta-feira (18), os servidores do Laboratório de Biologia Molecular concluíram um treinamento para garantir um processo padronizado e eficiente de sequenciamento genético. As atividades envolveram médicos geneticistas, biólogos e biomédicos. “A capacitação nos ajuda a identificar alterações que podem auxiliar na prevenção ou no diagnóstico precoce, garantindo um acompanhamento eficaz dessas mulheres”, explicou o médico geneticista do HAB, David Uchoa. Uma das participantes foi a auxiliar de Patologia Clínica Carolina Amaro, que definiu o exame como um grande avanço no SUS. “Trabalhar com sequenciamento genético para prevenção do câncer é incrível. Ver essa tecnologia chegar é um progresso enorme para a saúde pública”, disse.
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Cuidados paliativos: assistência a pacientes e familiares
Equipe interdisciplinar do HAB atua de diversas maneiras, de acordo com as necessidades de cada indivíduo | Foto: Secretaria de Saúde Embora seja mais conhecida pelo tratamento oferecido às pessoas com doenças incuráveis, e em estágio terminal, a linha de cuidados paliativos não abrange apenas esses pacientes. O paliativismo é o conjunto de práticas de assistência ao paciente incurável que visa oferecer dignidade e diminuição de sofrimento. [Olho texto=”“O prolongamento da vida com qualidade é um impacto muito positivo dos cuidados paliativos”” assinatura=”Elisa Marquezini, médica paliativista” esquerda_direita_centro=”direita”] No Distrito Federal, a unidade de referência é o Hospital de Apoio de Brasília (HAB). Além dos pacientes com estágio avançado de determinada enfermidade, muitas vezes o câncer, o HAB abraça aqueles com diagnóstico de demência em fase grave e idosos com Síndrome da Fragilidade. A equipe interdisciplinar atua de diversas maneiras, de acordo com as necessidades de cada indivíduo. Isso inclui o tratamento dado junto à família, que também recebe assistência para lidar com a doença do seu ente querido. Geralmente, a notícia de uma doença grave vem acompanhada pelo medo e a incerteza do que pode ser o amanhã e a nova realidade. São adaptações que impactam em diversos aspectos da vida. Além do físico, as pessoas podem sofrer emocionalmente e, em decorrência disso, buscar apoio espiritual na tentativa de compreender o novo contexto. Os pacientes também sofrem com problemas de ordem social, principalmente os que estão ligados à renda familiar e à dependência de outras pessoas. Muitas doenças acabam afetando o trabalho de quem precisa de assistência multiprofissional em razão dos afastamentos imprevisíveis determinados pela enfermidade. HAB é pioneiro e referência em cuidados paliativos geriátricos | Foto: Secretaria de Saúde O HAB recebe pacientes de todas as regiões administrativas do Distrito Federal. Atualmente, são 29 leitos, 19 dos quais destinados à internação de pacientes em Cuidados Paliativos Oncológicos e dez para Cuidados Paliativos Geriátricos. Recentemente, esta ala recebeu até paciente em recuperação após infecção por Covid-19. Foi o caso de Inácia de Aquino, de 84 anos, que possuía fragilidades. Ela recebeu o devido atendimento na unidade de Cuidados Paliativos Geriátricos. Atendimento A chegada de um novo paciente está sempre preconizada com os critérios de admissão. Além do atendimento ao idoso, o Hospital de Apoio também iniciou um projeto para o Ambulatório de Cuidados Paliativos Neurológicos sem internação. Nesses casos, não existe uma idade para o tratamento. Na equipe, são profissionais de diversas áreas, desde médicos especialistas até psicólogos, psiquiatras e assistentes sociais. São enfrentadas doenças que, geralmente, têm um perfil degenerativo – e, para atenuar e atrasar o seu desenvolvimento, são realizadas várias estratégias pelos profissionais. Muita história: até casamento já foi realizado na unidade | Foto: Secretaria de Saúde A área também tem o objetivo de dar mais conforto e qualidade de vida aos pacientes. Atuante no Hospital de Apoio, Elisa Marquezini, médica paliativista e chefe da Unidade de Cuidados Paliativos, destaca que o HAB foi pioneiro em cuidados paliativos geriátricos no Brasil. Hoje, é uma referência na área. O local recebe idosos com demência na fase grave ou acima de 80 anos com Síndrome de Fragilidade. São pacientes encaminhados pelos hospitais gerais da rede pública de saúde, ou em acompanhamento domiciliar, e que não têm indicação de procedimentos invasivos. “Além dos cuidados paliativos oncológicos, nós somos referência nos cuidados paliativos geriátricos. Nesse caso, eles têm uma doença crônica irreversível, como insuficiência cardíaca, renal ou doença pulmonar crônica obstrutiva (DPCO), que impacta suas funcionalidades. Nosso trabalho visa trazer qualidade de vida para nossos pacientes, independente do prolongamento da vida”, explica Marquezine. Segundo a profissional, com a ajuda da equipe interdisciplinar – que conta com nutricionista, terapeuta ocupacional, fisioterapeuta, farmacêutico, assistente social, psicólogo, enfermeiro e até odontólogo especializado – o paciente obtém uma melhora devido ao manejo clínico adequado. A visão do tratamento é sempre pautada pela melhora na qualidade de vida. A diferença do atendimento no Hospital de Apoio para o de uma unidade de saúde geral está no fato de o HAB garantir qualidade de vida, e não apenas resolver um problema clínico pontual. [Relacionadas esquerda_direita_centro=”direita”] “Mesmo não sendo o nosso principal objetivo, temos vários pacientes que chegam aqui ‘bem ruins’. Mas, com o nosso tratamento, melhoramos sua qualidade de vida e acabamos por aumentar sua expectativa de vida. O prolongamento da vida com qualidade é um impacto muito positivo dos cuidados paliativos”, afirmou Elisa. História Inaugurado em 30 de março de 1994 e com 25 anos de existência, o HAB acumula muitas histórias e até casamento já foi realizado dentro da unidade. É carinhosamente chamado de “Hospital do Amor”, em razão dos diversos serviços que presta à população do Distrito Federal. * Com informações da Secretaria de Saúde
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Dia Mundial das Doenças Raras: DF tem 6 mil atendimentos/ano
Para conscientizar a sociedade e promover discussões sobre doenças raras, que afetam pelo menos 13 milhões de pessoas no Brasil, é celebrado, no último dia de fevereiro, o Dia Mundial das Doenças Raras. A iniciativa é apoiada pela Secretaria de Saúde (SES), que possui dois centros de referência habilitados pelo Ministério da Saúde. As unidades já fizeram, juntas, cerca de 6 mil atendimentos por ano, entre primeiras consultas e retornos. Foto: Breno Esaki / SES Um Centro de Referência em Doenças Raras funciona no Hospital de Apoio de Brasília (HAB) desde 2016. É voltado a pacientes a partir de 10 anos, com malformação, doenças metabólicas e deficiência intelectual. No ano passado inteiro, a unidade realizou 5.813 atendimentos multidisciplinares. Além disso, o HAB também está credenciado como Serviço de Referência em Triagem Neonatal, para detectar as doenças raras nos primeiros dias de vida. Já o segundo centro está localizado no Hospital Materno Infantil de Brasília (Hmib). Habilitado em dezembro do ano passado para atender crianças de até nove anos, realizou mais de 855 atendimentos desde então. Como começou a poucos meses, a expectativa é que se aproxime da quantidade de atendimentos feitos no centro do Hospital de Apoio de Brasília, depois que completar um ano de funcionamento. “No HAB temos ambulatórios de triagem neonatal, de oncogenética, de doenças neuromusculares, para malformações e síndromes congênitas, e deficiência intelectual. Já no Hmib temos ambulatórios de autismo, para erros inatos do metabolismo, malformações e síndromes congênitas, reprodução humana e displasia esquelética”, detalhou a Referência Técnica Distrital (RTD) colaboradora na área de Doenças Raras, Romina Heredia. Teste do pezinho A especialista lembrou ainda que além do DF ser um dos poucos locais no país com Centros de Referência de Doenças Raras, ainda é o único no Brasil que possui um teste do pezinho ampliado, detectando mais doenças desse tipo que em outros locais. Foto: Breno Esaki – Saúde “A triagem neonatal, que é o nome formal do teste do pezinho, rastreava 36 doenças diferentes, o que já colocava o DF como referência no país. Com a ampliação prevista em lei, a quantidade pode subir para mais de 40 tipos de enfermidades”, ressaltou Heredia. A Lei n° 6.382/2019, sancionada pelo governador Ibaneis Rocha no ano passado, assegura a todas as crianças nascidas nos hospitais e demais estabelecimentos de atenção à saúde de gestantes da rede pública de saúde do DF o direito ao teste do pezinho, na sua modalidade ampliada. Considerado um dos exames mais importantes para detectar doenças raras nas crianças, ele é essencial para rastrear precocemente as enfermidades, o que possibilita o tratamento antes de os sintomas se manifestarem. “Isso pode mudar a vida de muitos pacientes diagnosticados de forma precoce”, comentou a especialista. Além disso, Romina Heredia ressalta que o atendimento multidisciplinar é outro ponto forte do serviço público oferecido às pessoas com doenças raras no DF. Inclusive, com um número expressivo de geneticistas. “Aqui é o local com maior concentração de geneticistas no serviço público do Brasil”, destacou. Além de geneticistas, a equipe multidisciplinar também conta com neurologista, endocrinologista, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, assistente social, psicólogo e nutricionista. Também há odontopediatria no Hospital de Apoio de Brasília, um dos poucos locais que oferece esse serviço no país. A rede pública de saúde do DF ainda oferece atendimento de geneticista no Hospital Regional da Asa Norte (Hran), especificamente nos ambulatórios voltados a Síndrome de Down e fendas faciais. “Pela alta frequência, elas não são consideradas doenças raras, mas também precisam de avaliação e aconselhamento genético”, ressaltou a especialista. [Numeralha titulo_grande=” 8% ” texto=”da população mundial têm algum tipo de doença rara, entre enfermidades de origem genética e não genética” esquerda_direita_centro=”esquerda”] De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), uma doença é considerada rara quando afeta 1,3 indivíduo em cada grupo de 2 mil pessoas. Pelo menos 80% das patologias são de origem genética, enquanto as demais têm causas infecciosas, virais ou degenerativas. As enfermidades são agrupadas conforme os principais eixos de doenças raras, estabelecidos pelo Ministério da Saúde, em malformações congênitas e as de início tardio; deficiência intelectual; e erros inatos do metabolismo (doenças metabólicas). Assim, após a triagem inicial, conforme a idade, o acompanhamento é realizado nos centros de referência. * Com informações da Secretaria de Saúde-DF
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Hidroterapia acelera reabilitação de pacientes do HAB
Hidroterapia ajuda os pacientes do HAB a recuperar os movimentos | Foto: Breno Esaki/Secretaria de Saúde Quem vê a aposentada Luiza Sucupira, 63 anos, exercitando-se na piscina do Hospital de Apoio de Brasília (HAB) não imagina que, há poucos meses, a paciente chegou à unidade em uma cadeira de rodas devido a uma cirurgia na coluna. Hoje, apoia-se apenas em uma bengala para caminhar, mas tem planos de deixá-la em breve. Para ela, o avanço na recuperação deu-se graças à fisioterapia aquática oferecida pelo hospital. “Eu fui curada aqui”, afirma, enfática. Luiza, assim como outros pacientes, é uma das beneficiadas pela prática, popularmente chamada de hidroterapia. No HAB, são feitos em torno de 200 atendimentos por mês na piscina, para cerca de 30 pessoas em recuperação. A atividade é voltada tanto aos internados na unidade, que estão em reabilitação por lesões cerebrais e medulares, quanto aos vindos de outros hospitais da rede pública, com lesões ortopédicas e reumáticas. Desde o momento em que entram no local, eles treinam caminhadas, equilíbrio e como melhorar a força muscular. Há andadores para os que têm mais dificuldade de locomoção. A piscina tem quatro níveis de profundidade para facilitar o acesso. Conta, ainda, com dois aquecedores novos, um elétrico e outro movido a energia solar, para manter a água em temperatura adequada. Tudo foi preparado para restaurar as funções motoras dos pacientes. No caso de Vinícius Torres, 22 anos, ele estava sem mobilidade em uma das pernas e nas mãos por causa de um acidente de moto. Depois de um mês de hidroterapia, já apresenta mudanças. “Já consigo andar de bengala, mexer minhas mãos e fazer praticamente tudo sozinho. Esse trabalho na água foi fundamental para a minha recuperação”, elogia. Benefícios Na avaliação da fisioterapeuta do HAB, Mariana Sayago, a prática oferece um pacote completo de benefícios. Além de facilitar os movimentos daqueles que sentem dor, pois os exercícios são feitos na água, a hidroterapia ainda contribui para a socialização dos pacientes. “Trabalhamos em um ambiente fora das quatro paredes, promovendo a readequação deles às atividades de vida”, esclarece. Para participar da hidroterapia, é necessário passar por uma triagem no HAB. Na consulta com a equipe de saúde, os candidatos são avaliados com a finalidade de se detectar algum problema ou contraindicação que impossibilite a participação nas atividades. “Podem ser questões como incontinência urinária, problemas de pele. Às vezes, as pessoas precisam apenas de uma orientação, como no caso de morar longe demais do hospital e não ter como vir”, frisa. Parceria Os exercícios aquáticos contam com o suporte de estudantes de Fisioterapia da Universidade de Brasília (UnB). Eles auxiliam nos exercícios realizados na água, fruto de uma parceria firmada entre a instituição e a Secretaria de Saúde, por meio da Fundação de Ensino e Pesquisa em Ciências da Saúde (Fepecs). Responsável pelos estudantes, o professor de Fisioterapia da UnB, Josevan Leal, também destaca a importância do contato deles com os resultados trazidos pela prática. “A hidroterapia tem um papel importante na aceleração do processo de reabilitação”, garante. De acordo com o professor, os pacientes que não conseguem andar fora da água, dentro da piscina fazem isso no primeiro dia, porque ficam mais leves. “É uma forma de complementar a fisioterapia convencional”, explica Josevan. A hidroterapia do Hospital de Apoio ocorre de segunda a sexta-feira, das 9h ao meio-dia. Somente os pacientes estabilizados podem participar das atividades.
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Hospital de Apoio de Brasília passa por revitalização
Trabalhos de revitalização incluem diversos ambientes com o objetivo de tornar o tratamento ainda mais humanizado. Foto: Breno Esaki/Secretaria de Saúde Há pelo menos quatro anos sem manutenção predial, o Hospital de Apoio de Brasília (HAB) passa por uma revitalização completa de sua estrutura física. O objetivo é garantir melhores condições de trabalho aos servidores e conforto aos pacientes.? Os ambulatórios, o novo espaço de atividades coletivas e as alas de Enfermaria da internação, reabilitação e cuidados paliativos estão recebendo pinturas, trocas do piso, reparos no teto, além da retirada de itens danificados e antigos. Os pacientes têm sido remanejados conforme a necessidade, sem prejuízo ao atendimento. “O hospital passou por um desgaste natural pela falta de manutenção. Agora, as revitalizações são importantes para a estrutura, dão melhores condições de trabalho e, com isso, quem ganha é o paciente, com um atendimento mais humanizado”, afirmou o diretor-geral do HAB, Alexandre Lyra. Chuvas Além disso, parte do telhado está sendo substituída e a laje passa por impermeabilização nas áreas descobertas. As telhas quebradas, rachadas ou trincadas são trocadas e as que ainda podem ser reaproveitadas são remanejadas para outros pontos. Nesse processo, as calhas têm sido limpas. O objetivo é adiantar o trabalho para prevenir os efeitos negativos das chuvas que se aproximam. Os banheiros do hospital; a fachada do prédio, que necessita de pintura; a caixa d’água, que estava trincada; além da troca do piso da praça, onde ficam os pacientes, também passam por revitalização. Para o psicólogo do HAB, Pedro Mourão, a revitalização da praça, em especial, contribui com a qualidade de vida dos pacientes. “É um local que usamos para atividades e atendimentos. Então, esta manutenção melhora o ambiente, segurança e conforto aos pacientes, até porque alguns deles são cadeirantes e precisam de um piso adequado”, comentou. Contrato Estão previstos R$ 4.020.079,32 para as benfeitorias de maior necessidade no HAB. Este valor inclui, ainda, revitalizações no Hospital São Vicente de Paulo (HSVP) e nos galpões da Farmácia Central na Asa Sul e no Setor de Indústrias Gráficas (SIG). Até o momento, já foram empenhados R$ 2.358.848,58 para esses locais. Os valores estão previstos no contrato de manutenção predial emergencial, assinado em julho deste ano para as unidades da rede pública de saúde do DF. Os locais receberão os serviços, simultaneamente, até o término do prazo contratual. “As revitalizações serão concluídas até dezembro, quando finaliza o prazo do contrato. Durante esses meses, onde houver necessidade, será feito o serviço previsto na planilha de execução”, explicou o diretor administrativo do hospital, Washingthon Sousa.
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Histórias de superação ajudam a reabilitar pacientes
O servidor Franklin Leite deu seu depoimento no HAB como forma de inspiração para outros pacientes. Foto: Mariana Raphael/Secretaria de Educação “Todos nós somos capazes de nos superar.” A frase de incentivo é de Thamara Oliveira, que ficou tetraplégica aos 21 anos, depois de sofrer um acidente de carro. Mesmo com as dificuldades, revolta e tristeza, a vida continuou e prosperou. Oito meses depois da tragédia ela teve uma filha, que chamou de Vitória, símbolo da superação das suas dificuldades pessoais. Hoje, com 28 anos, Thamara volta ao Hospital de Apoio de Brasília (HAB), onde ficou internada. Desta vez, para conversar com outros pacientes da unidade que estão na mesma situação em que ela já esteve antes. A iniciativa, criada pelos profissionais de saúde do hospital, reúne alguns dos que receberam alta para mostrar aos internados como a reabilitação é possível. “Quando estava internada aqui, fui a essa mesma reunião e sei pelo que estão passando. Na época, ouvi dos que tiveram alta como eles conseguiram seguir com a vida, ter filhos. Agora, estou aqui desse lado, com minha família, e sei como é importante mostrar que todos nós podemos seguir em frente”, conta Thamara, que estava acompanhada da mãe, da irmã e da filha. As reuniões entre os internados e os que receberam alta ocorrem quinzenalmente, no Hospital de Apoio de Brasília, organizadas pelos profissionais de saúde da unidade. Normalmente, os pacientes são oriundos de hospitais da rede pública que atendem trauma. As vagas são ofertadas por meio do Complexo Regulador da Secretaria de Saúde. [Olho texto=”As reuniões entre os internados e os que receberam alta ocorrem quinzenalmente, no Hospital de Apoio de Brasília, organizadas pelos profissionais de saúde da unidade. Normalmente, os pacientes são oriundos de hospitais da rede pública que atendem trauma. As vagas são ofertadas por meio do Complexo Regulador da Secretaria de Saúde.” assinatura=”” esquerda_direita_centro=”esquerda”] O servidor público Franklin Leite, 36 anos, também foi convidado pela equipe do HAB a dar seu depoimento. Ele tinha 27 anos quando ficou tetraplégico. Vindo de São Paulo, decidiu aproveitar as férias da faculdade e visitar a família em Brasília, mas levou um tiro durante uma festa. A revolta com a situação marcou seus primeiros anos após o acidente, mesmo quando ex-pacientes falavam com ele sobre a reabilitação. Mudança “Nossa vida muda totalmente. É um mundo desconhecido, que assusta. Não aceitava de jeito nenhum e achava que eu não ia durar dois anos. Mas tudo isso é fase. Passa o tempo e você descobre que não morre, a não ser que você queira”, relatou Franklin. “O primeiro passo para seguir adiante é pensar positivo e as coisas melhoram. Repensei a vida, decidi estudar, virei servidor e segui a vida. Penso que há males que vêm para o bem”, ressaltou. No seu caso, um benefício que a vida trouxe após o acidente foi conhecer, pelas redes sociais, a venezuelana Jenifer, com quem se casou e teve Luciano, hoje com dois anos. Para ele, agradecer pelo que tem faz parte do processo de reabilitação. “Precisamos ter fé e dar valor ao que temos. Minha esposa é venezuelana e veio de uma realidade diferente agora, onde as pessoas não têm o que comer, nem serviço médico. Ela fica admirada com o que temos. Então, se aprendermos a dar valor, já podemos tocar em frente, porque sempre vai melhorando mais”, assegurou. No caso do jardineiro Fredison de Souza, 44 anos, a visita dos ex-pacientes é importante para ensinar sobre as mudanças que a vida de um cadeirante exige. Vítima de um tumor nos ossos, está há três meses internado no HAB aprendendo a lidar com a situação. “Ouvi-los me fortalece, para não desanimar nesse começo. O Franklin mesmo teve esposa, filho, uma vida normal depois do acidente. Ele não deixou nada abatê-lo. Isso é muito legal e me inspira”, confessa. Abordagem Segundo a médica fisiatra Celi Alves, uma das responsáveis por introduzir essa abordagem entre os pacientes, apesar de o serviço ser pouco conhecido na rede pública, é essencial para trabalhar aspectos emocionais e motores dos internados. Na reunião, é possível até tirar dúvidas dos cadeirantes “novatos”. Entre elas, a questão das lesões por pressão, mais conhecidas como escaras, comuns em pessoas que ficam muito tempo na mesma posição. “Os pacientes que estão entrando agora veem que é possível se reabilitar integralmente. Nosso objetivo é que os outros se sintam reforçados na questão da reabilitação e mostrar que podem superar as dificuldades, porque qualquer um pode fazer isso”, garantiu Celi. Conquista Um dos pacientes determinado a conquistar a sonhada reabilitação é o servidor público José Eneriton, 39 anos. Há cinco meses no HAB, ele chegou à unidade totalmente paralisado. A causa foi a síndrome de Guillain Barré, um distúrbio autoimune – quando o sistema imunológico ataca parte do sistema nervoso do próprio organismo. Com a fisioterapia, conseguiu, nesses poucos meses, recuperar boa parte da mobilidade. Já mexe a cabeça, braços, mãos e parte do tronco. Seu pai, sempre que pode, está presente às sessões. Nesse tempo, José garante que só tem a agradecer aos profissionais que o acompanham em sua recuperação. “É um trabalho lindo e humano, feito com empatia, que melhora a nossa qualidade de vida. Há cinco meses estou na rede pública e, até hoje, graças a Deus, não me faltou nada”, elogiou. “E para aqueles que ainda não foram para casa, recomendo muito, pois a família nos fortalece demais”, completou José. Família A reunião foi conduzida pelas assistentes sociais do HAB Marta Paiva e Graça Wohlgemuth. Elas ressaltaram que a presença da família, nos encontros e na vida dos pacientes, é determinante para a recuperação deles. “É importante a família estar junto para enfrentar a situação. Isso afeta a todos que estão próximos, mudando suas rotinas”, ponderou Graça. Além disso, ela destacou que o vínculo entre a equipe e os pacientes não termina depois que eles recebem a alta, o que ajuda no caso dos pacientes que não possuem família. O acompanhamento continua ao longo do tempo, sempre que for preciso. “Não há abandono. Damos continuidade ao atendimento e isso garante uma segurança a mais. A equipe trabalha em prol da reabilitação”, frisou. Na avaliação do diretor-geral do HAB, Alexandre Lyra, o sucesso da reabilitação também se deve à atuação da equipe. “Temos boa vontade, amor pelos pacientes e todos aqui estão voltados para o que for melhor para eles. Olhamos o paciente como um todo”, concluiu. *Com informações da Secretaria de Saúde
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